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terça-feira, novembro 19, 2024

CUSTOS NA BIBLIOTECA CENTRAL EM INST. DE ENSINO SUPERIOR

RESUMO

No momento em que se buscam modelos de gestão nas universidades públicas e a necessidade de mensurar o custo do ensino nas instituições públicas de ensino superior, fazem-se necessários estudos que busquem contribuir para o uso eficiente dos recursos de que dispõem as universidades em suas diversas unidades. Nesse sentido, buscou-se levantar os custos de uma das diversas unidades que integram uma universidade para aplicação de métodos de apropriação para distribuição dos custos aos serviços que a unidade oferece. Dessa forma, o presente trabalho objetivou apurar o custo dos serviços oferecidos por uma biblioteca universitária, no intuito de distribuir seus custos às áreas dos cursos oferecidos pela universidade. O levantamento do perfil dos usuários de uma biblioteca foi necessário para identificar por quem estão sendo utilizados os serviços disponibilizados pela biblioteca. Assim, a utilização efetiva dos usuários foi o parâmetro de distribuição dos custos por serviço utilizado. O objeto de estudo considerado foi a Biblioteca Central da Universidade de Brasília, onde foram identificadas as diversas divisões de funcionamento da biblioteca, para distribuição de seus custos aos serviços por ela oferecidos. O custo com pessoal representou a maior parte dos custos considerados e, em muitos casos, as horas do pessoal diretamente envolvido na disponibilidade dos serviços foram a base de critério para distribuição de custos aos serviços e, depois, aos usuários. Por fim, após levantamento dos usuários e a distribuição dos custos, tivemos a área das ciências humanas como o maior cliente da biblioteca e, conseqüentemente, para onde foi direcionada a maior parte dos custos.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACS Assessoria de Comunicação Social

AEF Assessoria de Estudos do Futuro

AGE Divisão de Acervo Geral

ASS Assessoria

AUD Auditoria

AUS Serviço de Auxílio ao Usuário

CERI Coordenação de Cerimonial

CMP Divisão de Compras

CPD Centro de Informática

DCE Divisão de Coleções Especiais

DIR Diretoria

DSG Divisão de Serviços Gerais

EMP Secretaria de Empreendimentos

EDU Editora Universidade de Brasília

FAL Fazenda Água Limpa

HUB Hospital Universitário de Brasília

GRE Gabinete do Reitor

INT Assessoria de Assuntos Internacionais

I NT Divisão de Intercâmbio

LAD Laboratório de Acesso Digital

MTM Coleção de Multimeios

NIT Núcleo de Informática e Tecnologia

NTI Núcleo de Tecnologia da Informação

NOT Divisão de Atendimento Noturno

OAE Coleção de Organismos Internacionais e Assuntos Especiais

OBR Coleção de Obras Raras

PER Divisão de Periódicos

PJU Procuradoria Jurídica

PRC Prefeitura de campus

PRO Divisão de Catalogação e Classificação

RAD Rádio e Televisão Universitárias

REF Divisão de Referência

REG Setor de Registro

RES Setor de Restauração

SDC Serviço de Desenv. de Coleções

SEC Serviço de Administração

SEL Divisão de Seleção

SPL Secretaria de Planejamento

SRH Secretaria de Recursos Humanos

1. INTRODUÇÃO

Existe uma necessidade da aplicação de metodologias para contribuir para o uso eficiente da administração pública (AFONSO, 1999). Em especial é importante destacar as universidades, que nesse momento buscam modelos de gestão que conciliem o financiamento público às IFES, a autonomia, a busca pela mensuração do custo do ensino, pesquisa e atividades inerentes ao próprio funcionamento das instituições públicas de ensino. Nesse caso, os estudos devem buscar formas de controlar e gerir os recursos direcionados às diversas unidades que integram uma IFES.

A preocupação sobre a maneira de adequar as formas de mensuração dos custos nas unidades gestoras dos recursos públicos tem direcionado estudos para mensuração dos custos na Administração Pública. Segundo Afonso (1999, p. 513),

a preocupação com a correta aplicação dos recursos públicos tem levado administradores à busca de formas de se tentar medir custos mais adequadamente, visando o conhecimento de como foi feito determinado projeto e qual o seu custo-benefício à população.

Conforme Libonati e Ribeiro Filho (1999), os desafios colocados aos gestores de entidades públicas em geral e, em especial, os que trabalham em Universidades Públicas são consideráveis. Além disso, esses autores dizem que posturas relacionadas com a transparência nos gastos públicos, não só no que se refere à questão ética, como também, no que se refere aos padrões de eficiência tornam-se uma reivindicação cada vez mais intensa por parte da sociedade.

Dentro do universo de uma instituição de ensino deve-se ressaltar a importância da biblioteca universitária para as atividades dessa instituição de ensino. Nesse sentido Ferreira (1976 p. 7 apud Paz, 2000) afirma:

“Se a biblioteca é importante para o ensino em geral, no ensino superior seu papel é proeminente em virtude do valor da própria universidade, pois nenhuma outra instituição ultrapassa em magnitude a contribuição universitária, a qual torna possível o formidável avanço tecnológico e científico que se registra atualmente em todos os campos do conhecimento. Na verdade, em todo o processo educacional é decisiva a influência da biblioteca, que se pode constituir num dos principais instrumentos de que a universidade dispõe para atingir suas finalidades”.

O tema desta monografia é um levantamento do perfil de usuários em uma biblioteca de uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) e a apuração do custo dos serviços oferecidos por uma biblioteca universitária, para alocação de seus custos às áreas de cursos oferecidos pela IFES.

Morgan (2004), através de um estudo de caso na Universidade de Brasília (UnB), determinou o custo por aluno do ensino superior em uma IFES. Nesse estudo, foram apurados os custos das unidades acadêmicas e, depois, o custo do ensino por aluno na UnB. Nesse trabalho, será feito um estudo em uma das “Unidades de apoio às Unidades Acadêmicas” ora definidas por Morgan (2004) como sendo “aquelas necessárias ao funcionamento dos cursos de graduação e pós-graduação”.

Especificamente, procurou-se estudar a Biblioteca Central da Universidade de Brasília (BCE-UnB), unidade complementar da Universidade de Brasília.

Assim, através deste estudo, procurou-se apurar os custos da BCE por serviços que a BCE disponibiliza a seus usuários e distribuí-los às áreas dos cursos oferecidos pela UnB, segundo um critério de uso efetivo do serviço da biblioteca pelos alunos da universidade.

Para alocar os custos da BCE, segundo critério proposto, necessitou-se da aplicação de um questionário para levantar o perfil do usuário e, em um segundo momento, relacionar à área dos cursos.

Diante desses aspectos é importante salientar o objetivo desse estudo: desenvolver uma rotina para apuração do custo por área de curso na biblioteca central de uma instituição de ensino superior. Para cumprir esse objetivo geral é relevante destacar os seguintes objetivos específicos:

levantar, através de amostragem, o perfil de usuários na biblioteca central;
fazer levantamento dos custos por unidades internas da biblioteca;
distribuir os custos aos serviços que a biblioteca oferece; e
verificar a aplicação da contabilidade de custos para alocação dos custos de uma biblioteca universitária às áreas dos cursos oferecidos pela IFES.
Esse estudo é composto por quatro partes, além dessa introdução. A segunda parte procura identificar a metodologia de execução desse estudo, a terceira parte inclui a fundamentação teórica, onde num primeiro momento, foi dado um breve histórico da Contabilidade como ferramenta gerencial; o conceito de direcionadores de custos, apropriação de custos e, também, de biblioteca e tipos de usuários. Na quarta parte, foi levantada a estrutura das unidades da BCE e demonstrados os critérios de rastreamento e apropriação dos custos dessas unidades; levantou-se também o perfil dos usuários entrevistados e o total dos custos alocados às áreas relacionadas, bem como a identificação das áreas que tiveram a maior e a menor distribuição alocada. Finalmente, a quinta parte conclui fazendo uma apuração sintética dos dados trabalhados nessa pesquisa, aponta as dificuldades encontradas e faz recomendações para a continuidade da pesquisa na biblioteca.

2. METODOLOGIA

Tendo em vista não serem muitos os estudos sobre alocação dos custos de bibliotecas universitárias aos usuários da universidade, pretende-se através deste estudo, explorar esse assunto, de modo a levantar o perfil de usuário da biblioteca e, através de um estudo de caso, alocar os custos da biblioteca às áreas de curso dos usuários, que responderam ao questionário.

Para Beuren e Raupp et al (2004, p.92), o emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos dados caracteriza a pesquisa quantitativa de dados. Conforme Richardson (1999, p. 70 apud BEUREN e RAUPP et al, 2004), a abordagem quantitativa

“caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc.”.

Considerando que a Biblioteca Central (BCE), unidade de custo e de apoio às atividades acadêmicas necessárias aos cursos de graduação e pós-graduação da UnB, que disponibiliza seus serviços aos usuários dos diversos institutos e faculdades da universidade, bem como a finalidade de proporcionar aos gestores públicos informações relevantes sobre os custos envolvidos na prestação dos principais serviços ofertados pela biblioteca aos alunos dos diversos cursos, levantou-se o perfil dos usuários da BCE e desenvolveu-se uma metodologia para distribuição dos custos dessa unidade de custos da UnB às áreas de seus cursos, conforme o uso efetivo do serviço.

A necessidade de alocar os custos da biblioteca às áreas dos cursos oferecidos pela UnB, conforme utilização efetiva dos serviços oferecidos, pressupõe um levantamento de usuários na biblioteca. Para tanto foi elaborado e aplicado um questionário (Anexo I) à comunidade de usuários da BCE.

A fim de evitar problemas relativos à interpretação das questões, o instrumento foi aplicado em forma de entrevista. Para facilitar sua aplicação, o estudo foi efetuado segundo uma classificação por categorias de usuários, a fim de determinar o segmento da população de usuários da BCE. Dessa forma, foram estudadas categorias específicas, tais como: aluno, professor, servidor e externo à instituição. Para alunos e professores, foi perguntado sobre nível de escolaridade, curso e, ainda, juntamente com usuário externo e servidores, perguntou-se sobre serviços utilizados, tempo médio de permanência na biblioteca e dias que geralmente usa a biblioteca.

O questionário compõe-se de seis questões objetivas, cuja finalidade foi prover informações que possibilitassem identificar os usuários e caracterizar o uso da biblioteca. O quadro a seguir procura fornecer uma visão das questões, analisando-as objetivamente.

Quadro 1: Análise do questionário

Conforme Garrison e Norreen (2001), três métodos são utilizados na alocação dos custos dos departamentos de serviços aos demais departamentos. São eles:

Método direto – alocação de todos os custos de um departamento de serviço diretamente aos departamentos operacionais, sem reconhecimento dos serviços prestados aos demais departamentos de serviço;
Método passo a passo – alocação seqüencial dos custos de um departamento de serviço a outros departamentos congêneres, bem como aos departamentos operacionais; e
Método recíproco – método de alocação dos custos do departamento de serviço que reconhece inteiramente os serviços interdepartamentais.
Horngren, Foster e Datar (2000, p. 332 apud Morgan, 2004) dizem ainda que, após definido o objetivo da alocação de custos, deve-se selecionar um critério de alocação adequado a ser aplicado. Assim, para esses autores, são critérios a serem considerados numa decisão de alocação de custos:

causa e efeito – por este critério identifica-se a variável e as variáveis que causam o consumo dos recursos;
vantagens obtidas – “Os custos do objeto de custo são distribuídos entre os beneficiários na proporção das vantagens recebidas por cada um deles”;
imparcialidade ou equidade – é utilizado quando existem dois lados a serem beneficiados com a alocação, busca-se ser justo para ambos;
capacidade de absorção – por este critério o objeto de custo que tem maior possibilidade de suportar os custos, receberá uma parcela maior dos custos alocáveis.
Tendo em vista a alocação dos custos da BCE às áreas dos cursos oferecidos pela UnB, segundo critério de serviço efetivo utilizados pelos usuários da BCE, será considerada a causa e efeito relacionados aos recursos depreendidos para realização das atividades necessárias para execução dos serviços e a alocação pelo método direto aos departamentos executores das atividades inerentes aos serviços da BCE.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 A Contabilidade de Custos

O nascimento da Contabilidade de custos está associado com o advento do capitalismo industrial e apresentou um desafio para o desenvolvimento da contabilidade como uma ferramenta de gerenciamento industrial (PADOVEZE, 2003).

Segundo Martins (2001), a Contabilidade de Custos, como ferramenta gerencial, tem funções relevantes no auxílio ao controle e na ajuda às tomadas de decisões.

Referindo-se ao controle, Martins (2001) diz que a maior missão é fornecer dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão e, num segundo momento, confrontar o realizado ao que fora anteriormente definido; no que se refere à decisão, busca-se demonstrar informações relevantes que dizem respeito às conseqüências de curto e longo prazo nas atividades de uma instituição.

Segundo Martins (2001), o uso gerencial da Contabilidade de Custos se deu pelo crescimento das empresas e o conseqüente aumento da distância entre administrador e ativos e pessoas administradas. Antes disso, para esse autor, a preocupação inicial pelo seu uso era apenas como uma forma de resolver problemas de mensuração monetária dos estoques e do resultado, de forma que seus princípios geralmente aceitos foram criados e mantidos com a finalidade básica de avaliação de estoques e não para fornecimento de dados à administração.

Garrison e Noreen (2001) afirmam que a contabilidade gerencial destina-se ao fornecimento de informações aos gerentes, ou melhor, às pessoas que estão dentro da organização, que dirigem e controlam as operações desta e provê as informações essenciais com que as empresas são efetivamente geridas. Johnson e Kaplan (1987 apud Garrison e Noreen, 2001, p. 5) dizem que:

“muitas empresas precisavam levantar recursos junto aos credores, cujo número se expandia a passos largos. Para ingressar nesses vastos reservatórios de capital externo, os gerentes das empresas tinham que fornecer demonstrativos financeiros auditados. Como os credores de capital dependiam das demonstrações financeiras auditadas, os auditores independentes tiveram vivo interesse em fixar procedimentos bem-definidos para os demonstrativos financeiros das empresas. Os procedimentos de apuração do custo do estoque adotados pelos contadores após a virada do século tiveram um profundo efeito sobre a contabilidade gerencial.”

Por conseqüência, Garrison e Noreen (2001) dizem, ainda, que durante muitas décadas os contadores concentravam cada vez mais esforços para garantir que as exigências da contabilidade financeira fossem atendidas e os seus relatórios fossem apresentados em tempo. Com isso a prática da contabilidade gerencial teria sido estagnada e só na primeira parte do século passado, à medida que a produção em linha se expandia e a complexidade das operações aumentava, é que as empresas aperceberam-se da necessidade de relatórios voltados para a administração, distintos dos relatórios financeiros. Entretanto, esses autores ainda falam que até meados da década de 1980 as práticas da contabilidade gerencial na maioria das empresas não se distinguiam daquelas praticadas ainda do início do século XX e que só nos últimos anos, dada pelas novas forças econômicas, um enorme estímulo e mudança no cenário dos negócios, é que foram produzindo importantes inovações na contabilidade gerencial.

No setor público, comparando-se ao setor privado, os estudos sobre modelos de sistemas que objetivem a aferição dos custos ainda são incipientes. Segundo Costa e Miranda Filho (2002), o administrador público está habituado a trabalhar com os conceitos de dotação e de verba orçamentária, mas não haveria ainda uma cultura instalada para aferição de custos no serviço público e ainda acrescentam que mesmo mundialmente, as experiências seriam citadas vagamente e a literatura também seria escassa.

Para Afonso (1999), na administração pública, há muitos diferentes tipos de custos e, conforme as necessidades da administração, eles poderiam ser classificados de várias maneiras. Para ele, a complexidade na área de custos surgiria ou por causa da própria natureza dos custos, ou por causa das maneiras pelas quais os custos são utilizados no setor público.

3.2 Alocação de Custos

Nas últimas décadas, com o surgimento da globalização, as empresas têm-se empenhado na busca da excelência na administração dos recursos. Com essa globalização, um dos maiores problemas enfrentados pelas empresas multinacionais na área de custos e análise é o da apropriação dos custos indiretos de fabricação por produto, devido ao crescente aumento desses custos. Os custos indiretos cresceram significativamente com as novas tecnologias de produção e com a substituição da mão-de-obra pela automação industrial.

O ambiente internacional em seus diversos aspectos vem se tornando mais competitivo e exigente. Com isso, as empresas têm demandado meios de tornar seus produtos cada vez mais competitivos, de forma a adotar um sistema de fabricação que possa otimizar o processo de produção, através da utilização de ferramentas da qualidade como o just-in-time, TQM e a reengenharia, buscando-se ainda meios que reflitam os custos de seus produtos, para o planejamento e o controle da produção. A exigência de sistemas de produção que atendessem a essa demanda pressupõe a busca de informações que auxiliem na mensuração dos custos de produção.

A alocação dos custos torna-se, então, uma ferramenta necessária dentro das empresas. Assim, conforme Kam (1990 apud Morgan, 2004), informações disponibilizadas por meio da alocação de custos sobre custo de mão-de-obra por produto e outros custos de produção vieram ao encontro da necessidade apresentada pelas organizações que estavam diante de um novo sistema de produção.

Para Zimmerman (1997), uma das razões principais para alocação de custos às divisões é o desejo de conhecer o custo de um objeto de custo para o propósito de tomada de decisão e controle. Pare esse autor, o objeto de custo é um produto, processo, departamento, ou programa que administradores desejam custear. Em outra definição de objeto de custo temos como o elemento do qual se deseja ter o custo específico apurado (PADOVEZE, 2003). Um objeto de custos pode ser um produto, um serviço ou mesmo um centro interno a uma companhia.

Em Horngren, Datar e Foster (2000, p.331 apud Morgan, 2004) encontram-se quatro objetivos para a alocação de custos indiretos: “1. Fornecer informação para decisões econômicas; 2. Motivar administradores e empregados; 3. Justificar custos ou calcular reembolsos; 4. Mensurar o lucro e os ativos para os relatórios destinados ao público externo”.

3.2.1 Rastreamento e Apropriação de Custos

Conforme Horngren, Datar e Foster (2004), um sistema de custeio típico justifica custos em dois estágios básicos: acúmulo de custos e, em seguida, apropriação dos custos. Para eles, o acúmulo de custos é a coleta de dados de custos e a apropriação de custos engloba o rastreamento de custos que se relacionam diretamente com um objeto de custo e a apropriação de custos que se relacionam indiretamente com o objeto de custo.

No rastreamento de custo e apropriação de custos, Horngren, Datar e Foster (2004) fazem, ainda, as seguintes considerações:

custos diretos de um objeto de custo são aqueles que podemos identificar como pertencendo ao objeto de custo em particular, podendo ser rastreado a ele de maneira economicamente viável. Nesse sentido, esses autores acrescentam que o termo rastreamento de custo é usado para descrever a apropriação de custos diretos para um objeto de custo específico;
custos indiretos de um objeto de custo são aqueles que podemos identificar como pertencendo ao objeto de custo em particular, mas não podemos rastreá-los a ele de maneira economicamente viável. Nesse caso se faria uma apropriação desses custos indiretos ao objeto de custo. Esses autores acrescentam ainda que o termo apropriação de custos é usado para descrever a distribuição de custos indiretos para um objeto de custo específico.
3.2.2 Direcionadores de Custos

Um direcionador de custo é uma variável, como o nível de atividade ou volume, que causalmente afeta os custos sobre dado período de tempo. Ou seja, existe um relacionamento de causa e efeito entre uma mudança no nível de atividade ou volume e no nível de custos totais (Horngren, Datar e Foster, 2004).

Padoveze (2003) definiu direcionador de custo de uma atividade como o principal trabalho ou tarefa que é executado pela atividade como forma de desempenhar sua principal função, que possa claramente ser identificada e quantitativamente mensurada e monitorada.

Segundo Ching (1995) o ABC descreve a forma como uma empresa emprega tempo e recursos para atingir determinados objetivos. Esse autor descreve esse método como sendo uma forma de rastrear os custos de um negócio ou departamento para as atividades realizadas e de verificar como estas atividades estão relacionadas para a geração de receitas e consumo dos recursos.

Conforme Horngren, Datar e Foster (2004), o sistema ABC calcula os custos das atividades e atribui custos para os objetos de custo, como os produtos ou serviços com base nas atividades necessárias para produzir cada produto ou serviço. Para eles, o ABC considera as atividades individuais como objetos de custo fundamentais em um sistema de custeio e conceituam uma atividade como um evento, tarefa ou unidade de trabalho com um propósito específico. Ainda de acordo com esses autores para implementar os sistemas ABC, os administradores precisam identificar um direcionador de custo para cada atividade específica.

3.3 A Biblioteca

O termo Biblioteca é originário do latim biblium, que significa livro e teca, que significa caixa, e em seu sentido próprio bibliotheca ou bibloteca, que significa lugar onde se guardam livros ou estante onde se arrumam livros (FARIA, 1967).

A Biblioteca é patrimônio de um povo. Através dela pode-se pesquisar sobre os costumes, a cultura, a origem e a história de um povo. Pode-se dizer que uma biblioteca tem a função de difundir informações, preservação e acúmulo de livros.

Ferreira (1999) define biblioteca como: coleção pública ou privada de livros e documentos de mesmo gênero, organizados para estudos, leitura e consulta; edifício ou recinto onde se instala essa coleção; estante ou outro móvel onde se guarda e/ou ordena livros.

Para Estefano (1996), a biblioteca funciona como um elo de ligação entre o universo da produção intelectual registrada e as necessidades de informação de seus usuários.

Archibald MacLeish (s.d. apud Prado, 2000, p. 14), resume o seguinte: “A biblioteca é um conjunto de seres humanos que aceita a responsabilidade de tornar o material útil à sociedade”.

3.3.1 Aspectos históricos da Biblioteconomia no Brasil

Souza (1990 apud Estefano, 1996) diz que, nos primeiros anos da década de 30, os cursos de Biblioteconomia criados até aquele momento tinham “características meramente técnicas” e que só na década de 70 começaram a surgir as primeiras tentativas de mudar a visão essencialmente técnica focada nas escolas de Biblioteconomia, para uma visualização da Biblioteca como um subsistema da sociedade. Assim, em 1976, numa primeira proposta de mudança do currículo dos cursos de Biblioteconomia, começaram a incluir disciplinas como “Função Social da Biblioteca” e “Estudo de Usuário”.

Assim, passou-se a considerar, conforme Cardoso (1988 apud Estefano, 1996), como objetivos das Bibliotecas:

“a) maximizar o acesso às fontes de informação de interesse de seus usuários (entende-se por usuário aquele que realmente utiliza a Biblioteca, e não o seu público potencial, ou seja, aquele que pode vir a utilizá-la); e b) maximizar a exposição dos usuários às fontes de informação de seu interesse. Suas funções, por sua vez, incluem a) aquisição do material, de acordo com os interesses dos usuários; b) organização do material a ser adquirido, de forma a possibilitar o seu acesso; c) expor o usuário às fontes de informação das mais variadas formas; e d) tornar as fontes de informação disponíveis aos usuários. Suas atividades vão desde a formação e desenvolvimento da coleção (seleção e aquisição), tratamento e organização da coleção (classificação, indexação, catalogação, registro, armazenagem, inventário) até o acesso e disponibilidade de documentos e disseminação de informações”.

3.3.2 A Biblioteca Universitária

Segundo Prado (2000, p. 9), as bibliotecas podem ser organizadas de diferentes tipos, podendo ser nacionais, estaduais, municipais, universitárias, públicas, escolares, infantis, especializadas, ambulantes e sucursais. Tendo em vista o objetivo deste trabalho, serão observados somente os aspectos relacionados à biblioteca universitária.

De uma maneira geral, pode-se dizer que a finalidade de uma biblioteca universitária é dar apoio bibliográfico ao desenvolvimento das atividades de ensino e pesquisa na universidade.

Prado (2000, p. 13) diz que a biblioteca universitária nada mais é que uma universidade em si mesma e que, desde os mais remotos tempos, a universidade e a biblioteca vêm trabalhando de maneira recíproca, no sentido de desempenhar a função de preservar e disseminar o conhecimento.

Tendo em vista a universidade reunir diferentes faculdades e/ou departamentos das mais diversas especializações, segundo Prado (2000), surge a questão de ser a biblioteca universitária centralizada ou descentralizada. Em uma biblioteca centralizada, poderá ainda haver diversas bibliotecas setoriais, funcionando junto às diferentes faculdades, mas ligadas à biblioteca central.

A descentralização, segundo Prado (2000), consiste em diferentes bibliotecas autônomas, completamente independentes da biblioteca central. Para ela, independente disso, a biblioteca universitária deve ser um centro natural para estimular a comunidade universitária, oferecendo oportunidade à satisfação de sua curiosidade intelectual e ao desenvolvimento de sua imaginação criadora.

3.3.3 Usuários de uma Biblioteca

Conforme Figueiredo (1979), estudo de usuários são investigações que se fazem para se saber o quê os indivíduos precisam em matéria de informação, ou então, para se saber se as necessidades de informação por parte dos usuários de uma biblioteca ou de um centro de informação estão sendo satisfeitas de maneira adequada. Através destes estudos verifica-se o porquê, como, e para quais fins os indivíduos usam informação, e quais os fatores que afetam tal uso. Essa autora diz que, dentre as várias maneiras de se caracterizar estudos de usuários, uma das mais convenientes é dividi-los em dois tipos:

– Estudos orientados ao uso de uma biblioteca ou centro de informação individual; e

– Estudos orientados ao usuário, isto é, investigação sobre um grupo particular de usuários.

Segundo Figueiredo (1979), estudos orientados à biblioteca geralmente cobrem todos os serviços prestados pela biblioteca, ou pode restringir-se a um único serviço (serviço de referência, por exemplo) ou, ainda, aos instrumentos disponíveis para uso dos usuários (o uso dos catálogos, da coleção de índices e resumos, por exemplo). Já os estudos orientados aos usuários propriamente ditos, não seriam limitados a uma instituição, mas investigam o comportamento de uma comunidade inteira para obtenção de informação.

Segundo Figueiredo (1999), a maioria dos estudos de usuários tem sido dirigido a pequenos subconjuntos da população e por áreas de assunto bem definidas. Sendo que muitos têm sido apenas de interesse puramente local ou institucional. Essa autora acrescenta ainda que um estudo de usuário pressupõe informação detalhada sobre demografia, características da população de um país etc.

Desse modo, para esse tipo de estudo, Figueiredo (1999) definiu os seguintes itens:

USUÁRIO – é a pessoa que no último ano fez uso do serviço;

USO – os serviços típicos de uma biblioteca, como, empréstimos, consultas, referência, COMUT etc.;

NÃO-USUÁRIO – pessoa que não utilizou o serviço durante o período de um ano.

Essa autora acrescenta também que há muitos tipos de usuários, com diferentes abordagens em relação à informação. Ela sugere três grupos básicos para que seja entendido o quê eles precisam:

Pesquisadores das áreas básicas tradicionais – aqueles que pedem por nada mais que uma grande quantidade de materiais, ainda não trabalhados. Eles procuram analisar cuidadosamente esses materiais, quer porque gostem disso, quer porque não confiam em ninguém;
Pesquisadores das ciências aplicadas – pessoal de desenvolvimento de produtos, profissionais de marketing, engenheiros. São indivíduos que buscam respostas a questões específicas e não as fontes que possam conter a resposta; e
Executivos e gerentes que não procuram por dados não trabalhados ou por respostas específicas, mas opções, pelas escolhas e pelos prós e os contras de cada tomada de decisão.
Figueiredo (1999) toma como exemplo a área de agricultura e expõe um modelo da variabilidade das necessidades de informação, segundo a atividade exercida pelo indivíduo, conforme a seguir:

– Planejador: envolvido na alocação de recursos. Requer “digestos” de estatísticas da produção, consumo.

– Administrador: responsável em converter as decisões em ações. Possivelmente também responsável pela coleta de dados e preparação dos “digestos” de uso para o planejador. Possui necessidade de informação explícitas e relacionadas com o dia-a-dia da administração.

– Pesquisador: requer informação ou pesquisa realizada em outro local, noção detalhada da sua própria situação local e/ou nacional, para permitir aplicação de conhecimento. Realiza experimentos e produz relatórios de pesquisa para uso de administradores, professores e práticos.

– Professor: extrai conhecimento dos resultados dos relatórios de pesquisa e da prática; livros e periódicos o mantém atualizado.

– Estudante: obtém informação do seu professor e de livros-texto, usualmente recomendados pelo professor.

– Prático (extensionista): atua baseado no conhecimento que adquiriu como estudante e na experiência acumulada. Precisa de manuais, guias, especialmente para introduzir novos métodos.

Figueiredo (1999) expõe outra definição de usuários como indivíduos com necessidades informacionais únicas e com características educacionais, psicológicas, sociais também únicas. Dessa forma, um indivíduo poderia precisar de conhecimento:

Prático – para a resolução de problemas imediatos na vida e nas atividades diárias;
Profissional – para avançar na educação continuada;
Intelectual – para avançar a compreensão das artes, humanidades, ciência, para enriquecimento.

4 ESTUDO DE CASO

A unidade objeto do presente estudo é a Biblioteca Central da Universidade de Brasília – BCE/UnB. Nessa unidade, foram levantados os serviços oferecidos aos usuários, bem como, através da aplicação de um questionário, os serviços efetivamente utilizados e o tempo de permanência dos usuários da BCE.

Sobre a UnB, “A criação da Universidade de Brasília – pela Lei n. 3.998, de 15 de dezembro de 1961 – deveu-se à demanda de um núcleo cultural na nova Capital do País, além da necessidade de prover os órgãos do poder público da assistência de centros culturais e científicos” (RIBEIRO, 1962 apud Morgan, 2004). O organograma abaixo mostra a posição da BCE na estrutura organizacional da UnB.

A formação do Acervo da BCE deu-se em 1962, através de autorização da Reitoria aos professores da UnB, para atender aos cursos iniciados no primeiro semestre de funcionamento da UnB. O atual prédio da BCE foi inaugurado em 1973, tendo todo o seu acervo transferido para esse prédio nesse ano. Inicialmente, a BCE estava instalada no bloco 1 da Esplanada dos Ministérios. Em seguida, fora transferida para o primeiro bloco construído no Campus Universitário (FE1), e, depois, para o prédio SG – Bibliotecas públicas do DF.

Conforme dados do Serviço de Auxílio ao Usuário e Serviço de Desenvolvimento de Coleções, o total de usuários que freqüentaram a Biblioteca, em 2004, foi de 787.949 usuários, tendo ainda um total de empréstimos, nesse mesmo ano, de 230.215 livros e de 4.405 periódicos.

A BCE tem como missão “atender aos diversos segmentos da Universidade de Brasília em suas necessidades de documentação e informação nas áreas do conhecimento específico de sua atuação, contribuindo para a qualidade da educação, da pesquisa e da extensão”. Seu objetivo é dar a infra-estrutura bibliográfica necessária ao desenvolvimento das atividades da UnB e orientar o usuário na utilização desses recursos bibliográficos.
Organograma 2: Estrutura Organizacional da Biblioteca Central na da UnB

Fonte: elaboração própria com base em organograma da BCE/2000

Para a realização do estudo de usuários, foi feito um levantamento dos cursos e do grau de escolaridade que a universidade oferece, bem como os tipos de usuários que fazem uso da BCE.

Para fins de estudo, o questionário foi aplicado aos usuários reais que fizeram uso da biblioteca nos horários e dias, dentre os dias da semana e no horário de funcionamento da biblioteca. A escolha do horário e dias de aplicação ocorreu de forma aleatória no universo de sete dias. Os dados foram tabulados e apresentados em tabela própria (Anexo II), segundo a área do curso, o serviço utilizado e o tempo de permanência dos usuários na BCE.

Num segundo momento, dado o número de observações obtidas na amostragem, os cursos foram agrupados por áreas de conhecimento (anexo III). A tabulação e a apresentação dos dados foram efetuadas por área do conhecimento do curso e, num segundo momento, para traçar o perfil de usuário na BCE, por categoria de usuário. Foi utilizado como ferramenta o programa estatístico SSPS 12.0.

4.2 Descrição do Caso

A primeira fase de apuração dos custos na BCE foi identificar as áreas internas à biblioteca e conhecer as atividades de cada uma delas, para depois verificar a relação dessas áreas com os serviços oferecidos. Dessa forma, procurou-se dividir as áreas organizacionais da BCE nas seguintes unidades e divisões:

Unidade Administrativa e de Suporte Administrativo
Unidades de suporte às Divisões de Atividades
Divisões de Atividades
4.1.1 Unidade Administrativa e de Suporte Administrativo

Agrupou-se nesse item as unidades necessárias ao funcionamento da biblioteca, mas que não estão voltadas diretamente à execução das atividades que geram os serviços disponibilizados pela BCE:

Diretoria (DIR)
Assessoria (ASS)
As atividades da Diretoria e Assessoria foram identificadas como Atividades da Administração e tiveram seus custos distribuídos seguindo o critério quantidade de horas do pessoal direto às divisões que possuem os serviços (Apêndice A). Como custos das Atividades da Administração consideraram-se os elementos de custos considerados na BCE.

4.1.2 Unidades de suporte às Divisões de Atividades

Nesse caso, foram agrupadas as áreas que dão suporte às unidades que estão diretamente vinculadas aos serviços oferecidos pela BCE (Quadro 2).

Núcleo de Informática e Tecnologia (NIT)

Serviço de Administração (SEC)

Divisão de Serviços Gerais (DSG)

Setor de Restauração (RES)

Serviço de Desenvolvimento de Coleções

(SDC) Divisão de Compras (CMP)

Divisão de Seleção (SEL)

Setor de Registro (REG)

Divisão de Catalogação e Classificação

(PRO) Divisão de Intercâmbio (INT)

Fonte: Elaboração própria

O NIT – Subordinado à Diretoria, tem como função dar apoio técnico de informática às diversas atividades da Biblioteca. Além de possuir o Laboratório de Acesso Digital (LAD), o NIT executa atividades relacionadas ao apoio técnico às unidades da BCE. Tendo em vista essa unidade não ter um controle por requisição de atendimento às unidades que dão apoio, considerou-se a quantidade de microcomputadores distribuídos às diversas Divisões de Atividades que o NIT presta apoio, para a distribuição dos custos dessa unidade.

A SEC – “O Serviço de Administração tem como função prestar apoio administrativo necessário ao desenvolvimento das atividades da direção e das áreas de aquisição, organização e difusão de informações bibliográficas, no que se refere a comunicações, recursos humanos, materiais e financeiros e serviços gerais.” A essa unidade estão subordinado o DSG, RES e Almoxarifado.

O setor de Almoxarifado atende todas as unidades da BCE. Nesse ano, houve uma perda de dados do sistema de computação, o que resultou na perda do controle das requisições efetuadas pelas unidades ao almoxarifado referentes ao ano de 2004. Dessa forma, os custos dos materiais de almoxarifado e de consumo foram alocados conforme os seguintes procedimentos:

podendo-se identificar o material de almoxarifado aos objetos de custos, foram rastreados diretamente a essas unidades;
o material que não teve como rastrear diretamente às Divisões de Atividades foi alocado ao SEC.
A DSG cuida da manutenção do prédio e presta apoio necessário ao desenvolvimento das atividades dos diversos setores da BCE. As atividades dessa unidade foram identificadas como Executar Serviços Gerais e tiveram seus custos distribuídos seguindo o critério de horas do pessoal direto às divisões que possuem os serviços (Apêndice A).

No RES, foram identificadas atividades relacionadas à restauração dos livros do acervo e a encadernação de livros e periódicos. A encadernação é feita por empresas terceirizadas e teve seus custos diretamente distribuídos segundo o que cada área demandou. Os custos dessa unidade foram alocados para acervo de livros e de periódicos conforme a quantidade de livros ou periódicos preparados e enviados para a encadernação no ano de 2004 (Apêndice A).

O SDC coordena as Divisões de Seleção, de Catalogação e Classificação, de Compras e de Intercâmbio. Sua função é “estabelecer diretrizes a partir de políticas fixadas para a área, bem como prover e administrar os meios necessários à expansão planificada do acervo (compra, doação e permuta) e desenvolver o tratamento da informação dos diversos tipos de material bibliográfico, de forma a possibilitar a sua melhor utilização pelo usuário”. Os custos dessa unidade serão distribuídos conforme as quantidades selecionadas, classificadas e despachadas para o acervo.

4.1.3 Divisões de Atividades

Foram agrupadas nesse item as unidades que estão diretamente ligadas aos serviços que a BCE disponibiliza aos usuários (Quadro 3).

Laboratório de Acesso Digital (LAD)

Serviço de Auxílio ao Usuário (AUS)

– Divisão de Coleções Especiais (DCE)

Coleção de Obras Raras (OBR)
Coleção de Multimeios (MTM)
Org. Inter.Assuntos Especiais (OAE)
– Divisão de Periódicos (PER)

– Divisão de Acervo Geral (AGE)

– Divisão de Atendimento Noturno (NOT)

– Biblioteca Setor. do HUB

Fonte: Elaboração própria

Quadro 3: Divisões de Atividades

O LAD – Subordinado ao NIT, tem por objetivo “atender à comunidade universitária (docentes, discentes e servidores), propiciando acesso à Internet para realização de pesquisas e digitação de trabalhos acadêmicos.”. Levando em consideração o tempo que essa unidade disponibiliza o laboratório, o custo dessa unidade foi considerado por tempo de disponibilidade desse serviço e distribuído conforme o tempo de utilização do LAD por seus usuários.

O AUS – Coordena as Divisões de Referência, de Acervo Geral, de Coleções Especiais, de Periódicos, de Atendimento Noturno e a Coleção Médica (acervo localizado no Hospital Universitário de Brasília/HUB). Sua função é “administrar os meios necessários a colocar a informação ao alcance do usuário, empregando métodos racionais e observando as normas de ética das relações humanas.” Os custos dessa unidade, o AUS, foram apurados e considerados indiretos aos serviços pertencentes às Divisões de Atividades a ele ligadas. Foi considerado como critério de apropriação a quantidade de horas do pessoal diretamente ligado aos serviços.

A REF disponibiliza um acervo composto de dicionários gerais e especializados, vocabulários, enciclopédias, guias, repertórios biográficos, coleção de leis, índices, abstracts, bases de dados em CD-ROM e em linha, que funcionam como um catálogo para os artigos de periódicos. A REF disponibiliza também uma Sala de Pesquisa bibliográfica aos seus usuários. Essa unidade teve seus custos apurados por serviço que disponibiliza, segundo os elementos de custos considerados, e distribuídos da seguinte forma:

o serviço de Referência teve seus custos apurados por atendimento ao público ano de 2004 (Apêndice B) e distribuídos conforme a quantidade de ocorrências efetivas desse serviço por usuário;
a Sala de Pesquisa teve seus custos levantados por hora de funcionamento, ou melhor, de disponibilidade desse serviço na BCE (Apêndice B) e distribuídos conforme o tempo de utilização dos usuários.
A AGE disponibiliza aos usuários o Acervo de livros da biblioteca, executa os serviços de empréstimos de livros, sala de reserva e salas para uso do espaço. O AGE teve seus custos indiretos distribuídos aos seus serviços conforme o total de horas do pessoal diretamente ligado aos serviços dessa Divisão. Os custos dos serviços ligados ao AGE foram distribuídos da seguinte forma (Apêndice B):

os Empréstimos tiveram seus custos apurados por ocorrência durante o ano de 2004 e distribuídos pelas quantidades de ocorrências efetivas de empréstimo por usuário.
a Reserva teve seus custos apurados por consulta ao Acervo da Sala de Reserva e distribuídos conforme a quantidade de ocorrências efetiva de utilização por usuário;
aos livros do Acervo apurou-se o custo por hora que este é disponível ao usuário e considerou-se o tempo de utilização dos livros por usuário, como direcionador de custo.
A DCE tem a função de “promover a consulta, empréstimo e divulgação das obras dos acervos especiais”. Coordena as Coleções de Obras Raras, de Multimeios, de Organismos Internacionais e Assuntos Especiais, de Estudos Clássicos e do Arquivo Carlos Lacerda. Essa unidade teve seus custos indiretos distribuídos a seus serviços conforme o total de horas do pessoal direto aos serviços dessa Divisão da BCE. Os custos dos serviços ligados ao AGE foram distribuídos da seguinte forma (Apêndice B):

Obras raras – levantou-se o custo por ocorrências de consultas ao acervo de coleções especiais durante o ano de 2004 e, depois, considerou-se número de ocorrências de consultas efetiva dos usuários ao acervo de coleções especiais para alocação à área do curso;
Multimeios – levantou-se o custo por hora durante o ano de 2004 e considerou-se o tempo de permanência efetivo dos usuários na utilização desse serviço para alocação à área do curso;
Coleção de Organismos Internacionais e Assuntos Especiais – levantou-se o custo por hora durante o ano de 2004 e considerou-se o tempo de permanência efetivo dos usuários na utilização desse serviço para alocação à área do curso;
4.1.4 Elementos de Custos

4.1.4.1 Pessoal

Lotação de pessoal do quadro, estagiários, bolsistas e prestadores de serviços que atende diretamente e indiretamente no serviço oferecido pela BCE. Inclui-se ainda parcela da mão-de-obra das áreas-apoio como serviços de administração, apoio de informática, restauração etc. sem desenvolvimento direto com os serviços, porém dando suporte administrativo e operacional. Para apuração do custo com pessoal foi considerado o custo médio unitário dado pela divisão dos custos totais de cada tipo de pessoal (pessoal do quadro, bolsista, prestador etc.) na biblioteca pela quantidade total de cada um deles. O custo médio apurado por tipo de pessoal foi multiplicado pelas quantidades efetivas de cada um deles nas unidades ou divisões de lotação e apropriados nessas unidades ou divisões.

4.1.4.2 Custos com Tecnologia

Seu total inclui custos próprios do funcionamento das diversas unidades no que se refere ao uso de equipamentos computadorizados. Esses custos foram considerados na unidade que presta apoio de informática e foi utilizada, como critério de distribuição dos custos dessa unidade, a quantidade de pontos de microcomputadores instalados nas divisões dos serviços.

4.1.4.3 Combustível

Incluíram-se nesse item, os custos relacionados às despesas com combustíveis utilizados de diversas formas, tais como transporte de funcionários, busca de materiais no almoxarifado central, busca de livros doados etc. Para apropriação desses custos, foi considerada a quantidade de pessoal lotado em cada unidade ou divisão, tendo em vista um dos itens consumidores desse tipo de custo ser o pessoal e ainda não ter sido levantado, por exemplo, gastos com combustível para busca de livros doados ou de materiais para o almoxarifado.

4.1.4.4 Depreciação de Móveis

Consideraram-se os custos de depreciação de móveis utilizados nas execuções das tarefas que direta ou indiretamente tiveram relação com os serviços. Para apropriação desses custos, foi considerado o custo de aquisição dos móveis, ou melhor, relacionou-se o custo de aquisição dos móveis pertencentes a uma determinada unidade ao custo total de aquisição dos móveis. O percentual da participação de cada móvel em relação ao total do custo foi considerado como a taxa de distribuição dos custos de depreciação dos móveis para às unidades que eles estão ligados.

4.1.4.5 Material de Consumo e de Almoxarifado

Agruparam-se nesse elemento, todos os materiais oriundos do setor de almoxarifado, que serviram de apoio para as unidades da BCE. A diferença entre material de consumo e de almoxarifado, deu-se apenas, segundo classificação da própria área de almoxarifado, pela forma de aquisição. O primeiro, refere-se a materiais que foram adquiridos externos à universidade, o segundo, material almoxarifado, considera-se os materiais adquiridos no almoxarifado central da universidade.

4.1.5 Apuração dos custos por serviço

Foram considerados os custos dos elementos de custos às unidades e divisões e os critérios de alocações adotados para distribuição dos custos das unidades administrativas de suporte às divisões que trabalham diretamente com os serviços da BCE. Vale ressaltar que os custos das unidades foram levantados por atividades que elas desempenham e apropriadas às divisões de atividades, que por sua vez tiveram seus custos rastreados aos serviços a elas vinculados.

Tomando-se como exemplo a apuração dos custos da disponibilidade do serviço multimeios, temos primeiramente os custos das atividades de administração, apoio de informática e da atividade administrar AUS/DCE apropriados à divisão de coleção de multimeios e, depois, os custos diretos inerentes à disponibilidade desse serviço rastreados a ele, tais como pessoal diretamente envolvido e demais elementos de custos apropriados nessa divisão de atividade do serviço disponibilizar multimeios.

4.2 Análise do resultado dos dados apurados no questionário aplicado

A análise dos dados foi dividida em duas partes: a primeira traçou o perfil do usuário da BCE, levando-se em consideração o nível de graduação das categorias de usuários e o percentual de cada área de curso nos principais serviços utilizados; a segunda teve como objetivo levantar as ocorrências efetivas das utilizações dos serviços de cada usuário entrevistado e relacioná-los à área dos cursos.

4.2.1 O perfil de usuário da BCE

A amostragem deste estudo foi classificada por categorias de usuários, dividida por alunos (graduação, especialização, mestrado, doutorado), professor, servidor e externo. Houve uma predominância de alunos de graduação (72,11%), seguido dos usuários externos (16,34%). Professores e servidores da universidade totalizaram 2,19% dos entrevistados. Do total de alunos entrevistados, a maior ocorrência deu-se por alunos da graduação, seguido dos alunos de mestrado (5,88), doutorado (1,961%) e especialização (1,53%).

Questões sobre os serviços utilizados na biblioteca, o tempo médio de permanência e os dias que geralmente utiliza a BCE foram perguntados para todos os entrevistados. Área e grau de estudo foram perguntados aos usuários aluno e professor da UnB.

Serviços Utilizados pelos usuários da BCE

Dado o critério de uma mínima permanência na BCE para ser caracterizado o serviço Uso do Espaço, esse foi o que teve maior freqüência de utilização dentre os entrevistados, seguido da utilização do Acervo Geral e Empréstimos. Situações que não eram identificadas como serviços oferecidos pela BCE, tais como o uso da lanchonete interna a BCE, banheiros, pessoal que trabalha na biblioteca etc., eram classificadas como outros serviços e foram bastante freqüentes entre os entrevistados. Os serviços Obras Raras, COMUT e Coleção Médica não tiveram ocorrência entre os entrevistados.

O levantamento dos serviços utilizados por área do conhecimento mostrou uma predominância dos cursos da área de Humanas nos serviços mais utilizados.

4..2.2 A distribuição dos custos por área do conhecimento

Após o levantamento dos serviços utilizados pelos usuários e a alocação dos custos desses serviços às respectivas áreas dos cursos dos usuários, foi constatado que a maior parte dos custos deveu-se à área de Humanas (38,67%), seguida da área de Ciências Exatas e da Terra (15,25%). Levando-se em consideração os direcionadores para cada tipo específico de serviço, o custo distribuído às áreas foi apurado conforme o valor apurado de cada serviço pelas ocorrências identificadas por usuário de cada área considerada. Observou-se que serviço que direcionou maior custo à área de Humanas, área de maior direcionamento dos custos, foi o Uso do Acervo Geral. Observou-se também que a área de menor custo distribuído foi a que abrangia cursos que não foram identificados como pertencentes a nenhuma das áreas de cursos identificadas, essa área teve como maior custo direcionado o uso do serviço Periódicos no valor de R$ 508,35 e como menor custo direcionado o uso do serviço Laboratório de Acesso Digital (LAD) no valor de R$ 209,33. A tabela a seguir demonstra o total dos custos direcionados às áreas dos cursos conforme os critérios de direcionamento de custos adotados para cada serviço e a utilização efetiva por usuário ligado á área de curso entrevistado.

O serviço Uso do Espaço não foi considerado para distribuição dos custos, pois entendeu-se que todas as áreas da BCE estariam envolvidas na disponibilidade desse serviço e, por isso, não se considerou direcionadores de custos a esse serviço.

5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO

Tendo em vista que o ensino, a pesquisa e a extensão são finalidades essenciais da Universidade de Brasília e que a Biblioteca Central, órgão essencial e complementar da UnB, necessário ao apoio das atividades acadêmicas, através do oferecimento de sua infra-estrutura bibliográfica e, ainda, tendo em vista a necessidade de mensurar o custo do ensino superior; a apuração e distribuição dos custos dos serviço de uma unidade de custos essencial às atividades da universidade se faz necessária. Nesse sentido, a pesquisa determinou os custos dos serviços oferecidos pela biblioteca e distribuiu às áreas dos diversos cursos que a universidade oferece.

O objeto de estudo considerado foi a Biblioteca Central da UnB e, nesse sentido, observa-se a seguir o que foi obtido.

A Biblioteca Central é órgão complementar da Universidade de Brasília e tem a missão de supri-la em suas necessidades de documentação e informação nas áreas do conhecimento de sua atuação. A infra-estrutura bibliográfica e a orientação de seus usuários na utilização de seus recursos bibliográficos são os objetivos da BCE, que procura aplicá-los através da disponibilidade de seus recursos e serviços a seus usuários.

O custo médio por hora apurado de cada serviço saiu na ordem de R$ 54,36. Na apuração dos custos para os serviços segundo os critérios estabelecidos de seus direcionadores, encontraram-se resultados que variaram de R$ 2,14 a R$ 127,09, sendo que o menor custo foi o serviço Empréstimo (por quantidade de empréstimo) e o maior custo foi o relacionado ao custo por hora disponível dos Periódicos.

Verificou-se que a área de Humanas respondeu pela maior alocação dos custos da BCE, o que representou 38,67% dos custos distribuídos, seguida das áreas de Ciências Exatas e da Terra (15,25%) e das Ciências Biológicas e Agrárias (14,95%). O menor custo alocado deveu-se aos cursos que não foram encaixados dentro das oito áreas identificadas, e correspondeu a 3,36% dos custos alocados.

Um fator importante, é que 16,34% dos usuários entrevistados era composto por pessoas externas à Universidade de Brasília.

As dificuldades encontradas nesse trabalho, referem-se, basicamente, quando da alocação aos objetos de custo, tais como: a falta, por perda magnética, de alguns dados necessários para serem utilizados como base de apropriação de custos e a falta de controles precisos de dados inerentes às atividades que uma unidade interna da biblioteca executa para outra, prejudicando assim na hora da distribuição dos custos, por um critério mais preciso ao direcionador de certas atividades indiretas; a falta de dados que não foram obtidos a tempo para relacionar à área ocupada pelas unidades e a falta de dados da classificação/catalogação para relacionar aos acervos de livros, periódicos e multimeios, fato que prejudicou no rateio de alguns custos indiretos que deveriam seguir critérios de distribuição de custos referentes a esses dados.

Sobre a aplicação do questionário, levando-se em consideração as pessoas que não quiseram responder e às que não foi possível aplicá-lo, o total de entrevistados refletiu em média de 30 a 40% das pessoas que saíram da BCE no momento de sua aplicação. Sugere-se uma ampliação do número de aplicações do questionário e, se for o caso, intercaladas em intervalos de semanas, em diferentes meses do ano e, também, dada a grande quantidade de pessoas saindo da BCE em certos intervalos de tempo, um maior número de pessoas aplicando o questionário concomitantemente.

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