19.1 C
Sorocaba
sexta-feira, novembro 22, 2024

A MOTIVAÇÃO TURÍSTICA: FATORES DETERMINANTES DA MOTIVAÇÃO

A MOTIVAÇÃO TURÍSTICA: FATORES DETERMINANTES DA MOTIVAÇÃO

CAPÍTULO I

MOTIVAÇÃO TURÍSTICA: CONCEITO E TIPOS

1.1 CONCEITOS

O estudo da motivação considera três variáveis:

O ambiente;
As forças internas ao indivíduo, como necessidade, desejo, vontade, interesse, impulso;
O objeto que atrai o indivíduo, por ser fonte de satisfação da força interna que o mobiliza.
Com base nessas três variáveis, pode-se conceituar a motivação como sendo o processo que mobiliza o organismo para a ação, a partir de uma relação estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação. Isso significa que, na base da motivação, está sempre um organismo que apresenta uma vontade, um desejo, uma necessidade ou uma predisposição para agir. Na motivação está também inserido o ambiente que estimula o organismo e que oferece o objeto de satisfação.

A cadeia da motivação monta-se da seguinte maneira:

Ambiente – Organismo – Desejo ou Necessidade – Objeto de Satisfação.

Portanto, a motivação é um processo que relaciona desejo/necessidade, ambiente e objeto, e que predispõe o organismo para a ação em busca da satisfação da necessidade/desejo.

Abraham Maslow (1908-1970) psicólogo humanista, propôs uma teoria da motivação humana com base em uma hierarquia de necessidades. Diz que os seres humanos nascem com cinco sistemas de necessidades dispostos em hierarquia. Quando um conjunto de necessidades é satisfeito, um novo conjunto o substitui. Essas necessidades são as seguintes: necessidades de auto-realização, necessidades de estima, necessidades de pertencimento e amor, necessidades de segurança e necessidades fisiológicas.

O nível mais baixo na hierarquia de Maslow é o das necessidades fisiológicas. Elas incluem fome, sexo, água, oxigênio, sono, etc. Representam as necessidades para simples sobrevivência.

Uma vez satisfeitas as necessidades fisiológicas, tornam-se aparentes as necessidades de a pessoa sentir-se protegida, livre de perigo e garantida. Este conjunto representa a segurança. Nele inclui-se ainda a estabilidade, dependência, ausência de medo, necessidades de estrutura, etc. Estas só são vistas durante desastres naturais ou sociais.

O terceiro grupo a emergir é o das necessidades de pertencimento e amor. Elas representam a procura por amigos, família e por relações afetuosas com as pessoas. Maslow atribui essas necessidades à “nossa tendência profundamente animal de agrupar-se, congregar-se, reunir-se e pertencer a”.

O quarto nível da hierarquia inclui dois conjuntos de necessidades de estima: a auto-estima e a estima dos outros. O primeiro conjunto inclui desejo de força, conquistas, domínio e competência, confiança e independência. O segundo inclui as necessidades de respeito e estima dos outros, incorporando o desejo de fama, status, dominação, atenção e dignidade.

Finalmente, quando todas as outras necessidades estão garantidas, as pessoas procuram auto-realização, esforçando-se para realizar suas capacidades potenciais e cumprir seus ideais. Maslow usa o termo auto-realização, referindo-se ao “desejo de tornarmo-nos cada vez mais aquilo que somos, de tornarmo-nos tudo aquilo que somos capazes de tornar-nos”. Representa um “crescimento daquilo que já está no organismo… o desenvolvimento então vem de dentro e não de fora… o indivíduo fará aquilo que ele individualmente, é talhado para fazer… O que um homem pode ser, ele deve ser”.

Grande parte do comportamento humano parece ser dirigido à satisfação de motivos sociais, aqueles cujo cumprimento dependem do contato com outros seres humanos. Surgem para satisfazer as necessidades de sentir-se amado, aceito, aprovado e estimado. Aí surge o turismo como forma de integração social.

De acordo com a escala de necessidades de Maslow, o turismo pode ser considerado uma necessidade social quando a pessoa entende que deve viajar para obter determinado status e assim ser estimada pelo grupo. De outra forma, se a pessoa busca no turismo a auto-realização como atividade que lhe satisfaça e que lhe traga prazer ou auto-desenvolvimento por intermédio do conhecimento de novas culturas, o turismo virá por último na escala de necessidades do homem.

1.2 TIPOLOGIA

Possuidor de desejos, dotado de vontade livre e com a possibilidade de satisfazer suas curiosidades naturais, o homem sempre procura responder às estimulações e às motivações externas que o convidam ou impelem a ações diversas daquelas nas quais se empenha, de modo costumeiro ou quase permanente.

O cotidiano poder ser muito bom e excepcionalmente proveitoso, mas também é cansativo e saturante, a ponto de levar indivíduos e grupos à procura dos mais diversos substitutivos – mesmo que temporários –, de variáveis e de alternativas diversas, em busca de sua felicidade ou de alguma coisa que possa representá-la. Um motivo. Agora, para poder viver, o homem só descansa quando lhe é permitido dar-se ao luxo do uso da evasão a algum bolsão da natureza para recompor-se, para descansar das torturas de horários rígidos, organogramas indignos e cronogramas desumanos, todos regidos pelo próprio homem.

“Motivo é uma experiência consciente ou um estado inconsciente que serve para criar o comportamento geral e a atuação social do indivíduo em uma determinada situação” (Brit, 1976). Em outras palavras, são forças determinantes da conduta humana; e no turismo, motivo é o desejo e a necessidade que impulsionam o homem a viajar.

Motivo ou motivação, refere-se a um estado interno que resulta de um desejo ou necessidade e que ativa ou desperta comportamento usualmente dirigido ao cumprimento do desejo ou necessidade ativante.

Resultantes destes desejos e necessidades surgem as motivações turísticas, que giram em torno da procura por diversão, entretenimento, negócios, saúde, aculturação, etc.

De acordo com Arrillaga (1976), as motivações para viajar podem ser várias: desejo de viajar por viajar; desejo de fazer coisas que implicam uma viagem; desejo de viver novas experiências para quebrar a monotonia; busca de felicidade.

Acerenza (1991) classifica as motivações pela “imagem” do lugar, imagem que a pessoa pode ter por vários meios: experiências próprias anteriores; relatos de amigos; mídia; livros documentais ou de ficção; imaginação criativa.

1.2.1 Classificação

Também de acordo com Arrillaga, as motivações fundamentais obedeceriam à necessidades:

De evasão (do cotidiano em geral, das condições de trabalho, de moradia, de vida social, ambientais)

Esta motivação está no plano psicológico da escala de necessidades de Maslow;

De descanso

Muito ligada à anterior. Descansar estaria dentro do plano das necessidades fisiológicas. Implica descanso corporal mais do que psíquico (que se daria na evasão);

Terapêuticas

É um conceito discutível, pois há a obrigatoriedade de viajar para fazer determinado tratamento, e há uma confronto com o conceito de turismo como atividade exercida de livre e espontânea vontade. Além das necessidades, a vontade de viajar estará influenciada pela propaganda e pelo mimetismo e condicionada pelas possibilidades concretas: dinheiro, transporte, tempo.

As motivações turísticas, de acordo com o pensamento de Arrillaga, classificam-se em:

Diretas e indiretas:

Dificilmente há um só motivo para viajar. Em geral as pessoas viajam para fazer várias coisas. Um exemplo seria de vir a Manaus para tratar de Negócios e, de passagem, conhecer Presidente Figueiredo.

Principais e secundárias

A motivação para viajar é secundária quando surge como uma conseqüência de outra coisa;

Próximas e remotas

Normalmente as pessoas têm uma motivação próxima do tempo, até uma motivação futura. As motivações remotas são aquelas que obedecem à lembrança de uma experiência passada.

Individuais e causas sociais

Quando uma pessoa viaja para satisfazer suas necessidades psíquicas, de auto-realização e auto-desenvolvimento, está atendendo motivações individuais. Quando se sente obrigada a viajar a um determinado lugar porque lhe confere status, está obedecendo a uma causa social. As motivações sociais atendem a um fenômeno conhecido em turismo como mimetismo e que tem, na sua base, a imitação. Pode ser definido como o propósito consciente de ser e fazer igual ao outro ou , como “comportamento que consiste em copiar as ações de outras pessoas de uma forma intencional”. (Cabral, s.d., p 181). Há uma teoria com base em estudos na imitação de classes, que diz que a classe A procura novos núcleos, que são invadidos pela classe B. Quando isso acontece, a classe A procura um novo núcleo. Quando o núcleo é invadido pela classe C, a B desloca-se para o núcleo aberto pela A e assim sucessivamente. Da mesma forma, a teoria do mimetismo em turismo justifica as “causas sociais” para conhecer determinado núcleo; se todos os pares vão, a pessoa sente-se socialmente obrigada a ir também.

De acordo com José Vicente de Andrade (1995), “a intensa atividade humana e os desgastes dela decorrentes levaram a própria sociedade a procurar recursos capazes de fornecer aos indivíduos os necessários meios para o atingimento de muitas de suas aspirações, entre as quais, a prática do lazer e do turismo.” As principais motivações, segundo Andrade, são:

Desejo de evasão

É fundamental para a existência de deslocamentos e estada em lugares diferentes, por livre disposição pessoal, pois, como sujeito do turismo, o indivíduo sofre e cria motivações que o levam a optar por modalidades, tipos e formas turísticas, de acordo com seu interesse, suas posses e dentro dos limites possíveis de tempo disponível. Fuster escreve que o turismo motivado pelo desejo de evasão apresenta as seguintes características. (1) é produto característico das grandes metrópoles; (2) é movimento temporário que dura, psicologicamente, até quando a comunhão com a natureza se satura e o cotidiano recobra seu atrativo, (3) surge com mais força, quando chega o verão ou em climas mais frios. O desejo de evasão é humano, natural e freqüente, pois a única forma que as pessoas possuem para livrar-se dos ambientes em que vivem é sair deles, temporária ou definitivamente.

A necessidade de evasão

Manifesta-se pelo próprio fato de que as pessoas sentem necessidade de trocar de ambiente físico, de mudar de relações sociais, de ampliar ou diminuir o número de seus amigos. A civilização industrial e o ambiente tumultuado, barulhento e desumano das grandes cidades geram a possibilidade de um estado de opressão tal que obriga os indivíduos a procurarem lugares diferentes e tranqüilos e a encontrarem-se com outras pessoas e outras culturas, a fim de conseguirem algum tipo de liberdade e fazerem uma reciclagem para continuarem a viver com seu status sem vitimarem-se física e psicologicamente nem se tornarem elementos propagadores de desajustes e neuroses sociais;

Espírito de aventura

Por causa do planejamento e da organização, as oportunidades para aventuras autênticas tornaram-se exclusividade para pessoas especiais, componentes de um grupo cada vez mais restrito. Os próprios turistas, mesmo em busca de aventuras, procuram recursos específicos que lhes dêem todas as garantias necessárias;

A aquisição de status

A prática do turismo implica certa sensação de mobilidade social vertical ou promoção na escala social. Confere prestígio e, se não chega a promover o turismo à classe social mais elevada ou pretendida, pelo menos cria a impressão pessoal de algum tipo de progresso social ou privilégio. De qualquer forma gera no turista a expectativa de que sua viagem – na medida da importância que ele mesmo ou outros a ela atribuem-lhe – proporciona a aquisição de status social mais elevado;

A necessidade de tranqüilidade

O turismo é uma das várias atividades humanas que não dispõe de condições de existência fora do clima de paz, de cooperação e tranqüilidade: é a própria indústria da paz e bem-estar.

A motivação cultural

Motivação cultural é o desejo e a necessidade de transferência do ambiente em que vive o turista. O turismo exerce a ambivalente e concomitante função de agente aculturador, elemento suscetível e de sensibilização por culturas diferentes que a do próprio turista. Assim, pelo próprio desejo e pela necessidade de participar de ambientes e sociedades diferentes dos que lhe são próprios, ele se dispõe a interferir e a integrar-se, em um processo cultural, como elemento ativo e passivo de influência. A simples presença de turistas no núcleo receptivo desencadeia um processo dinâmico e irreversível, cujas conseqüências possuem o caráter da imprevisibilidade, pois as diferentes culturas, a do turista e a do núcleo, podem se completar ou se repudiar.

A motivação comercial

O desejo de possuir mais e melhores bens leva os indivíduos às mais diversas atitudes, de acordo com suas tendências pessoais, suas necessidades de aquisição e sua visão a respeito da vida e das coisas. Por isso, a necessidade de adquirir bens forma uma das mais fortes motivações que levam as pessoas a viajar, criando a demanda que fez surgir o turismo de compra. A motivação de compras, embora com aspectos semelhantes à que leva aos negócios, não se identifica com o chamado turismo de negócios, porque fazer compras pessoais, no transcorrer de viagens turísticas, é normal, natural e conseqüência dos interesses que a própria viagem e suas novidades e atrativos despertam.

CAPÍTULO II

FATORES DETERMINANTES DA MOTIVAÇÃO

1.1 TIPOS DE TURISTA

Entende-se por turista:

“O visitante temporário, proviniente de um país estrangeiro, que permanece no país mais de 24 horas e menos de três meses, por qualquer razão, exceção feita de trabalho. (OMT, 1992)”.

Há várias formas de se classificar os turistas. Plog, em 1972, idealizou o modelo cognitivo-normativo, que é o seguinte:

Alocêntricos

Turistas exploradores, aventureiros, extrovertidos e autoconfiantes, em busca de lugares novos. Para eles, o turismo é uma forma de expressar e satisfazer sua curiosidade;

Psicocêntricos

São pessoas ansiosas, inibidas, avessas a aventuras e preocupadas com os pequenos problemas da vida. Só viajam a lugares que lhe sejam familiares, utilizando-se de “pacotes”. Deixam-se levar pelo mimetismo. Esperam que no núcleo turístico haja as mesmas coisas que no seu local de origem. Só viajam em grupos;

Mesocêntricos

Correspondem ao segmento quantitativo mais numeroso, o chamado turismo de massa.

1.2 CLASSIFICAÇÃO

No final do séc. XIX surge o conceito de lazer, que passa a ser considerado uma necessidade das pessoas, para recompor suas forças de trabalho, e, ao longo do século, torna-se um bem de consumo, na medida em que foram criados equipamentos e atividades específicas para direcionar o lazer, surgindo uma demanda para este consumo. Neste contexto, o turismo entra como uma das opções.

Para que haja consumo de lazer e turismo, é necessário que as pessoas tenham preenchido em primeiro lugar as suas necessidades vitais, para o que devem desembolsar parte de sua renda mensal. Portanto, para haver consumo de lazer e turismo, deve sobrar dinheiro. O consumo turístico é considerado um consumo supérfluo.

O turismo como forma de lazer acontece dentro do tempo livre das pessoas. Para que uma pessoa, tendo tempo e dinheiro disponíveis, decida optar pelo turismo como lazer, deverá haver uma determinada motivação e fatores determinantes. As motivações são as causas subjetivas que fazem com que o turista decida sua viagem. E os fatores determinantes é que vão fazer com que o turismo se concretize ou não.

Os fatores determinantes, de acordo com Arrillaga, podem ser originários do turista, da infra-estrutura ou externo a ambos.

Estes fatores podem ser classificados em: fatores socioculturais, econômicos, naturais e geográficos, além dos fatores psicológicos.

1.2.1 Fatores Socioculturais

Os fatores socioculturais estão ligados diretamente ao núcleo receptor. Podem ser considerados fatores sociais e culturais os seguintes:

Avanço tecnológico

No decorrer do século XX, os avanços tecnológicos mudaram os hábitos e as formas de ver o mundo das pessoas. As vantagens da tecnologia são muitas, mas no turismo pode-se dizer que são: a contribuição para uma maior eficiência da máquina administrativa; a otimização no trabalho das reservas em companhias aéreas, hotéis e agências de viagens; a facilidade na comunicação extra e inter empresarial; a dinamização na veiculação de informações sobre as localidades turísticas; etc. Esta última pode ser considerada uma das principais, pois hoje o turista é muito exigente e sempre que pretende deslocar-se, procura informações abrangentes sobre a localidade que deseja visitar. Informação é fundamental no turismo.

Hospitalidade do núcleo receptor

Em turismo fala-se muito em interação entre núcleo receptor e turista. Os primeiros a transformar um lugar para acomodar o turismo são as pessoas da própria comunidade. Um povo hospitaleiro é fundamental para que se concretize a interação, principalmente a cultural, que é o que um turista mais busca. Uma comunidade que aceita o turismo e com ele pessoas de diferentes lugares tende a crescer tanto economicamente como culturalmente. O turismo geralmente é visto somente como uma forma de crescimento econômico, uma visão errada. As pessoas da localidade devem procurar acomodar os turistas da melhor maneira possível, pois receberam um retorno muito mais gratificante, pois os turistas geralmente voltam e fazem a chamada propaganda boca a boca, fazendo com que o núcleo receba mais e mais turistas.

Infra-estruturas básica, turística e de apoio

Por infra-estrutura entende-se a base material, o conjunto de edificações, obras e serviços públicos que garantem o mínimo conforto da vida urbana atual. (Margarita Barretto, 1997).

A infra-estrutura turística é constituída pela infra-estrutura de acesso (estradas, aeroportos, portos, rodoviárias), pela infra-estrutura básica urbana (ruas, iluminação pública, saneamento básico, etc.), pelos equipamentos turísticos (construções que oferecem a prestação de serviços turísticos como alojamentos, agências, transportadoras), e pelos equipamentos de apoio (instalações que propiciam serviços que não são exclusivamente turísticos, mas que são indispensáveis para o desenvolvimento da atividade (hospitais, locadoras de automóveis, restaurantes, lanchonetes, etc.)

De acordo com Doris Ruschmann, uma localidade deve oferecer facilidades nas prestações de serviços ao turista. Classifica em requisitos básicos a existência das três infra-estruturas.

Dentre estes requisitos exigidos, há um primordial: a existência de atrativos, sejam eles naturais ou artificiais. A cidade deve estar preparada para receber pessoas, possuindo já a infra-estrutura básica. No que tange aos turistas, a cidade deve oferecer locais que sirvam para hospedar e alojar uma demanda turística. Não só alojamentos como também restaurantes, agências de viagens que ofereçam serviços de receptivo, comércio de artigos da localidade, sistemas de transportes qualificados e organizados, etc.

Segurança e estabilidade política

É um dos principais fatores sociais. Nenhum turista vai sair do seu local de origem para passar por complicações e experiências desagradáveis. Doris Ruschmann diz que “a falta de segurança e dos direitos legais dos cidadãos e dos visitantes constitui um dos fatores limitantes para o desenvolvimento do turismo internacional. O turista aprecia a existência da lei e da ordem. Inúmeros exemplos, em nível mundial, confirmam que conflitos políticos, terrorismo e instabilidade social provocam cancelamento de reserva de milhares de turistas, levando os empresários do país onde ocorre a crise ao colapso financeiro.” Segurança é fundamental, tanto para a comunidade local quanto para os turistas. Segundo pesquisa feita pela Revista Exame, 10,8% dos turistas disseram que um dos principais pontos fracos do Brasil é a segurança.

Violência, Desemprego e Pobreza

Atualmente no Brasil, o auto índice de violência é assustador. Este é um fator social urbano que prejudica e influencia bastante na vinda de turistas para o país.

A prática de violência contra turistas também possui um índice altíssimo, principalmente em grandes capitais como o Rio de Janeiro. Com a ajuda da mídia, a contribuição para que o turista se sinta desmotivado a sair de seu local de origem é muito grande.

Como já foi dito anteriormente, para se praticar turismo precisa-se de tempo e dinheiro disponíveis. Uma pessoa desempregada não tem como realizar turismo. Há outras necessidades que precisam ser satisfeitas, antes do turismo.

A pobreza é um fato alarmante em nosso país. A renda é distribuída de forma desigual e o baixo grau de instrução das pessoas ajuda para que permaneçam fora do mercado de trabalho, que exige hoje boa qualificação profissional, seja no turismo como em qualquer outra área.

Doris Ruschmann faz um comentário quanto a esta questão: “Em alguns países de Terceiro Mundo, os padrões de vida são tão baixos que os turistas não conseguem evitar o confronto direto com as condições de miserabilidade de certas camadas da população e as conseqüências dessa miséria: delinqüência e violência. Obviamente que essa experiência é frustrante para o turista que está em busca de prazer e divertimento. A extrema pobreza de um país constitui um obstáculo para o desenvolvimento do turismo, pois quanto mais baixo o padrão de vida da população, menores as chances de implantar equipamentos que proporcionem o conforto exigido pelo turista.”

Qualificação na prestação de serviços

Vivemos hoje numa sociedade que exige qualidade nos produtos e serviços que consomem. No que diz respeito ao turismo, qualidade abrange todos os aspectos da infra-estrutura (equipamentos, serviços, etc.) e dos recursos. Não adianta ter um bom recurso se a infra estrutura é insuficiente. O turismo hoje é considerado um produto caro, e o consumidor quer ser bem atendido.

No que se refere à qualificação profissional, a educação em nosso país não é das melhores. Para que uma pessoa ingresse no mercado de trabalho, é exigido experiência no ramo escolhido. O baixo grau de instrução da população, como já foi citado, contribui bastante para que este fator se torne negativo.

A produtividade está diretamente ligada a qualificação e a escolaridade. Portanto, o melhor investimento de qualquer sociedade deve ser no sistema educacional. No turismo, a atividade requer por excelência, prestadores de serviços qualificados. Conhecimento e treinamento, no turismo, contribuem para o seu desenvolvimento.

1.2.2 Fatores Econômicos

Estão ligados ao núcleo emissor, ao núcleo receptor e ao turista em si. Podem ser considerados fatores econômicos os seguintes:

Dinheiro e tempo disponíveis

São os principais fatores para a realização do turismo. Sem tempo disponível, a pessoa é obrigada a sempre adiar uma viagem, e programar-se geralmente para as férias. Sem dinheiro, o turista não tem como pagar sua viagem e não realiza o sonho de viajar e curtir as férias em lugares novos.

Distribuição de renda

Um dos fatores de grande influência na determinação da demanda turística é a renda. O estudo da distribuição da renda esta associado a outros fatores, tais como sua distribuição, sua flutuação, o seu nível e a distribuição do crescimento de setores econômicos e a composição e evolução das categorias socioprofissionais. Como já foi dito, o turismo é um bem de consumo supérfluo, caracterizado como um bem de vivência, diferente dos bens de sobrevivência. Quando uma pessoa recebe o seu salário, destina parte dele para os bens e serviços de sobrevivência, e à medida em que aumenta a sua renda mensal, destina parte para os bens e serviços de vivência.

Em alguns países em desenvolvimento, como o Brasil, há uma má distribuição de renda. Para o turismo, este fator implica em altas taxas de gastos com turismo de reduzidíssimo número de pessoas. Havendo uma distribuição mais equilibrada, há uma ampliação do número de pessoas em condições de fazer turismo.

As flutuações de renda também interferem nas viagens, pois essa variação, se estender-se por um prazo longo, haverá uma mudança na estrutura de consumo, acontecendo uma substituição na qualidade dos produtos turísticos, em favor dos produtos mais baratos.

Quanto ao nível de crescimento dos negócios e a sua distribuição, este fator interfere com menor relevância. Quando os negócios vão mal, as empresas controlam os gastos nas seguintes áreas: controle de viagens de negócios que não sejam vitais para a firma (treinamento, por exemplo), redução nas viagens de incentivo às vendas ou à outras áreas, além da redução natural da renda, causada pela queda de nível de atividades.

No que diz respeito as categorias socioprofissionais, a demanda por viagens varia de acordo com a classe ocupacional da pessoa.

Baixos salários

A população, além de sofrer com a má distribuição de renda, tende a se submeter a vários empregos, para ter um padrão elevado de vida, ao que pode ser chamado de conforto. Tende também a receber um baixo salário devido ao seu baixo grau de instrução.

Com baixos salários, a população não tem como praticar o turismo devido a existência de necessidades primárias como alimentação, moradia, vestuário. Mesmo tendo um alto grau de instrução, as pessoas ainda são submetidas a um processo seletivo muito rígido e exigente. Devido a existência dessas necessidades primárias, são levadas a trabalhar em troca de um baixo salário, sendo desvalorizadas diante do seu alto grau de instrução. Se o custo das viagens crescer mais que o custo de vida, as pessoas tendem a substituir o consumo turístico por outros tipos de consumo.

Instabilidade da moeda

Este é um fator negativo para o núcleo receptor. Esta variação faz com que haja uma alta nos preços dos produtos e serviços oferecidos aos turistas, pois os empreendedores visam somente o lucro.

No início do ano de 1999, o Brasil passou por uma crise econômica: a desvalorização da moeda. No turismo, esta crise refletiu positiva e negativamente.

Refletiu positivamente pois o turismo interno foi beneficiado. Segundo a Embratur, em 1998 o turismo interno respondeu por 48% dos pacotes de viagens vendidos; em 1999, respondeu por 60%. Houve um aumento de 12%, ou seja, 45 milhões de pessoas viajaram dentro do país em 1999.

Refletiu negativamente pois o turismo externo sofreu uma baixa. Segundo a Revista Exame, em edição de novembro/2000, “desde o início do Plano Real, agências de viagens vinham lotando pacotes para o exterior, apoiadas na quase paridade entre a moeda brasileira e o dólar americano. Viagens de São Paulo para Miami muitas vezes custavam menos que para Fortaleza. A mudança do câmbio fez com que muitos turistas reprogramassem suas viagens.”

Sem contar que esta mudança no câmbio também fez com aumentasse consideravelmente o preço de outros produtos e serviços tanto na área de turismo como em outras áreas da economia.

Inflação

Entende-se por inflação, a emissão exagerada de papel-moeda. No Brasil, antes do Plano Real, a inflação aumentava a cada dia, alcançando a taxa de 50, até 60%ao mês. Havia constantemente um aumento no preço dos produtos. Com o Plano Real houve uma estabilização da inflação, chegando muitas vezes a 0% ao mês.

A inflação afeta o custo do turismo de duas maneiras: diretamente, quando os bens e serviços registram altas de preços, e indiretamente, quando os bens e serviços turísticos provêm de outros setores de atividade que tiveram aumento de preços. Além disso, vale lembrar que os gastos dos turistas são realizados em outros bens e serviços, e os custos da viagem, neste caso, também são afetados pela inflação.

Diferença nos preços dos produtos e serviços turísticos

Os turistas, ao decidirem viajar, estão dispostos a consumir uma certa parcela de sua renda, e , em função dos preços relativos e de seus gastos e preferências, estruturam a composição de seus gastos.

Durante a programação de sua viagem, o turista procura informar-se sobre a política dos preços praticados na localidade que deseja conhecer, mas nem sempre têm acesso a esse tipo de informação, pois até mesmo as pessoas da localidade tem essa dificuldade. Procuram saber sobre os preços praticados pois possuem um nível de renda muitas vezes baixo, no qual os gastos com turismo precisam ser bem avaliados.

Este fator está ligado diretamente a sazonalidade da atividade turística. Sempre há uma época do ano em que as pessoas viajam mais, geralmente nas férias escolares e de fim de ano. Estes períodos são os chamados de alta estação. Durante este período, os preços disparam, pois o fluxo de turistas é bastante numeroso, e os empresários visam em primeiro lugar o lucro. Fora da alta estação, o fluxo de turistas diminui significativamente, e os empresários são obrigados a baixar os preços, assim diminuindo seus custos também.

1.2.3 Fatores Naturais e Geográficos

Estão ligados diretamente ao núcleo receptor.

Degradação ambiental

A medida em que a humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza para satisfação de necessidades e desejos crescentes, surgem os conflitos quanto ao uso do espaço e dos recursos em função da tecnologia. Nos últimos séculos, um modelo de civilização se impôs, trazendo a industrialização, com sua forma de produção e organização de trabalho.

A tecnologia empregada evoluiu rapidamente, com conseqüências que se agravaram com igual rapidez. A exploração dos recursos naturais passou a acontecer de forma intensa. Recursos não renováveis como o petróleo ameaçam acabar. De onde se retirava uma árvore, hoje se retiram centenas. Onde moravam centenas de famílias, consumindo água e produzindo poucos detritos, agora moram milhões de famílias, exigindo muito mais água e gerando milhares de toneladas de lixo por dia. Essas diferenças são determinantes para a degradação do meio onde se insere o homem.

O turismo apresenta um caráter predatório pois com o surgimento do capitalismo, as questões ligadas à preservação e conservação de áreas naturais foram esquecidas e só agora nestas últimas décadas foram retomadas através a luta incessante de grupos chamados de movimentos ambientalistas.

Estes grupos apareceram em várias partes do mundo na década de 70, o que levou a ONU (Organização das Nações Unidas) a realizar em 1972 em Estocolmo a I Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, onde a opinião pública mundial e as autoridades governamentais começaram a tomar consciência de uma crise ambiental de dimensões planetárias.

Em 1992, no Brasil, aconteceu a Rio 92, que se constituiu num marco determinante para as questões ambientais em nível internacional.

Hoje temos como principal aliado na preservação e conservação do meio ambiente, a Legislação Ambiental, criada com o objetivo de orientar a atividade ambiental tendo como principal objeto a utilização mais racional, não predatória do meio ambiente pelo homem.

Os ambientes naturais ocupam o primeiro lugar na escolha das destinações turísticas. Mas a degradação ambiental vem se acentuando a cada dia, no Brasil principalmente, pois nosso país possui três grandes pólos ambientais: a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica e o Pantanal Mato-grossense.

Ecologicamente, o turismo implica na ocupação e na destruição de áreas naturais que se tornam urbanizadas e poluídas pela presença e pelo tráfego intenso de turistas. A construção da infra-estrutura e dos equipamentos transformam o aspecto físico do lugar.

Os danos ambientais provocados pelo turismo caracterizam-se pelos seguintes impactos: poluição do ar, da água, e a poluição sonora; destruição da paisagem natural e de áreas agropastoris; destruição da fauna e flora; degradação da paisagem, de sítios históricos e de monumentos; etc.

Desastres climatológicos

Muito ligado ao fator acima. Devido a degradação ambiental, acontecem os furacões, as chuvas ácidas, enchentes, tempestades, o buraco na camada de ozônio aumenta, etc.

Os desastres climatológicos interferem no turismo fazendo com que localidades passem a ser produtos de prateleira. Localidades podem estar vivendo sua melhor fase no turismo, mas basta um furacão para fazer com que os turistas passem por uma situação desagradável para diminuir o seu fluxo turístico, sem contar com os danos causados na cidade inteira.

Epidemias

Doris Ruschmann diz que “a ocorrência de doenças tropicais assusta e evita a visita de um grande número de turistas potenciais, que não viajam para esses lugares com receio de adoecer.”

Como já foi dito, o turista foge de destinações que possam lhe oferecer situações desagradáveis.

Dificuldades de acesso

A manutenção das estradas brasileiras é precária. Muitas delas estão em total abandono, como é o caso da Transamazônica. A fiscalização é pouca e as estradas oferecem muitos riscos, principalmente de acidentes e assaltos.

Nas regiões sul e sudeste, é constante o tráfego de turistas vindos da Argentina e Uruguai. Neste ano de 2000, aconteceram dois acidentes de ônibus, inclusive com mortes, na mesma semana com turistas destes países. A situação de nossas estradas são vergonhosas, a ponto de prejudicarem a vinda de turistas ao nosso país. Sem contar ainda com os pedágios que são muito caros.

Outra região que sofre com as dificuldades de acesso, é a região norte. As únicas maneiras de se chegar a esta região vindo de qualquer parte do Brasil é de barco, navio ou avião. São poucas as pessoas que arriscam vir pela Transamazônica. Esta dificuldade reflete no turismo aumentando os custos da viagem, pois é constante o aumento do preço das passagens aéreas. Sem contar que de barco ou navio se perde muito tempo, fazendo com que turistas desistam antes mesmo de começar a viagem.

Distância entre os núcleos

Este fator está ligado ao anterior. A distância entre o núcleo emissor e o núcleo receptor pode ser considerado um fator negativo quando há uma dificuldade de acesso. Isso faz com que aumente também o custo da viagem.

1.2.4 Fatores Psicológicos

Estão ligados diretamente ao turista. Podem ser considerados fatores psicológicos os seguintes:

Busca da tranqüilidade e dos valores perdidos

Alberto Sessa diz que “o crescimento econômico e urbano das grandes capitais tem sido acompanhado de alguns problemas tais como poluição, trânsito, condições precárias de habitação, problemas de saúde e higiene, deterioração de valores culturais, entre outros. Estas são algumas das razões que levem as pessoas a buscar, nas viagens turísticas, a tranqüilidade e os valores perdidos.”

Os atuais centros urbanos não permitem o bem-estar de que o homem necessita, fazendo com que o mesmo procure lugares onde possa descansar e manter sua vida em equilíbrio.

Saúde

Para praticar qualquer tipo de turismo, é indispensável que o homem goze de disposição física e psíquica para viajar. Ao mesmo tempo, a prática de turismo tende a contribuir para a saúde do homem.

Sabe-se que este fator é uma necessidade primária e vital. Satisfeita as necessidades de sobrevivência do homem, ele vai procurar satisfazer as necessidades de vivência, e uma delas é o turismo.

Aquisição de status

O lazer é uma atividade essencial à vida moderna. Quem desenvolve este tipo de atividade ganha status, prestígio social e cultural.

Este fator está muito ligado ao mimetismo, provocado pelas classes sociais mais elevadas da sociedade e também ao desejo de diferenciação na escolha das destinações turísticas, que mais tarde despertará uma nova “necessidade” de visitação.

As pessoas que praticam o mimetismo se sentem seguras, porque estão na “moda”. Fazem viagens e gastam das formas mais variadas possíveis, só para se auto-afirmarem.

Necessidade de conhecer e encontrar novas pessoas

O turismo contribui bastante para o intercâmbio cultural entre os núcleos receptor e emissor, através do contato do turista com as pessoas da localidade visitada. Proporciona uma interação social e cultural, o que faz com que este fator se torne uma atração a mais para novas viagens e para indicações a outras pessoas.

Com o contato direto entre o turista e o morador local, o turista aprende mais sobre os costumes e valores da localidade, expandindo seu conhecimento e valorizando a cultura da localidade.

Mídia

Devido ao avanço dos meios de comunicação, ficou muito fácil ter acesso às informações dos mais diversos lugares do mundo.

A mídia possui uma fantástica capacidade de manipulação das pessoas. Este fator está incluído como psicológico porque é um dos que mais influenciam na hora da decisão por determinada localidade. Este fator ajuda bastante o fator aquisição de status, pois a mídia é quem diz qual localidade está na “moda”. A mídia diz também quais localidades estão em baixa. Ajuda bastante no aumento do fluxo turístico, e também faz com que de uma hora para outra este fluxo diminua.

CAPÍTULO III

PROPOSTAS PARA MINIMIZAÇÃO DOS FATORES

Segundo LOURDES FELLINI (1997), “apesar de o turismo ocupar uma posição de destaque entre as necessidades do homem moderno, o turista ainda é influenciado por fatores de difícil controle.” Tais fatores, citados no capítulo anterior, podem sofrer uma minimização no seu grau de ocorrência, se houver uma parceria entre o setor público, o setor privado e a população local.

Que propostas podemos dar para que haja uma diminuição destes fatores?

Em primeiro lugar, deve-se haver um bom planejamento. Este deve visar uma integração de todos os aspectos, principalmente o econômico e o físico. Como coloca Doris Ruschmann “um planejamento turístico que pretenda ser viável deverá, necessariamente, contar com uma equipe técnica multidisciplinar para a viabilização do desenvolvimento adequado de processos de planejamento e a consequente implantação do plano proposto.”

Uma outra proposta, seria investimentos em capacitação técnica da mão-de-obra utilizada no turismo. Atualmente, a qualificação profissional das pessoas na área de turismo, deixa muito a desejar. Neste ponto, o governo também entraria, propiciando a população cursos na área de prestação de serviços turísticos.

A sensibilização da população local para a preservação e conservação do meio ambiente também é muito importante. A disciplina de Educação Ambiental deveria fazer parte do currículo escolar como sendo uma disciplina independente, proporcionando assim, a conscientização das pessoas.

A prática de desenvolvimento sustentável também deve ser inserida, para prevenir os impactos, principalmente nos ambientes naturais, dos produtos que compõem a total estrutura dos atrativos e equipamentos turísticos.

Os investimentos em propaganda e marketing devem ser feitos de forma honesta, mostrando a verdadeira potencialidade das comunidades.

A honestidade na hora da elaboração de pacotes também deve ser levada em consideração, pois muitas vezes os turistas compram pacotes e nem sempre se executa o que está programada e inserido nos mesmos, causando uma frustração nas pessoas.

A manutenção constante na infra-estrutura das cidades também é outro fato a ser considerado. A limpeza das ruas, conservação e manutenção dos atrativos artificiais também estão inseridos.

A manutenção dos equipamentos turísticos e das vias de acesso também são importantes, pois caracterizam um bom produto.

Implantar uma política de Educação Ambiental junto aos turistas para que haja uma maior preocupação com a preservação/conservação com os atrativos, principalmente os naturais. Américo Pellegrini Filho (1993) coloca o seguinte: ” é útil fazerem-se campanhas educativas em todos os níveis, desde dirigidas a empresários e funcionários públicos até o próprio turista, sem se esquecerem estudantes de 1º e 2º graus. Tais campanhas devem incluir claras noções e práticas relativas à educação ambiental.”

Deve haver uma política para uma prática menos abusiva dos preços de produtos e serviços turísticos. O turista tem outras necessidades a serem supridas, o que faz com que haja um adiamento na viagem. Além disso, a comunidade local também sofre com essa diferenciação de preços, pois o custo de vida aumenta, fazendo com que encareça mais os produtos e serviços no lugar.

Deve haver um programa de saúde voltado para o controle de epidemias de doenças tropicais no núcleo receptor, e que se estenda ao núcleo emissor proporcionando uma maior segurança ao turista.

Sensibilizar a população da importância do turismo não só para a economia local como também para a melhoria de suas próprias condições de vida.

Margarita Barretto (1997) diz ainda: ” O desenvolvimento do turismo só será possível na medida em que houver uma distribuição de renda que permita que segmentos cada vez mais amplos da população possam viajar…. Os efeitos benéficos só acontecerão na medida em que segmentos maiores da sociedade beneficiem-se do efeito multiplicador, através de melhores salários… O turismo de boa qualidade poderá desenvolver-se na medida em que tiver bons recursos humanos, e isso só será possível quando todos os cidadãos tiverem educação e saúde garantidas… Os usuários continuarão a preferir o turismo ao lazer doméstico, apenas na medida em que haja um esforço dos prestadores de serviços para melhorar a qualidade de atendimento… Há ainda um longo e caminho difícil caminho a percorrer para que o turismo realize os benefícios sociais para os quais tem potencial.”

CONCLUSÃO

“Motivação é o processo que mobiliza o organismo para a ação, a partir de uma relação estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação.” (Ana Maria B. Bock 1998, p.106)

“Motivo é uma experiência consciente ou um estado inconsciente que serve para criar o comportamento geral e a atuação social do indivíduo em uma determinada situação.” (Britt 1976, Review of Tourism and Recreation). Em outras palavras, são forças determinantes da conduta humana; e no Turismo, motivo é o desejo e a necessidade que impulsionam o homem a viajar.

Resultantes destes desejos e necessidades surgem as motivações turísticas, que giram em torno de lazer, negócios, férias e recreação, saúde, visita a parentes, encontros, conferências, etc.

Os motivos para se fazer turismo são vários, mas existem fatores que condicionam o homem a escolher uma determinada localidade.

O estudo destes fatores e suas respectivas soluções leva-nos a acreditar que possa haver um turismo altamente desenvolvido. Um turismo que aconteça de uma forma sustentável e harmônica entre os núcleos emissor e receptor. Mas para haver essa harmonia, deve-se primeiro buscar minimizar os fatores negativos que acabam fazendo com que o turista desista de viajar.

Havendo uma interação entre o governo, setor privado e população, haverá uma melhor prestação de serviços na área turística.

Nós, futuros profissionais da área de turismo, sabendo da existência desses fatores, podemos combatê-los ajudando dessa parceria entre governo, empresários e população. Como disse Silvio Barros: ” O profissional de turismo deve trabalhar 24 horas por dia, sete dias na semana, sempre buscando proporcionar ao turista o que ele realmente quer.” Devemos manter-nos informados, reciclar-nos constantemente, pois o consumidor de nossos produtos são muito exigentes.

Esses fatores abordados neste trabalho, são somente os mais ressaltados pelos turistas, mas há vários outros que devem ser combatidos também. Portanto, os benefícios trazidos pelo turismo devem ser não somente o econômico, mas o cultural, o social, e principalmente o psicofísico. Com a minimização desses fatores, podemos contar um turismo desenvolvido, planejado de uma forma sustentável, preservando e conservando todos os atrativos existentes no núcleo receptor, e contando também com um fluxo constante de turistas em busca de uma satisfação, pagando por um bom produto.

BIBLIOGRAFIA

ACERENZA, M. A. Administración del turismo. México: Trillas,1984

ARRILLAGA, J. I. Introdução ao estudo do turismo. Rio de Janeiro, 1976.

BARRETO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 2ª ed. Campinas, SP: Papirus, 1997.

_________. Planejamento e organização em turismo. Campinas – SP: Papirus, 1991.

BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo – SP: Ed. SENAC São Paulo, 1998.

BOCK, Ana M. Bahia e outros. Psicologias: Uma introdução ao estudo de psicologia. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 1998.

COELHO, Marcos de Amorim. Geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 1997.

DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

FALCÃO, Gérson Marinho. Psicologia da aprendizagem. 9ª ed. São Paulo: Ática, 1996.

FELLINI, Lourdes. Fatores psicossociais do turismo. Rio de Janeiro: SENAC, 1997.

FILHO, Américo Pellegrini. Ecologia, cultura e turismo. Campinas, SP: Papirus, 1993.

GUATARRI, Félix. As três ecologias. 9ª ed. Campinas, SP: Papirus,1999.

ISKANDAR, Jamil Ibrahim. Normas da ABNT comentadas para trabalhos científicos. Curitiba: Champagnat, 2000.

KRIPPENDORF, J. Sociologia do Turismo. Rio de Janeiro: Civ. Brasileira,1985.

LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 3ª ed. São Paulo: Atlas,1991.

RUSCHMANN, Doris van de Meene. Turismo e planejamento sustentável. Campinas – SP: Papirus, 1997.

Revista Exame nº 37 Novembro/2000.

Outros trabalhos relacionados

Transporte Hidroviário

Desde os primórdios a utilização do transporte hidroviário é utilizada em todo território nacional. Este meio de transporte tem um custo operacional bem mais...

TURISMO E CINEMA

Introdução Este estudo pretende discutir a forma como as organizações promotoras de turismo e empresas ou destinos turísticos lidam com a divulgação de seus produtos...

Agencia de Viagem

1. INTRODUÇÃOO presente relatório tem como finalidade discorrer sobre a vivência do estágio curricular supervisionado, realizado no Albergue da Costa Hostel Natal, no qual...

GESTÃO DA ATIVIDADE TURÍSTICA EM BONITO

A escolha do município de Bonito em Mato Grosso do Sul e o seu modelo de gestão da atividade turística para objeto de estudo,...