O aquecimento global elevou o tema sustentabilidade ao centro das atenções em todo o mundo.
De acordo com o Relatório Brundtland1 o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.
1.INTRODUÇÃO
A palavra sustentabilidade anda na moda no meio corporativo. Cada vez mais as empresas estão se usando de ações sustentáveis englobando a responsabilidade social e ética corporativa. Mas será que é fácil ser sustentável e contribuir com a sociedade como um todo? As organizações conseguem reaver em curto prazo os investimentos atribuídos a essas ações?
Torna-se cadê vez mais evidente que os rumos futuros da humanidade dependem exclusivamente das ações e atitudes que tomamos agora, e as grandes organizações tem papel fundamental nesse processo já que necessitam de um sistema para sobreviverem. Porém independente do porte todas as companhias podem e devem cumprir seu papel na sustentabilidade mesmo que com pequenas iniciativas.
2.CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE
Desenvolvimento Sustentável ou Sustentabilidade pode ser definido como um modelo de desenvolvimento global que incorpora os aspectos de desenvolvimento e preservação ambiental no modelo de desenvolvimento sócio-econômico.
Através de diversos fatos ocorridos nos últimos anos, fica muito claro que entre as relações homem-meio ambiente, não existe apenas um limite mínimo para o bem-estar da sociedade, existe também um limite máximo para a utilização dos recursos naturais, de modo que a preservação e manutenção dos mesmos tornam-se indispensáveis para garantir um futuro da humanidade.
Podemos identificar três principais campos de atuação em desenvolvimento sustentável:
Sustentabilidade Ambiental: Consiste na manutenção das funções e componentes do ecossistema, de modo sustentável.
Sustentabilidade Econômica: Sustentabilidade econômica é a capacidade de produção, distribuição e utilização equitativa das riquezas produzidas pelo homem.
Sustentabilidade Sócio-política: Vai além dos limites econômico-sociais para atingir os mecanismos institucionais que compõem a nossa sociedade, afetando a sua mudança e desenvolvimento, por via do processo político.
3.MEDIDAS SUSTENTÁVEIS
Segundo o Relatório da Comissão Brundtland2, elaborado em 1987, uma série de medidas devem ser tomadas pelos países para promover o desenvolvimento sustentável:
Limitação do crescimento populacional;
Garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) em longo prazo;
Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis;
Aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas;
Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores;
Atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).
As organizações atuar em todas essas medidas, inclusive independente de seu porte.
Alguns exemplos:
O primeiro item diz respeito à limitação do crescimento populacional, esse pode ser trabalhado nas organizações através de ações informativas que incentivem a conscientização da importância de termos mais um ser humano no mundo.
O quarto item diz respeito à diminuição do consumo de energia através do desenvolvimento de novas fontes de energias, todas as organizações deveriam se preocupar com esse item.
Estamos caminhando para um futuro bem próximo onde a racionalização da energia elétrica torna-se única saída, os reservatórios das represas de energia elétrica têm atuado cada vez mais e com períodos de chuvas em um nível excepcionalmente baixo nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste mais o crescimento desordenado da população estamos hoje no limite de nossas usinas e os acontecimentos tendem a cada vez mais contribuir para essa escassez.
4.SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIA
Uma série de iniciativas no mundo mostra que com uma dose de criatividade e muita tecnologia podemos converter a preocupação com o meio ambiente em ações ecologicamente corretas:
Na Holanda, a cafeteria Natuurcafé La Porte, localizada dentro da estação de trem Driebergen-Zeist, possui uma porta giratória, que converte a entrada e saída de cada cliente em energia para alimentar as luzes da loja.
Em Rotterdam, na balada Club Watt se intitula a primeira danceteria do mundo focada em sustentabilidade, pois a energia dos pés na pista de dança é usada para iluminar o chão com várias cores diferentes.
No Brasil não temos indícios de iniciativas tão inovadoras e inusitadas, porém as grandes corporações têm atuado cada vez mais em prol da sustentabilidade.
É o caso da Bunge Alimentos, por exemplo, ela está entre as 10 melhores empresas sustentáveis do Brasil. A Bunge desde 2003 vem dando prioridade a ações que dizem respeito à identificação e priorização de questões, valores, princípios e políticas para desenvolvimento sustentável.
Todas as iniciativas tecnológicas demandam um investimento alto, que muitas vezes as companhias não estão dispostas a pagar (pelo menos agora).
O custo com investimentos tecnológicos mostra-se como a grande barreira para implantação de iniciativas sustentáveis.
5.O CUSTO DA SUSTENTABILIDADE
Quando falamos em sustentabilidade como iniciativa, torna-se muito evidente que ser ecologicamente correto ainda custa caro, vimos acima algumas iniciativas tecnologias onde o investimento é bastante alto.
A implantação de ações por menores que sejam geram custos, por isso as organizações tem que planejar muito bem essas ações a fim de não precisar interrompê-las por conta do custo mal planejado.
O que as organizações têm que ter em mente é que investir em ações empresariais ecologicamente corretas é o negócio do futuro, afinal no futuro esse cuidado será o que manterá as companhias em funcionamento já que temos recursos naturais cada vez mais escassos.
Segundo Sérgio Forte, professor de mestrado e doutorado em Administração da Universidade de Fortaleza para o Diário do Nordeste, A Europa tem dez vezes mais empresas certificadas que o Brasil, e isso torna-se uma vantagem competitiva.
O Brasil ainda está começando a caminhar nessa trilha da certificação ambiental, que, informa, ainda é um conceito considerado novo. “São exigências muito grandes, uma bateria de exames feitos nas empresas. As de grande porte têm conseguido obter essas certificações, e estão transitando melhor no mercado internacional, mas ainda é um desafio para empreendimentos de menor porte. Ser ecologicamente correto ainda é caro”, conta.
O que as organizações têm que ter em mente é que quando falamos em sustentabilidade a palavra a ser considerada deve ser investimento e não custo, sempre lembrando que o retorno será na maioria das vezes em longo prazo.
O custo com a sustentabilidade não deve ser medido por cifrões e sim pelo futuro de um mundo melhor que será construído.
6.PRAZO MÉDIO DE RETORNO DO INVESTIMENTO
Não existe um prazo ao certo para que as companhias que investem vejam o retorno desse investimento.
Algumas companhias usam a sustentabilidade como oportunidade de novos negócios:
Segundo site do Consumidor Moderno UOL, na AmBev o compromisso da companhia com a redução dos impactos ambientais é expresso também na utilização de matérias-primas. Além de manter registros de materiais, de consumo na produção e geração de resíduos, a empresa monitora a perda de extrato – composto de açúcares fermentáveis, derivados dos cereais maleados e não-malteados e carboidratos e açúcar usado na produção de cerveja. Quanto menor a perda de extrato, menor é também a perda de matéria-prima no processo produtivo. Em 2007, essa redução foi de 4,64%, em razão da gestão eficiente das operações nas unidades. Com o desenvolvimento de embalagens que minimizam o impacto no meio ambiente, a AmBev conseguiu reduzir em mais de 12% o consumo de vidro, em 11,37% o consumo de alguns tipos de plásticos e em 5,88% o consumo de embalagens celulósicas. Nos últimos cinco anos, a companhia reduziu em 22% o consumo relativo de água para a fabricação dos produtos. Algumas das unidades fabris são referências. A mais recente edição do Relatório de Sustentabilidade revela uma receita adicional de R$ 66,8 milhões por conta do reaproveitamento de subprodutos.
As empresas que consegue esse tipo de realização normalmente são as de grande porte, a maiorias das demais organizações quando o assunto é sustentabilidade se perguntam “quanto a minha empresa lucra com isso?”
A AmBev para chegar a esses retornos, teve que realizar diversos investimentos relacionados à modernização de equipamentos, tecnologia, treinamento de funcionários além de monitoramente continuo do desempenho ambiental em cada fase do processo evolutivo.
7.PRÊMIOS DE SUSTENTABILIDADE
Para incentivar e propagar a cultura sustentável diversas organizações tem criados prêmios para reconhecer as companhias que mais se destacam no setor:
Vejamos alguns deles:
Prêmio Alcan de Sustentabilidade
Criado em 2009 pela Alcan,a iniciativa contribuirá, anualmente, com US$ 1 milhão para organizações não governamentais sem fins lucrativos que se dedicam a transformar o mundo em um local melhor.
Prêmio Von Martins de Sustentabilidade
Criado em 2000 pela AHK Câmera Brasil Alemanha.
Prêmio Minha Comunidade Sustentável
Criado em 2008 pela Revista Escola, premiará com R$ 120.000 os vencedores.
Prêmio Varejo Sustentável Waltmart Brasil
Criado em 2008, pelo Walmart.
Guia Exame de Sustentabilidade
Criado em 2001, pela Editora Abril através da Revista Exame.
Como podemos ver a grande maioria dos primeiros foram criados recentemente, porém temos alguns que já estão premiando a quase uma década, que significa que algumas empresas já vêm investindo em mundo melhor há alguns anos.
O Banco Real é uma das organizações que mais divulgam a sustentabilidade por meio de comerciais televisivos, inclusive também oferecendo prêmios para os maiores destaques.
8.CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Embora a inquietante realidade ambiental seja por muitos ainda ignorada ou menosprezada, torna-se cada vez mais evidente que, quanto a seus rumos futuros, a Humanidade se defronta com um gravíssimo dilema nos tempos atuais.” (CÂMARA,1996)
As iniciativas de todos os setores em relação ao desenvolvimento sustentável são imprescindíveis e a construção de novas parcerias é uma maneira de transformar problemas ambientais e sociais em oportunidades para todos os envolvidos.
Na Europa e em outros países a sustentabilidade já é parte do cotidiano das pessoas, até porque em algumas cidades dos estados unidos mal se pode respirar e grande culpa disso é das empresas poluentes, essas sim são demasiadamente difíceis de convencer que o melhor seria diminuir a emissão de poluentes, porem enquanto negociam-se outros com iniciativas até inusitadas tentam fazer sua parte.
No Brasil o tema sustentabilidade já saiu do ponto de partida e alcança um número cada vez maior de organizações, porém ainda têm-se muitas organizações a serem alcançadas de modo que não só as companhias de grande porte sejam participantes destas ações. Faltam ainda iniciativas do governo que auxiliam as empresas menores a adentrarem nesse mundo e aí o caminho provavelmente seja além das parcerias uma colaboração efetiva no que diz respeito a investimento ou talvez até incentivos fiscais maiores.
REFERÊNCIAS
ABRIL, Blog. <http://blogs.abril.com.br/corretorsustentavel/2009/05/um-produto-sustentavel-custa-mais-caro.html>. Acesso em 21/11/2009.
HSM.<http://br.hsmglobal.com/notas/41579-os-desafios-da-sustentabilidade>. Acesso em 21/11/2009.
LINKDATA, Tecnologia em Gestão Pública.
<http://www.linkdata.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=87&Itemid=35>. Acesso em 18/11/2009.
CÂMARA, I. de Gusmão. Prefácio. In: Planejamento ambiental: caminho para participação popular e gestão ambiental para o nosso futuro comum. Uma necessidade, um desafio. Rio de Janeiro: Thex Editora. Biblioteca Estácio de Sá, 1993.
NORDESTE, Diário do.
<http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=687634>. Acesso em 21/11/2009.
SUSTENTAVEL, Planeta. Revista Online Abril.
<http://planetasustentavel.abril.com.br>. Acesso em 18/11/2009.
UOL, Consumidor Moderno.
<http://consumidormoderno.uol.com.br/canais/responsabilidade-social/sustentabilidade-que-da-retorno>. Acesso 21/11/2009.
WIKIPÉDIA. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_Brundtland>. Acesso em 18/11/2009.
WWWF – BRASIL. < http://www.wwf.org.br/wwf_brasil/>. Acesso em 18/11/2009.
ALCAN. <http://www.alcan.com.br/brazil/publishbr.nsf/Content/Sustainability+-+Alcan+prize+for+sustainability> . Acesso em 21/11/2009.