Introdução
Este estudo pretende discutir a forma como as organizações promotoras de turismo e empresas ou destinos turísticos lidam com a divulgação de seus produtos ou serviços no cinema especializado. Sabe-se que, além das campanhas de propaganda, em que as peças publicitárias (anúncios) abrem o caminho para introduzir determinado produto no mercado cinematográfico, as campanhas de divulgação com ênfase na atividade de relações públicas partem para a estratégia de fixar a marca, trabalhar a imagem deste produto (seja ele destino ou serviço turístico), com o objetivo de gerar conteúdo jornalístico favorável que o divulgue perante a opinião pública.
Tratam-se, também, segundo alguns autores, de primeiramente trabalhar os chamados formadores de opinião, para que a partir daí a informação possa chegar ao grande público. O trabalho também aborda o processo de produção do conteúdo jornalístico de turismo, desde a elaboração da informação que será enviada à imprensa, gerada pelas empresas turísticas e/ou pelos órgãos públicos responsáveis pela promoção dos destinos, até sua transformação em conteúdo jornalístico, que depois será mensurado como forma de retorno do esforço emprenhado na divulgação do destino
Turismo e Cinema
Origem
Em 8/7/1896, apenas sete meses depois da histórica exibição dos filmes dos irmãos Lumière em Paris, realiza-se, no Rio de Janeiro, a primeira sessão de cinema no país. Um ano depois, Paschoal Segreto e José Roberto Cunha Salles inauguram, na Rua do Ouvidor, uma sala permanente. Em 1898, Afonso Segreto roda o primeiro filme brasileiro: algumas cenas da baía de Guanabara. Seguem-se pequenos filmes sobre o cotidiano carioca e filmagens de pontos importantes da cidade, como o Largo do Machado e a Igreja da Candelária, no estilo dos documentários franceses do início do século.
História do Cinema
O Cinema no Brasil, em quase 100 anos de existência, o cinema brasileiro produz cerca de dois mil filmes e conquista mais de 50 prêmios internacionais, mas encontra dificuldades em se estabelecer como indústria. Com a chanchada, nos anos 30, começa a se formar um mercado consumidor. Na produção, o investimento mais ousado é a inauguração, em 1949, dos estúdios da Vera Cruz, que fracassa cinco anos depois. A partir dos anos 50 e 60 o cinema novo introduz temáticas e linguagens nacionais. A criação da Embrafilme, organismo estatal que financia, co-produz e distribui filmes, em 1969, cria condições para que a produção nacional se multiplique, e o país chega aos anos 80 ao auge do cinema comercial, produzindo até 100 filmes em um ano. No final da década o modelo estatal entra em crise, que tem seu ápice com a extinção da Embrafilme, em 1990. Alguns sinais de vitalidade são notados, a partir de 1993, na forma de uma produção limitada, mas de boa qualidade.
Primeiros Filmes
Durante dez anos o cinema brasileiro praticamente inexiste devido à precariedade no fornecimento de energia elétrica. A partir de 1907, com a inauguração da usina de Ribeirão das Lages, mais de uma dezena de salas de exibição são abertas no Rio de Janeiro e em São Paulo. A comercialização de filmes estrangeiros é seguida por uma promissora produção nacional. Documentários em curta-metragem abrem caminho para filmes de ficção cada vez mais longos. Os estranguladores (1908), de Antônio Leal, baseado em fato policial verídico, com cerca de 40 minutos de projeção, é considerado o primeiro filme de ficção brasileiro, tendo sido exibido mais de 800 vezes. Esse filão é exaustivamente explorado, e outros crimes da época são reconstituídos em Noivado de sangue, Um drama na Tijuca e A mala sinistra.
Formação dos Gêneros
Forma-se, entre 1908 e 1911, um centro carioca de produção de curtas que, além da ficção policial, desenvolve vários gêneros: melodramas tradicionais (A cabana do Pai Tomás), dramas históricos (A república portuguesa), patrióticos (A vida do barão do Rio Branco), religiosos (Os milagres de Nossa Senhora da Penha), carnavalescos (Pela vitória dos clubes) e comédias (Pega na chaleira, As aventuras de Zé Caipora). A maior parte é realizada por Antônio Leal e José Labanca, na Photo Cinematographia Brasileira. Essa produção variada sofre uma sensível redução nos anos seguintes, sob o impacto da concorrência estrangeira. Há um êxodo dos profissionais da área para atividades comercialmente mais viáveis. Outros sobrevivem fazendo “cinema de cavação” (documentários sob encomenda). Dentro desse quadro, há manifestações isoladas: Luiz de Barros (Perdida), no Rio de Janeiro, José Medina (Exemplo regenerador), em São Paulo, e Francisco Santos (O crime dos banhados), em Pelotas (RS). A partir de 1915 é produzido um grande número de fitas inspiradas na nossa literatura, em especial na romântica Inocência, A Moreninha, O Guarani e Iracema. O italiano Vittorio Capellaro é o cineasta que mais se dedica a essa temática.
Filme cantado – Paralelamente, Cristóvão Guilherme Auler e Francisco Serrador realizam os chamados filmes cantados ou falados, em que os artistas se escondem atrás das telas e acompanham com a voz a movimentação das imagens. Algumas dessas fitas são apresentadas centenas de vezes, como A viúva alegre, em três versões realizadas por Antônio Leal, Cristóvão Auler e Francisco Serrador. Dentro desse estilo, destaca-se Paz e amor (1910), produzido por Auler e filmado por Alberto Botelho, o primeiro no gênero de filme-revista, que focaliza figuras e acontecimentos político-sociais da época.
Ciclos Regionais
Em 1923 a produção – que se limitava ao Rio de Janeiro e São Paulo – estende-se a Campinas (SP), Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Na cidade mineira de Cataguases, o fotógrafo italiano Pedro Comello inicia experiências cinematográficas com o jovem Humberto Mauro e, juntos, produzem Os três irmãos (1925) e Na primavera da vida (1926). O movimento gaúcho, de menor expressão, destaca Amor que redime (1928), um melodrama urbano, moralista e sentimental, de Eduardo Abelim e Eugênio Kerrigan. Em Campinas, Amilar Alves ganha prestígio com o drama regional João da Mata (1923).
O ciclo pernambucano, com Edson Chagas e Gentil Roiz, é o que mais produz. Os primeiros filmes, de 1925, Retribuição e Jurando vingar, são de aventuras, que contam até com personagens que lembram caubóis. Os temas regionais aparecem com os jangadeiros de Aitaré da praia, com os coronéis de Reveses e Sangue de irmão, ou com o cangaceiro de Filho sem mãe.
Em São Paulo, José Medina, acompanhado do cinegrafista Gilberto Rossi, dirige o longa Fragmentos da vida, em 1929. No mesmo ano, é lançado o primeiro filme nacional inteiramente sonorizado: Acabaram-se os otários, de Luiz de Barros. No Rio de Janeiro, em 1930, Mário Peixoto realiza o vanguardista Limite, influenciado pelo cinema europeu.
Humberto Mauro (1897-1983) é considerado o primeiro grande cineasta revelado pelo cinema brasileiro. Nasce em Volta Grande (MG), mudando-se ainda na infância para Cataguases, onde atua no teatro amador. Cursa o primeiro ano de engenharia em Belo Horizonte, enquanto trabalha no Minas Gerais, o diário oficial do Estado. Na década de 20, conhece o fotógrafo Pedro Comello, com quem faz os primeiros filmes. Na primavera da vida, Tesouro perdido (1927), Brasa dormida (1928) e Sangue mineiro (1929) formam a fase de Cataguases. Em 1930 vai para o Rio e produz filmes pela Cinédia. Em 1933, realiza Ganga bruta, sua maior obra-prima. Em 1937, produz documentários para o Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE). Seu último filme, Carro de boi (1974), trata de temas da infância e juventude.
Hollywood Brasileira
A partir de 1930, a infra-estrutura para a produção de filmes se sofistica com a instalação do primeiro estúdio cinematográfico no país, o da companhia Cinédia, no Rio de Janeiro. Em 1941 é criada a Atlântida, que centraliza a produção de chanchadas cariocas. A reação paulista acontece mais tarde com o ambicioso estúdio da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo.
Cinédia: Adhemar Gonzaga idealiza a Cinédia, que se dedica a produzir dramas populares e comédias musicais, que ficam conhecidas pela denominação genérica de chanchadas. Humberto Mauro assina o primeiro filme da companhia, Lábios sem beijos. Em 1933, dirige, com Adhemar Gonzaga, A voz do carnaval, com a cantora Carmen Miranda. A Cinédia, com a comédia musical – como Alô, alô, Brasil, alô, alô, Carnaval e Onde estás, felicidade? –, lança atores como Oscarito e Grande Otelo.
Atlântida: Fundada em 1941 por Moacir Fenelon, Alinor Azevedo e José Carlos Burle, estréia com Moleque Tião, filme que já dá o tom das primeiras produções: a procura de temas brasileiros. Logo, porém, predomina a chanchada, com baixo custo e com grande apelo popular, como Nem Sansão nem Dalila, de Carlos Manga, e Aviso aos navegantes, de Watson Macedo, com Anselmo Duarte no elenco. Esse gênero domina o mercado até meados de 1950, promovendo comediantes como Oscarito, Zé Trindade, Grande Otelo e Dercy Gonçalves. Anselmo Duarte (1920- ), nascido em Salto (SP), muda-se para o Rio de Janeiro nos anos 40. Trabalha como ator em diversas produções – Pinguinho de gente, pela Cinédia, Terra violenta, na Atlântida, Sinhá Moça, pela Vera Cruz – e conquista o título de maior galã do cinema nacional. Começa a trabalhar como argumentista e assistente de direção com Watson Macedo, que considera seu mestre. Dirige curtas e estréia na direção, em 1957, com Absolutamente certo. Em 1962 dirige O pagador de promessas, filme premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Prossegue na direção com Vereda da salvação (1964), O descarte (1973) e Os trombadinhas (1978), entre outros.
Vera Cruz: Empreendimento grandioso, a Companhia Vera Cruz surge em São Paulo, em 1949. Renegando a chanchada, contrata técnicos estrangeiros e ambiciona produções mais aprimoradas, como: Floradas na serra, do italiano Luciano Salce, Tico-tico no fubá, de Adolfo Celli, e O canto do mar, de Alberto Cavalcanti, que volta da Europa para dirigir a Vera Cruz. O cangaceiro (1953), de Lima Barreto, faz sucesso internacional, iniciando o ciclo de filmes sobre cangaço. Amácio Mazzaropi é um dos grandes salários da companhia, vivendo o personagem caipira mais bem-sucedido do cinema nacional. A ausência de um esquema viável de distribuição é apontada como a principal causa do fracasso da Vera Cruz. Amácio Mazzaropi (1912-1981) nasce em São Paulo.De família pobre, aos 14 anos foge de casa para ser ajudante de faquir, em uma trupe ambulante. Adquire sucesso fazendo números cômicos. Trabalha na Rádio Tupi, onde faz um programa em que conversa com os caipiras de São Paulo. Em 1952, é contratado pela Vera Cruz e realiza Sai da frente (1952), Nadando em dinheiro (1953) e Candinho (1954). O fim da companhia não interrompe sua carreira. Filma a seguir A carrocinha (1955), O gato da madame (1956) e consagra-se com o caipira de Jeca Tatu (1959). Na década de 70, continua produzindo: Um caipira em Bariloche (1971) e A banda das velhas virgens (1979).
Indústria Cenográfica Indiana desperta para o mundo
Esqueça Hollywood. A meca internacional do cinema que vem conquistando corações e mentes mundo afora e despertando o interesse até mesmo do governo brasileiro é Bollywood. Isso mesmo, Bollywood, trocadilho que mistura Hollywood com Bombaim, o antigo nome de Mumbai, cidade onde a produção indiana se concentra. Lá são produzidos anualmente mais de 800 filmes (mais do que o dobro do que em Hollywood), assistidos por uma média de 14 milhões de indianos por dia (número talvez modesto para um país de 1 bilhão de habitantes) e que geraram, no ano passado, faturamento de cerca de US$ 1,3 bilhão.
O interesse pelo maior centro produtor de cinema do mundo, que vem se expandindo pela Europa, pode chegar ao Brasil. Na visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia, no final de janeiro, o governo brasileiro propôs à indústria cinematográfica local que utilizasse paisagens brasileiras como pano de fundo para suas produções, como forma de incentivar o turismo ao Brasil.
Recentemente, França e Inglaterra ofereceram milhões de dólares em incentivos fiscais para que os indianos filmassem em seus territórios. Outros países, como Austrália, Finlândia, Romênia, Alemanha e Nova Zelândia, saíram na frente e já abrigaram produções indianas. O Brasil vai atrás da “Bollywoodmania”, que, com a ajuda da grande comunidade indiana do Reino Unido, explodiu de vez em 2002. Impulsionada pela indicação do filme “Lagaan” para o Oscar de filme estrangeiro naquele ano, e a exibição, com grande sucesso, do longa “Devdas” no último Festival de Cannes, a produção cinematográfica indiana começou a ganhar projeção internacional nunca antes imaginada.O”estilo bollywood”, histórias açucaradas de amor, entrecortadas por clipes musicais filmados em locações de natureza exuberante e imagens de um colorido típico da paisagem indiana– começou a ganhar as ruas nas grandes capitais da Europa, com mostras, exposições, coleções de moda inspiradas nos filmes e muito banghra (a música popular indiana, onipresente nas produções bollywoodianas).
A rede de lojas Selfridges, uma das mais tradicionais de Londres, tomou Bollywood como tema de suas vitrines durante o verão. Até mesmo Andrew Lloyd Webber, “pai” dos grandes musicais, se rendeu ao gênero com a produção “Bombay Dreams”, sucesso há mais de um ano e meio no West End londrino. No início do mês, o Centro Georges Pompidou, dos mais importantes espaços de exposições de Paris, inaugurou megamostra de filmes indianos que fica em cartaz até 19/4.
Mas qual a razão de tanto sucesso? “Os filmes indianos já eram populares desde os anos 30 em alguns países da Ásia e da África e também em partes da Europa. Eles agora estão ganhando reconhecimento no resto da Europa e na América em grande parte por causa da presença visível da diáspora sul-asiática nesses locais”, afirma Rachel Dwyer, professora de estudos indianos da Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres.
Mas e quanto ao Brasil, que não tem grande colônia indiana? O maior sucesso do cinema indiano, “Lagaan”, passou longe dos cinemas brasileiros (só foi lançado em DVD). O mesmo ocorreu com “Devdas”. Já “Casamento à Indiana” fez sucesso no Brasil, mesmo sendo mais uma paródia do que um típico filme de Bollywood.
Para Kalyani Chadha, diretora do programa de comunicação de massa da Universidade de Maryland (EUA), os filmes de Bollywood têm potencial para fazer sucesso no Brasil. “Os brasileiros gostam de assistir shows musicais, como os programas de auditório, e a música e a dança, de uma maneira parecida, são parte integral do cinema indiano.”
Para Dwyer, os filmes indianos têm caráter internacional, apesar da crença disseminada de que eles apresentam componente étnico e cultural forte demais para serem consumidos internacionalmente em larga escala. “O cinema indiano sempre esteve preocupado com questões como o impacto da modernidade e da urbanização e a mudança de valores familiares.”
O certo é que os produtores indianos, após verem o número de produções cair cerca de 20% nos últimos dois anos –em grande parte devido à popularização da TV a cabo na Índia–, apostam na ampliação do mercado internacional para seus filmes voltarem a crescer. Atualmente, cerca de 30% das receitas de Bollywood vêm da venda de seus filmes no exterior.
Destinations
É um Fórum Mundial de Turismo para paz e desenvolvimento sustentável, e teve como principal tema discutido em 2006: “Turismo e Indústria Cenográfica”, que mostrou como o cinema ajudou a alavancar o turismo no Reino Unido e Nova Zelândia. O ator e diretor José Wilker, participou deste fórum, que aconteceu em Porto Alegre.
Michael Clewley, da Visit Britain, falou sobre o papel atuante de sua instituição na promoção do Reino Unido como destino turístico, utilizando como estratégia de marketing produções cinematográficas locais. Clewley destacou os dez anos de experiência da Visit Britain com a promoção do turismo por meio da indústria cinematográfica, usou como exemplos sucessos de bilheteria, como Harry Potter e Orgulho e Preconceito, e expôs um estudo do caso sobre o best seller e filme Código da Vinci.
Lindsay Shelton, da Film Commission da Nova Zelândia, contou como esse órgão do governo neozelandês concedeu empréstimos a cineastas com o propósito de contribuir para o desenvolvimento da produção cinematográfica naquele país. Além disso, explicou sobre a sua atuação ativa na venda e promoção de filmes nacionais no exterior, além do apoio ao treinamento e desenvolvimento profissional na indústria cinematográfica.
Lindsay mostrou, ainda, que as estratégias utilizadas para criar, desenvolver e promover o cinema da Nova Zelândia trouxeram benefícios turísticos diretos ao país e contribuíram para o desenvolvimento sustentável. O melhor exemplo foi à locação da trilogia “O Senhor dos Anéis”, do diretor neozelandês Peter Jackon. Os três filmes da série foram produzidos, filmados e pós-produzidos no país, incrementando o movimento turístico em 17% em um ano. “Em 1983, recebemos cerca de 500 mil turistas. Esse número atualmente passa de 2,5 milhões e nossa previsão é chegar a 3 milhões de visitantes daqui a seis anos” afirmou.
“O Senhor dos Anéis” e “Código da Vinci” continuam movimentando multidões, mas, agora, fora das salas de cinema. Eles são exemplos concretos de como os filmes são importantes ferramentas para a valorização do turismo por transformar cidades em destinos turísticos procurados.
Para Lindsay Shelton disse que o investimento na produção de “O Senhor dos Anéis” foi de 5 milhões de dólares neozelandeses e gerou para o seu país mais de 1 bilhão de dólares em receitas graças a novos turistas. “Isso mostra que podemos atingir o sucesso sem sair de casa”, comemorou. Os números reforçam essa conquista. Em 1999, 1,9 milhões de turistas visitaram a Nova Zelândia. Após a exibição das três partes do filme, o total de visitantes chegou a 2 bilhões. Além disso, 9% da população da Nova Zelândia trabalham diretamente com o turismo.
Shelton ressaltou que o relevante crescimento de turistas na Nova Zelândia não é uma tendência passageira de mercado, mas sim resultado de um planejamento a longo prazo, fruto de parcerias com o setor audiovisual. “Durante 75 anos os neozelandeses só viram filmes de Hollywood nos cinemas. Não tínhamos opções. Nas décadas de 40 e 50 apenas cinco filmes se passavam na Nova Zelândia, enquanto que hoje esse número passa de 40”, argumentou ele. O remake de “King Kong”, outro sucesso de bilheteria, também foi filmado na Nova Zelândia, apontado como uma nova potência para a indústria cinematográfica. Segundo Shelton, este reconhecimento mudou o pensamento da nova geração de neozelandeses que passaram a se ver no cinema e a ter orgulho de seu país.
Na Grã Bretanha, o sucesso veio com “O Código da Vinci”. Michael Clewley, da VisitBritain, órgão de promoção do turismo britânico, apresentou o filme como a maior campanha de turismo cinematográfico do mundo. “Cerca 90% das pessoas tinham conhecimento do filme antes mesmo de ele ser lançado. Isso é um feito inédito na história do turismo e do cinema mundial”, apontou. Segundo ele, a Inglaterra se beneficiou do filme porque houve um desdobramento regional do turismo. “Outras cidades, perto de Londres, passaram a ser procuradas e entraram no roteiro dos turistas”, explicou.
A estratégia de divulgação das cidades que serviram de locação para “O Código Da Vinci” (que incluiu a visita de 200 jornalistas estrangeiros) surtiu efeito: 170 milhões de pessoas leram ou assistiram a notícias relacionadas ao filme. Por conta disso, o Museu do Louvre, em Paris, bateu seu recorde de visitação com 7,3 milhões de pessoas em 2005. A igreja Temple Church, em Londres, teve sua freqüência de turistas quintuplicada.Para comprovar o incremento do turismo associado ao cinema, Clewley afirmou que 40% dos turistas visitam a Grã-Bretanha por causa do filme.
Bill Lindstrom, diretor-executivo da Associação Internacional de Film Comission, fez uma apresentação intitulada “Como atrair filmes que levam turistas para a sua região”. Ele afirmou que o papel da associação que dirige é transferir conhecimento aos realizadores de cinema e identificar os incentivos de cada País ou região. “Não vendemos produtos tangíveis, apenas trocamos informações”, resumiu. Lindstrom explicou que a missão das comissões de filmes é incentivar produções positivas e memoráveis e anunciou a realização da próxima edição da feira Locations Trade Show, a principal do setor. O evento será sediado na Califórnia, em abril de 2007. Sobre a aproximação de turismo e cinema, Lindstrom disse: “Agentes de viagem e diretores de filmes têm uma função semelhante: apresentar seus lugares de origem para que outras pessoas se interessem em conhecê-los”.
No ano em que “O Senhor dos Anéis” foi lançado, 2001, a Nova Zelândia recebeu 1,9 milhão de turistas. Três anos depois, esse número já era de 2,5 milhões. “De 2003 a 2005, recebemos pouco mais de 4 milhões de turistas. Destes, 3,8 milhões ouviram falar do filme e 2,6 milhões assistiram o filme de Peter Jackson. E o mais impressionante: 240 mil visitantes afirmaram que foram à Nova Zelândia estimulados por “O Senhor dos Anéis” , enumerou. A estratégia neozelandesa estimula não só a produção, como também o marketing e a exibição do filme. “No ano em que o filme participou de todos os festivais cinematográficos coreanos, tivemos um aumento de turistas provenientes da Coréia de 29 mil para 107 mil”, exemplificou Shelton.
Apenas nos três primeiros meses de exibição, “O Senhor dos Anéis” teve mais de 50 milhões de espectadores nos Estados Unidos e Canadá e 5,5 milhões nos 10 primeiros dias de lançamento no Japão. “Nenhuma campanha de marketing poderia fazer melhor”, comparou Shelton. A principal conseqüência do fomento à indústria cinematográfica na Nova Zelândia são dois indicadores econômicos: 9% da força de trabalho do país estão ligadas ao turismo e 7,4 bilhões de dólares são arrecadados anualmente, fruto da indústria do cinema.
Michael Cleweley, membro do Visit Britain, órgão de promoção do turismo britânico, afirmou que 40% dos turistas que visitam a Grã-Bretanha o fazem após assistir alguma produção cinematográfica cuja locação se passa no país.
“Isso significa 130 milhões de pessoas anualmente, o que acarreta uma arrecadação de 3,3 bilhões de dólares”, afirmou Cleweley, completando que a Grã-Bretanha responde por 14,3% da participação do mercado mundial.
O membro do Visit Britain citou dois casos exemplares para a indústria turística inglesa: os filmes “Orgulho e Preconceito” (2005) e “Harry Potter” (2001). “Com “Orgulho e Preconceito”, tivemos um incremento de 76% de turistas em Basildon Park, uma das locações do filme. Além disso, foram publicadas cerca de 70 matérias sobre as locações em países estrangeiros, o equivalente a 7 milhões de dólares em mídia espontânea”, contabilizou Cleweley. As locações de Harry Potter tiveram um incremento de turistas de cerca de 20%.
Cleweley definiu as filmagens e o lançamento de “O Código Da Vinci” como a maior campanha de turismo cinematográfico do mundo. “Cerca 90% das pessoas tinham conhecimento do filme antes mesmo de ele ser lançado. Isso é um feito inédito”, apontou. Segundo ele, a Inglaterra se beneficiou do filme porque houve um desdobramento regional do turismo. “Outras cidades, perto de Londres, passaram a ser procuradas e entraram no roteiro dos turistas”, explicou.
A estratégia de divulgação das cidades que serviram de locação para “O Código Da Vinci” (o que incluiu a visita de 200 jornalistas estrangeiros) surtiu efeito: o Museu do Louvre, em Paris, bateu seu recorde de visitação com 7,3 milhões de pessoas em 2005, e a Temple Church, em Londres, teve sua freqüência de turistas quintuplicada.
Bill Lindstrom, diretor-executivo da Associação Internacional de Film Comission, fez uma apresentação intitulada “Como atrair filmes que atraem turistas para a sua região”. Ele afirmou que o papel da Associação que dirige é transferir conhecimento aos realizadores de cinema e identificar os incentivos de cada país ou região. “Não vendemos produtos tangíveis, apenas trocamos informações”, resumiu ele. Lindstrom anunciou a realização da próxima edição da feira Locations Trade Show, a principal do setor.
O evento será sediado na Califórnia, em abril de 2007.
“Este painel nos deixa a lição de que não basta fazer a prospecção de filmagens. É preciso dar apoio em toda a produção; de sua elaboração ao lançamento. É graças a esse trabalho que África do Sul, Tailândia e França arrecadam anualmente mais de 300 milhões de dólares com o turismo proveniente do cinema. O Brasil está no caminho certo para se inserir nesse cenário mundial e atingir os bons resultados da Inglaterra e Nova Zelândia”, afirmou Pedro Wandler. Completando a mesa, o cineasta Cícero Aragon e a secretária de turismo de Porto Alegre, Ângela Baldino, que atuou como presidente do debate.
O resultado prático de uma film commission talvez não fique claro para o espectador de cinema num primeiro instante. Porém, indo de encontro com a nova tendência nacional de descentralização da produção, vamos cada vez mais conhecer localidades e poder apreciar regiões que antes não haviam brilhado em nossas telas de cinema ou mesmo nas telinhas televisivas. O engraçado é que escrever sobre film commission tem um certo ar de escrita turística.É na descrição das realidades e das qualidades de cada localidade que se encontra a força de uma film commision. Seu trabalho, se não associado com uma interpretação de turismo específico, perde força. Ninguém quer sair de casa para ser mal recebido, e isso vale até mesmo para uma grande equipe cinematográfica, que na maioria das vezes movimenta a economia e circula dinheiro, apoiando o comércio local. Este é o dado que muitos parecem estar descobrindo.
Filmes
Cidade de Deus
Critica do filme
Cidade de Deus o filme, de Fernando Meirelles (2002), adaptado do romance de Paulo Lins é o suprassumo desse novo brutalismo, aqui tendo como referência, entre outros, o filme de gângster, as sagas da máfia, o épico-espetacular e a estética MTV. Quatro indicações ao Oscar e um ritmo de cinema que beira Pulp Fiction. Encantou nas telas americanas e lotou as brasileiras. Ícone máximo e atual da recuperação do cinema brasileiro. Talvez os caminhos comerciais que Cidade de Deus percorrera tenham sido os mais acertados, os mais, comercialmente falando, indicados. Talvez a presença da violência e a própria temática das favelas, como objeto de atração turística, tenha por si só feito a diferença. Ou, quem sabe ainda, somados à inteligente estratégia promocional da obra junto a potenciais distribuidores mundiais, esteja o arrojo na busca da divulgação na mídia brasileira. Lembrando que a mídia nem sempre é movida a dinheiro, muitas vezes um fenômeno ou algo realmente bom, acaba sendo brindado com espaço que muitos gastam milhões para conquistar.
Mas, independente de qualquer crítica a esta ou aquela crítica mercadológica ou cinematográfica, o grande feito de Cidade de Deus, é além de levar o nosso cinema para um nível que de fato captou a atenção de todo o Brasil (o mercado que na atualidade realmente nos interessa), o de justamente trazer para a telona uma realidade que muitos criticaram dizendo não ser um “bom retrato” do Brasil, uma maneira feia de representar o país.
Mostrar o ritmo violento de uma favela brasileira que hoje não tem mais a exclusividade de serem somente cariocas, mesmo indo contra os mais intelectuais que acusam o endeusamento da mercantil da violência, faz com Cidade de Deus vá para cima do público e esfregue a realidade que passa na porta das suas casas vinte e quatro horas por dia.
Este sim é o Brasil! Não se envergonhem nem virem o rosto, o cinema-documentário brasileiro é vanguarda, nossa realidade nem tanto, mas dela extrairemos um novo tempo quando tivermos, e isto o filme tem de sobra, a coragem de apontar os fatos sem falsos heroísmos nem preconceitos.
Para além do discurso midiático do medo difuso e demanda de repressão, encontramos ainda outras diferentes formas de consumir a pobreza, ligadas ao circuito do turismo e das trocas culturais. A menos perversa, e mais antiga, faz pensar na pobreza e miséria como uma espécie de “museu da humanidade”, em que as favelas “tombadas” (uma tendência inclusive urbanística, com o descarte, cada vez mais claro de qualquer idéia de “remoção”) são pontos turísticos com seu primitivismo-exótico, multiculturalismo e modos de vida em “extinção”. A cena é comum em Copacabana. Um imenso jipe verde-oliva, apinhado de turistas vestidos como se partissem para um safári africano, cruza a Avenida Atlântica saindo do Copacabana Palace. O Jeep Tour leva gente de todas as nacionalidades para ver de “perto”, ou do alto do jipe esse “hábitat natural” de uma pobreza ironicamente incorporada à imagem turística e folclórica do Rio de Janeiro.
“Favela Chic” é o nome de um bar brasileiro da moda em Paris, uma imagem paradoxal, e não destituída de cinismo. Imagem de uma sociedade multicultural e periférica em que a pobreza e os confrontos sociais, dentro e fora do cinema, podem ser encarados ao mesmo tempo como intolerável, mas também como “charme” e “grife”.
A favela é o cartão-postal às avessas, uma espécie de museu da miséria, etapa histórica, não-superada, do capitalismo e os pobres, que deveriam, dada toda produção de riquezas do mundo, estar entrando em extinção, são parte dessa estranha “reserva”, “preservada” e que a qualquer momento sai do controle do Estado e explode, “ameaçando” a cidade.
“Uma arma na mão e uma idéia na cabeça”, brinca um personagem. Cidade de Deus é um filme-sintoma da reiteração de um prognóstico social sinistro: o espetáculo consumível dos pobres se matando entre si. É claro que os discursos “descritivos” sobre a pobreza (no cinema, TV, vídeo) podem funcionar tanto como reforço dos estereótipos quanto abertura para uma discussão mais ampla e complexa em que a pobreza não seja vista somente como “risco” e “ameaça” social em si. Esse talvez seja o viés politico, extracinematográfico que o filme pode provocar. Já a narrativa nos remete freqüentemente para uma sensação já experimentada no filme de ação hollywoodiano, o “turismo no inferno” em que as favelas surgem não como “museu da miséria”, mas novos campos de concentração e horrores. O cinema do massacre dos pobres nos prepara para o massacre real, que já acontece e por massacres por vir, como o cinema americano de ação antecipou e produziu o clima de terror e controle internacional e o clamor por “justiça infinita”?
O Coronel e o Lobisomem
Filme de Mauricio Farias em 2005. Tudo foi rodado no arquipélago de Fernando de Noronha. O filme mostra os desvarios do personagem de Diogo Villela, depois de viver uma série de desilusões, ele vê a prima (Ana Paula Arósio) transformada em sereia, que surge em uma paisagem de encher os olhos.
Muito Gelo e Dois Dedos D`água e Deus é Brasileiro
O filme “Deus é Brasileiro” de Cacá Diegues de 2003, é um longa que foi rodado em Piaçabuçu, cidade alagoana a beira do rio São Francisco, rio que de tão imponente às vezes parece mar e cuja foz é uma das principais atrações locais. Piaçabuçu, que tem pouca infra-estrutura turística, se orgulha dos visitantes ilustres que lá estiveram. A cidade voltou as telas, no ano passado em “Muito Gelo e Dois Dedos D`água”, de Daniel Filho.
Bella Dona
Aracati, no Ceará, foi cenário do filme Bella Dona em 1997 de Bruno Barreto. Canoa é alvo de lendas que ajudam a aumentar sua fama turística. Contam, por exemplo, que o casal que visita junto aquele paraíso praiano jamais se separa.
Tainá 2 – A Aventura Continua
Ao contrário do que possa parecer, o longa infantil “Tainá 2 – A Aventura Continua”, o segundo que tem como protagonista a indiazinha do título, não foi rodado na Floresta Amazônica. Grande parte das cenas do filme, de 2004, foi dirigido por Mauro Lima, foi rodada na região de Picinguaba, na Ubatuba, no litoral norte de São Paulo.
Casa de Areia
Lençóis Maranhenses foi o cenário de “Casa de Areia”, filme de Andrucha Waddington, de 2005, com Fernando Montenegro e Fernanda Torres.
A Ostra e o Vento
Jericoacoara ou Jeri, como é conhecida pelos mais íntimos, foi o cenário do premiado “A Ostra e o Vento”, filme de 1997, de Valter Lima Jr., com Leandra Leal e Lima Duarte.
Tieta
A novela da Globo “Tieta”, de 1989, baseada em romance de Jorge Amado, praticamente revelou para os brasileiros a existência de Mangue Seco e suas praias paradisíacas. Situado na divisa da Bahia com Sergipe, o local era então apenas uma pequena vila de pescadores. Quase uma década depois, em 1997, as belezas naturais do lugar voltaram à cena dessa vez nas telonas com o filme homônimo de Cacá Diegues, estrelado por Sônia Braga.
Turistas
Narra à história de oito americanos ‘mochileiros’ que vem para o Brasil, especificamente o Rio de Janeiro, para aproveitar as férias, e sofrem dos mais diversos abusos. São seqüestrados e abandonados em um local desconhecido, sofrem o famoso golpe ‘Boa Noite Cinderela’ e tem seus órgãos arrancados, entre outras brutalidades que, segundo os gringos do filme, são típicas do país onde ‘de tudo acontece’.
Crítica do filme “Turistas”
A idéia que o filme passa é que essas práticas são extremamente comuns aqui no Brasil, e inclusive uma das imagens de divulgação vem com a expressão “GO HOME” escrita, em letras maiúsculas, e destacado. A crítica chama a atenção para a campanha de marketing pesada do filme. Com um custo baixo para os padrões hollywoodianos (US$ 10 milhões), o orçamento publicitário foi três vezes maior. O que poderá refletir em uma boa bilheteria. A produção independente é da 2929 Entretenimento e os direitos de distribuição nos EUA foram comprados pela Fox Atomic, braço dos estúdios Fox voltado para o público jovem. As críticas destacam alguns absurdos, como o ônibus em que os turistas viajam pelo litoral do Brasil (“algum lugar entre São Paulo e Rio de Janeiro” – na verdade, as filmagens foram em Ubatuba e cidades próximas).
Trata-se de um modelo de transporte ultrapassado, impossível de algum viajante encarar em qualquer lugar do mundo. Para completar, os gringos contratam um motorista louco, que acaba entrando numa discussão com um americano mais alterado, perde o controle do veículo e quase cai numa ribanceira. Com o ônibus quebrado, eles resolvem descer até a praia mais próxima e passar a noite no lugar. Ficam amigos de um australiano com português fluente e um finlandês e aproveitam o cenário paradisíaco.
Primeiro vem a diversão, com piadas sobre nudismo no Brasil. “Será que posso tirar a parte de cima do biquíni?”, pergunta a gringa. “Claro! Estamos no país do topless!”, responde um desavisado. À noite, eles caem numa festa regada a mambo no lugar de samba e muita caipirinha. Só que envenenada.
Acordam na manhã seguinte à beira do mar e descobrem que roupas, passaportes e dinheiro foram roubados. Brigam com os moradores do lugarejo e um novo amigo chamado Kiko resolve ajudá-los deixando-os passar a noite numa casa no meio da mata.
Quando os gringos chegam ao abrigo, encontram passaportes de vários turistas, instrumentos cirúrgicos e muitas câmeras. Então, o sinistro doutor Zamora chega de helicóptero e eles descobrem que ali funciona um comércio ilegal de órgãos.
São descritas outras cenas bizarras do filme. Como a do médico brasileiro explicando que tira órgãos dos “ianques” para doá-los a um hospital do Rio, “como uma maneira de lutar contra o imperialismo do Primeiro Mundo”.
Outra cena com o médico brasileiro (vivido por Miguel Lunardi) é lamentável. Em um determinado momento, ele grita com os gringos aprisionados e se dirige a um deles com um tom de pele mais escuro: “Seu índio estúpido, faça o que eu digo. Agora você é meu”.
O filme seria rodado inicialmente na Guatemala, mas espertamente foi mudado por Brasil. O roteirista Michel Ross dissimula a mudanças de plano ao dizer que “mudei para o Brasil por ser um país exótico que poderia enriquecer o roteiro um bocado”. A verdade é que o público consumidor no Brasil é absurdamente maior que o da Guatemala. Sabendo de antemão que o filme, rodado no Brasil, causará polêmica e, consequentemente alimentará a curiosidade de um público que não iria assistir esse tipo de produção.
Vale lembrar que a Fox é o mesmo estúdio que produziu o famoso episódio dos Simpsons, que retratava a vinda da família dos Simpsons ao Brasil. Com a propaganda gratuita, devido aos protestos inflamados e até tentativa de processar a produtora, a Fox não precisará dispor de muitos dólares para divulgar o filme no Brasil.
Será que realmente a imagem do Brasil ficará aranhada? Perderemos turistas por causa de um filme B, descartável, de férias? Se assim fosse, não entraríamos no mar depois de “Tubarão” ou visitaríamos Los Angeles, depois de “Terremoto”, só para ficar nos clássicos. Pelo que me consta os romenos não se sentem ofendidos com turistas que associam o país ao sanguinário Conde Drácula.
Temos que aprender a tirar proveito de situações adversas. Pois chamem os gringos para conhecerem as belas cenas. Que a oportunidade não seja perdida pelas nossas autoridades em reforçar as belezas e a alegria que o filme mostra. Não se diz que o povo brasileiro é alegre e cordato? Aproveitemos para fazer humor da busca incessante do norte-americano pelo horror: “não, não há mais terroristas comedores de fígados. Estão todos nas escolas com um rifle na mão”.
Considerações Finais
A promoção de um destino turístico através de seu divulgação no cinema especializado é uma das estratégias usadas para se aumentar o fluxo de turistas dentro de um planejamento de marketing cinematográfico. Em geral, o trabalho de gerar ciclo de vida de um destino turístico, de forma que a exposição no cinema ajude a firmar sua imagem junto ao público-alvo.
Considerando que uma estratégia de divulgação no cinema deve ser direcionada aos formadores de opinião, conforme sugere Kotler, há que se identificar, portanto, quem corresponderia a este grupo quando se trata de turismo, tomando-se o cuidado para não confundi-lo com o distribuidor (operador, agente de viagens), que tem interesse comercial direto da venda.
Questiona-se aqui, no entanto, a superexposição de um destino. Até que ponto vale a pena explorar exaustivamente sua imagem. Ao expormos um destino turístico ao cinema, a exploração massiva nos meios de comunicação corre o risco de descaracterizá-lo, ou contribuir, mesmo que inadvertidamente para que perca sua espontaneidade, senão sua própria identidade.
Referências Bibliográficas
MIDDLETON, Victor T.C e Clarke, Jackie. Marketing de Turismo, Teoria e Prática. , 3ª edição. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
COBRA Marcos. Marketing de Turismo. 1ª tiragem. São Paulo, SP: Cobra Editora &
Marketing. 2001.
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