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sexta-feira, novembro 22, 2024

CONCEITO DE MEMORIA

Vani Moreira Kenski explica sobre o conceito e as vantagens da memória. Ela diz que um fato ou coisa acontecido anteriormente e que nos vem à lembrança caracteriza a memória. Essa virtude tem utilidades em tribunais, em propagação de costumes e valores culturais. O homem, para enaltecer heróis e políticos ou patrimônio, constroem memoriais, como bustos, monumentos, etc.

O estudo da memória remota a tempos remotos, (antiguidade grega).

Mesmo para fazer o artigo, a autora exemplifica seus atos, com manejos com a memória, fazendo interligações com vários outros escritores e outras leituras.

Mitológico:

Mnemosyne era a deusa da memória (Grécia antiga), mãe de Melete, Mneme e Aoidé (Exercício, Memória e Canto, respectivamente), daí, a necessidade dos poetas apelarem para a deusa e suas filhas, caso contrário a inspiração não viria. O poeta era, então, o intérprete dessas deusas. Com o exercício da memória, exigido pelo canto às deusas, o poeta transpunha para as páginas e eternizava a memória do povo. O poeta, em destaque a que ela se refere era chamado Borges.

Orgânico:

Borges se posiciona no sentido de que memória é a verdade. A autora questiona: Não poderia ser também, ficção? Diz ela que nossos estímulos nervosos conscientes ou não provêm da memória que adquirimos desde a formação do homem, além de fatos como: Postura, idioma, hábitos culturais, tanto individuais quanto em grupo.

Ao vivenciar uma experiência, nosso sistema cria um “caminho” para as informações fluírem. A perda desse caminho acarreta a perda da memória e consequentemente, leva até às lesões de movimentos, fala, etc.

Emocional:

A complexidade da memória é indecifrável pela ciência. A interpretação emocional de uma história (infantil ou não) varia em vários aspectos, de indivíduo para indivíduo. Porém, a entonação, os gestos e a capacidade de transmissão de emoções, por quem conta uma historia, podem nivelar a interpretação de quem as escuta…Principalmente pelas crianças.

Aquele “branco” que se dá em determinadas épocas de nossa vida, não é eliminado da memória. (Apenas “perdeu o caminho”), mas é lembrado através de sonhos, que geralmente são repetitivos, atos falhos. Geralmente são acontecimentos traumáticos que nosso “sistema de segurança” bloqueia evitando conseqüências piores ao não saber lidar com aquela lembrança.

Por outro lado, também “coisas boas” são bloqueadas pelo nosso sistema, senão, como conseguiríamos viver com tantas lembranças (de anos e anos atrás) no nosso cotidiano? Esse depósito da memória é o chamado inconsciente. Essas lembranças, oportunamente, dependendo das emoções, poderão vir à tona. Mas não por imposição da memória. Depende de um fator externo que faça a ligação com a lembrança.

Social:

Halbwachs afirma que o presente não é totalmente original, mas uma seqüência do passado, como uma corrente. O mesmo diz Bérgson. É um refazer e um repensar. Porem, para Halbwachs, a função “retentiva” da memória não é uma teoria compartilhada com Bérgson. Há a dependência do indivíduo com o grupo social em que vive. (Linguagem, costumes, religião)

Cultural:

Uma corrente teórica da escola de Frankfurt, que estabelece relações marxistas e freudianas (Psicanalítica). Dahmer ressalta os malefícios que, às vezes, a cultura traz ao indivíduo desde seu nascimento. O individuo tem que renunciar à sua individualidade e proceder conforme dita as regras de seu povo (Pecado, erro, indisciplina, tara, etc.). Essa “prisão” acarreta a violência, a droga, as manifestações através da arte ou do comportamento, o conflito das gerações.

Através das leis, das punições e do medo das conseqüências, o indivíduo, em geral, bloqueia o inconsciente repleto de memórias “proibidas”…Senão seria o caos na humanidade.

Ficcional:

Nem sempre a memória obedece cegamente aos costumes e aos meios do indivíduo. Às vezes, ele “conta” ou “inventa” uma história para fantasiar a memória. Dessas fantasias nasce a criatividade humana, senão hoje, tudo seria como há cem anos atrás. Esse procedimento tem seus limites, ou se tornaria uma neurose em que tudo é fantasia, perdendo o elo com a realidade.

Tecnológico:

A tecnologia é prejudicial para a memória. Prejudicial no sentido de exercício. Lembrança. A pressa de nossos dias nos impede o pleno raciocínio porque a máquina o faz por nós. Ao mesmo tempo, essa tecnologia, embora dispensando-nos do esforço de lembrar, através da imagem, dos pendrives, do computador, cinemas, etc., colocam tudo à nossa frente facilitando o acesso à memória.(Funcionando de fora pra dentro).

Virtual:

De um tempo para cá, o indivíduo que habitava a zona rural, pouco se dava conta do que era o mundo exterior, senão por conversas com amigos, rádios, etc. Hoje, ele conta com uma janela aberta para o mundo, e se inteira de tudo e de todos que acontecem “lá fora”.

Há também, como explicado anteriormente, a saraivada de fatos que faz afluir a memória, como: filmes, reportagens, revistas, novelas, documentários na TV,celulares,etc.

Com tudo isso, a memória continua como nos primeiros tempos. Inalterável, só que facilitamos sua movimentação. Podemos ainda criar, estudar, ensinar e darmos asas à imaginação e aproveitarmos essa virtude tão divina que temos.

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