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sábado, novembro 23, 2024

A NARRATIVA DOS CONTOS DE FADAS

A necessidade infantil da mágica e A narrativa dos contos de fada.
(Bettelheim, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980).

Introdução

O filme A Nova Cinderela mostra a história de Sam Montgomery (Hilary Duff), uma estudante do colegial nerd desprezada por todos. Ela vive com sua madrasta e suas irmãs na Califórnia e tem poucas amigas no colégio entre elas Shelby Cummings (Julie Gonzalo), uma menina rica, mimada e superficial. Mas as atitudes e a aparência de Sam mudam após o baile seu telefone celular é encontrado por Austin (Chad Michael Murray), um garoto misterioso com quem ela encerra seu conto de fadas moderno.

A Necessidade Infantil da Mágica

Para dominar desejos insatisfeitos, os contos de fada, desde suas origens, representam importantes formas de expressão, como representações psíquicas, encerram os dramas em uma linguagem poética e transformam nossos desejos, tornando-os aceitáveis a nossa consciência.
Os contos de fadas simbolizam fantasias infantis, exercem uma grande função ao desenvolvimento infantil levando a criança a conhecer o mundo e a se conhecer. Os contos de fadas sempre tentam distrair ou instruir–las, podendo ser valioso na educação das crianças, pois constrói um mundo, otimismo e até mesmo a crença de que seus sonhos metafóricos e simbólicos podem se realizar, com uma linguagem acessível mostra questões humanas, que as crianças ou jovens vivenciam, mas muitas vezes não tem condições de verbalizar. A magia dá forma de desejos, de sonhos, os cenários aguçam a imaginação.

A criança confia nos contos de fada porque é a sua mesma visão de mundo, qualquer que seja sua idade. Por exemplo, nos adultos até hoje quando pensamos em Papai Noel embora saibam que ele não existe, imaginamos completamente toda sua existência real, imagine uma criança que vive tudo isso completamente para ela a espera do Natal é motivo de insônia, de alegria, de descoberta. O que aconteceu? Por onde o velhinho de barba branquinha passou? Como ele entrou?

Porém devemos levar a criança não confundir imaginação com mentira, o real e o imaginário. Devemos considerar que o real esta repleto de imaginação e o que existe no mundo da fantasia também pode se tornar realidade é só acreditar.

Para que uma história prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e tornar claras suas emoções, estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações, reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam. (Bettelheim, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.p.13).

O jogo do “faz de conta” divertem e distraem a imaginação e a realidade, talvez por isso não se deva “explicar” à criança o sentido dos contos de fadas, senão os efeitos das palavras de quem contam e de quem escuta perca o efeito da sua expressão, seu fascínio que descobre a cada momento. Afinal sem fantasia, a vida não tem graça.

Uma criança confia no que o conto de fadas diz por que a visão de mundo aí apresentada está de acordo com a sua. Seu pensamento é animista. (Bettelheim, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.p.59).

A Narrativa dos Contos de Fadas

As narrativas devem ser contadas com ênfase, estimulando a imaginação da criança fazendo com que ela ou o jovem nunca deixam de desistir, sempre enfrentar os obstáculos. Neste processo, cada criança depreende suas próprias lições dos contos de fadas que ouve no seu momento de vida, assim como no filme. A Nova Cinderela onde Sam Montigomery (Hilary Duff) enfrenta a madrasta para conseguir a ascensão na sua vida.

Infelizmente, muitos pais desejam ver seus filhos com as cabeças funcionando racionalmente como a suas, e acreditam que a maturidade deles dependa do ensino lógico oferecido na escola e do repasse do conteúdo pedagógico-lógico. Esquece-se de explorar os sentimentos de seus filhos ingrediente fundamental para a formação do caráter da criança, desconsideram os contos de fadas como se estes girassem confusão entre o real e o fantástico, não se dão conta que o conteúdo rico, é uma fórmula mágica capaz de envolver a criança se bem contado despertando seus sentimentos, valores e justiça.

O conto de fadas deveria ser contado em vez de lido. Se ele é lido, deve ser lido com um envolvimento emocional na estória e na criança, com empatia pelo que a estória pode significar para ela. Contar é preferível a ler porque permite uma maior flexibilidade. (Bettelheim, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.p.185).

Os contos de fadas por sua essência podem ser vistos como pequenas obras de arte, capazes de nos envolver em seu enredo, de nos instigar a mente e comover-nos com a sorte de seus personagens. Causam impactos em nosso consciente porque tratam das experiências cotidianas, e permitem que nos identifiquemos com as dificuldades ou alegrias de seus heróis. Não fossem assim tão verdadeiros não despertariam nem se quer o interesse nas crianças que buscam neles além da diversão, um aprendizado apropriado à sua segurança. Caracteristicamente envolvem algum tipo de magia, metamorfose ou encantamento, animais falantes são muito mais comuns neles do que as fadas. Ouvir uma história permite-nos poder ir mais longe à nossa própria vida, a fim de nos perguntarmos o que teríamos feito se não tivéssemos encontrado uma reflexão, experiência de vida sobre as dificuldades que os personagens encontram. A narrativa não fala diretamente sobre a morte ou sofrimento.

Atualmente o termo narrativo engloba uma variedade de elementos herói ou heroínas jovens, corajosos e habilidosos que passam por aventuras estranhas, por vezes mágicas, madrastas ou padrastos malévolas. Toda história se desenrola no sentido de demonstrar um princípio moral.

Os contos de fadas descrevem estados internos na mente, por meio de imagens e ações. Como reconhece a infelicidade e a mágoa quando uma pessoa está chorando, assim também o conto de fadas não precisa se estender sobre a infelicidade de uma pessoa. Quando a mãe de Cinderela morre, não contam que a Cinderela sofreu pela mãe ou lamentou a perda e se sentiu sozinha, abandonada desesperada, mas simplesmente que todos os dias ela ia ao túmulo da mãe e chorava. (Bettelheim, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.p.190).

Conclusão

Por tudo isso, somos levados a acreditar que a importância da fantasia, do mágico e da estrutura narrativa esta apresentada no filme A Nova Cinderela são responsáveis por enfatizarem o caráter do fantástico, do mágico comparando com as atitudes dos seres humanos, dessa relação ser necessária para o desenvolvimento do indivíduo, na esperança de que possa compreender que a arte é o resultado sensível do olhar humano sobre a realidade do mundo.

Bibliografia

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

ABRAMOVICH,Fanny.Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices.São Paulo,Scipione,1994.

COELHO,Nelly Novaes.Literatura Infantil :Teoria-Análise-Didática.São Paulo,Ática,1991.

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