ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO
Forma e Espaço
O espaço engloba constantemente nosso ser. Através do volume do espaço nos movemos, percebemos formas, ouvimos sons, sentimos brisas, cheiramos as fragrâncias de um jardim em flor. È uma substância material como a madeira ou a pedra. Sua forma visual, suas dimensões e escala, a qualidade de sua luz – todas essas qualidades dependem de nossa percepção dos limites espaciais definidos pelos elementos da forma.
Nosso campo visual normalmente consiste em elementos heterogêneos que diferem em formato, tamanho, cor ou orientação. A fim de compreender melhor a estrutura de um campo visual, tendemos a organizar seus elementos em dois grupos opostos: elementos positivos e negativos dentro de seu campo. Em todos os casos, entretanto, devemos entender que as figuras, os elementos positivos que atraem nossa atenção, não poderiam existir sem um fundo contrastante. Figuras e seu fundo portanto são mais do que elementos apostos, juntos, formam uma realidade inseparável, da mesma maneira como os elementos da forma e do espaço, juntos formam a realidade de um ambiente.
FORMA DEFININDO ESPAÇO
Quando situamos uma figura bidimensional em um pedaço de papel, ela influencia o formato do espaço em branco ao seu redor. De uma maneira semelhante, qualquer forma tridimensional naturalmente articula o volume de espaço circundante e gera um campo de influência ou território que reivindica como próprio.
ELEMENTOS DO DESIGN
ESPAÇO
Os designers se expressam por meio da organização de elementos como espaço, forma, linha, textura, luz e cor. Um bom projeto de ambientação de interiores é aquele que apresenta um bom design, ou seja, que atinge um resultado harmônico e criativo ao organizar diferentes formas, linhas, texturas, luzes e cores, na busca de um espaço habitável, ou seja, o espaço que existe entre as paredes, o teto e o piso. O espaço é um dos elementos essenciais da arquitetura de interiores, é o ponto de partida da criação, sem ele não existe projeto. Segundo nosso interesse, se soubermos escolher corretamente os elementos compositivos, poderemos estimular diferentes sensações, como a de aberto/fechado, livre/enclausurado, seguro/vulnerável, entre tantas outras.
FORMA
É diretamente relacionada ao espaço. Apesar das diferentes formas existentes no mundo, podemos considerá-las basicamente como retilíneas, angulares ou curvas.
Retilínea:
As formas retilíneas, muito populares, podem criar a sensação de monotonia, de caixa. Devem ser usadas de forma criativa, para explorar a pureza do ângulo reto. Quando um elemento retangular ou um quadrado é posicionado inclinado, altera-se totalmente seu efeito visual.
Angular:
Diferentemente da retilínea, a forma angular propicia a idéia de movimento, embora, se usada em demasia, crie a sensação de irrequietação. Muito usada em tetos inclinados, cria ambientes amplos e arejados. As paredes inclinadas aparentam ser mais longas do que as retas.
Curva:
Traz em si a idéia de continuidade, de constante movimento. Deve ser usada com cautela, pois a sua repetição em excesso leva monotonia ao movimento. Pode ser usadas em plantas circulares, escadas, móveis, janelas e paredes.
LINHA
É a extensão do ponto por definição. Pode ser reta ou curva, fina ou grossa. É um recurso para enfatizar ou suavizar a forma dos objetos ou dos ambientes.
Reta:
Proporcionar um caráter mais masculino ao ambiente, quando predominante.
• Vertical: tende a aumentar a altura e a dar mais dignidade e formalidade ao espaço. Está presente no pé-direito alto, portas e janelas altas, pilares aparentes, etc., transmitindo a sensação de formalidade, altivez e frescura.
• Horizontal: linha relaxante e mais informal, principalmente quando longa. Aumenta a largura ou o comprimento dos ambientes, dependendo de sua direção. Presente no pé-direito baixo, em vigas aparentes, pisos em réguas, etc. Quando predominante, pode ajudar a tornar um ambiente mais relaxante e informal.
• Diagonal: Sugere movimento, é mais dinâmica do que as demais. Quando longa, aumenta o espaço. Se usada em demasia, pode causar inquietação. Ideal para ambientes dinâmicos, podendo ser usada em tetos inclinados, paredes oblíquas, pérgulas, etc.
CURVA
Linha feminina dá mais suavidade e movimento ao ambiente. Quando suave, proporciona relaxamento. Ideal para escadas, parede de destaque, balcões, piscinas, etc.
TEXTURA
Elemento importante na arquitetura de interiores, cria pontos de interesse, diversidade e estímulo sensorial. Pode ser usada como um tipo de ornamento. O efeito psicológico causado por determinada textura dependerá de sua forma, cor, dimensão e consequentemente efeito visual e impacto.
Propriedades das texturas
• Superfícies lisas, como aço inox, metal polido, vidro, etc., refletem mais a luz, atraindo a atenção e fazendo com que sua cor pareça mais forte e viva. Em superfícies um pouco mais rústicas, a luz tende a ser mais absorvida; consequentemente ameniza as cores utilizadas sobre elas. Em superfícies bem rústicas, ocorrerão alternâncias de claro e escuro e muita absorção de luz. Podemos intensificar ou amenizar uma textura colocando iluminação apropriada. Em superfícies rústicas, uma iluminação direcionada em ângulo dramatiza a textura, criando sombras; um wall-washing minimiza a textura; já uma iluminação difusa suaviza a aspereza da superfície.
• A qualidade do som pode ser melhorada com a utilização da textura correta. Superfícies duras e brilhantes fazem com que o som reverbere e se propague mais facilmente. Evite essa opção em ambientes onde características acústicas sejam indispensáveis, como home theaters, escritórios, etc. Opte por superfícies rústicas e mais porosas, que absorvam bem mais o som.
• A manutenção difere conforme a textura escolhida. Paredes de tijolos aparentes tendem a reter poeira. Os vidros têm manutenção relativamente fácil, porém custo mais elevado.
• A textura dá caráter aos ambientes. Entretanto, evite utilizá-la descoordenadamente e em demasia, para não sobrecarregar o ambiente e causar um resultado final inquietante.
Tipos de texturas
• Visuais: São aquelas reveladas por determinadas superfícies, embora lisas (por exemplo, veios da madeira, pinturas especiais, etc.).
• Táteis: São tridimensionais, como paredes de tijolo aparente, pisos de pedra, etc. Sobressaem mais se dispostas em contraste com superfícies lisas.
LUZ
Natural ou artificial pode transformar qualquer ambiente e criar diferentes atmosferas. Conhecendo e dominando a luz, com suas propriedades e particularidades, podemos conseguir soluções criativas e originais.
COR
A cor é uma importante ferramenta para transformar a dimensão e atmosfera dos ambientes. Pode e deve ser considerado um componente estrutural e não simplesmente um revestimento. A cor dá volume, altera a forma, reduz o confronto entre a parte intera e a externa. Podemos fazer uso da cor para diminuir o pé-direito de um ambiente, valorizar uma parede, tornar um ambiente mais largo, e assim por diante. Quando nos referimos à cor como revestimento final, ou seja, pintura, está diante de um dos modos mais econômicos de transformar um ambiente sem a execução de grandes obras.
ELEMENTOS QUE INFLUENCIAM O DESIGN
FUNÇÃO
Cabe ao designer criar formas que supram as necessidades exigidas por determinadas ações ou tarefas. Portanto, é fundamental, para o total sucesso do projeto, que a função do ambiente em questão esteja clara e definida. Só assim, os materiais e as formas poderão ser especificados corretamente e precisamente.
MATERIAIS
Diferentes matérias podem limitar um designer ou inspirá-lo, dependendo de suas características e propriedades. Por exemplo, um material que não se adapte à forma desejada pode limitar ou bloquear uma idéia; já um material que apresente propriedades conhecidas e dominadas pelo designer pode ser fonte inspiradora para novas e criativas soluções.
TECNOLOGIA
O conhecimento da tecnologia disponível é uma forma de liberação do processo criativo, pois pode viabilizar diferentes, inovadoras e ousadas soluções.
ESTILO
O desenvolvimento tecnológico permite o aparecimento de novos materiais, como aconteceu com o acrílico, o plástico, o alumínio, etc. Materiais, tecnologia e estilo estão diretamente relacionados. Novos produtos, com diferentes características, possibilitam novas formas e, consequentemente, novos estilos que exploram as novas descobertas.
Fonte: Gurgel, Miriam. Projetando Espaços – Guia de Arquitetura de Interiores para Áreas Residenciais.