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sexta-feira, novembro 22, 2024

MEMÓRIA PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS

Memória Póstumas de Brás Cubas.

Machado de Assis em suas obras identifica-se como narrador e crítico das relações sociais que compreendem as regras de etiqueta e os códigos de postura. Demonstrando assim as formas de tratamento entre os senhores e seus subalternos, ou mais especificadamente os interesses que mediavam às relações dentro da sociedade escravocrata. Característica marcante também em seu texto é o diálogo que propõe com o leitor, pois envolve este de forma reflexiva e critica.
O filme “Memória Póstumas de Brás Cubas” dirigido por André Klotzel tem como foco a narração do personagem principal Brás Cubas que se utiliza de uma linguagem irônica para descrever a própria vida. Filho único de uma família da elite social carioca apresenta-se como oportunista.
Umas das temáticas bastante discutidas no filme seria a cobrança da sociedade, no sentido de seus membros cumprirem uma linha retilínea: estudo, uma carreira política e bom casamento. Assim percebe-se que o objetivo central seria o status social. A questão torna-se mais verossímil quando temos a fala de Brás como exemplo, pois segundo o mesmo nada conseguiu, pois não trilhou o caminho de forma retilíneo. Ainda havendo a possibilidade de não ter dado relevância ao que conseguiu como ter concluído o curso de direito.
A ambigüidade no caráter de Brás se destaca em algumas situações como a conquista da “ingênua” menina Eugenia, pois aproveita-se de sua beleza ao mesmo tempo que a exclui por causa de sua deficiência e sua condição social. Mas o caráter de Eugenia também se mostra contraditório, pois reconhece sua situação e do mesmo modo deixa-se levar. Quando busca a defesa de seus interesses também lhe é ressaltada essa característica prova disto é sua amizade com Lobo Neves, pois mesmo o achando um chato cultiva essa amizade a fim de aproveitar-se da imagem daquele que tudo conseguiu na vida e ainda continuar próximo da esposa do deputado, antigo amor de Brás mantido em segredo no presente. O oportunismo também se destaca na fala de outros personagens como a mãe de Eugenia, que mesmo antes tendo passado por uma situação constrangedora causada por Brás, alegra-se ao ver a possibilidade de ter sua filha casada com um bom partido.
Quincas Borba apresenta-se como um personagem interessante que brinca com as palavras e a situação. Sua teoria de “ao vencedor as batatas” confunde-se com sua história, pois quando pobre nada possuía e quando recebe a herança mesmo tendo uma condição financeira mais favorável sua vida parece ter pouco sentido. Ao que parece mesmo aquele que um dia conseguiu angariar status social não conseguiu para se grande prêmio. É o que percebemos com Brás que até os seus últimos dias tentou alcançar algo que marcasse seu nome na história, emplasto anti-hicocondríaco, o que daria por fim sentido a sua vida.
Brás assim em sua narrativa utiliza-se da teoria defendida por Quincas Borba do Humanitismo, ou seja, descreve fatos negativos, mas que se apresentam como necessários e justificáveis sendo a ética um dos seus focos principais.

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