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terça-feira, novembro 19, 2024

A HOTELARIA NO MUNDO

A hotelaria é bem mais antiga do que se imagina. Comerciantes que negociavam entre a Europa e o Oriente, no século VI a.C., utilizavam-se do serviço de hospedagens, disponibilizados em partes de residências ou quartos, durante suas viagens. Nos primórdios da hotelaria, o conforto, a higiene e a privacidade não eram requisitos essenciais como atualmente. Geralmente, os quartos das hospedarias acomodavam em um único espaço diferentes pessoas. Os banheiros não eram privativos e os hóspedes mesmo se serviam. Havia casos, entretanto, de hospedarias com um conceito superior, que recebiam pessoas de classes mais abastadas, oferecendo serviços de qualidade. Para se ter uma idéia, na época do Império Romano existiam os palacetes, conhecidos como “hostellum”, onde reis e nobres se hospedavam.
Em seu processo natural de evolução através dos tempos, a hotelaria foi se aprimorando, assimilando e aplicando novos conceitos. Leis de regulamentação de preços, aumento na qualidade dos serviços, na higiene e na alimentação foram apenas algumas das melhorias que foram acontecendo.
Foi na França, em 1407, onde criou-se a primeira lei para registro de hóspedes visando aumentar a segurança das hospedarias. No ano de 1561, também na França, as tarifas das pousadas foram regulamentadas e por conseqüência os hóspedes passaram a exigir maior conforto. Por outro lado, na Inglaterra, no período de 1750 a 1820, as estalagens foram substituídas pelos Inns, que ofereciam diversidade de serviços, alto padrão de limpeza e excelente alimentação. A Europa, que foi a pioneira na hotelaria, nos 50 anos seguintes perdeu a sua liderança para os Estados Unidos, que após a Revolução Industrial, já eram os maiores do mundo em números de albergues e ofereciam os melhores serviços da época. No final do século XIX, a expansão da economia norte-americana provocou aumento no turismo de negócios e no de lazer.
O conceito de apartamentos “double” e “single”, bem como a disponibilização de utensílios para higiene pessoal e sabonete cortesia, remonta ao ano de 1829, numa iniciativa do “Tremont House”, de Boston, considerado o maior e mais caro hotel da época. A continuidade das inovações veio com César Ritz, em 1870, ao construir o primeiro hotel em Paris, considerado o marco inicial da hotelaria planejada, que além de banheiro privativo, investiu na uniformização dos funcionários.
O modernismo tem seu início em 1908, com a inauguração do “Statler Hotel” em Búfalo. Na década de 50, surgiram nos Estados Unidos os motéis, que se multiplicaram rapidamente, fazendo concorrência com os hotéis. Com o passar do tempo, houve uma incorporação dos motéis pela associação norte-americana de hotéis, o que possibilitou a aproximação dos dois segmentos.

Hotelaria em São Paulo
Registros históricos assinalam o século XVII como início da atividade de hospedagem em São Paulo, apresentando Marcos Lopes como hoteleiro oficial. Nesta época, a atividade hoteleira ainda não tinha um status próprio, sendo exercida sempre em conjunto com outras. Ou seja, profissionais de diferentes setores, como barbeiros, alfaiates, sapateiros e outros, eram também donos de estalagens. O mercado referia-se a eles como vendedores de alimentos e hospedagem. Mas não demorou a surgir a definição de “vendeiros” e “taberneiros”, como forma de organizar o mercado.
No início do século XVIII, surge a necessidade de se classificar os meios de hospedagens então existentes. E na primeira classificação de que se tem notícia, foi adotado como critério a divisão em 5 categorias, que iam desde “simples pouso de tropeiro” (1° categoria) até hotéis (5° categoria). Há de observar que nesta época, 1870, já existiam muitos hotéis importantes na capital paulista, mas as pessoas somente podiam se hospedar nos hotéis tradicionais mediante carta de apresentação. Impulsionado pelo turismo de negócios, o setor começa a experimentar grande destaque e notória expansão, ganhando, inclusive, fama internacional. As belezas naturais e a música popular conferem prestígio ao país, e começam a despontar destinos importantes como o Rio de Janeiro, onde o marco da hotelaria foi a inauguração do Copacabana Palace, decisivo na consolidação da capital fluminense como pólo de turismo e lazer. Em 1922, o potencial e vocação da cidade do Rio de Janeiro para o turismo se intensificam com a inauguração do “Hotel Glória”, até hoje um dos maiores hotéis do Brasil, com 700 apartamentos.
Hotéis de pequeno e médio porte têm sido a base da oferta existente na Indústria Hoteleira no Brasil. Geralmente esses empreendimentos são de propriedade familiar, que em sua grande maioria foram construídos com o excedente de capital dos negócios principais destas famílias, seja com o objetivo de ter um imóvel gerador de renda ou simplesmente para atender a satisfações pessoais.

ANOS 40
Na década de 40, houve grande desenvolvimento da hotelaria devido aos incentivos do governo. Foram construídos vários hotéis, entre eles o “Grande Hotel São Pedro”, que hoje é importante no turismo de lazer e convenções e abriga a maior escola de hotelaria da América Latina, administrada pelo SENAC de São Paulo. Contribuíram para o avanço da hotelaria no Brasil, o crescimento da rede Othon, Vila Rica e Luxor. Favorável ao turismo tanto de negócios como de lazer, o governo acenou com investimentos significativos na hotelaria e no turismo.

ANOS 70
No início da década de 70, o Brasil experimenta um rápido crescimento no setor. A criação da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) viabilizou a aprovação de inúmeros projetos ligados ao segmento de turismo e hotelaria. Essa fase de expansão coincidiu com a disponibilidade de financiamento de longo prazo (EMBRATUR, FINAME, etc.) e incentivos fiscais (SUDENE, SUDAM) para a construção de hotéis. As linhas de crédito oferecidas tornaram-se bastante atrativas, tanto em moeda nacional como em dólar. Como resultado, as empresas hoteleiras nacionais praticamente dobraram a sua capacidade, enquanto outras de origem internacional aqui também se instalaram.
A década de 70 assinala, enfim, o surgimento dos primeiros grandes hotéis existentes no país, principalmente nas cidades onde havia um misto de negócios e turismo, como Salvador e Rio de Janeiro. Nas cidades turísticas, além de financiamentos, os hotéis contavam com incentivos fiscais. Um bom exemplo de expansão nesta década é o da Rede de Hotéis Othon, e também a Rede Luxor. A Horsa, Hotéis Reunidos S/A, construiu nesta época o Hotel Nacional, super luxo da Praia de São Conrado, no Rio de Janeiro, que então se equiparava ao mesmo padrão do suntuoso Copacabana Palace, construído pela família Guinle, no início do século, e que hoje faz parte da cadeia Orient-Express. Ainda nesta década, a Abril Cultural lançou resorts padrão luxo, sob a marca Quatro Rodas em Recife, São Luís e Salvador, enquanto o Banco Real iniciou a construção do luxuoso Transamérica, em São Paulo e, em seguida na região de Comandatuba, próximo a Ilhéus, o primeiro resort de luxo do Brasil.
A década de 70 também foi promissora para hotéis de cadeias internacionais. Entre eles estão o Hilton, em São Paulo. Foi no ano de 1972 que a rede Hilton inaugurou o “São Paulo Hilton”, marcando a mudança no sentido de uma administração profissionalizada na hotelaria brasileira. Na mesma categoria, surgem o Sheraton e o Méridien no Rio de Janeiro, enquanto grupos como a francesa Accor, a espanhola Meliá e o Club Mediterranée, no mesmo período, iniciam uma forte consolidação de suas respectivas marcas, enquanto pelo interior do país e no litoral do Nordeste surgem inúmeras construções de hotéis independentes, sendo o Hotel Jatiúca, em Maceió, um dos destaques.

ANOS 80
Nos primeiros anos da década de 80, com a crise econômica, as perspectivas de novos e lucrativos empreendimentos imobiliários para pequenos e médios investidores não eram animadoras. E para tornar o quadro ainda mais crítico, o mercado de aluguel estava bastante prejudicado pelos efeitos da “Lei do Inquilinato”, o que ocasionou a quase total paralisação da indústria imobiliária de locação residencial. Com todos esses entraves e também com o fim dos financiamentos de longo prazo e dos incentivos fiscais, a indústria hoteleira já não podia manter o ritmo de crescimento da oferta de novos hotéis, como ocorrera nos anos 70. E todos esses fatores reunidos, levaram ao surgimento do fenômeno dos apart-hotéis ou flat services, um produto desenvolvido para atender à nova realidade do mercado, oferecendo ao setor de construção a oportunidade de um negócio novo, seguro e viável. Os pequenos e médios investidores puderam então participar de empreendimentos hoteleiros/comerciais, com investimentos baixos e um retorno atrativo do capital.
O sucesso do novo produto, que atendia tanto às expectativas dos investidores quanto dos usuários, foi imediato. Na condição de imóvel comercial para fins de locação, o apart-hotel tem um custo relativamente baixo, visto que é viabilizado através de comercializações individuais. Já os usuários encontraram uma solução de hospedagem mais barata, porém, com boa qualidade de serviços hoteleiros.
O maior exemplo de desenvolvimento de apart-hotéis ocorreu na cidade de São Paulo, que além de ter sido a pioneira, foi a cidade onde este conceito mais se proliferou, considerando a sua forte vocação para o turismo de negócios.

ANOS 90 e 2000
Na década de 90, a indústria hoteleira no Brasil passou a vislumbrar uma nova fase de desenvolvimento. No início do Governo Collor, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) começou a oferecer uma linha de crédito especial para a construção de hotéis. Apesar de apresentar condições (prazo e juros) significativamente desfavoráveis em relação às fontes de financiamento de hotéis no exterior, muitas propriedades hoteleiras foram financiadas pelo BNDES.

Com a implantação do Plano Real, a indústria hoteleira foi ainda mais beneficiada. A estabilidade econômica do país gerou um grande interesse dos investidores institucionais, principalmente dos Fundos de Pensão e de outros investidores atraídos pela possibilidade de bons retornos sobre o capital aplicado na construção de novos hotéis. Essa década reflete um dos períodos de maior expansão da oferta da Indústria Hoteleira. Vários hotéis de luxo foram inaugurados em São Paulo (Meliá, Inter-Continental, Renaissance e Sofitel), em Belo Horizonte (Ouro Minas), em Porto Alegre (Sheraton), em Pernambuco (Blue Tree Cabo de Santo Agostinho e SummerVille) e na Costa do Sauípe, um novo destino surgido na Bahia, com cinco hotéis de luxo. Na cidade do Rio de Janeiro, que já contava com uma grande oferta de hotéis, foram feitas as reformas de importantes propriedades como o Copacabana Palace, o Le Méridien e o Sofitel Rio Palace.
Por volta de 1998, o país estava em pleno movimento. Além das fontes de capital internas, a indústria hoteleira brasileira atraiu recentemente a atenção do capital estrangeiro, que começou a investir em hotéis no Brasil, primeiramente através das próprias cadeias hoteleiras. Exemplos destes investimentos incluem: a compra da rede Caesar Park pelo grupo mexicano Posadas; a construção do Grand Hyatt em São Paulo, com investimento da própria Hyatt e do grupo argentino Libermann; o Marriott Copacabana com investimento total da Marriott International; o novo Hilton em São Paulo, construído pela Hilton International; e o Grupo Pestana de Portugal que adquiriu quatro hotéis em Salvador, Rio de Janeiro, Angra dos Reis e Natal.
Em 2002, podemos notar uma movimentação no setor hoteleiro, relacionada basicamente com os efeitos da globalização, o aumento da competitividade, a internacionalização das empresas, os custos mais acessíveis das passagens, aumento da longevidade, e outros fatores relacionados.

Monografia de trabalho de administração de hotelaria

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