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domingo, março 17, 2024

Boxe

Autoria: Bianca Melo

Boxe é uma arte de ataque e defesa pelo uso dos punhos, que é modernamente chamado de Pugilismo, embora a palavra se origine do latin: Pugil “Lutador com Cestus” (que significa conjunto de correias de couro e placas de ferro e chumbo que guarneciam os punhos dos lutadores romanos na Grécia antiga) ou “pugillus” que indica o: “punho fechado, em forma de soco”. A palavra Boxe vem do verbo Inglês “to Box” que significa “bater”, ou “bater com os punhos”, dito a 1000 a 1850 anos d.C. na Inglaterra e nos USA de 1850 a 1920. E difundido pelo resto do mundo a partir de 1920, aproximadamente. Atualmente, seu significado popular é “luta com os punhos”, nos clubes e academias de práticas esportivas.
Os especialistas mais radicais interpretam a palavra boxe apenas quando se referem ao boxe inglês praticado a partir das Regras de Broughton (criadas em 1743) e usam a palavra pugilismo para denotar qualquer “boxe” anterior a esse período.
O uso dos punhos como arma em brigas de rua deve remontar aos primórdios da Humanidade, existem documentos antigos evidenciando a prática de pugilismo como esporte tem entre 4 000 a 5 000 anos, e foram encontrados na Suméria (civilização que se desenvolveu na região do atual Iraque) e Egito. Entre esses antigos documentos existem várias terracotas escavadas pelo arqueólogo Dr. E. A. Speiser em Sinkara e Khafaji – hoje em exposição no Museu do Iraque – e inúmeros afrescos funerários egípcios, como os que podemos visitar em Beni Hasan. São também muito variadas as regiões da Terra onde desde os mais remotos tempos se sabe da existência de técnicas pugilísticas.
Assim que existem, ou ao menos existiram muitos estilos de pugilismo: o dos sumérios e babilônios, o egípcio, o minóico, o grego, o etrusco, o romano, o francês, o chinês, vários tipos de boxe indianos (o boxe muki, o malla – yudha, etc.). Mas, o estilo mais utilizado e, principalmente, no Brasil é o inglês.

Histórico

O Boxe foi primeiro conhecido em Creta em 1500 anos a. Ce praticado na Grécia e Roma sendo um esporte olímpico a partir da 23ª olimpíada (688 a.C.). Após esta época tem-se notícia do Boxe na Inglaterra no Séc. XVII. Nesta época as lutas de Boxe eram praticadas sem as luvas e permitiam-se golpes e chaves de luta – livre para derrubar o adversário. O último combate sem as luvas foi disputado entre americanos John L. Sullivan e Jake Kilrain, em oito de julho de 1889 com 75 rounds, com duração de 2 horas, 16 min e 23 segundos e com a vitória de Sullivan. Além disso, não havia tempo pré-estabelecidos para os combates e as lutas só acabavam com a desistência de um dos competidores e mesmo depois que o adversário caísse, ainda assim, poderia ser atacado.
O primeiro campeão do Boxe sistematizado foi Jack Broughton (1704-1789), na Inglaterra. Ele utilizou técnicas menos rudes que outros adversários, dando maior ênfase a jogo de punhos e pernas. O estilo de Jack Bourghton deu origem a novas regras que sobreviveram até 1838, com a vinda do novo código de Londres.
Outro grande lutador foi John Jackson conhecido no séc. XVIII como “Gentleman Jackson” conquistando o título inglês por derrotar Daniel Mendonza e foi o primeiro lutador a usar tecnicamente o jogo de pernas e de corpo. John fundou uma academia de Boxe em Londres, quem introduziu as luvas acolchoadas atraindo para sua escola nobres rapazes da elite social da Inglaterra. John instituiu regras, chamadas de Marques de Queensberry, que regem o esporte até os dias de hoje, que procuram valorizar a arte e destreza dos lutadores.
Em 1872, realizaram-se torneios que pela primeira vez os lutadores eram pesados e divididos por categorias.
O estilo de ringue com isolamento de cordas dispostas em três alturas deferentes apareceu no começo do séc. xx. E o protetor de dentos foi inventado pelo dentista inglês Jack Marks, sendo utilizado até os dias de hoje em todas as competições.
A fim de controlar e organizar o Boxe na Grã-bretanha, fundou-se em 1884 a Associação Britânica do Boxe amador e também nos EUA, em 1888 a União Atlética dos Amadores.
O Boxe foi incluído como esporte olímpico em 1904, em sete categorias e mais tarde em dez categorias nas olimpíadas contemporâneas.

Regras

Ao longo dos tempos, o Boxe inglês foi lutado sob três tipos de regras: Regras de Broughton (1743), as Regras de Londres (introduzidas em 1838 e modificadas em 1853 e 1866) e as Regras de Queensberry (introduzidas em 1867 e que já sofreram várias alterações).
Divisão da História das Regras do Boxe Mundial:
pugilismo europeu até cerca de 1400 pugilismo vale-tudo arcaico: 1400 a 1719 pugilismos vale-tudo de Figg: 1719 a 1743 boxe sob as Regras de Broughton: 1743 a 1838 boxe sob as Regras de Londres: 1838 a 1890 boxe sob as Regras de Queensberry: de 1890 até 1920 boxe moderno, pós 1920 boxe amador olímpico

Algumas atuais:
O ringue tem a medida de 20-24 pés de lado (aproximadamente 7 metros);
Os “rounds” são de 1- 12 (12 para campeonatos) com duração de de 3 min cada, intercalados com 1 min de descanso;
As luvas pesam de 6-8 onças;
Proibido o agarramento no boxe;
São considerados faltas: golpear abaixo do cinturão, dar cabeçadas, socar o adversário com uma mão enquanto segura o mesmo com a outra, atacar o adversário caído ou golpeá-lo na nuca;
As lutas terminam: por Nocaute (quando um dos competidores for derrubado e não volta a ficar de pé até que o juiz conte até 10), por Nocaute Técnico (se mesmo de pé ou apoiado nas cordas for incapaz de perseguir lutando), ou se não retornar para o novo “round” por vitório ou empate de pontos [nocaute=Knockout que vem do inglês: knock (derrubar) e out (fora)].
Após o número de “rounds”decidido pelos juizes, estipulam qual o lutador foi ou não dominado na maior parte da luta pelo adversário. Dando vitória para aquele que mais dominou. Esta decisão pode ser:
1) majority draw: decisão unânime: todos os três juízes indicaram o mesmo vencedor
2) decisão da maioria: dois juízes escolheram um lutador e o terceiro juiz considerou a luta empatada
3) decisão dividida: dois juízes escolheram um lutador e o terceiro juiz escolheu o outro lutador
4) empate pela maioria: dois juízes consideraram a luta empatada e o terceiro achou um vencedor
Categorias do Boxe
Categorias Para Disputas Peso
Mosca Leve Até 40 kg
Mosca Até 51 kg
Supermosca Até 53 kg
Pena Até 54 kg
Super Galo ou Pena Ligeiro Até 59 kg
Leve Até 62 kg
Superleve ou Meio Médio Ligeiro Até 64 kg
Meio Médio Até 67 kg
Super Meio Médio ou Médio Ligeiro Até 70 kg
Médio Até 73 kg
Meio Pesado Até 80 kg
Cruzador Até 86 kg
Pesado Acima de 86 kg
Golpes Mais Utilizados
Jab: Rápido e Curto utilizado como guia ou contragolpe e para hostilizar um adversário, tirando o do combate;
Gancho: Dado com o cotovelo fletido ao lado do corpo;
Swing: Executado com o braço descrevendo um amplo círculo. Considerado de grande efeito quando atinge o alvo, embora deixe a guarda livre.
Uppercut: é uma mais curta do golpe Gancho executado de forma ascendente em direção ao queixo, considerado muito perigoso e violento.
Boxeadores brasileiros de maior sucesso:
* Éder Jofre
* Miguel de Oliveira
* Maguila
* Acelino de Freitas, o Popó

Melhores boxeadores do Brasil:
* Ítalo Rossi
* Zumbanão
* Servílio de Oliveira
* Éder Jofre.

No Brasil

O Boxe veio para o Brasil junto com os emigrantes alemães e Italianos e há rumores oficiais de lutas no final do séc. XIX e início do XX, mas a luta era sempre associada aos capoeiristas ou à marginalidade. Esse preconceito era especialmente forte entre os membros da elite dirigente do país, na época. E as primeiras exibições de Boxe foram feitas por marinheiros europeus, que tinham aportado em Santos e no Rio de Janeiro, e naquela época os marinheiros eram recrutados das classes mais humildes.
Em São Paulo, há registro da primeira luta de boxe no Brasil, embora apenas como exibição, entre um pequeno ex-boxeador profissional que fazia parte de uma companhia de ópera francesa e o atleta Luis Sucupira, conhecido como o Apolo Brasileiro, em razão de seu físico avantajado, o qual se tornou um grande entusiasta do boxe e seu primeiro grande divulgador. A partir desta época o boxe é divulgado e legalizado no Brasil.
A real divulgação iniciou apenas em 1919, com Goes Neto, um marinheiro carioca que havia feito várias viagens à Europa, onde havia aprendido a boxear. Naquele ano de 1919, Goes Neto retornara ao Brasil e resolveu fazer várias exibições no Rio de Janeiro. Com as mesmas, um sobrinho do Presidente da República, Rodrigues Alves, se apaixonou pela nobre arte. O apoio de Rodrigues Alves facilitou a difusão do boxe: começaram a surgir academias e logo esse esporte ganhou à áurea da “legalidade”, de esporte regulamentado, com a criação das “comissões municipais de boxe” em São Paulo, Santos e Rio de Janeiro. Isso tudo, entre 1920 e 1921.
Os primeiros treinadores competentes apareceram no início da década dos 20’s. O primeiro reconhecido foi Celestino Caversazio. A dívida do boxe brasileiro para com Carvesazio é imensa e, se tivermos que apontar sua principal contribuição, diríamos que foi ser professor dos primeiros treinadores importantes do Brasil: os irmãos Jofre, Atílio Lofredo, Chico Sangiovani, etc. Ainda em 1923, no Rio de Janeiro, foi criada a primeira academia de boxe no Brasil: Brasil Boxing Club, que muito difundiu o boxe entre os cariocas.
No final de 1922, Benedito dos Santos “Ditão” iniciou a treinar boxe numa academia de São Paulo. Ditão era um negro de porte gigantesco, enorme aptidão para o boxe e um direto irresistível. Em um par de meses, já no início de 1923, estreava como profissional e, sem nenhuma dificuldade, derrotou seus três primeiros adversários, todos no primeiro round. Se somarmos o tempo total de luta desses três combates, não chegaremos a três minutos. Era essa a experiência profissional de Ditão. “Todos ficaram enlouquecidos com Ditão; seus três fulminantes nocautes levaram todos a acreditar que nenhum homem do mundo poderia resistir à sua pancada devastadora”. Não menor era o entusiasmo dos empresários da época, os quais viram uma chance milionária quando passou pelo Brasil o campeão europeu dos pesados, Hermínio Spalla, que tinha ido até à Argentina enfrentar o legendário Angel Firpo. Foi organizada uma luta entre Ditão e Spalla que rendeu 120 contos de réis, uma fortuna para a época. O início da luta foi quase de encomenda para a platéia: já de saída, Spalla foi derrubado pela potentíssima direita de Ditão. O público foi ao delírio, mas não era por nada que Spalla tinha mais de sessenta lutas com adversários de nível internacional. O italiano levantou-se e a partir do terceiro round iniciou a demolir Ditão. Esse, qual leão ferido, tentou resistir mas acabou caindo no nono round. Teve um derrame cerebral, mas sobreviveu para terminar seus dias como inválido.
Imediatamente após a derrota de Ditão, os jornais iniciaram uma campanha contra o boxe, o que levou o governador de São Paulo a proibir sua prática. Mas não ficou só nisso o impacto da tragédia de Ditão: por quase dez anos, os empresários brasileiros ficaram receosos de trazer boxeadores estrangeiros.
Após a proibição, em abril de 1925, o boxe brasileiro voltou a crescer a partir das sementes lançadas pelos primeiro treinadores competentes. No período que se seguiu, entre os vários lutadores de destaque, o maior ídolo foi o peso leve Ítalo Hugo, o Menino de Ouro. Entre seus maiores feitos está o nocaute, em primeiro round, sobre o campeão sul-americano dos leves, Juan Carlos Gazala, em 1931. Em 1932, tivemos novo impasse: a Revolução de 32 paralisou tudo.
E muitos vieram, inclusive Eder Jofre, até que Maguila estreiou como profissional em 1983, tendo Ralph Zumbano como técnico e Kaled Curi como empresário. Em 1986, já no auge da fama, assinou contrato com a Luque e passou a treinar com Miguel de Oliveira que alterou profundamente seu estilo de luta e corrigiu seus defeitos de defesa. Como conseqüência, em 1989, chegou a ser o segundo colocado no ranking do CMB e em rota de colisão com Mike Tyson, na época, o undisputed champion do mundo. O grande momento, contudo, nunca ocorreu. Precisou enfrentar dois dos maiores pesados do século XX: Evander Holyfield e George Foreman. Perdeu essas duas lutas e isso lhe tirou não só a chance de disputar o título como o encaminhou para a obscuridade. Para piorar, Maguila aumentou muito de peso, perdendo a forma física. Apesar disso, em 1995, chegou a campeão mundial pela WBF (Federação Mundial de Boxe), uma associação que ainda não havia conseguido grande respeitabilidade. Com falta de patrocínio, pouco tempo depois, Maguila foi destituído do título por inatividade. Com o ocaso de Maguila, também veio o do boxe brasileiro que rapidamente perdeu o enorme espaço que havia tido na televisão.

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