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terça-feira, novembro 19, 2024

O QUE É FILOSOFIA?

A filosofia é o pensamento no qual torno-me íntimo do Ser mesmo por meio da ação interior, é o pensamento no qual torno-me eu mesmo. Ela é, em outras palavras, o pensamento que prepara o lançar-se na Transcendência, recorda-o, e até, num instante sublime, o produz, á medida que é atividade de todo homem no seu pensar. (K. JASPERS, A minha filosofia (1941), 3)

1.1 O que é a filosofia?

A filosofia surgiu na Grécia Antiga como uma atividade especial do homem sábio, o amigo do saber (filo + sophia = amor à sabedoria). Ela é uma disciplina intelectual que utiliza métodos racionais e críticos. Trabalha com conceitos abstratos, procurando definir princípios gerais, respondendo às questões fundamentais da vida e da morte, do sentido da existência, dos valores individuais e sociais, da natureza da linguagem ou do conhecimento e da relação que temos com as coisas em si.

1.2 Características

O pensamento filosófico é pessoal uma vez que cada filósofo não só vê o mundo à sua maneira, como também se questiona a partir das suas inquietações, envolvendo-se integralmente no seu questionamento a filosofia é um exercício profundo da racionalidade e, enquanto saber racional, os seus conteúdos, são universais. Quando um filósofo se interroga, não está à procura de uma resposta que satisfaça a sua curiosidade emocional e subjetiva, dirige-se à razão enquanto faculdade de pensar, procura estabelecer um quadro racional que dê sentido a realidade. O filósofo não quer persuadir os outros de que tem razão, mas procura, acima de tudo, que os outros homens, sejam eles filósofos ou não, reconheçam a validade dos argumentos empregues em defesa de uma tese racionalmente formulada e orientada para a descoberta da verdade acerca do real.

A filosofia é, desde a sua origem, um saber anti-dogmático, para os filósofos não há verdades inquestionáveis e absolutas, imutáveis e desligadas da realidade que vivemos, uma realidade em constante mudança, marcada pela ação transformadora do homem sobre a Natureza e pelos grandes movimentos que marcam a histórica do mundo.

1.3 Método

O método da filosofia é essencialmente raciocinativo, embora não exclua algum momento intuitivo. Mas os processos raciocinativos são múltiplos, e os mais importantes dentre eles a indução e a dedução. A filosofia utiliza ambos: o primeiro, para ascender dos factos aos princípios primeiros; o segundo para descer de novo dos princípios primeiros e iluminar posteriormente os factos, para compreendê-los melhor. (Batista Mondin, Introdução à Filosofia.)

O método dedutivo é o método que parte do geral e segue ao particular. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza, Leibniz, segundo os quais só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis.

O método indutivo procede inversamente ao dedutivo. Parte do particular e segue para o universal. De acordo com o raciocínio indutivo, a generalização deve ser constatada a partir da observação de casos concretos suficientemente confirmadores dessa realidade. Constituí o método proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke, Hume, para os quais o conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos. Nesse método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se deseja conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenômenos.

1.4 Objeto

O objeto da filosofia é o conceito, é a noção, é a idéia. Quer sejam conceitos, noções e idéias do nosso dia-a-dia, quer sejam parte de domínios específicos do conhecimento.

1.5 Objetivo

Quanto ao objetivo, a Filosofia não busca fins práticos e não tem interesses externos. Ela tem como único objetivo o conhecimento procurando a verdade pela verdade, guiada de eventuais utilizações práticas. A filosofia tem a finalidade puramente contemplativa, não procurando a verdade por algum motivo que não seja a própria verdade. Por isso, como diz Aristóteles, ela é “livre” enquanto não se destina a nenhum uso de ordem prática, realizando-se na pura contemplação da verdade.

1.6 Relação da Filosofia com a Mitologia

O mito foi a primeira experiência de encontrar explicações, usada principalmente pelos homens pré-históricos. É importante não confundir filosofia com mito, mas é necessário destacar que o mito tem muitas vezes a intenção de explicar, mesmo que de forma irracional, a vida cotidiana, os fatos que alteram nossa realidade, nosso dia-a-dia. Por outro lado já há mitos com função apenas de divertir, espantar, mitos em que nem seus próprios criadores acreditam. Desses mitos vem a religião pública e a religião dos mistérios. A melhor representante da pública foi a religião grega, com Zeus, Afrodite a Atena. Na pública, ocorre apenas que todas as vontades e características próprias do homem são executadas em nome dos deuses. Uma grande característica dela é o antropomorfologismo, ou seja, todos os deuses têm características humanas, apenas são superiores ao homem em qualidade, não quantidade. Logo, um deus é muito mais perfeito que um humano, e portanto não pode nenhum humano superá-lo.

Já da religião dos mistérios podemos ver traços nas filosofias de Sócrates, Platão e a maioria dos primeiros filósofos.

1.7 Relação da Filosofia com a Ciência

A ciência estabelece não apenas os seus próprios métodos, mas também os seus próprios fundamentos sem necessidade de recorrer, na sua ordem, à heteronomia dos filósofos

As relações entre filosofia e ciência estiveram sempre marcadas e continuam a estarem marcadas, a caso mais do que nunca, pelo sinal da ambigüidade. É essa ambigüidade que se estabelece, com tanta freqüência, ao tornar conceitos sinônimos e exatidão. Tal sinonímia e tal univocidade estão longe de identificarem, por que tanto cientistas como filósofos nem sempre têm o cuidado de procurarem distinguir para finalmente poderem unir. Daí as confusões, as intempestivas reivindicações territoriais ou de soberania, daí as mutuas depreciações, ignorâncias ou anátemas.

A expressão filosofia da ciência, quando verdadeiramente ponderada com todo o rigor semântico e sematológico, não passa de um genitivo objetivo de grande alcance, sem dúvida, por dar ao pensar do real e do possível larguíssima matéria de meditação de exame e de reflexão, mas nada mais.

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