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terça-feira, novembro 19, 2024

Conhecimento e Atuação do Professor de Educação Física

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um transtorno na qual ainda existem inúmeros paradigmas que o classificam no âmbito escolar definindo-o como aluno mal-educado, indisciplinado e muitas vezes pouco inteligentes. O presente estudo busca analisar a formação, o conhecimento e o trabalho do professor de Educação Física. Aplicamos um questionário de cunho qualitativo e quantitativo, contendo duas perguntas semi abertas, uma aberta e uma fechada, sendo respondido por 16 professores de Educação Física de escolas públicas e privadas do Ensino Fundamental I da cidade de Sorocaba – SP. Constatamos que 50% dos professores pesquisados tiveram disciplina curricular na graduação que os preparou para o trabalho com alunos com necessidades especiais. Muitos não souberam definir claramente o que seria o transtorno, implicando na identificação do TDAH e suas necessidades, conseqüentemente não utilizavam metodologias específicas para incluir esses alunos.

A pesquisa nos mostrou a necessidade de preparação e capacitação dos professores de Educação Física para o auxilio no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo desses alunos.

AQUINO, J.N; NAPOLE, N. AHTD at school: knowlodge and practice of the Physical Education teacher. 2008. 87 pages. Conclusion Course Work (scholar teaching graduation at Physical Education) – Academia de Ensino Superior, Sorocaba, 2008.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I – TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE
1.1 DEFINIÇÃO
1.2 CAUSAS
1.3 SINTOMAS E DIAGNÓSTICO
1.4 PREVALÊNCIA
1.4.a COMORBIDADE
1.5 O TDAH DA ADOLESCENCIA À IDADE ADULTA
1.6 TRATAMENTO
1.6.a TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
CAPÍTULO II – O TDAH NA ESCOLA
CAPÍTULO III – TDAH E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
3.1 DESEMPENHO MOTOR
3.2 ABORDAGENS GERAIS PARA O TRABALHO COM TDAH
3.3 INCLUSÃO
CAPÍTULO IV – PESQUISA DE CAMPO
4.1 METODOLOGIA
4.1.a SUJEITOS
4.1.b PROCEDIMENTOS
4.2 RESULTADOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS

INTRODUÇÃO

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) ainda é um transtorno envolto em inúmeros paradigmas no âmbito escolar, que o definem como má-educação, aluno indisciplinado e em muitos casos pouco inteligentes. Procuramos explorar esse tema em nosso Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), pois sabemos que será muito comum encontrarmos, em nossas aulas de Educação Física, alunos com esse transtorno e teremos que estar preparados para lidar com tais peculiaridades.

Pensando nas peculiaridades da criança com TDAH, acreditamos na importância do papel do professor de Educação Física no desenvolvimento afetivo, cognitivo e motor desse aluno. Para alcançar os objetivos da Educação Física, ou seja, a formação desses alunos, é necessário o conhecimento e a capacitação do professor em relação ao transtorno, para a melhor organização de suas aulas.

Atuando na área escolar durante nossa formação acadêmica, nos deparamos com inúmeras situações que nos despertaram a curiosidade em relação ao tema. Na prática encontramos diversos transtornos e dificuldades de aprendizagem, porém o TDAH tornou-se mais comum em nosso cotidiano, nos fazendo criar novas estratégias a cada dia para o trabalho com essas crianças. Pudemos analisar, que muitos professores por falta de conhecimento “rotulavam” esses alunos como mal educados e indisciplinados, não acreditando em suas potencialidades e não procurando um currículo adequado para auxiliar na formação do aluno com TDAH. Nesse sentido, buscamos aprofundamento quanto ao tema e tentamos entender o mundo da criança com TDAH e o quanto o professor de Educação física pode colaborar com esse aluno.

Para fins didáticos, organizamos o TCC em cinco capítulos, dispostos da seguinte maneira:

Primeiro capítulo: abordará de maneira detalhada a definição do transtorno, os sintomas, diagnóstico, causas e os possíveis tratamentos.

Segundo capítulo: contextualizará o TDAH no âmbito escolar, apresentando metodologias de ensino para facilitar o processo inclusão educacional.

Terceiro capítulo: apresentará a relação entre a Educação Física escolar e sua contribuição para o desenvolvimento do aluno com o Transtorno, destacando aspectos físicos, dificuldades e habilidades motoras, afetivas e cognitivas.

Quarto capítulo: conterá a pesquisa de campo, incluindo análise e discussão dos questionários aplicados a professores de Educação Física de escolas públicas e privadas da cidade de Sorocaba.

Quinto capítulo: trará as considerações finais do trabalho.

Conseqüentemente ao exposto, o objetivo do trabalho é relatar a formação, o conhecimento e a capacitação do educador físico frente aos alunos com TDAH, suas metodologias de trabalho e como a escola tem identificado o transtorno para o possível diagnóstico.

CAPÍTULO I: TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

“O ser humano vivencia a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo – numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência”.ALBERT EINSTEIN

1.1 DEFINIÇÃO

Diversos autores têm definido o TDAH como um transtorno que compromete a vida sócio-afetiva, profissional e principalmente escolar. Na literatura encontram-se diversas definições para o transtorno que causa grandes impactos para o indivíduo que o possui.

O TDAH é considerado como um transtorno mental, sendo um dos mais comuns na infância e na adolescência, caracterizado por desatenção, atividade motora excessiva e impulsividade (BARKLEY, 2002:35; COUTINHO et al, 2007; CUNHAC et al, 2001).

Araújo e Silva (2003) citam que esse transtorno

É considerado também como um distúrbio biopsicossocial, ou seja, parece haver fortes fatores genéticos, biológicos, sociais e vivênciais, que contribuem para a intensificação desse problema. O TDAH seria, para o portador, uma maneira diferente de pensar, ocasionando graves dificuldades de relacionamento.

Pode-se observar que os autores citados utilizam diferentes nomenclaturas que definem o TDAH, dentre elas encontra-se: distúrbio (designação que engloba numerosos fenômenos observáveis na esquizofrenia, como comportamento excêntrico, anormalidade dos pensamentos e dos afetos), transtorno (ligeira perturbação de saúde. Termo usado em doença ou de outro vocabulário similar, a fim de causar impacto psicológico menor no doente, ou em quem o acompanha) e doença (denominação genérica de qualquer desvio do estado normal. 2. med. Conjunto de sinais e/ou sintomas que têm uma só causa; moléstia.) (FERREIRA, 1999).

No presente trabalho, será empregada a terminologia Transtorno, atualmente mais utilizada na literatura e no DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais) – órgão que estabelece diagnóstico, estatística e classificação para o TDAH. Em algumas passagens será empregado o termo Hiperatividade na qual Goldstein e Goldstein (1998) utilizam essa terminologia em sua obra como sinônimo de TDAH.

Baseado nas definições encontradas entendemos que o TDAH é um transtorno comportamental, que ocasiona problemas de relacionamento pessoal, aproveitamento escolar e desempenho profissional.

1.2 CAUSAS

Nas décadas de 1960 e 1970 entendia-se que o TDAH surgia em decorrência de lesões ocorridas no parto. Entretanto, após o desenvolvimento de estudos mais elaborados, conclui-se que problemas durante o nascimento eram de menor importância para o desenvolvimento dessa condição (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN, 1998:52).

Esses novos estudos apontaram diversos fatores como responsáveis pela causa do TDAH, dentre eles distúrbios clínicos, efeitos colaterais de medicamentos, distúrbios convulsivos, dieta alimentar errônea durante a infância, infecções de ouvido, hereditariedade e lesões cerebrais, exposição fetal ao tabaco e álcool, problemas no desenvolvimento, ferimentos ou malformação, lesões cerebrais ou desenvolvimento cerebral anormal, problemas familiares, agentes ambientais, exposição precoce aos altos níveis de chumbo (BARKLEY, 2002:79; GIACOMINI & GIACOMINI, 2006; GOLDSTEIN & GOLDSTEIN, 1998:53; NAPARSTEK, 2004).

Goldstein e Goldstein (1998:59) dizem que o chumbo é um metal que não contém nenhum valor biológico conhecido, mas sua ingestão pode envenenar o sistema energético humano. Barkley (2002:86) ressalta que existem evidencias de que níveis altos de chumbo no organismo de crianças e jovens podem estar associados ao maior risco de comportamento desatento e hiperativo.

Barkley (2002:79) e Facion (2003) também apontam que o TDAH tem múltiplas causas e coloca que, mesmo com o avanço de pesquisas, é difícil encontrar provas científicas consistentes de algo que possa causar esse problema no comportamento humano.

Craft (2004:149) “conceitua o TDAH como um distúrbio intrínseco causado por uma disfunção do sistema nervoso central”. Para Riccio, Hynd, Cohen e Gonzáles (1993) o estudo das causas dessa condição caminha sob três pontos de vista: neuroanatômica que estuda as três áreas do cérebro, que supostamente controlam a atenção e inibem a atividade motora; a neuroquímica, que estuda os neurotransmissores que auxiliam a comunicação entre as vias nervosas e a neurofisiológica que estuda a interação dinâmica entre os componentes neuroquímicos e anatômicos do cérebro (apud CRAFT, 2004:149).

Segundo Benczik e Rohde (1999:55) “os achados científicos têm indicado claramente a presença de disfunção em uma área do cérebro conhecida como região orbital frontal em crianças e adolescentes com TDAH”. Porém, segundo os autores, os estudos ainda são iniciais e pouco conclusivos. O que se tem observado com freqüência é que existem alterações no funcionamento de algumas substâncias encontradas nessa área do cérebro, os neurotransmissores, que tem a função de passar informações entre um neurônio e outro (BENCZIK & ROHDE; 1999:57).

Ajudando a compreender a explicação da causa do TDAH como originário de uma disfunção na produção de neurotransmissores, Araújo e Silva (2003) dizem que,

[…] é causado pela pouca produção de Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que é uma classe de neurotransmissores responsável pelo controle de diversos sistemas neurais no cérebro, incluindo aqueles que governam a atenção, o comportamento motor e a motivação. Uma visão de base neurológica para o TDAH é que baixos níveis de catecolaminas resultam em uma hipoativação desses sistemas. Portanto os indivíduos afetados não podem moderar sua atenção, seus níveis de atividade, seus impulsos emocionais ou suas respostas a estímulos no ambiente tão efetivamente quanto as pessoas com sistemas nervosos normais.

Fatores genéticos e hereditários têm sido amplamente estudados em relação ao TDAH e, segundo Goldstein e Goldstein (1998:60)

A relação entre a hiperatividade e hereditariedade está claramente estabelecida. A primeira ligação foi estabelecida pelo estudo dos parentes de uma criança hiperativa. Sabe-se que uma criança hiperativa tem uma probabilidade quatro vezes maior de possuir outros membros da família com os mesmo problemas. Entretanto, o relacionamento entre crianças e sua família englobam, também, fatores ambientais.

Na mesma linha de pesquisa, Rohde e Halpern (2004:62), sugerem haver estudos familiares que mostraram consistentemente uma recorrência familiar significante para esse transtorno. Os autores apontam também fatores psicossociais que atuam no funcionamento adaptativo e na saúde emocional geral da criança, como desentendimentos familiares, presença de transtornos mentais nos pais, classe social baixa, família muito numerosa, criminalidade na família, psicopatologia materna e colocação em lar adotivo.

Diferentes autores têm pesquisado sobre as causas do TDAH. Seus estudos mostram que ainda existem muitos paradigmas em relação às causas desse transtorno. Como visto, as causas mais comuns são ambientais, genéticas e alterações cerebrais, ou seja, o TDAH pode ser causado por diferentes fatores, porém, não é possível precisar a influência de cada um para o surgimento dessa condição.

1.3 SINTOMAS E DIAGNÓSTICO

A manifestação do transtorno ocorre na infância, no momento em que à criança apresenta excessivas alterações no comportamento. Partindo do princípio de que as crianças normalmente são agitadas e inquietas, seria então difícil diagnosticar qualquer distúrbio comportamental, mas quando se trata de crianças com TDAH a idéia de inquietude e agitação se multiplica, e o comportamento dessa criança torna-se excessivo em relação a outras que convivem no mesmo ambiente. O TDAH causa muitos problemas para crianças com esse transtorno em basicamente três áreas: familiar, escolar e social (SANTOS, 2007).

O transtorno pode ser caracterizado pela combinação dos sintomas distração, impulsividade e hiperatividade. É a partir desse trio que irá se desenvolver o universo do TDAH, que oscila da plenitude criativa a exaustão de um cérebro que nunca para (SILVA, 2003:20).

Para considerar que uma criança ou adulto realmente apresente o diagnóstico positivo do TDAH é indispensável que passe por exames clínicos psicológicos e neurológicos, para que não haja falsas expectativas em relação ao problema. De acordo com Benczik e Rohde (1999:37), para existir o TDAH, é necessário que alguns sintomas já estivessem presentes antes dos sete anos e já causassem dificuldades para as crianças, no entanto, é necessário à observação de pais e professores em relação ao histórico comportamental de seu filho ou aluno.

Para Araújo, Mattos e Pereira (2005).

[…] o diagnóstico é obtido quando o paciente atende pelo menos seis dos nove critérios de um ou de ambos os domínios da síndrome (hiperatividade, impulsividade e desatenção) e pelo menos dois locais de avaliação distintos, como por exemplo, em casa e na escola.

Confere-se assim a classificação de predominante “hiperativo” quando presentes seis ou mais sintomas nos critérios de “hiperativo/impulsivo”, e predominante “desatento” quando presente seis ou mais sintomas no critério “desatenção”. (ARAÚJO, MATTOS e PEREIRA, 2005:392). Para o diagnóstico ser realizado é necessário então uma lista de sintomas que caracterizam a pessoa com o transtorno.
O DSM-IV propõe a necessidade de pelo menos seis sintomas de desatenção e/ou seis sintomas de hiperatividade/impulsividade para o diagnóstico de TDAH. Entretanto, tem-se sugerido que esse limiar possa ser rebaixado para, talvez, cinco ou menos sintomas em adolescentes e adultos. (BARBOSA et al.2000)

Craft (2004:150) apresenta os sintomas do TDAH para o possível diagnóstico médico de acordo com o DSM-IV, que são:

1-Desatenção

a. Dar pouca atenção a detalhes ou cometer erros por descuidos na escola, no trabalho ou em casa.
b. dificuldades em manter a atenção e concentração em atividades lúdicas.
c. freqüentemente a pessoa demonstra não ouvir quando uma pessoa fala diretamente com ela.
d. costuma não seguir as instruções corretamente ou não termina seus deveres, tarefas ou trabalhos escolares.
e. Apresenta dificuldades em organizar tarefas e atividades.
f. Costuma evitar tarefas que exijam esforço mental em longa duração.
g. Costuma perder objetos, materiais ou artigos necessários para a realização de uma tarefa.
h. Se distrai facilmente com estímulos externos (barulhos, ruídos, pegadas, etc.)
i. Costuma ser esquecido nas atividades de rotina.

2 – Hiperatividade

a. Movimenta-se constantemente, remexe-se na cadeira o tempo todo.
b. Costuma levantar-se do assento na escola ou em situações que deveria permanecer sentado.
c. Sempre corre de um lado para o outro constantemente e empolga-se demais em situações nas quais isso não é adequado (em adultos ou adolescente essa questão caracteriza-se por sensações subjetivas de inquietação).
d. Costuma ter dificuldades em participar de atividades de lazer tranqüilas.
e. Está sempre ativo e costuma agir como se estivesse sempre “ligado na tomada”.
f. Costuma falar constantemente.

3- Impulsividade

g. Costuma dar resposta antes que a pergunta seja concluída.
h. Costuma ter dificuldade de esperar a sua vez (filas de bancos, restaurantes, etc.)
i. Costuma interromper ou meter-se em conversas ou brincadeiras alheias.
Silva (2005:30) apresenta ainda um quarto grupo de sintomas, no qual denomina-o de Grupo de Sintomas Secundários, que mostra de forma clara tendências e problemas que podem ser apresentados pela pessoa com TDAH independente da característica de sua doença, podendo empregar-se em qualquer um dos grupos, os sintomas são:

• Tendência a ter um desempenho profissional abaixo do esperado,
• Baixa auto-estima, pois sofre desde muito cedo com uma grande carga de repressões e críticas negativas,
• Dependência química,
• Depressões freqüentes, ocorre por uma exaustão cerebral que vem de relacionamentos mal sucedidos e fracassos profissionais e sociais,
• Intensa dificuldade em manter relacionamentos afetivos,
• Demora excessiva em iniciar ou executar algum trabalho,
• Baixa tolerância ao estresse, que o leva a um desgaste cerebral,
• Tendência em apresentar um lado “criança” que apresentará por toda vida, na forma de brincadeiras, humor, caprichos, pensamentos mágicos e intensas capacidades de fantasiar fatos e histórias,
• Tendência a tropeçar, cair ou derrubar objetos, que ocorre na falta de atenção,
• Caligrafia de difícil entendimento,
• Tensão pré-menstrual muito marcada em relação às alterações hormonais que ocorrem nesse período,
• Dificuldade em orientação espacial (como encontrar o carro no estacionamento),
• Avaliação temporal prejudicada (para um TDAH sua noção de tempo nunca corresponde ao tempo real),
• Tendência à inversão de horário de dormir,
• Hipersensibilidade a ruídos,
• Tendência a realizar mais de uma atividade simultânea ou não.

Para o diagnóstico ser realizado com êxito é necessário que seja feito por profissionais da área da saúde, como neurologistas e psicólogos especializados no assunto, segundo a Benetti et al. (2004),

Embora certamente ainda bastante subdiagnosticado na nossa população, o TDAH vem sendo alvo de crescente interesse da comunidade de professores, de profissionais da área de saúde e da própria mídia. Em alguns dos poucos ambulatórios especializados no País, já não é infreqüente a chegada de crianças e adolescentes com o diagnóstico erroneamente firmado. Embora várias razões possam ser discutidas para explicar essa situação, é importante que o psiquiatra que lida com crianças e adolescentes possa estar atento ao fato de que tanto a capacidade atencional quanto à de controle motor são variáveis dimensionais na população.

Naparstek (2004:01) ressalta em seus estudos que o diagnóstico precoce e tratamento podem reduzir consideravelmente os conflitos familiares, escolares, comportamentais e psicológicos vividos por essa pessoa. Acredita-se que com o diagnóstico e tratamento correto, problemas como repetência escolar, abandono dos estudos, uso de drogas, depressão, transtornos comportamentais, problemas vocacionais e de relacionamento podem ser adequadamente tratados.

No momento do diagnóstico, o médico procura observar o comportamento social da criança em todos os aspectos, como: escola, em casa, com os amigos e a influência do meio em suas condutas. São realizados também exames para verificar se existe algum distúrbio ou doença no Sistema Nervoso Central (SNC) que exija um tratamento mais intenso (ARAÚJO & SILVA, 2003).

Silva (2003:185) aponta algumas etapas para a realização do diagnóstico, que estão subdivididos:

1º etapa: procurar um médico especializado no assunto para que você possa expor suas idéias sobre a possibilidade de possuir esse tipo de funcionamento comportamental.
2º etapa: relacionar para ele suas dificuldades e desconfortos nas áreas profissional/escolar, afetivo-familiar e social, citando exemplos situacionais claros.
3º etapa: verificar se esses problemas o acompanham desde a infância.
4º etapa: certificar de que suas alterações se apresentam em um grau de (intensidade) significativamente maior, quando comparado a outras pessoas de seu convívio, que se encontram na mesma faixa etária e em condições sócio-culturais semelhantes.
5º etapa: eliminar a presença de qualquer outra situação médica ou não médica que seja capaz de explicar as alterações apresentadas no seu comportamento, bem como os transtornos que lhes causam no dia-a-dia.

Mediante os fatos apresentados, faz-se necessário que o diagnóstico seja feito de forma precisa. Mais importante que o diagnóstico e o tratamento é o conhecimento dos pais e professores em relação ao problema de seu filho ou aluno, para que todos possam colaborar para a formação humana da pessoa com TDAH.

1.4 PREVALÊNCIA

Inúmeros autores analisaram estudos epidemiológicos em função do TDAH em crianças de idade escolar, estima-se que 3% a 12% das crianças de 6 a 14 anos tenham o transtorno. Esses estudos mostram que o problema não é tão incomum como se pensava (ARAÚJO et al. 2003; BENCZIK & ROHDE, 1995:45; FREIRE & PONDÉ, 2005).

Segundo Newcorn et al.

Os estudos epidemiológicos analisaram populações pediátricas em comunidades ou em escolas, com taxas geralmente mais altas nas últimas. Estudaram crianças de uma única escola primária de um bairro pobre urbano e encontraram uma prevalência de 26%. O impacto do TDAH na comunidade é ainda maior quando se considera que este transtorno acarreta morbidade continuada na adolescência (85% das crianças) e na idade adulta (50 a 70%) (apud ARAÚJO et al, 2003)

Araújo et al. (2003) ressalta que a prevalência varia de cada local ou faixa etária que for analisado, entretanto, os números variam de acordo com a realidade de cada lugar, ou de cada grupo.

O TDAH ocorre com mais freqüência em indivíduos do gênero masculino. Segundo Gentile (2000) “pela alta incidência em meninos – cerca de 80% dos casos – acredita-se que o problema possa estar relacionado também ao hormônio masculino testosterona”. No menino o transtorno se torna mais explícito, pois apresentam maiores característica de impulsividade e hiperatividade. Já o contrário ocorre com o gênero feminino, segundo Silva (2003:39):

Diferentemente dos homens, as mulheres com TDAH podem muitas vezes passar incógnitas aos olhos mais atentos. Entre elas, predomina o tipo sem hiperativiadade, ao contrário de seus pares masculinos. Tal diferença determinada por particularidades biológicas dos sexos, além do auxílio do componente cultural.

Benczik e Rohde (1999:45) defendem que antigamente acreditava-se que para cada menina com TDAH existiam quatro meninos diagnosticados. Essa idéia baseava-se nos estudos realizados a serviço da saúde mental. A razão dessa diferença nos estudos antigos é recente e simples: meninas tendem a apresentar TDAH com predomínio de sintoma de Desatenção, portanto incomodam menos na escola e em casa do que os meninos.

Uma autoridade chama as meninas com TDAH de “a minoria silenciosa”: elas compartilham o risco para desenvolvimento de problemas escolares e sociais, mas, já que não chamam a atenção para si mesma, estão em risco adicional por não obterem o auxílio necessário”. (SMITH & STRICK, 2001:38).

Mas isso não quer dizer que meninas não sejam hiperativas ou impulsivas. No caso das meninas com essas características, observa-se normalmente o desinteresse em brincar de boneca ou de casinha, havendo preferência a jogar bola junto com os meninos, pois seus estímulos são muito acelerados e as brincadeiras com meninas dificilmente chamará sua atenção (SILVA, 2003:40).

Meninas com TDAH do tipo hiperativo/impulsivo passam por sérias dificuldades de relacionamento em seu meio social já que se espera que mulheres e meninas sejam delicadas, organizadas e calmas. Mas no caso da menina com TDAH o contexto torna-se diferente do esperado, ela mostrará ser explicitamente diferente do que se espera como uma “figura feminina” da sociedade podendo desenvolver baixa auto-estima, por ser sempre lembrada por sua falta de organização, sua falta de modos e de capricho. Essa questão torna dificultosa sua aceitação em meio a outras meninas, isso em relação as suas diferenças psicológicas e sua falta de interesse por jogos e brincadeiras socialmente idealizadas para meninas. Em alguns casos sofrem com apelidos pejorativos como “Joãozinho”, “Molequinho” e outros do gênero, passando assim por maldosas rotulações em seu grupo social (SILVA, 2003:44).

Ao chegar à vida adulta 50% das crianças com TDAH continuam a apresentar o quadro de sintomas, acompanhando a pessoa ao longo de suas vidas (GENES, 2003).

1.4.a COMORBIDADE

Em torno de dois terços das crianças com TDAH apresentam o quadro de comorbidade, ou seja, há o diagnóstico de outro transtorno ou doença presente no mesmo indivíduo. As comorbidades mais comuns são: síndrome de Tourette (tiques) (6,5%), depressão maior (14% a 24%), transtornos obsessivos compulsivos (15%), distúrbios de linguagem (10%), uso de drogas (até 40%), transtorno da ansiedade (13 a 20%), transtorno opositivo desafiador (33 a 65%), transtornos de conduta (1,78 a 10%), transtorno de humor bipolar (1,78 a 10%) e retardo mental (9,58%) (BARBOSA et al. 2000; GENES, 2003).

Segundo CRAFT (2004:149) O departamento de Educação dos Estados Unidos indica que em 1997, havia mais de 2,5 milhões de crianças classificadas como tendo Transtorno de aprendizagem, essa cifra corresponde a quase 4,5% de crianças em idade escolar e 51% de crianças que recebem serviços de Educação Especial.

1.5 TDAH DA ADOLESCÊNCIA À IDADE ADULTA

Há algum tempo atrás pensava-se que os sintomas do TDAH diminuíam ao chegar na adolescência. Porém a maioria dos estudos comprovaram que a maior parte das crianças chega a maturidade com os sintomas e problemas similares aos da infância, e que adultos com o transtorno enfrentam dificuldades no trabalho, na família e na sociedade. (NAPARSTEK, 2004). Estudos longitudinais demonstram que o transtorno persiste na vida adulta de 60 a 70% dos casos.(ABREU et al. 2006)

Ao chegar à adolescência o TDAH se torna algo também muito marcante. Uma das maiores preocupações dos pais são os problemas que surgem ao chegar nesta fase. Estatísticas sugerem que uma enorme porcentagem de crianças com TDAH evoluem para problemas de delinqüência durante a adolescência (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN, 1998:136).

Segundo Goldstein e Goldstein (1998:134), algumas pesquisas expõem que:

[…] 20% a 60% de adolescentes hiperativos envolvem-se em comportamento anti-social que resulta em registro de ocorrência no juizado de menores. Estima-se que aproximadamente de 3% a 4% da população normal de adolescentes acabe em juizado de menores. Em outras pesquisas, 35% dos adolescentes hiperativos foram suspensos pelo menos uma vez, em comparação a apenas 8% a 10% da população normal. Finalmente no segundo grau, estima-se que cerca de 80% de adolescentes hiperativos estejam pelo menos um ano atrasados em pelo menos uma disciplina escolar básica.

Para o adolescente com TDAH o convívio familiar também é um fator que implica drasticamente em sua vida, como pouca habilidade para se comunicar, idéias absurdas e problemas na estrutura familiar. Essas três dimensões das relações familiares podem exacerbar problemas de temperamento, tais como inquietação, desatenção e impulsividade. A incapacidade de tolerar frustração e os problemas de superexitação que alguns adolescentes experimentam geram mais discussão (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN, 1998:139).

Segundo Polanczyk, Rohde e Schmitz (2007):

Uma maior amplitude do prejuízo do TDAH na infância também foi significativamente associada à persistência do transtorno na idade adulta. Os autores não consideraram esse achado surpreendente, visto que seria esperada uma diminuição proporcional dos sintomas com a idade e, assim, poderia resultar em sintomas residuais quando o nível de prejuízo na infância fosse maior.

“Ao chegar à vida adulta homens e mulheres com história de TDAH passam também por grandes dificuldades na sua vida social e também parecem mostrar problemas com ansiedade, depressão e relacionamento”. (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN 1998:140).

Alguns adultos ainda podem manifestar a inquietude “interior” de modo subjetivo. Observa-se também uma necessidade de procurar ocupações profissionais com longas jornadas e mais dinâmicas. Pessoas que convivem com o adulto que possui o transtorno relatam serem estes incapazes de relaxar e manifestar sistematicamente uma aversão aos momentos tranqüilos (RANGEL JÚNIOR, 2007).

Para Araújo e Silva (2003) muitos adultos de hoje, que não foram diagnosticados quando criança cresceram lutando com uma deficiência que demonstra sintomas similares aos apresentados pelas crianças que são eles: freqüentemente inquietos e facilmente distraídos, lutam para conseguir manter o nível de atenção, são impulsivos e impacientes. No ambiente de trabalho não conseguem alcançar boa posição profissional, compatível com sua habilidade intelectual.

Segundo Silva (2003:114) nem todos os adultos com os sintomas demonstraram fracassos profissionais, muitos talentos que marcaram a história em nossa sociedade apresentaram fortes traços do transtorno, como o físico alemão Albert Einstein que apresentou sintomas que freqüentemente são encontrados no Déficit de Atenção que se caracteriza por Hiperconcentração, na qual passava horas e às vezes dias concentrado em um só problema. O Poeta e escritor português Fernando Pessoa mostrava sintomas claros de inquietação, contradição, desorganização, devaneios, hiperconcentração, criatividade, intolerância ao tédio e dificuldade em seguir regras. Todas essas características foram analisadas de acordo com sua história de vida e seus poemas escritos.

Existiram também outras figuras marcantes como Vincent van Gogh, Leonardo da Vinci, James Dean, Henry Ford, Ludwing van Beethoven e Wolfgang Amadeus Mozart, que também mostraram grandes traços e sintomas de TDAH. Isso demonstra uma condição paradoxal, pois através de suas mentes sonhadoras, impulsivas e hiperativas tornaram-se grandes nomes para suas áreas de atuação. Devemos destacar que esses renomes não possuem diagnósticos clínicos, ou seja, apenas apresentam fortes traços comportamentais do TDAH (SILVA, 2003:114).

Pessoas com TDAH podem apresentar desenvolvidas capacidades cognitivas, os ajudando a ajustar-se melhor a vida adulta e no local de trabalho. Apesar da maioria dos adultos com história de TDAH não demonstrarem comportamento anti-social, pesquisas demonstram que pelo menos 25% continuam a manifestar problemas persistentes de conduta e abuso de drogas, Além de serem freqüentes, também, no local de trabalho (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN, 1998:140).

Diante dos fatos apresentados percebemos que o TDAH é um transtorno no qual é necessário um tratamento, já que o mesmo acompanha a pessoa por toda vida. E mais do que o tratamento faz-se necessário também à compreensão das pessoas próximas, para a tentativa de uma convivência harmoniosa.

1.6 TRATAMENTO

A literatura demonstra alguns caminhos para o tratamento do TDAH. Para Silva (2003:194) em primeiro lugar é necessário o conhecimento em relação ao transtorno, afinal só é possível optar por um tratamento através do “saber”, para que dessa forma colaborem de forma integral para formação do indivíduo.

Segundo Barbosa et al. (2002) o tratamento envolve uma abordagem múltipla, englobando intervenções psicossociais e psicofarmacológicas:

No âmbito das intervenções psicossociais, o primeiro passo deve ser educacional, através de informações claras e precisas à família a respeito do transtorno. Muitas vezes, é necessário um programa de treinamento para os pais, a fim de que aprendam a manejar os sintomas dos filhos. É importante que eles conheçam as melhores estratégias para o auxílio de seus filhos na organização e no planejamento das atividades. Por exemplo, essas crianças precisam de um ambiente silencioso, consistente e sem maiores estímulos visuais para estudarem.

Silva (2003:195) reforça a importância, do que denomina “Apoio Técnico”, ou seja, pequenas medidas e atitudes que acabam por criar uma estrutura externa capaz de facilitar o cotidiano da pessoa com TDAH. Segundo a autora, isso pode ser conseguido com a criação de rotinas que devem estabelecer aspectos essenciais como: estabelecer horários de maior produtividade, de repouso, de atividades físicas, de refeições; organizar cronogramas em relação as suas obrigações, projetos e lazer, criar o hábito de ter agenda para anotar sua rotina, usar sempre blocos e canetas para possíveis lembretes.

Para Goldstein e Goldstein (1998:141) é importante que seja adotado um programa multidisciplinar para o tratamento do TDAH, incluindo ajuda à criança, amigos, professores e família em diversos ambientes.

Esse trabalho multidisciplinar para Benczik e Rohde (1999:63) é feito a partir de esclarecimento familiar sobre o transtorno, intervenção psicoterápica com a criança ou adolescente, intervenção psicopedagógica e/ou de reforço de conteúdos na escola, uso de medicamentos, orientação de manejo para família e professores.

Mattos (2001:38), apresenta um quadro de profissionais e suas habilitações para o tratamento do TDAH.

tabela

Fonte: Mattos (2001:38)

A intervenção escolar também é necessária em alguns casos, podendo facilitar no convívio social e aumentando o interesse na escola. Cerca de 25 a 30% das crianças com TDAH apresentam problemas de aprendizagem secundários que se associam ao transtorno, nesse caso a intervenção psicopedagógica é fundamental (BENCZIK & ROHDE, 1999:65).

Segundo Naparstek (2004) a eficácia dos tratamentos na redução dos sintomas imediatos aumentam a cada dia. Crianças com TDAH estão sujeitas ao fracasso escolar e dificuldades emocionais, no entanto o diagnóstico precoce e o tratamento adequado tem demonstrado que essas crianças podem superar barreiras impostas pelo transtorno.

1.6. a TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

Os medicamentos ainda são umas das formas mais eficazes no tratamento do transtorno. (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN 1998:196). Vários estudos demonstram claramente que mais de 70% das crianças e adolescentes com o TDAH apresentam melhoras significativas no transtorno quando o medicamento é usado de forma correta. (BENCZIK & ROHDE, 1999:66).

Para Mattos e Segenreich (2004) o tratamento com remédios pode ser classificado em diferentes classes, a primeira escolha são os psicoestimulantes (metilfenidato/ritalina e derivados anfetamínicos). As demais classes são os antidepressivos (triciclicos) e a atomoxetina (previamente denominada tomoxetina), esta última sendo o único medicamento não estimulante.

Os medicamentos estimulantes são hoje os mais utilizados para o tratamento do TDAH. A partir de 1990 encontrou-se um número crescente de estudos avaliando a eficácia do tratamento com esses medicamentos. A maioria dos estudos foi realizado com crianças em idade escolar e apontou por uma resposta moderada ou ótima para 70% dos casos (melhora sintomatológica de 30% ou mais). (ROHDE & GREVET, 2005)

Entre os estimulantes se destaca a Ritalina (marca comercial do metilfenidato), que é o único medicamento estimulante que aparece no mercado brasileiro (BENCZIK & ROHDE, 1999:66), porém tem havido muita discussão sobre o medicamento. Muitos debates foram feitos em relação aos efeitos colaterais, sendo uma das maiores preocupações nos anos 70 sua relação com a inibição do crescimento e a fama de ter efeito de “droga” (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN, 1998:204).

Silva (2003:198) esclarece que o medicamento não causa dependência quando utilizado na dosagem correta. Alguns estudos recentes sugerem, inclusive, que adolescentes que são “apropriadamente” tratados com o medicamento ficam menos propensos ao uso abusivo de drogas e álcool.

Se os estimulantes são assim denominados devido a sua capacidade de aumentar o nível de atividade do cérebro, por que não tornam então as pessoas ainda mais hiperativas? A área do cérebro que eles ativam é responsável pela inibição do comportamento e pela manutenção dos esforços de atenção, dessa maneira eles atuam como freio do cérebro no comportamento. (BARKLEY, 2002:284)

Para Silva (2003:198)

Pode parecer contraditório o uso de psicoestimulantes em pessoas que apresentam hiperatividade física e mental. No entanto, pode-se observar na prática clínica que estas substâncias nos indivíduos produzem aumentos na concentração, diminuem a impulsividade, hiperatividade, além de poder atuar na redução da ansiedade e na melhoria dos estados depressivos.

Segundo Benczik e Rohde (1999:70), o metilfenidato, como a maioria dos outros remédios, pode causar sintomas de dor de cabeça, mal-estar, náuseas, vômitos e tonturas, porém, isso acontece apenas com uma pequena parcela de crianças e adolescentes e, normalmente, os sintomas desaparecem com o uso continuado e ajuste da dose do remédio.

Silva (2003:200) classifica os principais medicamentos antidepressivos utilizados no tratamento do TDAH, que são: Sertralina, Paroxetina, Fluoxetina, Bupropriona, e Venlafaxina, esses medicamentos são eficazes na manutenção dos quadros depressivos, pânicos, fobias, ansiedade, sintomas obsessivos-compulsivos, irritabilidade, agressividade, hipersensibilidade emocional, transtornos alimentares e tensão pré-menstrual.

Barkley (2002:298) ressalta que as alterações de comportamento relacionadas ao transtorno podem ser observadas poucos dias após o uso dos antidepressivos, em outros casos, podem demorar varias semanas, quando o medicamento é utilizado para tratar crianças com depressão, serão então necessárias varias semanas para julgar se a dose do medicamento é adequada. A dose poderá ser aumentada ou diminuída dependendo dos resultados do primeiro teste e serão necessárias mais algumas semanas até que os benefícios da nova dose possam ser observados.

Benczik e Rohde (1999:66) ressaltam que não são todas as crianças com TDAH que necessitam do uso de medicação, ou seja, aquelas com sintomas leves e boas capacidades cognitivas podem não precisar do uso de medicamentos, sendo feito o tratamento apenas com intervenções psicoterápicas e estratégias de manejo cognitivo-comportamentais que são fundamentais para o manejo dos sintomas, sendo que muitas vezes o transtorno é acompanhado de ansiedade, depressão e de baixa auto-estima, é importante que o profissional possa criar estratégias de apoio e de compreensão das dificuldades pelas quais a criança ou adolescente estejam passando.

CAPÍTULO II: TDAH NA ESCOLA

“A educação deve propiciar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter” PLATÃO

O TDAH é um transtorno que se manifesta na infância. Os pais já percebem logo cedo algumas características em seus filhos, demonstrações de que há algo diferente, mas passam por muitas vezes despercebidas. “É a partir da entrada da criança na escola que se observa maior consciência do problema” (SILVA & SOUSA; 2005).

De acordo com Goldstein e Goldstein (1998:106):

A criança Hiperativa que está no jardim de infância precisa agora aprender a lidar com as regras, a estrutura e os limites de uma educação organizada, e seu temperamento simplesmente não se ajusta muito bem com as expectativas da escola.

Segundo Silva e Souza (2005) o papel da escola é muito importante para o desenvolvimento global do aluno com TDAH. Pensando-se ainda na escolaridade, os autores ressaltam a importância da escola especial para crianças com TDAH, porém esse dilema vivido por pais e professores é extremamente paradoxal uma vez em que estamos vivendo numa época em que se fala de inclusão escolar. Porém a discussão que existe entre esta criança com TDAH freqüentar a escola especial ou regular é o fato de que com freqüência a escola regular não está preparada para receber essas crianças.

A escola que receberá crianças com TDAH deverá estar ciente que nem sempre suas abordagens pedagógicas convencionais ou suas abordagens sócio-educativas surtem resultados satisfatórios. As peculiaridades desses alunos faz com que a escola precise se preparar para recebê-los (RANGEL JÚNIOR; 2007).

Mesmo que muitos sintomas de TDAH sejam observáveis desde muito cedo na infância, estes são mais notados em situações que exigem a atividade mental prolongada, por isso muitos casos só são percebidos na escola, onde as crianças apresentam a cada dia mais problemas, como baixo desempenho escolar (SMITH & STRICK, 2001:38).

A queixa da dificuldade escolar enfrentada por essas crianças é freqüente nos ambulatórios e consultórios de pediatria, sendo que esse é o maior motivo do encaminhamento aos neuropediatras (ARAÚJO, 2002).

De acordo com Barkley (2002:235):

Um terço ou mais de todas as crianças portadoras de TDAH ficarão para trás na escola, no mínimo uma série, durante sua carreira escolar, e até 35% não completará o ensino médio. […] Entre 40 e 50% dessas crianças acabarão por receber algum grau de serviços formais através de programas de educação especial, como salas com recursos, e até 10% poderá passar todo o seu dia escolar nesses programas. […] Existe o fato de que mais da metade de todas as crianças com TDAH também apresentam sérios problemas de comportamento opositivo. Isso ajuda a explicar porque entre 15 e 25% dessas crianças serão suspensas ou até expulsas da escola devido a problemas de conduta.

De acordo com Silva (2003:62), um exame nos boletins escolares ou registros dos professores pode ilustrar bem o problema, e a causa desse baixo desempenho é a falta de atenção, que faz com que a criança pareça estar no ‘mundo da lua’, não realizando os deveres pedidos pela professora, não consiga ficar sentada quieta em sua carteira, converse muito com os seus colegas e não consiga manter organizado o seu material escolar.

Schwartzman (2001:61) aponta que os professores referem-se a esses alunos com TDAH como sonhadores: parecendo estar sempre com a cabeça nas nuvens. Por esse motivo não parece ouvir muito bem, mas se prestarmos atenção em seu comportamento veremos que se trata de uma surdez seletiva, ou seja, ouvem perfeitamente bem algo interessante (para eles), ainda que sussurrado a metros de distância.

Para Craft (2004:148) é conveniente destacar que muitas crianças com TDAH apresentam o transtorno de aprendizagem, vale ressaltar que o QI não é um fator que influencia no prognóstico de sucesso. Convém que os professores dêem prioridade em ajudar as crianças com o transtorno a desenvolver esse atributo de sucesso.

Goldstein e Goldstein (1998:107) ressalta:

[…] quando sua atenção é focalizada, são capazes de aprender tão bem quanto as outras crianças. Muitas vezes uma revisão cuidadosa dos boletins escolares da criança hiperativa revela que comentários do professor durante todo o curso elementar dizem respeito à dificuldade que a criança tem em prestar atenção e permanecer sentada.

Crianças ou adultos com TDAH apresentam dificuldades para aprender regras de jogos e são impacientes quanto às atividades de revezamento; em alguns momentos podem atropelar atividades de determinados grupos com gestos bruscos, querer dominar as brincadeiras e impor regras; pode não querer parar de brincar quando os colegas já estão exaustos ou até mesmo parar de brincar repentinamente de uma atividade que tanto insistiu para participar. Com muita freqüência, não percebe o humor das outras pessoas e acaba dizendo coisas erradas, nas horas erradas, como espalhar segredos etc; também não sabem a hora de parar de falar em uma conversa (SILVA, 2003:63).

Muitos professores desconhecem o TDAH, e com isso não compreendem o que está acontecendo com seus alunos. Este despreparo de professores e educadores que não sabem lidar e orientar essas crianças é devido ao fato de que não existem cursos que possam capacitá-los para trabalhar com essas crianças. (SILVA & SOUSA, 2005)

De acordo com Barkley (2002:35):

De início, muitos adultos procuram deixar de lado as interrupções da criança, observações obscuras e violações de regras. Após repetidos encontros, entretanto, elas tentam exercer um controle maior sobre a criança. Mas quando ela prossegue sem atender, a vasta maioria julga que a criança, deliberada e intencionalmente, é negligente.

Segundo Goldstein e Goldstein (1998:106) esta atenção por parte do professor infelizmente é freqüentemente negativa e dirigida à criança por ela não estar fazendo o que se espera, essa questão desintegra ainda mais a sala de aula, pois existem muitas outras crianças que dispensariam assistir uma batalha entre o professor e o aluno TDAH.

Frente a essa problemática, como forma de atuação do professor, Venegas (2002:4-5) propõe três níveis de intervenção em sala de aula:

1º) Nível Preventivo: o professor deve antecipar as ações do aluno para que as condutas típicas não se manifestem, e em se manifestando, devem ser controladas e ou eliminadas, concomitantemente, outros devem ser incorporados e mantidos, visando tanto a melhoria do desempenho acadêmico como as relações interpessoais.

2º) Nível de Apoio: o professor deve sempre recordar o aluno à cerca das condutas que devem ser evitadas, como também de suas respectivas conseqüências, da mesma forma, deve reforçar sistematicamente junto a ele aqueles que devem ser incorporados. As ações devem se feitas em comum acordo entro o professor e o aluno, ou entre eles. Aqui devem ser incluídos os reforços de caráter afetivo, como sorrisos, carícias, palmadas suaves nas costas, palavras carinhosas, reconhecimento, etc.

3º) Nível Corretivo: visa corrigir o comportamento inadequado e reorientá-lo. Caso o aluno não observe as regras anteriormente estabelecidas, o professor deve aplicar conseqüência imediatamente, porém, reforçá-lo a cerca do que dele se espera no caso de ocorrer uma situação semelhante. Caso ocorra um comportamento não previsto anteriormente, o professor deve detê-lo imediatamente, aplicar uma conseqüência proporcional entre a ação e a falta. E orientá-lo sobre como deve agir ou não caso ocorra a mesma situação novamente. (apud RANGEL JUNIOR, 2007).

Segundo Barroco et al. (2004) a escola deve ser adaptada para receber a criança com TDAH, pois os estímulos visuais e auditivos devem ser minimizados. A aula deve ser planejada com intervalos previstos para atividades de deslocamento, de mudanças de atividades com espaçamentos que vão se alongando, antecipando a agitação e impulsividade. A escola deve participar da elaboração de uma proposta e de sua aplicação, já que as atividades extraclasse devem fazer parte do dia-a-dia da criança.

Goldstein e Gosdstein (1998:113) sugerem, como ações preventivas, algumas estratégias e as principais características que um professor deverá ter ao deparar-se com um aluno TDAH em sua aula:

– Reconhecer o transtorno e que esse problema tem um grande impacto sobre as crianças da classe;
– Entender entre problemas resultantes de incompetência e resultantes de desobediência;
– Não deverá ter como primeira opção o reforço negativo ou a punição;
– Deve ser organizado, manter o ambiente da sala agradável;
– Cobrar estritamente as exigências específicas de comportamento em sala de aula;
– Deve estar interessado no processo (compreensão de um conceito) que no produto (conclusão de 50 problemas de subtração);
– Sempre distribuir pequenas recompensas sociais e materiais, relevantes e freqüentes;
– Alternar atividades de alto e baixo interesse durante todo dia em lugar de fazer com que o aluno faça todo o trabalho de manhã com tarefas repetitivas;
– Estar disposto a oferecer supervisão adicional durante os períodos de transição de aulas e intervalos;
– Ser capaz de resolver problemas e fazer planejamentos de antemão para evitar problemas;
– Estar disposto a auxiliar a criança a aprender, praticar e manter aptidões organizadas;
– Estar disposto a aceitar a responsabilidade de verificar se a criança aprende e usa um sistema eficaz para manter-se em dia com o dever de casa, e verificar se ela quando sai do prédio leva esse dever para casa;
– Aceitar a responsabilidade de se comunicar continuamente com os pais;
– Fornecer informações curtas diretamente a criança em um nível que ela possa aprender e manter um controle eficaz sobre toda a classe, bem como a criança com TDAH;
– Estar disposto a permitir movimentos em sala de aula, preparar todos os alunos para mudanças na rotina e entender como e quando variar seus métodos;
– Ser capaz de encontrar algo de positivo, bom e valioso em toda a criança. Este professor valoriza as crianças por aquilo que são, não por aquilo que conseguem produzir.

Segundo Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), quando as crianças com o transtorno se dedicam a fazer algo estimulante ou do seu interesse, conseguem permanecer bem mais tranqüilas. Isso ocorre porque o centro de prazer no cérebro é ativado e consegue dar um “reforço” no centro da atenção que é ligado a ela, passando a funcionar em níveis normais (apud MENDES & RIBEIRO, 2006).

Segundo Goldstein e Goldstein (1998:106) “Algumas crianças com TDAH são muito brilhantes. A maioria está dentro dos limites médios e algumas, infelizmente, ficam abaixo da média em suas aptidões intelectuais”.

Cada criança com TDAH tem um modo preferido e peculiar de aprender, cabe ao professor descobrir formas de manter esses alunos interados em sua aula, estruturando o ambiente e a forma de tarefa mais conveniente para a criança. Talvez a forma mais conveniente para atuar com o aluno com esse transtorno seja ensinar com a convicção de que o aluno poderá aprender. É importante que o professor esteja motivado para lidar com esses alunos considerados “especiais”, para que assim o trabalho flua de maneira positiva com obtenção de bons resultados quanto à aprendizagem da criança (CRAFT, 2004:156).

Muitas crianças com TDAH vivenciam também uma ampla gama de problemas comportamentais ou emocionais na escola, como conseqüência de sua incapacidade de satisfazer as exigências escolares. Estes problemas muitas vezes se desenvolvem em resposta a fracassos freqüentes e repetidos, tornando, muitas delas, reprimidas e retraídas, enquanto outras se tornam irritadas e agressivas (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN, 1998:108).

Em alguns casos o ambiente escolar torna-se um lugar de imposição, tortura e descontentamento, pois ensinar e transmitir conhecimento é meta da escola, mas na verdade a escola tem como finalidade o papel de educar e preparar o conjunto de diversas crianças com suas particularidades a desenvolver seu potencial singular e único para assim se sentirem importantes, capazes e úteis no seu meio social (ALMEIDA, MESQUITA & OLIVEIRA).

Em relação a sua impulsividade e hiperatividade, a criança dificilmente pensa em suas ações. No entanto, podemos perceber facilmente que as outras crianças sentem-se amedrontadas com a facilidade que a criança com TDAH se torna irritada, frustrada ou agressiva. Isso acontece porque facilmente crianças de todas as idades rapidamente se tornam cientes do comportamento da criança e tendem a vê-la de um modo negativo (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN, 1998:83).

Crianças com TDAH tendem a viver o momento – o que elas podem conseguir agora é o que importa. Isso significa que as habilidades sociais que geralmente não têm recompensa imediata, como dividir, cooperar, dar a vez, manter promessas e expressar interesse por outra pessoa, geralmente não parecem valiosas para ela. E, por falharem em considerar conseqüências futuras, elas freqüentemente não enxergam que seu egoísmo e egocentrismo do momento resultará na perda de amigos a longo prazo. Elas simplesmente não entendem o conceito de construir um relacionamento íntimo baseado em trocas mútuas de favores e interesses em longo prazo. (BARKLEY, 2002:208)

Para Goldstein e Goldstein (1998:42) algumas crianças com o transtorno são bastante conscientes de seu problema e em conseqüências tornam-se cada vez mais infelizes, desamparadas e frustradas na medida em que continuam a fracassar. Outros não parecem ter consciência e continuam suas vidas indiferentes a inúmeras situações frustrantes que experimentam.

Para obter êxito quanto ao desenvolvimento da criança é importante à preparação de todos que estão a sua volta. O desempenho escolar depende de alguns fatores que são: características físicas e pedagógicas da escola e qualificação do professor; e características da família do aluno (nível de escolaridade e interação com a escola e deveres) (ARAUJO, 2002). Assim poder-se-á contribuir de forma positiva, sem que prejudique a formação humana da criança com TDAH. “Quanto mais informações e educação acerca do transtorno, melhor para criança e a família” (SILVA; 2003:61).

De acordo com a literatura fica claro que o estímulo e motivação do professor para interação do aluno como um todo em suas aulas é de grande importância. No momento em que ele consegue conquistar o interesse da criança, poderá integrá-lo e incluí-lo em suas aulas de maneira positiva auxiliando no seu desenvolvimento.

CAPÍTULO III: TDAH E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

“Um professor não educa indivíduos, Ele educa uma espécie” LICHTENBERG, G,C.

Neste capítulo abordaremos a questão da importância da Educação Física no desenvolvimento da criança com TDAH. Para Freire (1997:78) “a ação física e a ação mental estão de tal forma associadas, que avaliar um desses aspectos isoladamente causaria grandes prejuízos, não só para a aprendizagem escolar, mas para o desenvolvimento da criança”.

Segundo Loovis (2004:172) Ao trabalhar com alunos que apresentam algum tipo de transtorno comportamental, o professor de Educação Física deve oferecer atividades desenvolvimentistas apropriadas, dar ênfase ao condicionamento físico, equilíbrio e movimentos básicos. O desenvolvimento de movimentos fundamentais locomotores e não locomotores também requerem atenção. Além disso, também pode ser enfatizado as atividades perceptivo-motoras, já que alunos com transtorno de comportamento costumam apresentar inadequações nessas áreas.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) no que diz respeito às habilidades motoras os alunos devem vivenciá-las na sua multiplicidade. O contexto nas aulas de Educação Física deve contemplar as diferentes competências de todos os alunos.

Segundo Craft (2004:155) a atividade física é uma intervenção importante, já que pode ajudar a diminuir o estresse e concentrar a atenção, além disso, propicia uma “válvula de escape” socialmente aceitável para a energia de uma criança com TDAH. Reforça Barroco et al. (2004) que as atividades que exigem concentração podem ser alternadas com jogos, pois elas auxiliam na internalização de regras, além de ajudar a desenvolver habilidades relacionadas à resolução de conflitos que podem ocorrer no convívio com os colegas de classe.

Vale lembrar que 4,5% de crianças em idade escolar apresentam transtornos de aprendizagem(CRAFT, 2004:149). Giacomini e Giacomini (2006) ressaltam que os transtornos de aprendizagem apresentam grande variedade e muitas combinações de dificuldades e pontos fortes para cada pessoa, com isso, o professor de Educação Física deve trabalhar com cada criança para identificar as áreas de maior dificuldade do aluno e ajudá-lo a criar estratégias de adaptação e superação.

Segundo Loovis (2004:174) Professores de Educação Física não estão preparados para lidar com a natureza e magnitude dos problemas encontrados ao trabalhar com alunos que apresentam algum tipo de transtorno, o que os leva a frustração. Se não for controlada com eficiência, essa frustração pode desencadear a tomadas de decisões e interações incorretas com os alunos.

Em muitos casos, a inadequação do comportamento somente é repreendida, em nada auxiliando na auto-regulação do comportamento pela criança. É importante que suas conquistas sejam mencionadas, favorecendo um feedback dos resultados alcançados pela criança (BARROCO et al. 2004).

Mediante aos fatos apresentados, podemos concluir que realmente não é tão simples o trabalho com os alunos que apresentam TDAH, entretanto, no momento em que o professor aprofunda-se em relação ao transtorno, procurando métodos e os empregando em suas aulas de maneira positiva, estará contribuindo para o desenvolvimento da criança. Além disso, no momento em que procura métodos de ensino específico para lidar com crianças com esse transtorno, poderá assim enriquecer suas aulas e contribuir para seu crescimento profissional.

3.1 DESEMPENHO MOTOR

De acordo com Craft (2004:153) a grande variação dos critérios para avaliar crianças com TDAH dificultam bastante as pesquisas nessa área, principalmente porque existe uma enorme variedade de desempenho motor. Alguns alunos com TDAH podem se tornar atletas medianos ou até mesmo talentosos, ou apresentar níveis médios abaixo do desempenho motor. A variabilidade do desempenho é certamente o aspecto mais frustrante, pois o comportamento motor de muitas dessas crianças pode se alterar facilmente, tanto de forma evolutiva de um tempo para outro como de forma decrescente.

O desempenho motor negativo dos alunos com transtornos comportamentais normalmente é atribuído por diversos fatores, tais como o trio de sintomas que são hiperatividade, impulsividade e déficit de atenção e também a outros fatores como sensações de inadequação e demonstração de comportamento agressivo, em vez de serem atribuídos a alguma incapacidade inata de movimentar-se bem (LOOVIS, 2004:172).

Craft (2002:153) apresenta as principais dificuldades apresentadas pelo aluno com TDAH nas aulas de Educação Física, que são:

– Equilíbrio dinâmico: essa dificuldade é caracterizada pela criança que cai com freqüência e não tem coordenação nos movimentos em decorrência da dificuldade ligada ao equilíbrio dinâmico: trotes, saltos de pés juntos, pulos com um pé só, etc.
– Perseveração: é o ato de continuar fazendo o movimento mesmo quando ele não é necessário, um exemplo é quando a criança começa a pular corda e tem dificuldade (de base neurológica) de parar de pular ou diminuir a velocidade dos saltos.
– Padrões Arrítmicos: Esse termo designa a incapacidade de manter o ritmo constante ao longo de uma tarefa repetitiva, como batucar os dedos ou pular corda. A criança pode começar a pular corda com regularidade nos primeiros saltos, acelerar e acrescentar movimentos até que a corda enrosque nos seus pés.

Segundo Craft (2004:153) o planejamento motor contribui para a execução coordenada das tarefas que envolvem equilíbrio e atividades motoras grosseiras e finas. Muitas crianças com TDAH têm dificuldades de desenvolver um plano antes de começar um movimento. Há também a presença da má aplicação da força (chutar a bola com força demasiada), reações prematuras ou atrasadas (chutar antes da hora ou tarde demais) e respostas inadequadas a seqüências complexas de estímulos (chutar a bola contra o próprio gol).

Em relação a um grupo de 19 crianças com TDAH que tomavam estimulantes, Harvey e Reid (1997) apud Craft (2004:153) constataram que o desempenho dessas crianças como grupo, em termos de aptidão física e atividades motoras grosseiras fundamentais estava abaixo da média se comparado com as normas relativas de crianças de idade e sexo correspondentes. Essas crianças apresentam também baixa resistência cardiovascular e pouca aptidão física geral, aliadas a uma alta porcentagem de gordura corporal.

3.2 ABORDAGENS GERAIS PARA O TRABALHO COM TDAH

Segundo Craft (2004:154) existem várias causas diferentes para o transtorno de aprendizagem, portanto deve haver várias formas diferentes de ensinar crianças com TDAH. Atualmente não há uma abordagem aceita universalmente; em vez disso, existem algumas bem sucedidas com alguns alunos e mal sucedidas com outros. As abordagens mais utilizadas são: controle de comportamento, abordagens multissensoriais e multifacetadas.

Outros autores apontam também outros procedimentos que consideram importantes para obtenção de bons resultados frente ao aluno com TDAH nas aulas de Educação Física que são: Psicomotricidade e Técnicas de Relaxamento. (FORTINO et al. 2006; LOOVIS, 2004:173)

Controle de Comportamento

Esta abordagem está relacionada as estratégias que empregam o reforço ou a punição para aumentar a freqüência de comportamento desejável e diminuir a freqüência dos comportamentos indesejáveis. Essa abordagem ajuda o professor a analisar a criança em seu ambiente e entender como alguns comportamentos específicos funcionam com a criança naquele ambiente. Por exemplo, quando o aluno insiste em conversar quando o professor está passando instruções, e o professor insiste em mandar o aluno ficar quieto quando se comporta mal. Nesse caso a atenção do professor reforça o mau comportamento do aluno. Ao se dar conta disso o professor pode mudar esse comportamento, dando atenção ao aluno somente quando ele estiver quieto, recompensando-o pelo comportamento esperado (CRAFT, 2004:154).

Abordagem Multissensorial

A abordagem multissensorial enfatiza o ensino por meio das áreas de ensino em que o aluno é forte, enfocando o uso de canais sensoriais no processo ensino aprendizagem; as abordagens sensoriais normalmente utilizadas nessa fusão são: os sentidos visual, auditivo, sinestésico e tátil. Por exemplo: a criança observa a demonstração do movimento (visual), ouve o professor descrever o movimento específico (auditivo) e é manipulada fisicamente ao longo do movimento (sinestésico) (CRAFT, 2004:155).

Segundo Craft (2004:155) esta abordagem é utilizada para ajudar crianças com dificuldade de atenção, combinado com o método de ensino com o estilo de aprendizagem preferido da criança.

Abordagem Multifacetada

A abordagem Multifacetada é uma abordagem eclética ao trabalho com crianças com TDAH. Na escola costuma ser mais eficiente do que o uso de uma abordagem isolada. Implica no uso de diversas abordagens em conjunto, utilizando diversas intervenções, aconselhamentos e estratégias comportamentais, visando auxiliar e facilitar o aprendizado de crianças com TDAH (CRAFT, 2004:155).

A seguir será apresentada uma lista de sugestões para a utilização com crianças com TDAH:

• Pode-se usar o controle de comportamento na escola e também em casa;
• Aconselhamento familiar é recomendável no caso da criança com TDAH (como visto nos capítulos anteriores);
• O aconselhamento individual ajuda a criança a desenvolver técnicas de superação, técnicas de redução de estresse, estratégias de aprendizagem e auto-conceito positivo;
• A terapia cognitiva proporciona as crianças com TDAH as habilidades para regular seus próprios comportamentos, além de ensinar técnicas de “parar pra pensar” e combater a impulsividade;
• É possível usar diversas intervenções escolares, como terapia/controle de comportamento, terapia cognitivo-comportamental e estratégias comportamentais aplicadas;
• Intervenções médicas e farmacológicas. (CRAFT, 2004:155)

Psicomotricidade

A psicomotricidade é uma disciplina educativa terapêutica que tem como objetivo aumentar a capacidade de interação do indivíduo com o seu ambiente através das habilidades motoras. No entanto, pode-se dizer que através da psicomotricidade a criança utiliza a via corporal para conhecer seus limites, suas dificuldades e suas habilidades, controlando seu comportamento, ajustando-se ao meio social e adquirindo capacidade de controlar o próprio corpo (FORTINO et al. 2006).

Técnicas de relaxamento

O relaxamento é um componente que merece um lugar especial na rotina motora normal de muitos alunos com TDAH. Fazer a transição do ginásio para sala de aula pode ser difícil para o aluno predominante hiperativo. Essa dificuldade não se torna desculpa para eliminar as atividades vigorosas do programa desses alunos, em vez disso, é motivo para garantir um tempo adicional, uma “volta à calma”, durante o qual eles podem usar as técnicas de relaxamento que aprenderam (LOOVIS, 2004:173).

3.3 INCLUSÃO

A educação de alunos com deficiência, transtornos de aprendizagem e comportamentais e outras condições que afetam o desenvolvimento, tradicionalmente tem-se pautado em um modelo de atendimento especializado e segregado, denominado de forma genérica Educação Especial. No entanto, nas últimas décadas, em função de novas demandas e expectativas sociais, os profissionais dessa área tem se voltado cada vez mais para a busca de alternativas menos segregadas de inclusão de alunos na escola regular. É o modelo conhecido como Educação Inclusiva, que preconiza que todos os alunos, independente de sua condição orgânica, afetiva, sócio-econômica ou cultural devem ser inseridos na escola regular.(FONTES, GLAT & PLETSCH, 2006)

Segundo Craft (2004:158) muitas das crianças com TDAH podem ser incluídas na Educação Física regular juntamente com seus colegas de classe. Tendo as sugestões, abaixo, como facilitadoras deste processo:

– Para melhorar auto eficácia e auto-conceito, ensine as habilidades até que elas sejam dominadas;
– Revise as habilidades básicas previamente adquiridas antes de ensinar as mais avançadas. Tenha consciência de que o desempenho de crianças com TDAH podem ser inconsistentes, principalmente nas habilidades ensinadas anteriormente;
– Minimize a utilização de jogos coletivos altamente competitivos que exijam respostas habilidosas e precisas caso as respostas estejam além da capacidade da criança. Atividades não competitivas que não exijam reações rápidas e precisão podem ser mais apropriadas. Além disso, evite atividades de eliminação nas quais os jogadores habilidosos acabam praticando mais e os não habilidosos treinando menos. Contudo, procure um currículo que envolva aprendizagens cooperativas para aumentar as interações em grupo, iniciativas em grupo, natação, ginástica e artes marciais, concentre-se em facilitar que cada um faça o melhor que puder;
– Inclua atividades baseadas em habilidades perceptivo-motoras, habilidades motoras grosseiras e aprimoradas, equilíbrio e consciência corporal no currículo;
– Elimine as práticas de ensino constrangedoras que forçam a comparação entre os alunos, como, por exemplo, expor cartazes com os escores de aptidão física dos alunos;
– Forme grupos de alunos de forma a maximizar a freqüência de comportamento adequado;
– Use o ensino por colegas para individualizar ainda mais o ensino, um colega maduro, um aluno de série mais avançada ou um adulto voluntário podem trabalhar com uma ou duas crianças com que tem dificuldade;
– Trabalhe em conjunto com os demais professores, especialistas em recursos, diretores, pais, médicos, enfermeiros da escola e psicólogos. Craft (2004:158)

Para Loovis (2004:179) a inclusão de alunos com Transtornos comportamentais deve basear-se, sobretudo, no conceito de ambiente menos restritivo. O plano de inclusão deve levar em conta a freqüência e a intensidade dos episódios comportamentais do aluno.

Vimos que a possibilidade da inclusão de alunos com TDAH na Educação Física regular é possível, desde que os professores estejam preparados para o trabalho com esses alunos, sendo assim, o professor deve empregar em suas aulas algumas metodologias essenciais que poderá incluir o aluno sem que haja constrangimentos desnecessários e favoreça o bom desempenho na disciplina.



CAPÍTULO IV: PESQUISA DE CAMPO

“A escola é o único lugar do mundo onde aqueles que sabem as respostas é que fazem as perguntas”. PHILIPEP MEIRIEU

4.1 METODOLOGIA

No presente trabalho foi utilizada a técnica de Pesquisa de Campo, que segundo Lakatos e Marconi (1991:186)

[…] é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.

Foi aplicado um questionário de cunho qualitativo e quantitativo, contendo uma pergunta semi-aberta, duas abertas e uma fechada.

4.1.a SUJEITOS

Os questionários foram entregues para 20 professores de Educação Física, sendo devolvidos apenas 16, sendo oito de escolas públicas e oito privadas no segmento de Ensino Fundamental I da cidade de Sorocaba no estado de São Paulo. A escolha das escolas ocorreu através de amostragem por conveniência, onde pudemos manter maior acesso aos professores e aos questionários.



4.1.b PROCEDIMENTOS

A pesquisa foi realizada no período de 13 de outubro a 3 de novembro de 2008, sendo acompanhado de um Termo de Consentimento Formal para a garantia de maior segurança para a realização da pesquisa e o cumprimento das normas éticas do trabalho.

De início tivemos muita dificuldade de acesso aos professores das escolas particulares. Pressupondo que seria mais difícil à devolutiva dos questionários em escolas particulares, optamos em iniciar a pesquisa com esses professores. Alguns diziam não ter tempo hábil para responder o questionário, outros de início recusaram a responder e em algumas escolas tivemos dificuldade de entrar e chegar até os professores.

Nas escolas públicas conseguimos a devolutiva dos questionários com maior facilidade, o acesso aos professores foi mais fácil, e os mesmos responderam no momento em que entregamos o questionário, sem que precisássemos voltar às escolas novamente. Os professores pesquisados eram de ambos os sexos, sendo a maioria do sexo feminino.

4.2 RESULTADOS

DADOS COMPLEMENTARES:

QUADRO 1 – Escolas Públicas

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QUADRO 2 – Escolas Particulares

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QUESTIONÁRIO

Questão 1:

TABELA 1 – Você possui alguma preparação ou capacitação para o trabalho com alunos que apresentam alguma necessidade especial?

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QUADRO 3 – Se sim, qual o tipo?

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Na questão 1, buscamos analisar qual a preparação dos professores de Educação Física em função dos alunos que apresentam alguma necessidade especial. Conforme os dados coletados, observamos que 56% dos professores apresentam alguma capacitação. Dentre as capacitações citadas na pesquisa, a que apareceu na maioria dos casos foi na disciplina curricular que as faculdades de Educação Física ofereceram no período de formação. Apenas dois professores responderam que fizeram alguma capacitação após a formação e um que buscou conhecimentos através de literatura.

Dos professores pesquisados 44% disseram não ter nenhum tipo de capacitação com alunos que possuem necessidades especiais. Segundo Silva e Sousa (2005) este despreparo de educadores que não sabem lidar e orientar esses alunos é devido ao fato de que não existem cursos que possam capacitá-los para o trabalho com essas crianças. Araújo (2002) ressalta que o desempenho escolar desses alunos depende de várias características, dentre elas a qualificação do professor. Nesse trabalho pudemos verificar que quase metade dos professores não tiveram a mínima preparação acadêmica para lidar com alunos com necessidade especial em suas aulas, o que pode dificultar o processo de inclusão desses alunos.

Vemos então a necessidade de capacitação de professores de Educação Física. Os órgãos responsáveis por escolas públicas e particulares deveriam fornecer cursos e palestras para melhor entendimento e preparação do professor que irá lidar com esse tipo de problema em suas aulas.

QUESTÃO 2 – O que você entende por transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade?

QUADRO 4 – Escolas Públicas

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QUADRO 5 – Escolas Particulares

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Na seguinte questão buscamos analisar o conhecimento dos professores em relação ao TDAH. Observamos que a maioria já ouviu falar algo referente ao assunto e alguns possuem algum conhecimento específico.

Na pesquisa realizada com professores de escolas públicas, os professores 1,2,3,4,6 e 8 disseram ser um problema que interfere na atenção, concentração durante as atividades, agitação e dificuldades nas relações sociais. O professor 5 apontou ser um problema neurológico e acredita que vai além de apenas comportamental ou social, pois os alunos com TDAH não conseguem dominar seus atos. O professor 7 disse ser uma “doença” que gera sintomas de hiperatividade sendo necessário tomar medicamentos e ser acompanhado de psicólogos ou psiquiatras.

Nas escolas particulares os professores 1,3,5,7 e 8 disseram ser um problema que causa déficit de atenção, falta de concentração, problemas de relacionamento social e dificuldades de aprendizagem. Já os professores 2, 4 e 6 apontaram ser um problema de causa hereditária, seguida dos sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.

Segundo Silva e Sousa (2005) muitos professores desconhecem o TDAH, e com isso não compreendem o que acontece com seus alunos. Em nosso estudo, porém, a maioria dos professores pesquisados, tanto de escolas públicas como de particulares, mostraram ter um conhecimento básico em relação ao assunto.

Alguns mostraram um conhecimento mais conceituado apontando ser de uma causa hereditária acompanhado do trio de sintomas (desatenção, hiperatividade e impulsividade). Para Goldstein e Goldstein (1998:60) a relação entre o TDAH e hereditariedade está claramente estabelecida. A maioria disse que é apenas um problema comportamental, comprovando assim a necessidade da qualificação desses professores em relação a alunos com TDAH. Reforça Silva (2003:61) “Quanto mais informações e educação acerca do transtorno, melhor para criança”.

Contudo, a pesquisa reforça a idéia que, segundo Loovis (2004:174), os professores de Educação Física não estão preparados para lidar com a natureza e a magnitude dos problemas encontrados ao trabalhar com crianças que apresentam esse transtorno. Dessa forma pode levar o professor a frustrações, correndo o risco de tomadas de decisões incorretas que segundo Barroco (et al. 2004) em muitos casos, a inadequação do comportamento somente é repreendida, em nada auxiliando na auto-regulação do comportamento pela criança.

QUESTÃO 3:

TABELA 2 – Você tem ou já teve algum caso de TDAH nas suas aulas?

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Se sim, qual a metodologia utilizada durante as aulas em relação à criança?

QUADRO 6 – Escola Pública

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QUADRO 7 – Escola Particular

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Na questão 3 constatamos que apenas 19% dos professores pesquisados disseram não ter dado aula para alunos com TDAH, ou talvez não soubessem identificar o aluno com transtorno em suas aulas. Estima-se que 3% a 12% de crianças de 6 a 14 anos tenham o transtorno (ARAÚJO et al. 2003; BENCZIK & ROHDE,1995:45; FREIRE & PONDÉ,2005), ou seja, a chance desses professores terem em aula esses alunos é considerável. Os outros 81% disseram ter trabalhado com esses alunos, assim, a grande maioria disse ter tido alguma experiência com esse tipo de transtorno em suas aulas.

A fim de saber de que maneira essa maioria tem atuado com esses alunos, perguntamos na pesquisa qual a metodologia utilizada nas aulas. Vale lembrar que cada criança com TDAH tem um modo preferido e peculiar de aprender, cabendo ao professor descobrir formas de manter esses alunos interados em sua aula, estruturando o ambiente e a forma de tarefa mais conveniente para a criança. (CRAFT, 2004:156).

Os resultados das pesquisas realizadas em escolas públicas mostraram-se preocupantes, de oito professores apenas quatro disseram ter algum método de trabalho, o restante disse não ter nenhuma metodologia específica. O professor 6 além de não ter metodologia ainda aponta não ter recursos humanos e nem materiais para o trabalho com esses alunos.

Os professores 1 e 8 disseram que o método de trabalho deles é colocar o aluno junto a ele como ajudante, colaborando na organização da turma, das equipes e dos materiais, atribuindo ao aluno responsabilidades. O professor 3 diz realizar fundamentos básicos para melhorar as condições técnicas e procura diversificar os conteúdos que de acordo com os PCN’s de Educação Física no que diz respeito às habilidades motoras os alunos devem vivenciá-las na sua multiplicidade. O professor 4 disse trabalhar individualmente, propondo atividades que prendem a atenção e jogos cooperativos Craft (2004:158) é preciso procurar um currículo que envolva aprendizagens cooperativas para aumentar as interações em grupo e iniciativas em grupo.

Ao realizarmos a pesquisa na escola particular constatamos que apesar da estrutura oferecida pelas escolas, apenas cinco professores apresentaram metodologia de trabalho. O professor 1 apontou trabalhar em função do despertar da autonomia moral, os professores 4, 6 e 8 disseram que trabalham com comandos individuais, chamando atenção do aluno para que se lembre de suas responsabilidades e procuram entender o aluno. O professor 5 disse trabalhar com atenção redobrada, utilizando circuitos, jogos sensoriais e de relaxamento para Craft (2004:158) é preciso incluir atividades baseadas em habilidades perceptivo-motoras, habilidades motoras grosseiras e aprimoradas, equilíbrio e consciência corporal podendo ser através de técnicas de relaxamento, mais conhecida como “volta à calma” sendo muito importante para a transição do aluno do ginásio para sala de aula.

De acordo com a análise dos resultados, pudemos perceber que mesmo com a diferença estrutural entre ambas escolas, de dezesseis professores, apenas nove possuem alguma metodologia de trabalho, ou seja, quase metade dos professores pesquisados não estão trabalhando especificamente para o auxílio no desenvolvimento do aluno com TDAH, podendo haver exclusão desses alunos em suas aulas, independente da realidade escolar. De acordo com Giacomini e Giacomini (2006) os profissionais comprometidos com o ensino podem, através de estratégias pedagógicas aplicadas em suas aulas, promover auto-estima, permitindo que alunos desenvolvam confiança e satisfação quanto as suas conquistas e contribuições.

Para Craft (2004:156) cada criança com TDAH tem um modo preferido e peculiar de aprender, cabe ao professor descobrir formas de manter esses alunos interados em sua aula, estruturando o ambiente e a forma de tarefa mais conveniente para a criança. Talvez a forma mais conveniente para atuar com o aluno com esse transtorno seja ensinar com a convicção de que o aluno poderá aprender. É importante que o professor esteja motivado para lidar com esses alunos para que assim o trabalho flua de maneira positiva com obtenção de bons resultados quanto à aprendizagem da criança.

QUESTÃO 4

TABELA 3 – Se já houve casos, ou se a escola ainda possui alunos com TDAH de que forma foi identificado?

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GRÁFICO 1 – Escolas Públicas e Particulares

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Na questão 4, o objetivo foi analisar se as escolas estão contribuindo para a obtenção do diagnóstico clínico da criança ao perceberem os sintomas de desatenção, impulsividade e hiperatividade e onde que o transtorno apareceu com maior intensidade para encaminhar o aluno para o possível diagnóstico.

Fizemos a comparação entre as escolas públicas e particulares, na qual pudemos perceber a grande diferença que ambas escolas apresentam quanto ao suporte para encaminhar o aluno para possível diagnóstico.

Na escola pública os resultados mostraram-se preocupantes, pois 50% das respostas apontaram que “apenas desconfiaram, mas não houve diagnóstico algum”. Estes números mostram que as escolas públicas não estão dando o suporte ou atenção para este tipo de problema. Segundo Barroco et al. (2004) a escola deve ser adaptada para receber a criança com TDAH. Para Silva e Sousa (2005) o papel da escola é muito importante para o desenvolvimento do aluno com TDAH, mas com freqüência as escolas não estão preparadas para receber estas crianças. Na escola particular essa questão não foi respondida, ou seja, os professores podem estar mais preparados para o direcionamento da criança que apresenta alguma dificuldade.

Em ambas escolas 37,5% das respostas apontaram que os alunos com TDAH já foram matriculas com o diagnóstico e 25% das respostas apontaram que foi identificado por professores de sala de aula, talvez porque na sala de aula os sintomas possam ser mais acentuados. Silva (2005:62) ressalta que a criança com TDAH poderá apresentar baixo desempenho escolar destacando a falta de atenção, que faz com que a criança pareça estar no “mundo da lua”. Isso leva a não realização dos deveres pedidos pela professora, dificulta que ela fique sentada quieta em sua carteira, converse muito com seus colegas e não consiga manter seu material organizado.

Na questão em que o TDAH foi identificado em conjunto com pais e professores houve uma grande diferença entre ambas escolas, na pública vimos que este trabalho em conjunto apareceu em apenas 25% das respostas, diferente da particular que apresentou 62,5% de respostas, mostrando novamente que a escola particular pode estar com um direcionamento melhor em função de alunos com necessidades especiais, segundo Benczik e Rohde (1999:37), para existir o TDAH, é necessário que alguns sintomas já estivessem presentes antes dos sete anos e já causassem dificuldades para as crianças, no entanto, é necessário à observação de pais e professores em relação ao histórico comportamental de seu filho ou aluno. No entanto, torna-se imprescindível esse trabalho em conjunto para a identificação do transtorno e para o encaminhamento da criança para um profissional que possa diagnosticar.

Segundo Benczik e Rohde (1999:65) a intervenção escolar também é necessária em alguns casos, podendo facilitar no convívio social aumentando o interesse na escola. Sendo assim, vemos a importância da intervenção pedagógica com esses alunos para encaminhá-los ao possível diagnóstico, para que o transtorno não fique apenas como desconfiança ou “rotulações” de alunos que param durante as aulas.

Com 12,5% das respostas ficou o que o TDAH foi identificado por professores de Educação Física, sendo respondido por apenas 2 professores de ambas as escolas. Estes números sugerem que a identificação do transtorno pode ter sido menor nas aulas de Educação Física talvez pelo fato dos sintomas serem mais acentuados em sala de aula, ou então, pelo fato de que os professores não possuem conhecimento adequado para reconhecer os sintomas do TDAH.

Silva (2005:63) ressalta que alunos com TDAH apresentam dificuldades de aprender regras e são impacientes em atividades de revezamento. Em alguns casos podem atropelar atividades de determinados grupos com gestos bruscos, querem dominar as brincadeiras e impor regras, podem não querer parar de brincar quando os colegas já estão exaustos ou até mesmo parar de brincar repentinamente, de uma atividade que tanto insistiram para participar.

Podemos considerar que o aluno com TDAH, que apresente sintomas como desatenção, impulsividade e hiperatividade, dificilmente passaria despercebido nas aulas de Educação Física. Acreditamos que cabe ao professor identificar os problemas mais evidentes de seus alunos, de modo que possa incluir em seu planejamento métodos que auxiliem no desenvolvimento de “todos” os alunos, promovendo uma aula o mais inclusiva possível.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.” CARLOS DRUMMOD DE ANDRADE

Baseados em nosso referencial teórico destacamos o TDAH como um transtorno mental que compromete a vida social e escolar de uma parcela das crianças. Portanto, faz-se necessária a atenção às suas necessidades educacionais básicas, bem como à criação de ambientes e estratégias de ensino adequado à inclusão escolar. No momento que as escolas assumem a responsabilidade de receber esses alunos considerados “especiais” é necessário que se adaptem a eles, e tornem o ambiente facilitador para o processo de ensino-aprendizagem desses alunos.

A falta de conhecimento dos professores em relação a essas necessidades especiais pode ser muito prejudicial na formação acadêmica e social dessas crianças, causando prejuízos na aprendizagem, auto-estima e interação social. O papel do professor no desenvolvimento desses alunos é de grande importância. No momento em que assume o papel de contribuir para a formação humana poderá favorecer o tratamento do aluno com TDAH, tanto dentro, como fora da escola.

Ficou claro, através da pesquisa com professores de Educação Física, que ainda existem muitos deles que não são capacitados para atender crianças com esse transtorno, tão comum em salas de aula. Vimos, também, que talvez pela falta de conhecimento da maioria desses professores, não há preparação adequada da aula para a inclusão desses alunos. No momento em que o aluno passa a ser excluído de alguma forma das práticas escolares seu interesse e seu desempenho poderão decair, reduzindo sua motivação, auto-estima e, em muitos casos, até mesmo abandonando a escola.

A pesquisa demonstrou que é preciso maior atenção e preparação dos professores de Educação Física, já que nem todas as faculdades oferecem disciplinas que os preparam durante a formação. Destacamos a necessidade de capacitação dos professores de Educação Física, seja em cursos preparatórios, palestras ou até mesmo na leitura da literatura impressa ou digital, disponível atualmente. Importante destacar também que o Professor seja ele de qual for à disciplina tem que ser um “pesquisador”, estar sempre em busca de atualidades e novos conhecimentos para melhorar as estratégias metodológicas de suas aulas, para que dessa forma procure melhorar e encontrar um bom currículo para o trabalho com seus alunos.

É muito provável que alunos com TDAH estejam presentes em qualquer nível de ensino, logo, educadores precisarão planejar suas aulas de maneira adequada a melhor acolhê-los. É importante o trabalho em conjunto, Professores de Educação Física, professores de sala de aula, pais do aluno com TDAH e a direção da escola devem se unir para aprimorar o acompanhamento do aluno e criar estratégias de ensino-aprendizagem. Pressupomos que no momento em que ocorre esta união fica mais fácil acompanhar o desenvolvimento do aluno com TDAH, suas necessidades, suas dificuldades e até mesmo suas vitórias, dessa forma tornando o trabalho do professor mais simples e com melhores resultados.

No desenvolvimento deste trabalho, aprendemos o quanto o universo peculiar da criança com TDAH pode enriquecer o trabalho do professor de Educação Física. O quanto pode ser interessante o convívio com essas crianças com mentes tão ativas e criativas. O trabalho, a cada dia, trará uma novidade, um novo obstáculo e uma desejada vitória. Melhor ainda, é que aprendemos que “todos” são capazes de aprender, independente de sua limitação. É preciso querer ensinar e buscar conhecimento para lidar com as dificuldades encontradas no dia-a-dia escolar. Assim, o trabalho se tornará mais prazeroso e os resultados serão melhores. No momento em que o professor inclui um aluno com necessidades especiais em sua aula poderá trabalhar com maior competência com o restante da sua turma, podendo trabalhar temas como “identidade” e “diversidade” contribuindo para a formação humana do aluno com TDAH e com o restante dos alunos, tornando sua turma mais madura, autônoma e responsável.

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