Metáfora, Eufemismo, Ironia, Pleonasmo
Introdução
O estudo levado a efeito esclareceu-nos acerca dos dois tipos de linguagem: normal e a figurada. Entendemos que a linguagem normal é aquela desprovida de emoções ou sentimentos, não transmite vigor e beleza à comunicação. È a que se encontra nos livros técnicos e científicos. Já a linguagem figurada, além de vigor e beleza, transmite emoção, enriquecimento a comunicação. Encontra-se nos livros poéticos, nas crônicas, nos romances etc.
Mediante contraposição, vejamos a diferença entre os tipos de linguagem:
Linguagem normal é também conhecida por linguagem denotativa, objetiva. Já a linguagem figurada é conhecida por linguagem conotativa, subjetiva. O estudo sistematizado dela denomina-se Estilística. Os meios da Estilística são as figuras de linguagem ou figuras de estilo.
Figura de linguagem é qualquer desvio das normas gerais da linguagem.
Os autores consultados e seus livros encontram-se abaixo discriminados:
NOSSA GRAMÁTICA, de Luiz Antônio Sacconi.
NOVÍSSIMA GRAMÁTICA, de Domingos Paschoal Cegalla.
GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA, de Ceelso Ferreira da Cunha.
PORTUGUÊS PARA O ENSINO MÉDIO, de José de Nicola e Ernani Terra.
Estabelecemos, de início, a comparação esntre os autores citados, já que dela emana a compreensão última do que foi pedido, além, sem dúvida alguma, de exercermos uma visão abrangente, particularizada e analítica dos conceitos: Metáfora, Pleonasmo, Eufenismo e Ironia. Os comentários poderão ser apreciados na estrutura do trabalho denominada Desenvolvimento.
Desenvolvimento
Tanto ou quanto pudemos observar, em linhas estruturais básicas o estudo de Figuras de Linguagem levado a efeito pelos autores mencionados na Introdução encontram-se em nível correspondente. O desnível analítico ocorreu quando Luiz Antônio Sacconi enquadra Sisnestesia n o âmbito da Metáfora, o que, para os demais autores, encontram-se sob outra esfera analítica. No geral, encaminham-se na direção da concordância gramatical, discordando apenas na esfera interpretativa. Sacconi engloba na esfera da Metáfora, como foi dito, a Sinestesia, por considerar a Metáfora um desvio da significação própria de uma palavra, enquadrando a Sinestesia segundo este modo de ver, já que ela é o cruzamento de duas ou mais sensações distintas ou a atribuição a uma coissa da qualidade que lhe é incompatível. Exemplifiquemos:
A eternidade é um oceano é um oceano sem praias. ( Metáfora pura e simples, já que empresta ao vocábulo eternidade a dimensão de “oceano sem praias” )
Ao cruzar-se com Denise, nossos olhos Trocaram pensamentos.
Grito áspero. ( Grito: sensação auditiva; áspero: sensação tátil ).
No segundo exemplo, observa-se que fica atribuído aos olhos a qualidade de pensar, o que, evidentemente, é atribuído ao cérebro, mas que a forma de olhar transmite fielmente o que o indivíduo está pensando.
Modernamente ainda se consideram como catacreses as metáforas viciadas, isto é, as metáforas que pelo uso constante perderam valor estilístico e se formaram graças à semelhança de forma existente entre os seres. Sacconi diz que, em rigor, não se pode afirmar que catacrese seja uma figura de estilo, pois ela só existe em função de um esquecimento etimológico ou de uma deficiência da linguagem normal, ou fatos normais da língua. Exemplos de catacreses: pé de meia, boca de forno, etc, além de embarcar num avião, enterrar uma pua no dedo, espalhar dinheiro, ferradura de prata, marmelada de chuchu, péssima caligrafia etc. Pelos exemplos, ficou evidente o relacionamento contraditório das palavras, por esquecimento ou ignorância do seu étimo.
Já Domingos Paschoal Cegalla põe na esfera da Metáfora a Hipérbole e a Personificação. Exemplifiquemos:
“A geada é um eterno pesadelo”.
“As aves são imbecis”.
No primeiro exemplo, observa-se que o adjetivo “eterno” faz com que a geada seja um pesadelo sem fim, enquanto que o segundo exemplo atribui a má qualidade humana da imbecilidade às aves, ao mesmo tempo que proporciona um desvio de significação para o substantivo ave.
Encontramos, também, através de Sacconi, o fato de que Oximoro seja uma figura muito adequada para manifestar Ironia ou Sarcasmo. Exemplifiquemos:
Nunca vi uma inteligência tão burra quanto a sua! (Além de unir idéias contrastantes e contraditórias, como “inteligência” e “burra”, fundindo-as numa só pessoa, o autor da frase exprime isto com ironia.)
Estudo Analítico de Poemas e Letras de Músicas Sobre Metáfora, Pleonasmo e Ironia
POEMA – Mar Português, de Fernando Pessoa.
No primeiro verso “Ó mar salgado, quanto do teu sal” encontramos o Pleonasmo e epíteto de natureza “Ó mar salgado”, contendo redundância evidente a fim de reforçar ou enfatizar a expressão.
POEMA – A Carolina, de Machado de Assis.
Encontramos “leito derradeiro” no primeiro verso como recurso para eufemizar a palavra túmulo. Depois, fomos encontrando: “descansas” – Eufemismo, no lugar de jazes morta; “pobre querida” – Eufemismo, no lugar de infeliz querida; “o coração” – Metonímia, no lugar de o afeto, o carinho; “terra que nos viu” – Personificação: “terra que nos viu”, pois terra não vê; “olhos mal feridos/pensamentos de vida formulados”: fica evidente que os olhos não pensam.
Texto de revista Veja São Paulo, 8 nov. 1995. Detalhe de matéria de Walcyr Carrasco.
Título: Ricos, Pobres Ricos
Comentário: O título dessa matéria apresenta ao mesmo tempo duas figuras de pensamento: temos uma ANTITESE na aproximação dos antônimos POBRES/RICOS e uma evidente IRONIA ao qualificar RICOS com o adjetivo POBRES, preparando o leitor para uma possível sátira ou crítica às pessoas ricas – o que se confirma nas primeiras linhas do texto.
LETRA DE MÚSICA – RETRATO EM BRANCO E PRETO, de Tom Jobim e Chico Buarque.
Encontramos “sei de cor” – Metáfora: os obstáculos; “dias tristes, noites claras” – Personificação/Oximoro: dias nublados, noites iluminadas; “o peito tão marcado” – Metáfora: o coração do peito dolorido.
LETRA DE MÚSICA – O QUE É, O QUE É?, de Luiz Gonzaga Jr.
Encontramos as seguintes METÁFORAS:
“é a batida de um coração?” – é como a batida de um coração?
“ela é uma doce ilusão?” – é como uma doce ilusão?
“maravilha ou é sofrimento?” – é como maravilha ou é como um sofrimento?
“alegria ou lamento?” – é como alegria ou como lamento?
“um nada no mundo” – é como um nada no mundo.
“uma gota no tempo” – é como uma gota no tempo.
“que não dá um segundo” – é como gota que não dá um segundo.
“um divino mistério profundo” – é como um divino mistério profundo.
“o sopro do criador” – é como o sopro do criador.
“atitude repleta de amor” – é como uma atitude repleta de amor.
“luta e prazer” – é como luta e prazer.
“viver” – é como viver.
LETRA DE MÚSICA – GRITO DE ALERTA, de Luiz Gonzaga Jr.
Encontramos as seguintes METÁFORAS e uma HIPÉRBOLE:
“me entorta a cabeça” – me confunde.
“me bota na boca um gosto amargo de fel” – sensações desagradáveis ao paladar.
“chorando” – Hipérbole: pedindo insistentemente.
“bocado de mel” – um pouco de carinho.
“rasgo, engasgo, engulo” – me sacrifico, sofro, suporto.
“estendo a mão” – dou-lhe uma oportunidade a mais.
“um rio secando” – um relacionamento que vai finalizando.
“as pedras cortando” – fatos maltratando.
“tantas coisinhas miúdas, roendo, comendo” – fatos sem importância, destruindo aos poucos, aniquilando.
“arrasando” – destruindo.
“de gritos e gestos” – de discussões com estardalhaço.
“jogo de culpa” – relacionamento amoroso marcado pela culpa.
“sinto no ar o momento em que o copo está cheio” – percebo que o relacionamento amoroso está chegando ao fim.
“engolir” – suportar.
“uma porta entreaberta” – um relacionamento ruim e que tem chance de terminar.
“grito de alerta” – minhas explicações, o meu ponto de vista sobre a situação insuportável do nosso relacionamento amoroso conturbado.
“um lado carente dizendo que sim” – o desejo sexual exigindo que fiquemos juntos.
“gritando que não” – dizendo que é insuportável levarmos adiante um relacionamento amoroso cheio de brigas e de desentendimentos.
“Título: “Grito de Alerta” – Minhas explicações, o meu ponto de vista sobre a situação insuportável de viver brigando e se amando ao mesmo tempo.
Conclusão
Concluímos que o estudo levado a efeito sobre Metáfora, Pleonasmo, Eufemismo e Ironia esclareceu o fato de que, com criatividade, pode-se fazer uso da linguagem figurada fundindo duas ou mais figuras, como foi citado no Desenvolvimento: Metáfora-Sinestesia, Metáfora-Hipérbole, Metáfora-Personificação, Ironia-Oximoro, Antítese-Ironia e Metáfora-Catacrese.
Ficou estabelecida a diferença dos tipos de linguagem: a normal e a figurada e o uso delas de modo adequado.