O Folclore vem do inglês folk=povo e lore=conhecimento e significa “sabedoria popular”; essa é a definição mais simples do que seja folclore e o estudo dos costumes e tradições de um povo. É tudo aquilo que expressa as maneiras de pensar, agir e criar, ou seja: o conhecimento da cultura e da própria vida cotidiana. É o conjunto de lendas, mitos, histórias, cantigas, crenças que vão cada vez mais enriquecendo a nossa história.
O folclore nasce de diversas manifestações culturais que não se podem ser transmitidas pelos livros. A cultura é disseminada de várias formas: na escola, as pessoas são preparadas e, através do seu conhecimento, exercem futuramente uma profissão – é a chamada “cultura erudita”. Mas, infelizmente, não é isso o que acontece. Apesar de ser um direito de todos, muitos cidadãos sequer chegam a ir à escola ou tem o conhecimento desse tipo de cultura.
Questionaram-se o sentido de saber, os seus limites. Para alguns, a cultura material estava excluída – artesanato, técnicas populares como a culinária, a arquitetura, os de instrumentos musicais estariam fora do conceito e do campo de estudo. Para outros, a cultura material somente estaria integrada ao folclore quando estivesse ligada à cultura não-material – estudos da música folclórica incluiriam os instrumentos musicais; o estudo das festas tradicionais incluiria a sua culinária etc..
Para algumas pessoas, folclore é o mesmo que cultura ou vice-versa. Não há como se saber o que é folclore, se não se tem o conhecimento do que chega a ser cultura. Uma sociedade que não tem identidade cultural se reduz a absorver tudo o que é inútil de uma outra sociedade e, sem o conhecimento, se rende à alienação e ao domínio cultural.
Algumas pessoas pensam que a identidade brasileira é apenas representada por um jogo de futebol, uma roda de samba. Por isso, não há uma expressão do caráter nacional e cultural de nossa sociedade, pois ela nem mesmo sabe o que é a sua cultura ou nem sabe que o folclore existe, considerando-se como algo menor ou que veio do exterior.
Outra maneira de transmissão do fato folclórico acontece por meio dos veículos de comunicação. Nos dias de hoje, a televisão, os rádios e os jornais tornaram-se grandes controladores da cultura se aproximando cada vez mais do folclore. São meios eficientes de propagação da cultura, pois milhares de pessoas têm acesso a eles. O que por um lado parece ser encantador, por outro, assusta – esses meios de reprodução de uma cultura de massa impõem gostos e padrões, influenciando muito o seu público-alvo. E todos nós sabemos que, para a “indústria cultural” não há arte, tradição ou ritual. Há produtos que interessam à indústria pelo seu valor comercial. Para ela, se esses produtos vendem e dão audiência, eles são bons. O exemplo que caracteriza essa afirmação é o fato de que telespectadores de Recife e Olinda, conhecidas por serem as capitais do frevo, são obrigados, na época do carnaval, a assistir pela televisão toda a programação das Escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo. Com isso, há uma perda significante das características locais da região. Esse contraste cultural é posto pelo simples fato de que Rio e São Paulo são centros urbanos de melhor posição socioeconômica do país. Para a mídia, só as novidades culturais que provêm desse eixo é o que interessa o que é importante.
Por fim, os limites e sentidos semânticos da palavra povo e a inserção da idéia de sociedade de classes, implícita no conceito de folclore, atrairia para a discussão intelectuais marxistas, com análises, posições, idéias e teorias próprias, em geral divergentes do que se havia estabelecido, aumentando a controvérsia.
O autor do livro cita uma outra forma bastante eficaz de aprender cultura: a cultura espontânea. Esse tipo de saber flui através das relações interpessoais. Passa de geração a geração e constitui-se dos costumes e da vivência de nossos familiares e amigos. É mais informal e resume as experiências do nosso dia-a-dia, em contato com as de outras pessoas. E esse conjunto de experiências que é o nosso folclore.
É fácil identificar um fato folclórico a partir das seguintes características: há coletivização anônima do que se cria e reproduz; é tradicional, pois ainda resiste a padrões de dominação da sociedade, sendo vivo e atual para as classes produtoras e useiras de sua própria cultura; persiste por anos e anos e preserva o fato folclórico. O folclore resiste a desaparecer e está, a todo o momento, se modificando. Ele perdura, fazendo com que aquilo que nele em algum momento se recriou, em um outro seja consagrado. A criação do folclore é algo pessoal. Alguns objetos, sons e símbolos são transformados pelo trabalho que cada indivíduo faz sobre si mesmo. Por isso, o ser humano é criativo e recriador, deixando a sua marca peculiar naquilo que ele produz.
Porém, atualmente, o folclore vem perdendo o seu valor nos centros urbanos, sendo considerado como algo conservador e antiquado. As pessoas não se interessam mais por obras anônimas, valorizando apenas aquelas de autores reconhecidos. Elas acreditam que só em meio à cultura erudita ou a uma cultura popular urbana existe uma criação nominada de autores individuais.
Um texto sem autoria há algum tempo atrás já pertenceu a algum autor. Mas, com o passar do tempo, a sua autoria foi se despersonalizando, fato que faz com que essas obras percam credibilidade. Por isso, o folclore no interior é mais preservado e absorvido pela comunidade, pois o povo aceita o fato folclórico, toma-o para si, modificando e dando origem a inúmeras variantes. A comunidade rural incorpora as manifestações ao seu repertório, considerando-as como suas.
É importante preservar o patrimônio cultural do mundo (línguas, tradições orais, as músicas, o artesanato, as crenças, etc.). Para grandes sociedades, essas dimensões do tecido cultural evoluem ao contato com outras culturas, através das migrações da mídia, e, mais recentemente, da internet. A mudança é fonte de riqueza, mas também de empobrecimento. Ás vezes, por força dos empréstimos, ou porque submetidas a fortes pressões de outras culturas, algumas desaparecem para sempre.
As famosas cantigas de roda e a antiga história da Dona Baratinha são costumes que já caíram em desuso. Nenhuma criança tem a curiosidade ou interesse por esse tipo de cultura, que foi substituída por vídeo games, computadores, etc. Um menino de situação privilegiada ainda está muito distante de manifestações como a “Folia de Reis”, as vaquejadas, etc., o que o acaba privando-o de um conhecimento folclórico mais amplo e faz com que ele desconheça algumas figuras lendárias típicas.
Ou seja, é necessário preservar certas formas frágeis de expressão cultural, para que elas não se percam no tempo. A valorização do folclore, o reconhecimento de que cada manifestação popular é importante, faz com que ele se desenvolva cada vez mais e contribua para a formação cultural da nação. Não se pode permitir que algo tão criativo e dinâmico como o fato folclórico entre em decadência e seja abandonado. Pode deixar de existir, sendo mero resquício de culturas paradas no tempo.
O folclore é universal e tradicional em seus temas e motivos, que devem ser considerados invariantes. É regional e atualizado na ocorrência das variantes, que são o resultado da criatividade do portador do folclore e de sua comunidade.