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terça-feira, novembro 19, 2024

Questões acerca do Fenômeno Bullying

Este texto trata das questões do bullying, para refletirmos sobre a necessidade do conhecimento e da prevenção desse fenômeno, especialmente no ambiente escolar.

Ver uma criança falar que não gosta de estudar pode parecer chocante. Agora imagine que a causa dessa apatia possa ser reflexo de humilhações e piadas que essa criança tem sofrido? Essa situação tem sido cada vez mais corriqueira nas Escolas. E o que é pior: professores ainda não estão preparados para enfrentar o problema.

Numa pesquisa[1] realizada para monografia de final do meu curso de Pedagogia, pela UnB, pude constatar que apenas 13.5% dos professores entrevistados compreendiam e identificavam o bullying. Repetida a pesquisa em 2009[2], verifiquei que o desconhecimento, apesar de ser menor, ainda está muito longe do tolerável.

Apenas 20% dos professores entrevistados conseguiram descrever o que é bullying. Esse número é ainda menor (15%), quando perguntados sobre a capacidade de identificar os possíveis casos em sala de aula.Segundo Cleo Fante [3] o “bullying se manifesta silenciosamente e sem dor física, mas com enorme estrago emocional, por isso a necessidade de conhecer e entender as características, para conseguir cortar o mal pela raiz”. Esse fenômeno, embora possa acontecer em diversos ambientes, tem sua maior incidência no ambiente escolar. Isso é ligado ao fato de o público alvo ser composto por crianças e jovens. E nesta faixa etária, o convívio e as competições costumam estar presentes na escola.

Outro dado importante: o fenômeno está presente em todas as classes sociais, tendo maior incidência em escolas particulares, de pessoas de classe média e alta. Bullying é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully ou “valentão”) ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma.

Embora, as brincadeiras façam parte do desenvolvimento das crianças, pais e educadores devem ter em mente quando essas brincadeiras perpassam do aceitável e tornam-se motivos de sofrimento e constrangimento. Nesse momento, é necessário que haja intervenção, para que os danos não sejam irreversíveis.

Combater esse fenômeno não é tarefa simples e necessita de um conjunto de ações que visem coibir a prática. Porém essas ações só tornam-se possíveis a partir do conhecimento das atitudes, causas e consequências. Dentre os principais atos relacionados ao bullying, destaco: Agredir; amedrontar; assediar; aterrorizar; bater; chutar; discriminar; divulgar; apelidos; dominar; empurrar; encarnar; excluir do grupo; fazer sofrer; ferir; gozar; humilhar; ignorar; isolar; intimidar; ofender; perseguir; sacanear; roubar; quebrar pertences; zoar.

Vale ressaltar que o bullying se configura nessas ações, desde que elas aconteçam de forma intencional e repetida. Há várias causas para o surgimento do bullying e dentre as existentes, é importante saber que existe o fato do agressor já ter sido vítima. Por isso há a necessidade de estarmos atentos aos primeiros sinais, para que o problema não tome uma proporção descontrolada.

A parceria pais-escola é fundamental para o trabalho de prevenção ocorrer de forma eficaz. Os pais devem procurar conversar com seus filhos, para que possam perceber qualquer alteração de comportamento. É importante que esse diálogo seja o mais informal possível, para não acuar a criança. Esta deve sentir amparada e confortável para conseguir falar sobre o assunto.

A importância do diálogo, do acompanhamento e da prevenção fazem com que os casos existentes possam ser solucionados em tempo, evitando transtornos a longo prazo.

Os pais e educadores devem ter a consciência do seu papel, procurando ajuda especializada, se for o caso. Atitudes descompassadas não podem ser toleráveis, mas sim coibidas de forma responsável e comprometida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

COSTANTINI, A: Bullying: como combatê-lo? Itália Nova. São Paulo. 2004.

BEAUDOIN, M.: Bullying e Desrespeito: como acabar com essa cultura na escola. Artmed. Porto Alegre. 2006.

FANTE, C.: Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Verus Editora. Campinas. 2005.

[1] Pesquisa realizada em junho de 2007, com professores das redes públicas e privadas de Brasília, de ensino infantil e fundamental.

[2] Pesquisa realizada em agosto de 2009, com professores das redes públicas e privadas de Brasília, de ensino infantil, para verificar se houve mudança de comportamento.

[3] Cleo Fante Graduada em História e Pedagogia. Doutoranda em Ciências da Educação. Pesquisadora pioneira no Brasil sobre o Bullying Escolar. Autora do programa antibullying “Educar para a Paz”. Docente em Cursos de pós-graduação. Vice-Presidente do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar. Conferencista.

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