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terça-feira, novembro 19, 2024

Inclusão e Corporeidade no Cotidiano da Prática Docente

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO
2 INCLUSÃO E CORPOREIDADE NO COTIDIANO DA PRÁTICA 
DOCENTE 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
REFERÊNCIAS
APÊNDICE 1 – QUESTÃO INDIVIDUAL

1 – INTRODUÇÃO

No intuito de compreender e melhor aprofundar sobre a unidade temática CORPOREIDADE E INCLUSÃO, a presente PA articula os conteúdos de quatro disciplinas cursadas durante esta UTA: Fundamentos para as Necessidades Educativas Especiais, Metodologia do Ensino de Educação Física, Pesquisa e Prática Profissional – Educação Especial, Organização Pedagógica Espaços Educativos. Além de alguns projetos educativos do Estado do Amapá.

Nosso objetivo nesse trabalho é conhecer um pouco sobre a história da inclusão, as ações do pedagogo em espaços não-educativos e corporeidade numa dimensão mais ampla, percebendo que esta não se resume somente a escola, mas também a instituições, empresa, hospitais, etc..

Essa PA é importante para compreendermos que a formação e profissionalização de docentes são aspectos indissociáveis na forma de ingresso no campo de atuação, nas formas de organização e produção do trabalho escolar e nas perspectivas de crescimento e desenvolvimento profissional.

A mesma também é importante para aprimorar nossos conhecimentos sobre inclusão e corporeidade, visto que no momento a inclusão está presente em quase todas as escolas.

Para a elaboração desta PA foram consultadas diversas fontes de informações, tais como: SITES, livros, apostilas, seja por meio da leitura de textos específicos ou mesmo resultados de investigações sobre a temática.

Acho uma profissão sacrificada, mas faço porque gosto.

E quando vejo que um aluno aprendeu, compensa todo o esforço. Gosto de desafios encaro estes alunos com problemas que recebo como um desafio a ser vencido. E algumas vezes da certo…

Profª. C.- 4ª série, citada por Fontoura, 1994.

Na antiguidade, período histórico iniciado com as mais antigas civilizações e que se estendeu até a queda do Império Romano do Ocidente (século V), apenas as pessoas nobres detinham o poder social, político e econômico. O corpo perfeito e forte para guerrear, a beleza física, a capacidade retórica para proferir discursos filosóficos, eram aspectos que valorizavam algumas pessoas e conferiam-lhes a cidadania nessa sociedade.

Segundo Misés, citado por stobaus e Mosquera, em um trecho de um manuscrito de governantes espartanos, na antiguidade:

Nós matamos os cães danados e touros ferozes, egolamos ovelhas doentes, asfixiamos os recém-nascidos mal constituídos; mesmo as crianças se forem débeis ou anormais, nós as afogamos, não se trata de ódio, mas da razão que nos convida a separar das partes são aquelas que podem corrompê-las. (pág., 20, 20003)

Portanto, não existia a idéia de inclusão, a maioria das pessoas (principalmente mulheres, deficientes físicos e mentais, de outras raças que não a branca, e pobres) não tinha o direito ou as condições mínimas para freqüentarem a escola.

Por outro lado, havia a interpretação de que essas pessoas eram escolhidas por Cristo e predestinadas para o “dom da cura”. Cegos, por exemplo, eram tidos como pessoas abençoadas com o poder sobrenatural dos profetas para a vidência.

Assim, surgiram às primeiras iniciativas de proteção aos deficientes, criaram-se então os primeiros asilos e abrigos onde eram doadas esmolas e prestada a assistência a essas pessoas, como um ato de caridade que conduzia a salvação da alma.

Com a chegada do século XVI, inicia o período da segregação (isolar, separar), mais pessoas tem acesso à escola, porém dificilmente se misturam com os alunos representantes da classe dominante. Na segunda metade do século surgem as “escolas especiais” (que atendem crianças “deficientes”) e mais tarde as classes especiais dentro das “escolas comuns”. Surge assim uma aberração pedagógica, a separação de dois sistemas educacionais, por um lado a educação comum e do outro a educação especial.

Em decorrência, foi promulgada, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos documento que passa a inspirar, desde então, as políticas publicas e os instrumentos jurídicos de alguns países.

A partir da década de 80 as recomendações mundiais pautam-se nos princípios da integração e normalização para educação Especial e o Brasil engaja-se neste movimento. A Declaração de Salamanca desperta o conceito de escola inclusiva, norteia mudanças no paradigma da Educação Especial e repercute na LDB (1996), cujo preceito inovador é a inclusão e a integração de todos os alunos na rede regular de ensino. Ou seja, escolas comuns aceitavam alguns alunos, antes rejeitados ou marginalizados, que poderiam freqüentar classes comuns desde que conseguissem adaptar-se.

Finalmente chegamos à inclusão (na verdade, os primeiros movimentos que apontavam para o surgimento da inclusão escolar são do final da década de 80). Só há um tipo de educação, e ela é para todos sem restrição nem separação.

2 INCLUSÃO E CORPOREIDADE NO COTIDIANO DA PRÁTICA

A inclusão começou como um movimento de pessoas com deficiência e seus familiares na luta pelos seus direitos de igualdade na sociedade. E como a maioria desses direitos começa a ser conquistado a partir da educação (da escola, lugar onde se ensina cidadania), a inclusão chegou até a escola (espelho da sociedade). Hoje a inclusão é de todos sem discriminação.

Entretanto, o precursor da educação especial Jean Itard não poupou esforços para educar um menino selvagem encontrado em uma floresta convivendo com animais e considerado ineducável chamado Vitor, mais conhecido como o “Selvagem de Aveyron”.

Reconhecido como o primeiro estudioso a usar métodos sistematizados para o ensino de deficientes, ele estava certo de que a inteligência de seu aluno era educável, desenvolveu um programa baseado em procedimentos médicos e pedagógicos, os mesmos eram baseados no treinamento e na exploração dos canais sensoriais para a aprendizagem. Tinha por objetivo recuperar o potencial cognitivo do menino, desenvolvendo suas capacidades humanas.

Segundo Bergámo, a educação especial constitui-se, portanto, como uma proposta pedagógica que assegura recursos e serviços para apoiar e complementar serviços educacionais comuns.

Portanto, as finalidades da educação especial são claras: apoiar, complementar, suplementar ou, em alguns casos, substituir os serviços ofertados pela escola regular. Trata-se de um movimento que compreende a educação como um direito humano fundamental e a base para uma sociedade mais justa.

Segundo Fernandes a educação especial é definida na LDB nº 9394 como uma modalidade de educação escolar. No documento de Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica, promulgado pela resolução CNE nº 02/2001, defini-se:

Art. 3º – Por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica.

Assim, as escolas devem acolher todas as crianças, jovens e adultos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, bem dotados, que vivem nas ruas e trabalham, de populações distantes, etnia, cultural diferente e outros grupos ou zonas desfavorecidos ou marginalizados, as mesmas devem ter assegurado o seu direito de aprender no ensino regular, na série correspondente à sua faixa etária. Os professores da educação comum, em articulação com a educação especial, devem estabelecer estratégias pedagógicas e formativas, metodologias que favoreçam a aprendizagem e a participação desses alunos no contexto escolar.

Aqui no Estado do Amapá, podemos citar como serviço de inclusão, o projeto CENTINELA, PROERD, HOSPITAL GERAL.

O HOSPITAL GERAL desenvolve um trabalho interdisciplinar com pacientes portadores de AIDS, cabe ao psicólogo traçar um Plano Interventivo que permita facilitar o enfrentamento da doença e a colaboração diagnóstica interventiva. Fornecer apoio para enfrentar o estigma e o preconceito, orientar e fornecer apoio à família.

O PROERD, programa desenvolvido pelo governo do Estado do Amapá, em parceria com Polícia Militar, já atendeu em todo o Estado 40 mil alunos da rede pública estadual, municipal e particular de ensino. É um programa institucional, de caráter educativo. Possui como material didático o LIVRO DO ESTUDANTE, LIVRO DOS PAIS E MANUAL DO INSTRUTOR, auxiliando os respectivos cursandos e os policiais PROERD no desenvolvimento das lições, através do mesmo estes jovens são capacitados com noções de cidadania, prevenção e conscientização sobre o uso de drogas, e o controle da violência.

Para participar do programa o aluno deve estar regularmente matriculado na rede pública ou particular de ensino, cursando a 4ª, 5ª ou a 6ª série do ensino fundamental. A capacitação dos alunos é feita de forma lúdica por instrutores treinados pela Polícia Militar do Amapá, juntamente com professores e psicólogos.

O projeto CENTINELA, O Programa Sentinela oferece um conjunto de procedimentos técnico-especializado para o atendimento e proteção imediata às crianças e aos adolescentes vítimas de abuso ou exploração sexual, bem como seus familiares, proporcionando-lhes condições para o fortalecimento da auto-estima, superação da situação de violação de direitos e reparação de violência vivida. Seus profissionais são capacitados através de oficinas pedagógicas, toda a equipe de cada município, tem um representante do Conselho Tutelar dos referentes municípios que contemplam o Programa Sentinela e ainda duas vagas para cada instituição parceira da Rede. A meta é promover estratégias de sensibilização e prevenção contra o abuso sexual, fortalecendo a política de proteção Integrada (rede de Proteção) à criança e ao adolescente na perspectiva da universalização da garantia de seus direitos.

Assim, podemos dizer que o pedagogo tem um campo vasto de atuação profissional nos dias atuais, como por exemplo, em ambientes hospitalares, em associações, institutos, fundações, empresas, etc. Ampliam o universo de possibilidades, pois, rompem as barreiras dos muros institucionais.

São os espaços alternativos de atuação do pedagogo que facilitarão a apreensão da democracia por todos. O homem, nesse processo, é um ser que se encontra em um processo progressivo de adaptação e de criação com o meio; de equilíbrio provisório e dinâmico, onde é necessária a presença das readaptações, sendo que estas possibilitam uma reinvenção da humanidade.

Pois à medida que ocorre esta reinvenção do mundo é que se desenvolve, cada vez mais, a inteligência, a afetividade e a sociabilidade.

Falando um pouco sobre a disciplina de Educação Física, que tem como objetivo principal incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Propomos como atividade na Educação infantil: dançar com a bola na testa, para as primeiras séries do ensino fundamental sugerimos uma dança folclórica como, por exemplo, boi-bumbá. Ambas as atividades estimulam as crianças de maneira lúdica e prazerosa, além de ajustamento da postura e a socialização entre alunos ditos normais e deficientes ou até mesmos de cor diferente. Evitando assim o preconceito. Representam todas as formas de linguagem: musical, oral ou falada, gestual, emocional, entre outras.

A presença, a participação e o incentivo do professor são muito importante nas aulas de Educação Física; as mesmas devem ser sempre planejadas e avaliadas. Tendo em mente que a criança não é um adulto em miniatura, que os seus limites devem ser respeitados, que a criança tem que sentir prazer, alegria e satisfação ao participar de uma aula de Educação Física com atividades que devem ser realizadas de uma forma lúdica. Entendemos, assim, que a formação atual do pedagogo e do professor não deve apenas restringir-se a uma mera atualização cientifica dos conteúdos formais, mas, sim, propor-se a criar espaços de participação e reflexão para que esse profissional aprenda a adaptar-se a nova realidade da inclusão, expondo aos alunos sem deficiência que podem beneficiar-se da amizade com colegas deficientes e vice-versa.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta atividade nos permitiu conhecer a história da inclusão, passando por todos passando por suas principais fases: extermínio, segregação, integração e inclusão. Através do mesmo descobrimos que a disciplina de Educação Física, tem como objetivo principal incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. E que o pedagogo pode atuar não apenas em escolas mas, em hospitais, empresas, etc.

Ficou clara a necessidade da formação docente em educação especial, tendo em vista a inclusão, de crianças com necessidades especiais em escolas comuns.

A concepção de ensino e aprendizagem revela-se na prática de sala de aula e na forma como os professores e alunos relacionam-se com crianças especiais.

A presença, a participação e o incentivo do professor são muito importantes tanto nas aulas comuns, como também de Educação Física; as mesmas devem ser sempre planejadas e avaliadas.

Concluiu-se, portanto, que não basta que a tecnologia exista. É preciso, sobretudo, que exista também uma boa relação da criança, jovem ou adulto com o professor, com o conteúdo, com todos os atores da escola e do ambiente de ensino-aprendizagem. É necessário que a inclusão esteja presente nos projetos da escola, sendo contemplada com políticas governamentais coerentes, com a disponibilização de recursos adequados e de professores capacitados.

“[…] impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que em interação com diversas barreiras podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade”.

(Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva)



REFERÊNCIAS

BERGAMO, Regiane. Pesquisa e Prática Profissional: Educação Especial. Curitiba: IBPEX, 2009.

FARFUS, Daniele. Organização pedagógica dos espaços educativos. Disciplina Organização Pedagógica Espaços Educativos do Curso de Pedagogia EAD da FACINTER. Curitiba, 2009.

FACION, José Raimundo (Org). Inclusão escolar e suas implicações. 2. ed. rev. e atual. – Curitiba: IBPEX, 2008.

FERNANDES, Sueli. Fundamentos da Educação Especial. Curitiba: IBPEX, 2007.

GONÇALVES, Nezilda Leci Gody. Metodologia do Ensino da Educação Física. Curitiba: IBPEX, 2007

Referencias complementares

FACION, José Raimundo (Org). Inclusão escolar e suas implicações. 2. ed. rev. e atual. – Curitiba: IBPEX, 2008.

APÊNDICE 1

QUESTÃO INDIVIDUAL

Apresente (textualmente) pelo menos três condições que a escola precisa ter para desenvolver atividades de cultura corporal (corporeidade) e educação inclusiva (Como as escolas podem se organizar para a prática inclusiva quanto à adequação dos espaços físicos, a formação de professores para o atendimento de necessidades educacionais especiais, a metodologia das aulas, a disponibilização de recursos tecnológicos específicos, entre outros aspectos).

Construção ou adaptação de rampas; alargamento de portas e passagens; adaptação de sanitários; e sinalização visual, tátil e sonora, professores capacitados em educação especial, nenhuma exclusão do sistema de ensino regular por motivo de deficiência e sim oferecer suporte tanto ao professor quanto ao portador de necessidades especiais, por meio do acompanhamento, estudo e pesquisa de modo a inseri-lo e mantê-lo na rede comum de ensino em todos os seus níveis. (ELMA). Necessidade de capacitação de dois tipos de profissionais: professores do ensino comum com formação básica para lidar com a diversidade e professores especializados, os quais trabalhariam como equipe de atendimento e apoio, a escola precisaria estar refletindo em seu projeto pedagógico, currículo, metodologia de ensino, avaliação e atitude dos educadores, ações que favoreceriam a integração social, adaptando-se para oferecer serviços educativos de qualidade para todos (IRANY).

O processo de inclusão de pessoas com necessidades especiais causa extremas mudanças. Não apenas os professores precisam estar capacitados para enfrentar esse novo desafio, mas principalmente, alunos, pais e comunidade precisam compreender como a convivência com alunos incluídos poderá enriquecer a formação humana de seus membros. (MARIA). Implantação das funções de monitor para auxiliar alunos nas atividades de higiene, alimentação e locomoção no cotidiano escolar e outras que tiverem necessidade de apoio constante Inclusão de professores capacitados para atender as necessidades de alunos portadores de deficiência, nas salas de aula. Adaptação do ambiente escolar conforme a necessidade do aluno. (NATASHA).

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