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sexta-feira, novembro 22, 2024

IDADE CONTEMPORÂNEA – SÉCULO XX

No quadro internacional, a oposição entre capitalismo e socialismo foi levada ao extremo após 1945, numa bipolarização política, ideológica e militar que afetou todo o mundo contemporâneo.

GUERRA FRIA

A Guerra Fria foi uma disputa pela hegemonia mundial entre Estados Unidos e URSS (atual Federação Russa). Ë uma intensa guerra econômica, diplomática e tecnológica pela conquista de zonas de influência. Ela divide o mundo em dois blocos, com sistemas econômicos e ideológicos opostos: o mundo capitalista, liderado pelos EUA, e os socialistas, liderados pela URSS. Essa oposição divide o mundo, provocando uma corrida armamentista de 40 anos, onde o mundo fica sob ameaça de uma guerra nuclear.

Após a II Guerra Mundial, os soviéticos controlam os países do Leste Europeu, e os norte-americanos tentam manter o resto da Europa sob sua influência. Através de investimentos de ambas as partes (EUA e URSS) em suas áreas de influência, eles iam conquistando cada vez mais adeptos.

A Doutrina Truman

Nessa corrida para conseguir mais aliados, os EUA tomaram consciência de seu poder e de sua responsabilidade de garantir a permanência e o funcionamento do capitalismo mundial. No início de 1947, os EUA suspenderam a desmobilização de suas tropas e começaram o rearmamento. Em 12 de março de 1947, o presidente Harry Truman discursou ante o Congresso Nacional, assumindo o compromisso de liderar o mundo capitalista contra o avanço socialista, originando a Doutrina Truman. Segundo o espírito da doutrina o secretário de Estado norte-americano, Marshall, anunciou a disposição dos Estados Unidos em ajudar a disposição dos Estados Unidos em ajudar financeiramente na reconstrução da Europa, originando o Plano Marshall, como objetivo de promover a restauração do capitalismo na Europa, tentendo impedir o avanço socialista. O Plano Marshall é praticamente um complemento da Doutrina Truman, pois esta visava a proteção do mundo capitalista, enquanto o Plano Marshall objetivava a ampliação do mundo capitalista.

Nos anos 50 e 60, a política norte-americana de contenção da expansão comunista leva à participação do país na Guerra da Coreia e na Guerra do Vietnã. A Guerra Fria repercute na própria política interna dos EUA, com o chamado macarthismo ( movimento iniciado nos EUA em 1951 pelo senador Joseph Macarthy, caracterizado pela perseguição a pessoas acusadas de serem simpatizantes do comunismo).

A Guerra Fria amplia-se a partir de 1949, quando os soviéticos explodem sua primeira bomba atômica e inauguram a corrida nuclear. Os EUA testam novas armas nucleares no Atol de Bikini, no Pacífico, e, em 1952, explodem a primeira bomba de hidrogênio. A URSS lança a sua em 1955. As superpotências criam blocos militares reunindo seus aliados, coma a OTAN, que agrega os anticomunistas, e o Pacto de Varsóvia do bloco socialista.

Com a descoberta da instalação de mísseis soviéticos em Cuba, em 1962, os EUA ameaçaram um ataque nuclear e abordam navios soviéticos no Caribe. A URSS recua e retira os mísseis. O perigo aumenta com a entrada do Reino Unido, França e China no rol dos detentores de armas nucleares. Há suspeitas de que outros países também tenham a bomba, como Índia, Paquistão e Israel. Em 1973, as superpotências concordam em desacelerar a corrida armamentista, fato conhecido como Política da Détente. Esse acordo dura até 1979, quando a URSS invade o Afeganistão.

Em 1985, com a subida ao poder do líder soviético Mikhail Gorbatchev, a tensão e a guerra ideológica entre as superpotências começam a diminuir. O símbolo da Guerra Fria é a queda do Muro de Berlim, em 1989. A Alemanha é reunificada, e aos poucos dissolvem-se os regimes comunistas do Leste Europeu. Com a desintegração da Própria URSS, em 1991 o confronto entre capitalismo e comunismo cede lugar às contradições existentes entre o hemisfério norte, que reúne os países desenvolvidos, e o hemisfério sul, onde está a maioria dos países subdesenvolvidos.

O fim da União Soviética

O governo Gorbatchev produziu uma verdadeira revolução no bloco socialista, afetando por completo as relações econômicas e políticas em um nível nacional e internacional.

NA URSS, Gorbatechev teve de enfrentar, por um lado, a passividade e a inércia burocráticas, desorganizando a já limitada produção econômica, e, por outro, as pressões dos grupos que desejavam reforma mais rápidas e profundas. Além disso, enfrentou uma crescente popularidade interna por causa de dois fatores: a grande questão do separatismo nacionalista no interior das fronteiras do pais, e o desabastecimento interno, com as filas e manifestações de desespero social, ampliado pelas elites burocráticas, contrárias às reformas, que dirigiam a economia soviética.

Em agosto de 1991, membros da burocracia conservadora afastaram Gorbatchev do poder, num golpe que procurava reverter o quadro polítivo-econômico da URSS, berando o controle. Bóris Yeltsin, presidente da principal república soviética, a Rússia, e líder dos ultra-perestroikistas, convocou uma greve geral e obteve o apoio de civis e militares que, derrotaram os golpistas.

Tal foi o prestígio obtido por Yeltsin pela vitória contra o golpe, que ele se transformou no principal líder político soviético, sobrepondo-se mesmo ao próprio Gorbatchev que, ao voltar ao poder viu-se obrigado a renunciar o cargo de secretário-geral do PUCS e dissolver o partido, que era acusado de ligação com os golpistas, ficando apenas com a presidência da enfraquecida União Soviética.

Em meio à velocidade dos acontecimentos, em setembro de 1991, depois das declarações unilaterais de independência da repúblicas bálticas (Estônia, Lituânia e Estônia) e sucessivos distúrbios e conflitos com tropas soviética, Gorbatchev reconheceu oficialmente a soberania dos três Estados, que, em seguida foram admitidos na ONU.

O golpe final contra Gorbatchev, deu-se em dezembro de 1991, quando a Rússia de Yeltsin, juntamente com a Ucrânia e Bielarus assinaram o acordo de Minsk (capital de Bielarus), proclamando o fim da União Soviética e a criação da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) que, pouco depois, obteve a adesão de outras ex-repúblicas da URSS. Dias depois, em 25 de dezembro do mesmo ano, Gorbatchev renunciava ao cargo de presidente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, país que já não existia mais.

SOCIALISMO NA CHINA E EM CUBA

Em 1949, Mao Tsé-tung liderou uma revolução popular que sepultou a velha condição de “quintal do mundo” que caracterizara a China desde o século XIX. A força do sentimento nacional e a atuação do Partido Comunista Chinês criaram uma via socialista independente, que se desgarrou do bloco monolítico soviético e até se rivalizou com ele. Os fundamentos da ideologia marxista indicavam que a revolução se faria baseada no operariado urbano; na China, a liderança foi da população rural, o que firmou sua singularidade política, em plena Guerra Fria.

A autonomia do socialismo chinês foi conseguida gradualmente, passando por acordos iniciais com a União Soviética e chegando aos atritos e rupturas do final dos anos 50 e início dos 60.

Quanto a Cuba, o socialismo foi estabelecido em meio à derrubada de uma ditadura apoiada pelos Estado Unidos, originando um Estado que ativou diversas políticas alinhadas com os soviéticos e o Leste europeu, mergulhando em dificuldades após o fim da Guerra Fria.

A China comunista

Vitorioso em 1949, o Partido Comunista Chinês, aproximou-se da União Soviética, assinando o Tratado de Amizade, Aliança e Ajuda com o presidente Stálin. No plano interno, o novo governo adotou medidas drásticas, como a nacionalização das indústrias e a reforma agrária, para enfrentar as dificuldades econômicas, que ressurgiram com a Guerra da Coréia (1950). O primeiro plano qüinqüenal, anunciado em 1935 por Chou En-lai, propunha uma nova linha geral de transição para o socialismo, priorizando a indústria pesada. Em 1955, a coletivização da agricultura acelerou-se com a organização de um milhão de cooperativas. Atingia-se, assim, o fim do capitalismo, implantando-se as três transformações socialistas básicas: expropriação da burguesia industrial, expropriação do comércio urbano e instalação do movimento cooperativo no campo.

Com as reformas, apesar de a produtividade industrial ter crescido 400% entre1949 e 59, os salários só aumentaram 52%. Mao Tse-tung, aos primeiros sintomas de que o desenvolvimento socialista estava aquém das exigências sociais e ameaçando o governo do Partido Comunista, proclamou uma liberalização interna. É de maio de 1956 sua frase: “que cem flores desabrochem, que cem escolas de pensamento rivalizem entre si”.

As críticas contra o governo cresceram, e o Movimento das Cem Flores se intensificou, levando o governo a reagir com uma grande campanha antidireitista que levou milhares de pessoas à prisão. Mao justificou-se dizendo que a Campanha das Cem Flores objetivava “fazer as serpentes saírem de suas tocas”.

Iniciado como um processo de democratização, o Movimento das Cem Flores acabou reforçando o poder do Partido Comunista Chinês, que, em agosto de 1957, decidiu-se pelo programa de reformas chamado Grande Salto para a Frente. Esta, ao deslocar subsídios econômicos para a agricultura, confirmava o predomínio da base camponesa do socialismo chinês.

A mobilização da população foi geral, e até intelectuais e estudantes foram conclamados para trabalhar no campo. Entretanto, mesmo com um crescimento de 65% da produção rural, as dificuldades obrigaram correções de rumo. Na verdade, o projeto Grande Salto teve resultado limitados, uma vez que as relações sino soviéticas tornaram-se mais difíceis, intensificando a oposição interna ao PCC e as dissidências.

O conflito sino-soviético

As divergências entre os comunistas chineses e o Partido Comunista da União Soviética (PCUS) já existiam muito antes da vitória revolucionária de 1949. Após a revolução, elas se intensificaram, pois Mao Tsé-tung se posicionou pela autonomia política em relação à União Soviética, embora necessitasse de uma pequena ajuda material sua.

Em 1957, a União Soviética comprometera-se a fornecer armas nucleares à China, através de um tratado, que, no entanto, foi rompido em 1959 pelos soviéticos, envolvidos nos preparativos para um encontro com Eisonhower, dentro da política de coexistência pacífica. A atitude soviética recebeu severas críticas chinesas, para os quais o imperialismo norte-americano permanecia ameaçador. Em represália, a União Soviética retirou em 1960 seus conselheiros técnicos da China.

À política internacional de Kruschev somavam-se sua priorização da produção de bens de consumo e a desestalinização, as críticas ao culto da personalidade. Tal política distanciava a linha do PCUS e do PCC, pois os chineses buscavam desenvolver a indústria de base e Mao Tsé-tung era apresentado como grande guia chinês, tornando-se alvo da crítica ao culto da personalidade. As relações sino-soviéticas foram rompidas em 1962 quando o PCC acusou Kruschev e os PCUS de “revisionistas”, estando os soviéticos alterando as teses marxistas originais.

A rivalidade desdobrou-se, em seguida, em conflitos de fronteiras, com soviéticos e chineses encarando-se com muito mais desconfiança do que ao seu inimigo comum- os imperialistas norte-americanos. Enquanto o monolitismo socialista se desestruturava, a China ia se aproximando diplomaticamente os EUA. Já nos anos 70, essa política lhe possibilitou o ingresso na ONU (1971) e a visita do presidente dos EUA Richard Nixon (1972). Com uma política autônoma, os chineses tornaram-se belicamente auto-suficientes, adquirindo também poderio nuclear. Explodiram sua primeira bomba atômica em 1964 e a de hidrogênio em 1967.

Em 1969, as relações entre China e União Soviética haviam se deterteriorado tanto que entre os dois países só haviam modestas transações econômicas e diplomacia de rotina. Só em 1986 começaram uma reaproximação.

A Revolução cultural (1966-1976)

Buscando fortalecer-se pessoalmente, Mao Tsé-tung deu início, em 1966, a um movimento que visava a expurgação de opositores no governo- a Revolução Cultural- que envolveu toda a população chinesa.

Esse movimento, que começou tentando integrar o trabalho manual ao intelectual, ativou o fervor revolucionário, a participação popular, a produtividade e atacou a burocratização partidária e governamental. Logo desdobrou-se em críticas ao PCC, aos opositores de Mao (os pró-burguesia, Kruchevistas), atraindo a participação de toda a sociedade contra o inimigo capitalista. Os dazibaos, jornais-murais feito por populares espalham-se pelo país divulgando o movimento.

A Revolução Cultural logo transformou-se numa luta pelo poder, empreendida pelo grupo maoísta, sustentada pelo Exército Popular de Libertação, liderado por Lin Piao, contra o grupo de Liu Shaochi e Deng Xiaoping, opositores de Mao no PCC. Estes e seus seguidores foram forádos a fazer uma autocrítica pública. O movimento cresceu, multiplicando as organizações revolucionárias que se inspiravam no livro Pensamentos de Mao Tsé-Tung, conhecido como “Livro Vermelho”, onde firmavam-se as idéias de reeducação socialista, críticas ao burocratismo, fidelidade a Mao e alerta contra o inimigo.

A esposa de Mao, Chiang Ching, comandava o Grupo Central da Revolução Cultural, que reprimiu não só os acusados de direitistas como também os ultra-esquerdistas, que pretendiam aprofundar mais as críticas e o andamento da Revolução. No final de 1967 e início de 1968, consolidou-se a autoridade de Mao que expurgou do partido seus opositores. Mao sobrepôs-se até ao PCC, transformando-se no líder máximo nacional, a quem chamavam de “o grande timoneiro”

Ampliando seu poder, Mao, em 1970, entrou em choque com Lin Piao, seu sucessor e chefe do Exército Popular. Lin é derrubado do comando militar e morre em 1971, quando tentava fugir para a URSS em um avião.

Em janeiro de 1976, morreu o primeiro ministro Chou En-lai, conciliador das tendências do PCC, e em setembro Mao Tsé-tung, com 83 anos, abrindo um novo caminho na disputa do poder na China.

A China que Mao deixou aos seus sucessores era bem diversa ad que herdarano início da revolução de 1949. Quando Mao assumiu o poder a população chinesa era de aproximadamente 540 milhões, com a redução da mortalidade infantil ela chegou aos 950 milhões no ano de sua morte. Além disso a expectativa de vida do chinês, 6 anos depois de sua morte era de 68 anos, quando em 1949 era de 35 anos. Mesmo sem eliminar o analfabetismo, conseguiu multiplicar por seis as matrículas nas escolas primárias chinesas.

A China Pós-Mao

Em fins de 1976, Hua Kuofeng assumiu o governo chinês, imprimindo uma linha política de centro, tornando os partidários de Chiang Ching extrema esquerda e o grupo de Deng Xiaoping, direita. Em 1977 ocorre a reabilitação de Deng e, a à medida que se deu sua ascenção no PCC, o grupo de Chiang Ching foi marginalizado, culminando com sua prisão e julgamento em 1981.

Enquanto Chiang era condenada como responsável pelos excessos da Revolução Cultural, Deng Xiaoping, agora líder do governo chinês, iniciava o período de desmaoização do país, afastando seus adeptos do governo. A imagem de Mao perdera totalmente a força.

A prioridade do governo Deng era a modernização da agricultura, da indústria, da defesa e das áreas de conhecimento, isto é, as quatro modernizações. Essas medidas atraíram para a China uma imensa onda de investimentos externos, fazendo com que o país intensificasse o início da reversão agrária da época de Mao, passando na década de 1980 a ter uma população rural abaixo de 80%. Entre 1980 e 1995 a China atraiu muitos investimentos estrangeiros, chegando a superar 170 bilhões de dólares.

No final de 1995, enquanto a China apresentava uma população próxima de 1,2 bilhão de habitantes, o seu PIB alcançva os 2,8 bilhões de dólares, consolidando um crescimento econômico superior aos 10% anuais. Da mesma forma, as reservas de divisas do país alcançavam um volume recorde de 58 bilhões de dólares em 1995, confirmando o desempenho exportador.

Mesmo atraindo a atenção mundial para o seu progresso, nem tudo era estabilidade. A disparidade do desenvolvimento entre as províncias acrescia-se à inflação chinesa decorrente dos subsídios às empresas estatais, dominando a metade da economia e sugando quase 40% dos recursos do governo. O crescimento da inflação bateu os 25% em 1994 e, em meio às medidas saneadoras, buscava-se um decréscimo a ser alcançado nos anos seguintes. Somando-se às dificuldades financeiras, a ineficiência burocrática era acompanhada de corrupção e desperdícios, tornando-se o inimigo principal, oficialmente declarado pelo governo, à necessária estabilidade exigida para o desenvolvimento.

Por outro lado, ficavam duas incógnitas para a continuidade do desenvolvimento chinês: em primeiro lugar, a sucessão de Deng Xiaoping por novas lideranças, afinadas ou não com a continuidade da integração ao capitalismo globalizado; em segundo lugar, a inerente contradição entre a abertura econômica sem a correspondente abertura política, juntando-se aos efeitos de uma economia de mercado, que, mesmo socialista, ampliava as desigualdades sociais.

Confirmando tal tendência, as pressões pela liberação política na China foram bastante expressivas na década de 80, atingindo seu ápice em abril de 1989 com a ocupação da praça da Paz Celestial, em Pequim. Como um novo “assalto ao céu” (busca do paraíso socialista), exigia-se liberdade de manifestação e de imprensa, num movimento liderado por estudantes. Entretanto o governo sufocou o movimento à força.

Nos anos 90, a China ampliou sua remodelação econômica iniciada no governo Deng Xiaoping, mas manteve sem alteração sua estrutura política, ou seja, a condição de “uma perestroika sem glasnost”, fortalecendo a incógnita do rumo histórico chinês para o final do século XX e início do XXI.

A REVOLUÇÃO CUBANA – 1959

Cuba, cuja luta pela independência foi liderada pelo poeta José Martí, foi o último país latino-americano a conseguir libertar-se da Espanha, em 1898. Os EUA, então sob a política do Big Stick de Roosevelt, conseguiram incluir na Constituição cubana de 1901 a Emenda Platt, que admitia a possibilidade de uma invasão norte-americana, além de receber dos cubanos uma área 117 Km2 – a baía de Guantanamo, ainda hoje base norte-americana em Cuba. A partir da independência, a tutela político-econômica dos EUA foi garantida por governos locais ditatoriais, como o de Fulgêncio Batista de 1934 a 1958.

Na década de 50, a oposição à ditadura cresceu consideravelmente, surgindo movimentos guerrilheiros , sob a liderança de Fidel Castro, Camilo Cienfuengos e Ernesto “Che” Guevara, que a partir de 1956 obtiveram sucessivas vitóriias e ocuparam cidades e povoados. Em 31 de dezembro de 1958, Fulgêncio Batista, derrotado, fugiu para a Republica Dominicana.

O novo governo revolucionário, apartir de 1959, definiu uma política de mudanças que se chocava frontalmente com os tradicionais interesses dos EUA no país. A realização de reforma agrária e nacionalização das refinarias de açúcar, usinas e indústrias – maioria norte-americanas – levaram os EUA a suspender a importação do açúcar cubano. Sendo a venda do açúcar vital à economia cubana, um novo mercado precisaria surgir, e o país voltou-se para os soviéticos.

Num mundo bipolarizado, apesar da fase de coexistência pacífica, a ligação cubana aos soviéticos, bastou para o presidente John Kennedy tomar medidas radicais. Em janeiro de 1961, os EUA romperam relações diplomáticas com Cuba e, em abril, um grupo de soldados formado por exilados cubanos e mercenários norte-americanos desembarcou na Baía dos Porcos, recebendo apoia da força aérea numa tentativa de derrubar Fidel Castro.

A invasão norte-americana foi um completo fracasso, o que aumentou o prestígio de Fidel, que num discurso após a vitória, anunciou ao mundo que Cuba era socialista. Ao entrar para os socialistas, Cuba se tornaria um importante ponto estratégico para a União Soviética, que promoveu a tentativa de instalar mísseis na ilha. Esse fato desencadeou uma crise entre Kennedy e Kruschev, pondo em risco a paz mundial. Após rigoroso cerco e ameaça de desembarque, os soviéticos desistiram da idéia.

Ainda em 1962, Cuba foi expulsa da OEA sob a acusação de que disseminava a subversão pelo continente, embora contasse com aliados de peso na América. Simultaneamente, Kennedy lançou para a América a Aliança para o Progresso, um programa de ajuda econômica que veiculava ideais norte-americanos, numa tentativa de combater as influências da Revolução Cubana sobre outras regiões do continente.

Aos poucos, estabeleceu-se um isolacionismo forçado sobre Cuba, levando o governo de Havana a apoiar os movimentos guerrilheiros que ocorriam em diversos pontos do continente, buscando subverter os poderes estabelecidos aliados aso EUA. Nesse processo, foi fundada, em 1967, a Organização Latino-Americana de Solidariedade (Olas), em Havana, em apoio às lutas armadas da América Latina, como na Bolívia, Colômbia e países centro-americanos onde atuava pessoalmente o líder da revolução cubana Che Guevara, que foi morto no mesmo ano na Bolívia. À atitude ofensiva cubana, os EUA responderam com uma política de apoio aos golpes militares do continente, implantando governos ditatoriais para afastar o comunismo.

No fim dos anos 60 e mais decididamente nos anos 70 e 80, governos progressistas (como Chile e Peru), decididos a escapar do alinhamento automático aos EUA, restabeleceram relações com Cuba. Reflexo das relações internacionais mais amenas, durante os governos de Jimmy Cartér e Gerald Ford, estabeleceram-se escritórios de representação de ambos os países em suas capitais. Todavia, diante da política internacional pendular, com o governo Reagan retornam-se as pressões e atritos. Os EUA militarizaram Honduras e El Salvador, como medida de pressão aos sandinistas da Nicarágua, apoiados pelos cubanos.

A nova política de enfrentamento transformou a América Central em uma região de guerra civil e crise nos anos 80. Em 1990, o apaziguamento internacional elaborado por George Bush e Mikhail Gorbatchev motivou uma pequena reversão desse quadro na região.

A Revolução cubana, na América Latina, foi uma via específica da solução aos problemas de miséria e ditadura produzidos pelo subdesenvolvimento, cujas soluções apontavam para o não-alinhamento com os EUA durante a Guerra Fria. Assim, após 25 anos de Revolução, o governo cubano pode proclamar que conseguira o fim do desemprego, da miséria e do analfabetismo.

No início dos anos 90, com as mudanças no Leste europeu e o fim da URSS, reforçram-se as pressões por reformas que eliminassem o monolitismo, obstáculo a uma abertura sintonizada com as transformações dos ex-socialistas e exigidas pelos países capitalistas.

Ao mesmo tempo em que as relações entre os ex-socialistas europeus enfraqueciam, os EUA intensificaram o bloqueio econômico iniciado em 1961, multiplicando as dificuldades de Cuba e do socialismo. Os efeitos têm sido tão negativos, que muitas conquistas sociais, econômicas e culurais até os anos 80, ou foram anuladas ou estão sob ameaça de reversão.

O colapso dos socialistas do Leste europeu e da URSS provocou uma retração econômica, próxima a 50% entre 1990 e 94.

Apesar disso, os dirigentes comunistas cubanos reafirmaram o lema revolucionário castrista “socialismo ou morte”, passando, em meados da década de 90, a buscar um reformismo econômico e a aproximação com a comunidade internacional discordante do bloqueio norte-americano. Outro mecanismo adotado pelo governo cubano foi o incremento do turismo, sendo que 750 mil visitantes entraram no país em 1994, trazendo capital que ajudou a enfrentar o bloqueio econômico.

Inúmeras pressões têm sido feitas em busca do fim do bloqueio norte-americano a Cuba, posição contrária aos que defendem que as conseqüências do mesmo culminará na queda de Fidel. Esta política é defendida pela população cubana estabelecida na Flórida, que possui peso nas eleições locais, e que influenciam na política externa dos EUA.

Já não são poucos os defensores de que as mudanças virão em seu ritmo e que o contato com o resto do mundo mudará a estrutura socialista cuban. A todo este quadro soma-se a questão da liderança e sucessão de Castro, com 70 anos de idade.

No início de 1996, devido à derrubada, pela Força Aérea cubana, de dois pequenos aviões norte-americanos pilotados por exilados cubanos anti-castro, a proposta Helms-Burton foi transformada em lei, determinando sanções às empresas e indivíduos de qualquer país que mantivesse relações com Cuba. A medida foi criticada por vários países, até por alguns parceiros comerciais dos EUA e tribunais internacionais, levantando as possibilidades de uma “guerra comercial” em época do crescimento do livre comércio no mundo.

Mesmo assim, enquanto os norte-americanos mantiam o bloqueio, o governo cubano anunciava o aumento da produção açucareira em mais de 30% em 1996, graças aos financiamentos externos, especialmente europeus.

A descolonização Afro-asiática

A ebulição política e social após a Segunda Guerra Mundial se estabeleceu também nas regiões em processo de descolonização, pois o fim da guerra fria demarcava, na pratica, ó fim dos impérios coloniais. A partir de 1945, o ideal de independência dos povos colonizados transformou-se num fenômeno de massas, com o surgimento de vários países politicamente livres, que, no entanto mergulharam na dependência econômica, determinando o subdesenvolvimento, o terceiro-mundismo.

Entre 1950 e 196, mais de quarenta países afro-asiáticos conseguiram sua independência, impulsionados pelo nacionalismo, pelo declínio do poderio europeu após a guerra e pelo apoio da Organização das Nações Unidas, que reconhecia seus direitos. Além disso, havia a posição favorável dos Estados Unidos e da União Soviética, que viam em tal processo um forma de ampliar suas áreas de influência.

No processo de descolonização firmaram-se duas opções: a libertação por meio da guerra, em geral, com a adoção do socialismo, ou independência gradual concebida pela metrópole, que passaria o poder político à elite local; esta articulada com o mundo capitalista, manteria a dependência econômica num regime neocolonialista.

Em 1955, a Conferência de Bandung, na Indonésia, debateu os problemas do Terceiro Mundo e a questão do não-alinhamento, reunindo vinte e nove nações afro-asiáticas, que declararam apoiar o anticolonialismo e combater o racismo e o imperialismo.

Bandung substituiu o conflito leste-oeste qntre capitalismo e socialismo pelo norte-sul entre os países industrializados ricos e os países pobre e exportadores de produtos primários. As nações reunidas definiram publicamente quatro objetivos básicos:

ativar a cooperação e a boa vontade entre as nações afro-asiáticas e promover seus mútuos interesses;

estudar os problemas econômicos, sociais e culturais dos países participantes;

discutir a política de discriminação racial, o colonialismo e outros problemas que ameaçassem a soberania nacional;

definir a contribuição dos países afro-asiáticos na promoção da paz mundial e na cooperação internacional.

No fundo, a Conferência de Bandung firmava a existência de um bloco multinacional, não alinhado, o denominado Terceiro Mundo, sem definir uma política concreta para a superação do subdesenvolvimento e das heranças coloniais.

ÍNDIA

Mesmo antes do final da Segunda Guerra Mundial, o nacionalismo indiano e sua revolta contra os ingleses já eram notórios. O controle britânico sobre a Índia foi então foi sendo dificultado pelas campanhas de desobediência civil e não-violência promovidas por Mahatma Gandhi, o precursor do movimento de independência.

As lutas nacionalista contra a Inglaterra eram inicialmente lideradas pelo Partido do Congresso (ou Congresso Nacional Indiano), fundado em 1885, que representava a população hindu, e pela Liga Muçulmana, fundada em 1906, que representava a população Islâmica. Das greves e sabotagens, Mahatma Gandhi, na década de 20 dirigiu contra os ingleses sua resistência pacifica, ganhado a liderança nacional quando comandou o boicote ao consumo dos manufaturados ingleses, defendendo o uso dos tecidos rústicos de algodão produzidos manualmente na Índia.

Depois de preso e liberado pelas autoridades inglesas (1922 – 1924), Gandhi promoveu passeatas, o boicote ao sal vendido sob regime de monopólio pela administração inglesa, revelando a inviabilidade da presença colonialista tradicional. A Inglaterra, buscando evitar uma confrontação radical, adotou a estratégia de libertação gradual, para preservar, pelo menos, sua influencia econômica.

Os ingleses abandonaram amistosamente a Índia, mas as rivalidades étnicas e religiosas entre grupos muçulmanos e hinduístas, dividiram o pais em União Indiana, essencialmente hinduísta, sob o governo do primeiro ministro Nehru, o Paquistão, muçulmano, que por sua vez foi dividicdo em Paquistão Ocidental e Paquistão Oriental, sob governo de Ali Jinnah. No extremo sul da Índia, na ilha do Ceilão, formou-se, em 1948, o terceiro Estado autônomo, com o nome de Siri Lanka, de maioria budista.

A divisão da Índia provocou a migração de milhões de refugiados de um Estado para outro, o que resultou em conflitos, com mais de um milhão de mortos. Em 1948, em meio a um desses confrontos, Gandhi foi assassinado.

Em 1971, o Paquistão Oriental proclamou-se independente do Paquistão Ocidental, constituindo a Republica da Bangladesh, mais recente chamada de Republica Popular de Bengala.

Em toda região, independência política não eliminou a condição de miséria da população, constituindo, no fim do séc. XX, um dos países mais pobres do mundo. Em contraste com o subdesenvolvimento, a Índia buscava instrumentos para firmar sua autonomia nas relações internacionais e lançou o domínio nuclear, explodindo sua bomba atômica em 1974, e desenvolvendo um complexo programa espacial.

De outro lado, agravado as inúmeras dificuldades nacionais, emergiram constantes e violentos conflitos étnicos, religiosos e políticos, desembocando no extremismo de grupos separatistas que tem instabilizado a região.

A possibilidade de irradiação desse extremismo por toda a Índia contava, especialmente com o declinante controle federal do Partido do Congresso, o qual envolveu o país numa ampla modernização liberal sem, contudo, conseguir reverter o quadro social de miséria e desigualdades que se agrava cada vez mais.

Apesar do crescimento econômico de 10% ao ano, na primeira metade da década de 90, a Índia chegou a apresentar 420 milhões de habitantes (de um total estimado de 920 milhões) vivendo abaixo do limite de pobreza, com uma parte significativa concentrada nas favelas ou nas ruas das cidades, além de 80% da população não possuir acesso à rede de esgotos e dois terços das crianças com idade inferior a 5 anos serem subnutridas.

A modernização indiana dos anos 90, atraiu empresas multinacionais, seus produtos e tecnologias, mas se mesclou com a sociedade tradicional e 25 mil sucatas.

SUDESTE ASIÁTIACO

A Indonésia, arquipélago formado pelas ilhas de Java e Sumatra e várias outras menores, foi desde o séc. XVII, colônia soa Países Baixos. Seu principal líder no processo de independência foi Ahmed Sukarno, reconhecido como governante em 1949. Durante o seu governo, em 1955, a Indonésia sediou a Conferência de Bandung, contra o colonialismo.

Sukarno instalou um sistema autoritário de governo, a “democracia dirigida” , e realizou uma aproximação com a China comunista em meio ao conflito sino-soviético. Em 1965, num golpe militar, o general Suharto tomou o poder sobre o pretexto de evitar a “penetração comunista”, mantendo Sukarno nominalmente no governo. Em 1967, afastou-o e assumiu oficialmente a chefia do Estado até sua morte em 1970.

Em 1975, tropas de Suharto invadiram o Timor Leste (a sudeste do arquipélago), aproveitando-se da retirada de Portugal, transformando a região em uma nova província da Indonésia. Nem mesmo a condenação da ONU pela invasão removeu a ocupação, que enfrentou com violência a luta pela autonomia timorense, liderada pela Frente Revolucionária do Timor Leste, a Fretelin o que causou várias dezenas de milhares de mortos.

De outro lado, o governo de Suharto abandonou a política nacionalista de seu antecessor, integrando-se à economia capitalista globalizada, entregando, por exemplo, as companhias petrolíferas a corporações internacionais. Em meio á atração de investimentos estrangeiros e busca de crescimento econômico , nos anos 90, Suharto continuava no comando político da Indonésia , reelegendo-se desde 1993, pela sexta vez, à presidência do país.

A Indonésia, formado por Laos, Camboja e Vietnã, foi domínio francês desde Napoleão III (1860), com nome de União Indochinesa. Durante a Segunda Guerra Mundial foi ocupada pelos japoneses, e Ho Chi-minh, líder nacionalista, fundou a Liga Revolucionária Vietminh para libertação do Vietnã. Em 1945, após a derrota japonesa frente aos aliados, Ho Chi-minh proclamou a independência do Vietnã, enfrentando, no entanto, a região. Em 1954, os franceses foram totalmente derrotados na Batalha de Diem Dienphu, ao mesmo tempo que a opinião pública francesa pressionava o governo pela saída do Vietnã.

O giverno frances convocou então a Conferência de Genebra para negociar a paz e reconhecer a independência do Vietnã, Camboja e Laos, também em luta, além de determinar eleições para esses países dentro de um prazo máximo de dois anos. Na conferência de Genebra, que contou com a participação de grandes potências, como os Estados Unidos, União Soviética e China, decidiu-se que, até as eleições de 1956, o Vietnã seria dividido em Vietnã do Norte e Vietnã do Sul, na altura de do paralelo de 17ºN. O governo do Norte caberia a Ho Chi-minh e a capital seria Hanói, enquanto o Sul seria governado por B-Daí e a capital seria Saigon.

Ho Chi-minh, declaradamente comunista, obteve apoio dos guerrilheiros do Sul, os vietcongs, para a unificação nacional. Em meio à polarização do período da Guerra Fria e diante da possibilidade de vitória de Ho Chi-minh nas eleições gerais, o presidente norte-americano Dwight Eisenhower deu respaldo ao governo de Ngo Dinh Dien, sucessor de Ba-Daí, qu se transformou em ditador no Vietnã do Sul. Iniciou-se enytão uma luta que duraria mais de quinze anos e se destacaria pela desigualdade das forças militares anvolvidas.

O presidente Lyndon Johnson, valendo-se de uma autorização do Senado norte-americano, decidiu-se pela intervenção total no Vietnã do Sul, para onde enviou, de 1965 a 1968, mais de quinhentos mil soldados, além de bombardear o Vietnã do Norte. No Sul, Ngo Dinh Diem, morto em 1963, foi substituído por Nguyem Van-thieu e Cao Ky. Entretanto, a resistência dos vietminhs, o apoio dos vietcongs sulistas e a pressão da opinião publica mundial minaram a disposição de apoio dos Estado Unidos ao Vietnã do Sul.

Durante o governo de Nixon, adotou-se a política de “vietnamização de guerra”, ou seja, retirada dos soldados norte-americanos da região, substituindo-os por americanos, entregues aos sul-vietnanitas. Para viabilizar a vietnamização, Nixon buscou debilitar as forças comunistas bombardeando o Vietnã do Norte, embora a investida norte-americana não tivesse o sucesso esperado. O caso Watergate e a conseqüente saída de Nixon do governo, juntamente com vários acordos falhos visando uma saída honrosa dos Estados Unidos da região, levaram as estratégias do governo norte-americano à derrota. Em 30 de abril de 1975, Saigon, capital do pais, caía nas mãos dos norte-vietnanitas e virtcongs, permitindo a reunificação do pais. No mesmo dia Saigon passou a se chamar Ho Chi-minh. A intervenção norte-americana levou à morte de 58 milhões de norte-americano e um número estimado de um a três milhões de indochineses, deixando o país quase completamente destruídocom os maciços bombardeiros da guerra.

Com o fim da Guerra Fria, o Vietnã adotou a doi moi (renovação) em 1986, equivalente à perestroika soviética, abrindo seu mercado aos países capitalistas, especialmente o Japão. Mantendo o controle comunista no poder, o país tem se aproximado também da China, sua tradicional rival na região.

A normalização das relações entre Estados Unidos e República Socialista Soviética do Vietnã, no entanto, só aconteceu em 1995 em pleno processo de abertura econômica quando o país se transformava num dos mercados da Ásia e pretende à posição do novo “Tigre Asiático”, jargão internacional referente às dinâmicas econômicas da região.

Quanto ao Camboja, a Conferência de Genebra de 1954 reconhecia a sua independência sob forma monárquica. O príncipe Norodom Sihanouk, pró-China, governou até 1970, quando foi derrubado pelo general Lon Nol, apoiado pelos Estados Unidos. Era a ditadura pró-Ocidente, a estratégia de Nixon para o Sudeste Asiático. A partir daí, instauraram-se governos instáveis e ditatoriais. Em 1975, o Khmer Vermelho (grupo de guerrilheiros apoiados pela China) derrubou Lon Nol, instalando a Republica Popular do Kampuchea, recolocando no poder Norondom Sihanouk. No ano seguinte, o lider da ala mais radical do Khemer Vermelho, Pol Pot, derrubou o presidente, implantando uma ditadura tão sangrenta que reduziu a população do país à metade.

Sob o comando do Khmer Vermelho, adotou-se a política de absoluta priorização da agricultura no Camboja, com transferência da população urbana para o campo. (A capital, Phnom Penh, que tinha algo próximo de três milhões de habitantes, acabou reduzida a pouco mais de vinte mil). Das outra medidas tomadas pelo governo de Pol Pot, sempre caracterizada pelo extremismo, destacaram-se a abolição da moeda nacional (riel), da religião e da unidade familiar. Nas perseguições generalizadas, fundadas na definição do “ano zero”, ponto de partida de um Camboja que “nascesse de novo”, suprimindo todos os vestígios da sociedade anterior, eliminaram-se todos aqueles que falassem alguma língua estrangeira, universitários, intelectuais, qualquer um que usasse óculos e pequenos proprietários, chegando segundo dados oficiais, o extermínio de 2,8 milhões de pessoas, além, de 570 mil desaparecidos.

Quanto ao Laos, após os acordos de Genebra de 1954, o grupo de esquerda Pathet Lao, dirigido pelo “príncipe vermelho” Tiao Souphanouvong, chegou ao governo, sendo derrubado pelos direitistas, ligados aos norte-americanos, em 1958. O Pathet Lao, a partir de uma base na selva, organizou-se a luta armada para recuperar o poder generalizando o conflito com a Indochina.

ARGÉLIA

De 1952 a 1956 desencadeou-se na África do Norte o terrorismo contra a ocupação francesa. Em 1954, as forças rebeldes da Frente de Libertação Nacional, estimuladas pela derrota francesa na Indochina e pelo apoio da opinião publica internacional, atacaram os franceses em setenta lugares diferentes em toda a Argélia. Num contra-ofensiva, que envolveu quinhetos mil soldados e após violenta repressão à população árabe, as forças metropolitanas desestruturaram a oreganização rebelde em Argel, a capital.

A iminência de uma guerra civil na França levou o general De Gaulle a assumir o poder e colocar-se à frente do movimento militar, em maio de 1958. Controlando os extremistas, promulgou em outubro uma nova constituição, instituindo-se a Quinta Republica francesa, e decidiu-se pela negociação. Num plebiscito, em 1961, De Gaulle obteve carta branca para desenvolver conversões em busca de paz e da criação da Argélia livre. A ala conservadora do exército, contraria à independência da região, tentou um golpe de estado – fracassado – contra De Gaulle.

Estabelecendo acordos com os nacionalistas argelinos, a França reconhecia, em 1962, a independência da Argélia. Depois de dez anos de lutas e de aproximadamente um milhão de argelinos mortos, formava-se a Republica Democrática Argelina, presidiado Bem Bella, da Frente de Libertação Nascional.

Com a morte de Houari Boumediene, responsável por uma politica externa pró-União Soviética, em 1978a Argélia reformou sua política internacional, reaproximando-se da França, Estados Unidos e outros países ocidentais. Mais tarde, em 1989, foi a vez da abertura política interna, quando, em meio ao pluralismo partidário, ganhou força o grupo fundamentalista islâmico que pregava a reorganização do pais com base no Corão, que foi vitorioso nas eleições de 1991.

Nas eleições de 1995, num ensaio de normalização política interna, foi vitorioso o candidato preferido pelos militares, Liamine Zeroual, em grande parte devido ao afastamento do grande pleito dos radicais islâmicos do FIS e do boicote eleitoral por outras forças democráticas e socialistas.

O governo do presidente Zeroual, mesmo ampliando gestões para entendimentos nacionais, reforçou a incógnita quanto à real possibilidade de livrar a Argélia de seu conflito civil, cujo custo ultrapassou os 50 mil mortos, entre 1992 e 1995.

CONGO

Devastado pelo trafego de escravos do XIX, em 1985, após a Conferência de Berlin, o Congo passou a ser propriedade pessoal do Rei da Bélgica, Lopoldo II. De propriedade pessoal, em 1908, passou oficialmente à colônia belga, servindo a diversos interesses: pilhagem e exploração pelas companhias metropolitanas e estrangeiras, de diamante, ouro, cobre e estanho.

Em 1959, irromperam no país manifestações populares, chegou-se a incendiar Leopoldvile, a capital, o que obrigou a Bélgica a conceder a independência ao país. Em 1960, formava-se o Estado Livre do Congo, tendo como presidente Josph Kasavubu e como primeiro ministro, Patrice Lumumba. Embora oficialmente independente, a presença européia continuava gerando contínuas manifestações.

Soldados belgas e mercenários, financiados pela companhia belga Union Minière e comandados por Moisés Tshombe, declararam independente a província mineradora de Katanga. Lumumba e Kasavubu apelaram à ONU, que enviou emissários da paz a região, sem conseguir entretanto solucionar o impasse, entalando-se a guerra civil.

O presidente Kasavubu, apoiado pelos Estados Unidos, demitiu Lumumba, substituído pelo coronel Joseph Mobutu. Lumumba foi preso, mas, diante das manifestações populares pela sua libertação, acabou sendo entregue e mercenários de Katanga, onde foi assacinado.

Pela sua atuação à frente do Movimento Nacional Comgolês contra a Bélgica, Lumumba transformou-se em símbolo da independência africana, num congo dividido em várias facções rivais, em lutas crescentes, só contidas com a intervenção da ONU e com a entrega do cargo de primeiro-ministro a Tshmbe, em 1964, que assegurou a unidade do país.

Em 1965, Mobutu assumiu o governo, implantando uma ditadura pessoal. Em 1971, o Congo adotou o nome de Republica do Zaire, enfrentando crescentes pressões internas e externas contra a ditadura e o nacionalismo, intensificadas especialmente no final dos anos 80 e inicio dos 90, mergulhando o país em sucessivas crises políticas, greves e agravamento do seu quadro socioeconômico.

ÁFRICA PORTUGUESA

As colônias ultramarinas portuguesas foram as que mais tardiamente conquistaram sua independência, todas após 1970. Isso porque Portugal mantivera-se, desde a década de 30, sob ditadura de Antônio de Oliveira Salazar, que conservava o país por quarenta anos longe dos avanços econômicos, políticos e sociais do período. Quando em meados dos anos 70, ocorreram os movimentos de derrubada das ultimas ditaduras européias – Grécia, Portugal e Espanha -, as lutas coloniais de libertação ganharam força.

Em Angola, o Movimento Popular pela Libertação da Angola (MPLA), fundando em 1956 por Agostinho Neto, iniciou um movimento guerrilheiro contra o colonialismo salazarista, embora outras organizações de libertação surgissem, como a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), dirigida por Holden Roberto, e a União Nacional pela Independência Total de Angola (Unita), chefiada por Jonas Savimbi.

A revolução dos Craos (1974), que derrubou a ditadura fascista portuguesa, propiciou a assinatura do Acordo de Alvorn, marcando a, libertação angolana para 1975. Entretanto, FLNA, apoiada pelo Zaire, ocupou o norte angolano, enquanto a Unita, apoiada pela África do Sul, com respaldo dos Estados Unidos, dominava o sul de Angola.

Em 1986 e 1987, o presidente Ronald Reagan, dos Estados Unidos, e a primeira-ministra, Margareth Thatcher, da Inglaterra, reuniram-se com Jonas Savimbi, Subsidiando economicamente a Unita, na tentativa de desestabilizar o governo angolano. A FNLA, por sua vez, enfraquecida militarmente, encontrava-se em processo de extinção.

Foi só com distensão internacional do inicio dos anos 90 e o final da Guerra Fria que se aceleram acordos para a normalização do país, destacando-se os entendimentos entre o governo e a Unita.

Em Moçambique, a frente de Libertação do Moçambique (Frelimo), de inspiração socialista, fundada por Eduardo Mondlane, em 1962, iniciou a luta pela independência. Co m o assassinato de Mondlane por agentes portugueses, em 1969, Samora Machel assumiu o comando do movimento, ocupando gradativamente o território moçambicano. Com a revolução de 1974, Portugal acelerou as negociações para libertação dessa colônia, reconhecendo sua independência em 1975, como Samora Machel na presidência.

A África do Sul, governada por uma maioria branca a alinhada com o bloco norte-americano nos anos 80, procurou desestabilizar o governo socialista de Samora Machel, através de Resistência Nacional Moçambicana (Remano), e, apesar da assinatura, em 1984, do Acordo de nkomati, que estabeleceu a não-agressão com a África do Sul, os confrontos continuaram.

Somente na década de 90, após o país ter iniciado uma abertura política, buscou-se estabelecer acordos entre o governo e guerrilheiros para a solução da questão moçambicana. Em 1994, foram realizadas eleições multipartirias, vencendo o líder da Frelimo e sucessor de Machel, Joaquim Chissano. O novo governo definiu como propriedade a reconstrução de Moçambique, tendo em mãos um país arrasado por 14 anos de luta pela independência e seguida de mais 16 anos de guerra civil.

Na Guiné-Bissau e Cabo Verde, a rebelião contra o colonialismo começou em 1961, sob a liderança de Amílcar Cabral, do Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que foi assassinado em 1973. Luiz Cabral assumiu então a liderança do movimento e proclamou a independência da Guiné-Bissau, que, embora imediatamente reconhecida pela ONU, só foi oficializada em 1974, depois da Revolução dos Cravos. Cabo Verde separou-se da GuinéBissau em 1980, embora não desaparecessem gestões para uma futura reunificação.

No final do anos 80 e início dos anos 90, os dois países integraram as transformações internacionais do final da Guerra Fria, tendo Cabo Verde, em 1990, adotado o pluripartidarismo e, nas eleições de 1991, ampliando as liberdades políticas e a abertura econômica. Da mesma forma o PAICG, de Guiné-Bissau, deu inicio à abertura política em 1989, pondo fim no sistema de pertido único. No inicio dos anos 90, apresentaram-se o impasse quanto à realização de eleições livres na Guiné, dado o radicalismo entre as várias facções políticas.

O domínio colonial e a turbulência política da descolonização africana deixou serios impasses sociopolíticos no continente: de um lado, o quadro de subdesenvolvimento e, de outro, a instabilidade industrial. No inicio dos anos 90, não foram raros os exemplos de crises, catástrofes sociais e políticas, a exemplo e Ruanda, em que grupos étnicos hutu (90% da população) e tutsis (10%) disputaram o poder, surprdimencionando heranças coloniais. O resultado parciaal foi mais de um milhão de mortos e mais de 2,5 milhões de refugiados.

Até mesmo as gigantescas adversidades africanas, contudo, não conseguiram enterrar transformações que, nas dinâmica histórica, guardaram algum potencial promissor na solução dos principais problemas continentais. Neste caso, é de exaltar a África do Sul onde, sob liderança de Nelson Mandela, a luta contra o apartheid (segregação racial) tornou-se vitoriosa depois de séculos de sujeição. Mandela tornou-se governante do país durante os anos 90 e, mesmo com fortes divergências de opositores e discordâncias quanto ao rumo do país, tornou-se um exemplo das potenciabilidades africanas.

ORIENTE MÉDIO

Considerada uma das regiões mais tensas do pós-guerra, devido a conflitos religiosos e políticos, o Oriente Médio também se transformou-se em um palco de disputas entre as superpotências pela supremacia na região. Sua posição estratégica, aliada a presença de enormes reservas petrolíferas, caracterizaram historicamente a região como uma área sujeita a impasses e guerras. Os focos geradores desses impasses têm sido, principalmente, o conflito árabe-israelense, a guerra civil do Líbano e conflitos como o do Irã-Iraque e a invasão iraquiana sobre o Kuwait.

O conflito árabe-israelense

Um dos conflitos do Oriente Mádio tem sido o conflito árabe- israelense, cujas origens remontam ao período que segue à Primeira Guerra Mundial. Com a derrota dos turcos e a desintegração de seu império, a Liga das Nações aprovou, em, 1922, a Declaração Balfour, proposta em 1917 pelo chanceler inglês Lord Balfour, que colocou a palestina sob o governo da Inglaterra. Comprometendo-se a criar o Estado Nacional judeu na região, a tutela inglesa ativou a emigração judaica entre judeus e árabes.

Em 1947, no final da Segunda Guerra Mundial, diante dos crescentes conflitos entre judeus emigrantes e palestinos árabes, a ONU foi incitada a intervir, decidindo pela divisão da Palestina em duas áreas: a judaica , representando 57% de sua área e a palestina, com 43% da área, que provocou o protesto dos países vizinhos.

Com a retirada da Inglaterra e a criação em 1948, do Estado de Israel, aumentou a tensão na região. Os países da liga Árabe – Egito,, Iraque Transjordânia (atual Jordânea), Líbano e Síria – invadiram a região desencadenado a Primeira Guerra Árabe- Israelense (1948 – 1949), vencida por Israel, que ampliou seu domínio territorial sobre a Palestina. Como conseqüência, quase um milhão de palestinos fugiram ou foram expulsos da região, tendo a situação dos refugiados, que se instalaram em regiões vizinhas desencadeando a Questão Palestina, isto é, a luta dos árabes palestinos pela recuperação territorial. Em 1956, os crescentes atritos de fronteiras entre Egito e Israel e o reconhecimento do Canal de Suez como egípcio, desencadearam a Segunda Guerra Árabe- israelense, também conhecida como guerra de Suez. Apesar de o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser ter contado com com ajuda militar soviética, Israel, apoiado pela Inglaterra e França, saiu novamente vitorioso, conquistando a península do Sinai. Sob pressão dos Estados Unidos e da União Soviética, a ONU enviou à região forças de paz, que obrigaram Israel a abandonar o Sinai, restabelecendo as fronteiras de 1949.

Em 1967, a tensão na região culminou com a Guerra dos Seis Dias, a Terceira Guerra Árabe-Israelense, pois a recém-criada Organização para a Libertação da Palestina (OLP) tentava, desde 1964, recuperar o território ocupado por Israel por meio de guerrilhas. A situação agravou-se com a retirada das tropas da ONU e colocação de soldados egípcios na fronteira, bloqueando o acesso aos portos israelenses. A vitória israelense levou à ocupação de Gaza e Cisjordânea, ampliando o êxodo palestino, com mais de um milhão e seiscentos mil refulgidos.

Apesar da intervenção da ONU, Israel não acatou a decisão de retirada do territórios ocupados, tendo essa nova investida israelense provocando, em 1973, a Quarta Guerra Árabe-Israelense – a Guerra do Yom Kippur -, assim chamada por ter sido iniciada em um dia sagrado para os judeus, Dia do Perdão. O conflito inicio-se com o ataque simultâneo da Síria e do Egito contra Israel. Com a intervenção do presidente dos Estado Unidos, Richard Nixon , do secretário da União Soviética, Leonid Brejnev, a guerra terminou, com a assinatura de um acordo de paz de paz.

Em 1979, o presidente egípcio Anuar Sadat e o dirigente israelense Menahem Begin, num encontro promovido pelo presidente norte-americano Jimmy Carter, assinaram os acordos de Camp David, pelos quais o Egito recuperava o Sinai e inaugurava uma nova fase de relacionamentos e negociações.

A questão palestina, entretanto, sobrevivia, pois os refugiados seguiam lutando pela obtenção de um Estado palestino e pela devolução dos territórios da Cisjordânia e Gaza, ocupados por Israel.

Foi somente no início dos anos 90 que ganhou forças a via política diplomática, levando às negociações entre as partes nas região, substituído a confrontação militar constante. Em grande parte possível devido ao fim da Guerra Fria, à neutralização do Iraque e à pressão norte-americana contra o radicalismo israelense, os encontros diplomáticos proporcionaram o reconhecimento mútuo entre Israel e OLP e, em 1993, a assinatura da paz em Washington, entre os representantes de Israel, Yitzhak Rabin, e da Palestina, Yassser Arafat.

Outro foi a derrota eleitoral de Shimon Peres, em 1996, vencido por Likud de Benjamim, defensor de uma política externa com os vizinhos árabes.

Guerra do Libano

O Líbano que se libertou da França em 1945, é região do Oriente Médio sujeito a constantes conflitos. De um lado, estão os muçulmanos – sunitas e xiitas -, que correspondem à maioria da população, de outro, os vários grupos cristãos – maronitas, ortodoxo e armênios católicos e protestantes -, que controlam as atividades e detêm a hegemonia política. Agravando a situação acrescenta-se a interfer6encia de grupos estrangeiros apoiando cada uma das facções . Os palestinos, representados pela OLP, apoiavam os muçulmanos, e os israelenses alinhavam-se aos cristãos.

Apartir da década de 1970, os conflitos se agravaram por pressões político-religiosos dos muçulmanos, que exigiam maior representativa política, e também pela instalação de grupos palestinos no sul do Líbano.

Em 1976, a Síria interveio no norte do país, e em 1982, Israel ocupou o sul, expulsando os guerrilheiros da OLP. Em 1986, os sírios ocupam Beirute, a capital do Líbano, sem consequir uma efetiva composição política entre cristãos e muçulmanos.

Com inger6encia sírias, israelenses, dos extremistas xiitas do Hezbollah e outras facções estrangeiras, além dos próprios líbano , a incorporação de soluções políticas e diplomáticas, em substituição à confrontação violenta de duas décadas que devastou quase inteiramente o país, tem encontrado suficiente resistência para não se viabilizar completamente. Porém, para um país de quase 4 milhões de habitantes, com um saldo de 150 mil mortos nos conflitos e quase 500 mil pessoas desajoladas de suas residências, os continuados entendimentos, em meio à complexidade dos fatores envolvidos, permitem vislumbrar o fortalecimento do processo de pacificação do Líbano.

Conflito do Irã-Iraque

No Irã, a dinastia Pahlevi, no poder desde 1925, foi derrubada em 1979 pelos patidários do aiatolá Khomeini, líder muçulmano da seita radical xiita. Como o xá Reza Pahlevi tinha o apoio dos EUA, a vitória de Khomeini agravou as relacões com os EUA, e no mesmo ano, a embaixada norte-americana em Teerã, capital dos país, foi envadida por militares xiitas. Somente em 1932, após o entendimento com intermediação da Argélia, os 50 reféns norte-americanos foram libertados.

Em 1980, o Iraque aproveito-se da instabilidade do Irã, invadiu-o, trazendo a tona a tradicional luta pela dominação da região do Chatt-el-Arab, pequeno ria na conferencia dos rios Tigre e Eufrates, resultando o conflito em várias mortes para ambos os países.

Em 1988, a ONU, estabeleceu um cessar fogo na região, acelerando o fim do conflito. Assim o Iraque devido ao armamentismo desenvolvido durante a guerra, tornou-se um dos países mais poderosos militarmente do Oriente Médio, com Egito e Israel.

Guerra do Golfo

Em 1990, Saddam Hussein, governante do Iraque, invadiu o Kuwait, iniciando uma nova crise na área. Buscando projetar-se como grande líder das nações árabes, Hussein realizou a anexão sob o pretexto de que o Kuwait era uma ilusão, um Estado fundado pela Inglaterra, um protetorado das potências capitalistas.

Representados pela ONU, as grandes potências, liderados pelos EUA, exigiam a desocupação do Kwait e, não sendo atendidas, declararam guerra a Saddam Hussein. A Guerra do Golfo teve como peculiaridade a transmissão televisiva, que permitiu a divulgação das notícias autorizadas pelas forças militares norte-americanas.

A coalizão internacional liderada pelos EUA colocou no Iraque o maior aparato militar desde a Segunda Guerra Mundial, formando a chamada “Tempestade no Deserto” que jogou mais de 31 toneladas de bombas contra os 450 mil soldados do Iraque, destruindo à população civil com os bombardeios sobre Bagdá. O confronto terminou em 40 dias com a derrota do Iraque. Morreram pouco mais de 500 soldados aliados no conflito e de 100 1 300 mil iraquianos.

Terminada a guerra, a ONU estabeleceu sanções econômicas contra o Iraque, especialmente o embargo sobre suas exportações de petróleo, além de sujeitar o país a eliminar seus arsenais de armas nucleares, biológicas, químicas e os mísseis de longo alcance. Em 1994, Hussein voltou a concentrar tropas na fronteira com o Kwait, levando a nova mobilização norte-americana, seguida do recuo iraquiano.

Em meados da década de 90, continuava crescente o armamentismo dos vários países da região, contando com os imensos recursos advindos da exportação de petróleo e da oferta das potências em produtos sofisticados. Em 1994, o Oriente Médio liderava a compra internacional de armamentos, destacando-se, como exemplo, a Arábia Saudita, que encomendou aos EUA 72 aeronaves de combate F-15 de grande alcance, no valor de 5 bilhões de dólares.

A abundância de armamentos, as heranças coloniais, as ingerências estrangeiras, os inúmeros conflitos e as diversidades étnicas, religiosas, econômicas e sociais, têm servido de combustível para manter a região continuamente instável.

A América Latina e suas lutas sociais

Embora os países latinos sejam independentes desde o sec.XIX, eles ainda mantiveram laços de dependencia com os países capitalistas, iniciando com a Inglaterra e depois com osEUA.

Todas as forças estavam unidas: os reformistas e nacionalistas e também as de extrema esquerda. Eles queriam por completo a ordem reinante e assim se confrontaram com os grandes centros capitalistas, assim o anseio dos países latinos –americanos pela democratização e autonomia gerou pressões no sentido de reformular as estruturas vigentes, acontecendo as ditaduras militares, governos pro-libertação, movimentos reformistas , revolucionáriose guerrilheiros . Assim esta caracterizada a América Latina no sec.XX.

México

O México, após Agustín Itúbide ter declarado sua independêcia, em 1821, passou a viver um período de instabilidade política, sob a formação de ditaduras e de dependência econômica. As condições sociais se agravaram depois que o país saiu da guerra contra os EUA, em 1848, tendo perdido quase todo seu território. Além de sofrer intervenções estrangeiras sucessivas, inclusive dos franceses, de 1861 a 1867, tentaram estalar na região o governo Habsburgo de Maximiliano.

As lutas contra estrangeiros, que desorganizavam o país, e as condições que substituiam desde a época colonial proporcionaram a instalação da ditadura Pofírio Dias (1876- 1911). Durante o porfiriato deu-se uma intensa concentração fundiária e grande entrada de capital estrangeiro para a exploração e controle de recursos minerias e produção de artigos de exportação . Dessa forma o povo concentrado nas áreas rurais ficaram mais dependentes dos grandes senhores.

No início so sec.XX, esse quadro levou ao crescimento de insatisfação entre a população, o que provocou greves operárias nas cidades e revoltas nas zonas rural. Dessas lutas surgiram líderes populares como Emiliano Zapata ePancho Villa, que comandavam os camponeses na reivindicação de seus direitos, ao mesmo tempo parte da elíte comandada por Francisco Madero, se unsurgia contra a ditadura porfirista. Unido as for’ças os exércitos revolucionários depuseram Porfirio Dias, em maio de 1911.

Eleito presidente, o liberal Madero não implantou a esperada reforma agrária, esboçando tímidas medidas sociais. Em 1911, Madero foi assassinado e o general Victoriano Huerta reinstalou a ditadura, ligada aos interesses do EUA. Pancho Villa voltou a lutar contra as forças federais, enquanto Zapata liderava no sul a revolução camponesa pela reforma agrária. As pressões levaram Huerta a renunciar, em 1914, em favor de um governo constitucional liderado por Venustiano Caranza 1914-1915).

Em 1917, foi promulgada a nova constituição do país e Carranzo foi eleito presidente. Insatisfeito com o não –atendimento as suas reivindicações, especialmente a redivisão fundiária as forças populares continuaram em luta. Entretanto perderam forças, especialmente com o assassinato de Z apata em 1919 e o afastamento de Villa em 1920, sequido de seu assassinato em 1923.

Na década de 30, a reforma agrária motivou a revolução de 1910, ainda não fora realizada: mais de 80% das terras mexicanas estavam em mãos de pouco mais de dez mil mexicanos.As manifestações nacionalistas encontraram no presidente Lázaro Cárdenas (1934-1940) um representante que exprorpiou terras e compainhas estrangeiras, nacionalizou o petroleo e estimulou a formação de sindicatos camponeses. Com tais medidas o governo passou a chamar-se Partido da Revolução Mexicana, trasformado mais tarde em Partido Revolucionário Institucional (PRI) que controlou o país até 90.

Nestas décadas o latifúndio voltou a dominar a estrutura agrária do país, passando, a economia mexicana, a beira de colapso.

Diante da imensa divida externa e do grave quadro inflacionário do país, em 1990, o presidente Andres Salinas de Gortari boscou acordos internacionais que atraissem investimentos estrangeiros, especialmente dos EUA. A íntima vinculação ao bloco norte-americano, possibilitou a integração ao Nafta (Acordo norte-americano de livre comercio), oficializada a 1º de fevereiro de 1994, comemorando como uma passagem para o mundo desenvolvido.

A entrada do méxico no Nafta, foi imediatamente ofuscada pelo levante do exército zapatista de libertação nacional (EZLN), o qual tomou várias cidades no estado de Chipas, eles proclamavam a exigencia de pão, saúde, educação, autonomia e paz.

Os enfrentamentos e sucessivos acordos entre o governo de Adres e os camponeses revoltosos durante o ano 1994 contaram, com a turbulência eleitoral durante a campainha presidencial. Foram assassinados dois menbros do partido do governo (PRI), Luis Donaldo, candidato que estava a frente das pesquisas e José Francisco Massieu, secretári do partido.

Em meio ás acusações de envolvimento do governo nos assassinatos junto com escândalos de corrupção, a economia caiu na intabilidade, enquanto Ernesto Zedillo, venceu as eleições e assumi em 1994.

No ano sequinte os escândalos continuaram a crescer, sequidos do agravamento da questão social, do desemprego, da atuação zapatista, da amior instabilidade financeira do país e do desenquilíbrio do partido revolucionário. E novamente o país cai num verdadeiro caos economico, precisando da ajuda dos EUA.

Enquanto Zedillo creditava a crise ao seu antecessor, ficava patente o descompasso entre as soluções de uma economia demercado, tão defendida na globalização economica capitalista.

Chile

Substituindo o governo de Eduardo Frei, do partido Democratico Cristão, foi eleito Salvador Allende, em 1970, da unidade popular, compostos pela aliança dos socialistas e comunistas . Sua vitória foi o resultado de um longo período de lutas populares no Chile, de uma elaborada política de união das forças de esquerda de do deliberamento do grupo conservadoe chileno.

A vitória socialista desencadeou uma mobilização social, com invasão de terras e ocupação de fábricas, presionando o governo a ir além de seus propósitos originais. O resultado foi a rearticulação das forças conservadoras, o que provocou sabotagens e instabilidade. Ao mesmo tempo, os EUA, governados por Richard Nixon, já contrários a um regime socialistas no continente , viram-se desafiados com a nacionalização de diversas empresas norte-americanas que atuavam no Chile. Sua resposta foi custear as campanhas que desencadearam a desestabilização do governo Allende, fortalecendo o desezo golpista da cúlpula militar chilena. De 1970 a 1973, as forças armadas chilenas, sob comando de Augusto Pinochet, bombardearam a sede do governo, o palácio presidencial de La Moneda, numa ação que levou Allende a resistir até a morte.

Ao assumir o governo, Pinochet estabeleceu uma das ditaduras mais violentas da América Latina. Na década de 80, as pressões populares e internacionais sob a ditadura chilena de Pinochet avolumaram-se e, de1987 a 1988, diante da distensão nas relações internacionais e do esgotamento político interno, as pressões pela democratização tornar

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