São três as principais funções dos sinais de pontuação:
1 – assinalar as pausas e a entoação na leitura oral;
2 – separar orações, expressões e palavras que devem vir destacadas das outras na frase;
3 – ajudar na compreensão do sentido da frase, evitando o duplo sentido, a ambigüidade.
EMPREGO:
1. PONTO ( . )
Geralmente é empregado:
* para indicar o final de uma frase declarativa;
* para separar os períodos entre si, simples ou compostos.
Ex.: Não poderei comparecer à reunião.
No agitado porto fenício de Biblos, comercializava-se o papiro – um tipo de papel feito no Egito a partir de um aglomerado de fibras de junco e papiro. Os gregos chamaram este papel de biblos, por causa do porto. Muitas palavras relacionadas com livros – como Bíblia, biblioteca, bibliografia – vêm de biblos. (Enciclopédia do Estudamte)
Emprega-se também o ponto nas abreviaturas:
Sr. (senhor) d.C. (depois de Cristo) Prof. (professor)
2. VÍRGULA ( , )
Leia a história em que o sujeito deixou o seguinte testamento:
Deixo os meus bens à minha irmã não ao meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres.
Quem tinha direito ao espólio? Eram quatro os concorrentes e cada um pontuou o texto de forma diferente:
* O sobrinho:
Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres.
* A irmã:
Deixo os meus bens à minha irmã; não ao meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres.
* O alfaiate:
Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres.
* O procurador dos pobres:
Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres!
Vê-se que, uma única vírgula pode alterar significativamente o sentido de um texto e, desse modo, trazer complexas conseqüências para a sociedade.
A vírgula é empregada:
* nas datas e nos endereços:
Recife, 23 de março de 2006.
Av. Conde da Boa Vista, 1999.
* Em termos independentes entre si, mas de mesma função sintática:
O cinema, o teatro, a praia e a música são as suas diversões.
(as palavras em negrito são núcleos do sujeito composto)
* no vocativo, para separa-lo da frase:
Amor, ligue outra hora.
Não pode adiar a reunião, sr. Júlio?
* no aposto, para separa-lo da frase:
Dra. Márcia, uma competente fisioterapeuta, foi promovida.
Finalmente conheci Mariana, estudante de administração de empresas.
* em certas expressões explicativas como: isto é, por exemplo, ou seja, etc.
Ontem falei com o diretor da empresa, isto é, expliquei-lhe o assunto.
Claro que vou conseguir a vaga de gerente. Por exemplo, já estudei toda a apostila.
* Para separar adjuntos adverbiais intercalados ou não: (termo que indica a circunstância em que a ação ocorre)
Hoje, retornei à casa onde morei aos 20 anos.
Todos vão, pouco a pouco, se acostumando com a idéia.
Escreveram corretamente, mas erraram na pronúncia.
* Para separar orações subordinadas adverbiais: (Têm valor e função de um advérbio. É introduzida por uma conjunção subordinativa)
CAUSAIS: (expressam causa, motivo)
Fui aprovado, porque estudei.
CONDICIONAIS: (expressam condição para a ocorrência de um fato)
Se chover, não haverá gincana.
Caso faça sol, o programa será mantido.
CONCESSIVAS: (expressam concessão)
Não parecia russo, embora falasse a língua muito bem.
Ainda que ela chegue hoje, só irei vê-la amanhã.
Por mais que gritasse, ninguém a ouvia.
PROPORCIONAIS: expressam proporção.
À medida que o tempo passava, nós ficávamos mais calmos.
À proporção que iam saindo, tudo se resolvia.
* Para isolar a oração subordinada adjetiva explicativa do restante da frase: (esta oração tem o valor e a função de um adjetivo. É introduzida por um pronome relativo (que, o qual, a qual, quem)
José, que é nosso guia, indicará o melhor caminho.
Os professores, que estavam em greve, já retornaram às aulas.
Aquela mulher, a qual todos chamam de Rosa, não trabalha aqui.
IMPORTANTE!!
Nunca se usa a vírgula:
Entre o sujeito e o verbo da oração, mesmo se ocorrer ordem inversa:
A partida de vôlei transcorreu normalmente.
Sujeito verbo
Transcorreu normalmente a partida de vôlei.
Verbo sujeito
3. PONTO E VÍRGULA ( ; ) –emprega-se para indicar uma pausa intermediária entre o ponto e a vírgula.
É empregado:
* Para separar os itens dos enunciados enumerativos:
As águas das chuvas provocam sérios problemas à rede de esgotos. Evite problemas, procedendo da seguinte forma:
a) não ligue ralos de fundo de quintais às redes de esgoto;
b) tampe a caixa de inspeção e limpe-as a cada três meses;
c) não jogue nos vasos sanitários fraldas descartáveis, absorventes higiênicos, plásticos, estopas, panos, etc.
* Para separar orações, desde que a segunda contenha zeugma (elipse de um termo):
Uns dizem que ele se casou por amor; outros, que se casou por interesse. ( a vírgula está significando a elipse de “dizem”.)
Vocês anseiam pela liberdade; nós, pela paz. (a vírgula também está significando a elipse do verbo ansiar)
* Para separar as partes de um período:
“Os olhos negros e inquietos pareciam garotos travessos em hora de recreio; os braços gesticulavam a cada palavra; o corpo torcia-se pelos bancos e pelas carteiras da sala com a agilidade de um peixinho de jardim por entre as plantas de um tanque.” (Viriato Corrêa)
* Nas frases em que foi empregado o ponto-e-vírgula, já existe vírgula no interior de uma das orações coordenadas. Logo, há necessidade de uma pausa maior separando uma oração da outra:
Ex.: 1 -Todos levantam a voz para reclamar da poluição, entretanto poucos se levantam para jogar seu lixo no cesto.
2- todos levantam a voz para reclamar da poluição; poucos, entretanto, se levantam para jogar seu lixo no cesto.
3 – todos levantam a voz para reclamar da poluição; poucos se levantam para jogar seu lixo no cesto, entretanto.
Logo, o ponto-e-vírgula é empregado para separar orações coordenadas quando pelo menos uma delas já tem vírgula no seu interior.
Reescreva os períodos alterando a ordem da conjunção adversativa e empregando ponto-e-vírgula:
a) Tomei dois analgésicos, no entanto a dor não passou.
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b) A floresta vive de si mesma, porém é ameaçada pelo homem.
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4. DOIS PONTOS ( : )
São empregados:
* Para apresentar uma citação:
Ex.: O administrador afirmou: “Não haverá atraso no pagamento dos salários”.
* Depois de certos verbos declarativos (verbos que introduzem a fala das personagens no discurso direto, como dizer, perguntar, responder…):
Exs.: “Meu chefe disse:
– por favor, ponha todo o relatório sobre a minha mesa.”
“De repente, o menino levanta a cabeça e pergunta:
– Papai, que é plebiscito?”
5. RETICÊNCIAS ( … )
São empregadas
* Para indicar supressão de palavras:
Ex.: “Luisinha fez um gesto de quem estava impacientada.
– Pois então eu digo… a senhora não sabe … eu …eu lhe quero… muito bem.” (Manoel Antônio de Almeida)
* Quebra de seqüência na fala ou no pensamento do narrador ou da personagem:
“Hoje pela manhã ela começou a me dizer alguma coisa – ‘seu Rubem, o cajueirinho…’ – mas o telefone tocou, fui atender, e a frase não se completou.” (Rubem Braga)
* Para indicar uma dúvida:
Qualquer dia destes embarco pra… pra… China.
Sabe, eu estava pensando se… se poderíamos noivar.
6. PARÊNTESES ( )
Empregados:
* Para isolar palavras explicativas:
Depois do jantar (mal servido) seu Dagoberto saiu do Grande Hotel e Pensão do Sol (familiar) palitando os dentes. (Antônio Machado)
7. TRAVESSÃO ( – )
Empregado:
* Nos diálogos, para apresentar o início da fala de uma personagem ou indicar a mudança da sua fala :
Ex.: – Senhor, queira me desculpar, mas essa vaga já foi preenchida.
– Está certo.
* Para destacar expressões explicativas:
“O ano era de 1840. Naquele dia – uma segunda-feira do mês de março – deixei-me estar alguns instantes na rua.” (Machado de Assis)
8. ASPAS ( “ “ )
Empregadas:
* Para assinalar transcrições:
Ex.: “Caminhavam dois burros, um com carga de açúcar, outro com carga de esponjas.” (Monteiro Lobato)
* Para pôr palavras em evidência:
Ex.: O rapaz “caiu das nuvens” ao saber o que aconteceu.
* Para assinalar palavras estrangeiras ou termos da gíria.
Ex.: De repente, ele escreveu “kiss me” no meu caderno.
Não conversei muito com ele; seu vocabulário era mais puxado pra gírias, como: “manero”, “brother”, “sacou”.