Sinonímia: Em Inglês : Dog Distemper. Em Italiano: Cimurro, moccio canino. Em Espanhol: Moquillo del perro. Em Francês: Maladie des chien ou de Carré .
É a Cinomose dos cães, uma enfermidade aguda, contagiosa, produzida por um virus; Caracteríza-se por fenômenos febrís, catarro agudo das mucosas e pneumonia catarral, e em parte dos casos, tambem, por exantemas cutâneos e até sintomas nervosos.
É enfermidade tão difundida no mundo, que é raro o animal que não a tenha adquirido a través do contacto com outros animais receptíveis antes de atingir o primeiro ano de vida.
Etiologia: Conforme trabalhos de Carré, confirmados posteriormente por Lignières, Eigen, Puntoni e especialmente por trabalhos de investigação em larga escala de Laidlow e Dunkin, é a doença produzida por um virus de dimensões diminutas, ainda não havendo sido possivel ser fotografado, mas apenas ser cultivado em meios de cultura de tecidos vivos ( Lowenthal e Mitscherlich ).
Animais receptíveis (natural ou artificialmente): São sensíveis a doença, além dos cães, outros canídeos, como o Lobo, o Guará e a raposa. Não obstante o gato é refratário a doença, além do homem, este último mesmo sendo inoculado por material virulente, o que acontece igualmente com os macacos e os erbívoros em geral. São tambem muito receptíveis os mustelídeos, tais como o furão, o arminho, a marta e o vison da Europa, além dos lutídrios como a nútria. Coelhos e cobaios inoculados artificialmente desenvolvem uma infecção muda, apresentando apenas aumento fugaz da temperatura corpórea.
Contribuem para o agravamento da doença, as infecções secundárias que se estabelecem no organismo infectado pelo virus , aquelas causadas por bactérias que vivem no organismo e que sem a presença deste nada determinam de anormal.
Contágio: Pelo contacto do cão com secreções nasal ou bronquial virulentas, a través da água de bebida ou alimentos, ou mesmo pelo ato de lamber um companheiro contaminado com secreções, ou mesmo inspirando particulas de secreções expulsas por animais enfermos no ato de tossir.
No caso do estado geral do animal ser deficiente, como por exemplo ser portador de infestação por vermes ou mal alimentado e com pouco ou nenhum exercício regular , apenas serve como agravante para as complicações decorrentes da virose.
Patogenia: Num primeiro período da doença, chamado de fase septicêmica, em que o virus multiplicando-se no organismo infectado, provoca elevação térmica que pode chegar aos 41 gráus centígrados, no caso do animal ser muito sensível, pode mesmo vir a perecer nesse primeiro estágio da doença.
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Caso o animal consiga resistir, ocorrerá uma lesão da camada interna dos vasos sanguíneos, denominada endotelial, assim como do endocardio. Esse primeiro período febril cede em poucos dias no caso do animal dispôr de resistência suficiente, sobrevindo a cura. Porém, após breve período apirético ( sem febre ), sobrevem nova elevação térmica, agora mais prolongada, indicando o assentamento do agente infeccioso no organismo, sobrevindo em seguida as complicações decorrentes com outros germes ( bactérias ) oportunistas existentes no organismo, sobrevindo então:
Pneumonia catarral: Muito freqüentemente causada por bactérias que vivem normalmente no interior dos pulmões, que caso não tratada convenientemente poderá se complicar levando a uma pneumonia purulenta e outras sequelas.
Gastro-enterite catarral: Também freqüente como complicação da doença, determinando de início apenas vómitos e desinteria catarral, podendo evoluir para ulcerativa e então, aparecimento de sangue tanto nas fezes como no vomito.
Encefalite: Complicação mais grave da própria virose, quase sempre levando a morte. No caso do animal conseguir sobreviver, ficará posteriormente com um tique nervoso que vem a lhe causar contrações musculares tônico-clônicas, do tipo da doença que são visto no homem.
Exantema cutâneo : Aparecimento de início, na epiderme do animal uma erupção examtemática, que evolui para vesículas e depois para pústulas, e término com descamação da camada superficial da pele .
Lesões em orgãos internos: Nos casos de evolução super-aguda, apenas e unicamente muita serosidade no pericário e as vezes pequenas hemorragias no miocardio, além de inchaço e avermelhamento das mucosas. Nos casos agudos há alterações variáveis nos diversos orgãos, como inflamação serosa ou purulenta das vias aéreas altas e dos bronquios, e as vezes bronquite capilar ou mesmo pmneumonia, além de pleurisia e mesmo abcessos pulmonares, estes últimos nos casos mais graves.
Mucosas gastro-entéricas apresentam-se também inflamadas: congestas e mesmo hemorrágicas. Em casos extremos, podem ocorrer úlceras hemorrágicas por toda a extensão dos intestinos.
Sintomas: O período de incubação, durante o qual não aparecem sintomas, dura de 3 a 4 dias, podendo não obstante chegar até a duas semanas. Na forma superaguda sobrevem febre alta que dura de 2 a 3 dias, levando em geral a morte do animal. Na forma aguda, a mais freqüente, inicia-se com febre de até 41 graus centígrados, caindo para a normalidade ao fim de 2 dias, porém de forma transitória, para em seguida voltar com mais ímpeto sobrevindo então as complicações pelos diversos orgãos do animal. Os animais perdem o apetite, tornando-se caprichosos ou displicentes, procurando locais escuros e silenciosos, apresentando tremores e assustando-se inopinadamente. Apresentam pêlo eriçado e ao fim de 2 a 3 dias os demais sintomas como tosse, corrimento pelo nariz e pelos olhos ( conjuntivite ), vomitos e desinteria. As alterações oculares, que são simultâneas com aquelas em outros orgãos, de início apresentam-se apenas por vermelhidão da conjuntiva ( conjuntivite ), seguida por corrimento seroso de início e purulento em seu evoluir. Pode ocorrer inclusive úlcera da córnea, esta mais grave que além de evoluir para inflamação da câmara anterior do olho, levando ao que é chamado de sinéquia anterior, até vasamento do humor aquoso e cegueira do animal.
Sintomas nervosos tambem podem estar presentes, e neste caso tornam o prognóstico sombrio, devido a encefalite muitas vezes fatal.
Tratamento: Devem e podem ser tratadas as complicações causadas pelos germes de associação, tais como a conjuntivite, a pneumonia ou gastro-enterite, e nesses casos deve ser instituido o que é chamado de tratamento sintomático, este de acordo com as complicações constatadas pelo veterinário-clínico, além da administração de sôro-hiperimune específico ( gama-globulina ) via parenteral.
Profilaxia: A través da aplicação da vacinação em primeiro lugar da fêmea quando prenhe, a-fim de ser conseguida uma razoavel imunidade dos futuros filhotes ainda quando durante a gestação, e mesmo durante o aleitamento a través do que é chamado de anti-córpos maternos. Nascidos os animais, ao cabo de 15 dias que é o prazo em que esses chamados anti-córpos maternos estarão presentes no organismo dos filhotes, devem ser estes vacinados, com vacina específica, denominada de Vacina contra a Cinomose. Revacinações anuais são tambem recomendadas.
Carmello Liberato Thadei ( Médico Veterinário -CRMV-SP-0442 ).