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terça-feira, novembro 19, 2024

REFLEXÃO SOBRE APRENDIZAGEM

Como de costume, a teoria de Vygotsky fora apresentada a partir da exibição de um filme, um documentário sobre o assunto, que possibilitou uma visualização ampla sobre a teoria, após o documentário, já em outro momento, assistimos trechos do filme o Náufrago, o que nos permitiu fazer uma leitura e uma discussão sobre as teorias de Piaget e Vygotsky, perceber as diferenças entre as duas; uma vez que são teorias diferentes, não complementares, mas que se articulam entre si.

Piaget e Vygotsky partem de problemas diferentes por isso chegam a diferentes pontos de vista, enquanto Piaget buscava compreender: “Como é possível o conhecimento? Como se pode passar de um conhecimento menor a um maior? Como os homens constroem o conhecimento?”, numa perspectiva macrogenética; Vygotsky buscava responder: “Qual a relação entre os seres humanos e o seu ambiente físico e social? Quais as formas de atividade que fizeram com que o trabalho fosse o meio fundamental entre o homem e a natureza e quais as consequências psicológicas dessas formas de atividade? Qual a natureza das relações entre o uso de instrumentos desenvolvimento da linguagem? Uma perspectiva em quatro níveis: filogenético: história da espécie animal; ontogenético: desenvolvimento do ser biológico; sociogênese: história cultural, cultura alargador das potencialidades, cada cultura organiza o desenvolvimento de um jeito; e microgenético: cada fenômeno psicológico, não determinismo, diferenças individuais.

Para Vygotsky o funcionamento psíquico não é inato e não apenas do ambiente, ele possue uma postura sócio interacionista, e é a partir desta relação, sujeito mundo, que a criança se desenvolve e constroe o conhecimento, no entanto essa relação com o objeto de conhecimento não se dá de forma direta, ela é mediada por instrumentos e signos, há a possibilidade de uma representação mental, relação com o mundo a partir de uma internalização simbólica. Signos lingüísticos são construídos culturalmente e tem como função a comunicação; a língua encaixa com o pensamento, usar a linguagem implica visão generalizada do mundo, o ato de nomear é: classificar, capacidade de abstrair.

O significado é um fenômeno do pensamento. O ponto de chegada da língua é o funcionamento interior, o pensamento apoiado nas palavras dentro da cabeça, a linguagem é um instrumento do pensamento.

A aprendizagem promove o desenvolvimento, diferente de Piaget que considera que o desenvolvimento possibilita a aprendizagem.

Após o momento da fase egocêntrica, a criança internaliza a linguagem como organizadora do pensamento. A estrutura cognitiva é formada a partir do social, e é ela que dá uma interpretação aos eventos, a postura interacionista de Vygotsky coloca dois aspectos fundamentais: o conhecimento é construído na interseção entre sujeito e objeto, e a ação do sujeito sobre o objeto é socialmente mediada.

A linguagem estrutura o pensamento, ela é aprendida através da cultura, a aprendizagem se dá do inter para o intra, por aprender é que nos desenvolvemos.

Num primeiro momento a criança tem o pensamento pré-linguístico, utilização dos instrumentos e inteligência prática; a fala egocêntrica é uma fala externa, o pensamento ainda está descolado da linguagem, no processo da fala egocêntrica a fala externa e o pensamento se acoplam, permitindo um pensamento verbal e linguagem racional (transformação do biológico no sócio-histórico).

A interação com membros mais maduros da cultura que já dispõem da linguagem estruturada e que vai provocar um salto qualitativo do pensamento verbal. Quando os processos de desenvolvimento do pensamento e da linguagem se unem, o ser humano passa a ter a possibilidade de um modo de funcionamento psicológico mais sofisticado, mediado pelo sistema simbólico da linguagem.

A fala egocêntrica para Piaget se trata do não reconhecimento do outro pela criança, o ponto de vista do outro, é o individual que precisa se tornar social. Já para Vygotsky é o oposto é do social para o individual, a fala é externa para depois se internalizar.

Vygotsky traz também o conceito de ZDP, zona de desenvolvimento proximal, no qual ele vem a explicar dois níveis do conhecimento, o real e o potencial, estando entre eles o mediador. Vygotsky também trabalha com outro domínio da atividade infantil que tem clara relação com o desenvolvimento e a prendizagem: o brinquedo.

Com o brinquedo a criança se aproxima com o significado das coisas e não dos objetos, faz com que ela se descole do mundo real para um mundo simbólico. Zona de desenvolvimento proximal; O brinquedo possibilita o potencializar da capacidade de simbolização e interiorização de regras, possibilita a Z.D.P.

O brinquedo também cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança, potencializando o desenvolvimento. Numa situação imaginária como a brincadeira de faz-de-conta, a criança é levada a agir num mundo imaginário, onde a situação é definida pelo significado estabelecido pela brincadeira e não pelos elementos reais e concretamente presentes, a criança simboliza como quiser o objeto.

A escrita enquanto sistema simbólico de representação da realidade está estreitamente relacionado a questões centrais da obra de Vygotsky (linguagem, mediação simbólica e uso de instrumentos). Para compreender o desenvolvimento da escrita na criança é necessário estudar o que ele chama de pré-história da linguagem escrita, deve descobrir que esta é um sistema de signos que representam a realidade e que funciona para a memória e a transmissão de conceitos e idéias. O gesto é o signo visual que contém a futura escrita criança. De inicio o próprio movimento da criança, seus gestos, é que contribuem a função do signo ao objeto e lhe dão significado. Desenho na criança como estágio preliminar no desenvolvimento da linguagem escrita. Descobrir que os traços feitos por ela podem representar algo. Descoberta básica: imitação o formato da escrita do adulto. Marcas topográficas: distribuições dos registros no espaço do papel. Representações pictográficas: desenhos utilizados como forma escrita.

Desenhar e brincar deveriam ser preparatórios ao desenvolvimento da linguagem escrita nas crianças.

Percebo que as aulas foram mais expositivas, discutimos mais o conteúdo da teoria Vygotskyana comparando-a com a teoria Piagetina; por fim fizemos um júri simulado, em que a sala foi dividida em dois grupos para cada um defender uma teoria, a conclusão de tudo foi: algo está faltando, falta à emoção da criança no processo do desenvolvimento e aprendizagem, ficamos então ansiosos por conhecer a teoria de Wallon.

Percebo ter alcançado uma equilibração majorante, contudo tenho a sensação de ainda saber muito pouco sobre as teorias, percebo também que a realização desta reflexão permitiu uma síntese e uma organização dos conteúdos na minha mente ficou mais fácil ver a teoria como um todo agora.

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