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terça-feira, novembro 19, 2024

Estudo de Viabilidade

SANTOS, Marcos Felipe dos. Projeto de viabilidade para implantação de um crematório na cidade de Criciúma. 160 pp. Trabalho de Conclusão de Estágio em Administração. Curso de Graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/SC.O presente projeto tem por finalidade verificar a viabilidade econômico-financeira e mercadológica para a implantação de um crematório na cidade de Criciúma SC.
O estudo realizado neste projeto concentrou-se na área de Administração Geral e Empreendedorismo. Para o melhor entendimento e estruturação do projeto, estudou-se os aspectos econômicos, ambientais, técnicos, administrativos, financeiros e legais.
No desenvolvimento do projeto procurou-se demonstrar o nicho de mercado aberto para o setor de cremações e como atuar nesta área não explorada no estado de Santa Catarina, deixando desta forma uma solução para amenizar o problema de falta de espaço para sepultamento. Foram utilizadas planilhas financeiras para que se pudesse constatar a viabilidade do negócio

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização do tema e Apresentação do Problema
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
1.2.2 Objetivos específicos
1.3 Justificativa
1.4 Estrutura do trabalho
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Estudo de viabilidade
2.1.1 Aspectos econômicos
2.1.1.1 Questões mercadológicas
2.1.1.2 Localização
2.1.1.3 Produtos ou serviços
2.1.2 Aspectos ambientais
2.1.3 Aspectos técnicos
2.1.3.1 Lay-out
2.1.3.2 Processo produtivo
2.1.4 Aspectos administrativos
2.1.4.1 Estrutura organizacional
2.1.5 Aspectos financeiros
2.1.5.1 Composição do capital
2.1.5.2 Financiamento
2.1.5.3 Capital de giro
2.1.5.4 Custo de produção
2.1.5.5 Ponto de equilíbrio
2.1.5.6 Payback
2.1.6 Aspectos legais
2.1.6.1 Aspectos contábeis
3 METODOLOGIA
3.1 Delineamento da pesquisa
3.2 Definição da área do estudo
3.3 Planos de coleta de dados
3.4 Planos de análise dos dados
4 PROJETO DE VIABILIDADE
4.1 Aspectos econômicos
4.1.1 Questões mercadológicas
4.1.2 Localização
4.1.3 Produtos e serviços
4.2 Aspectos ambientais
4.3 Aspectos técnicos
4.3.1 Lay-out
4.3.2 Processo produtivo
4.4 Aspectos administrativos
4.4.1 Estrutura organizacional
4.4.2 Estrutura comercial
4.5 Aspectos financeiros
4.5.1 Composição do capital
4.5.2 Financiamento
4.5.3 Capital de giro
4.5.4 Custo de produção
4.5.5 Ponto de equilíbrio e Payback
4.6 Aspectos legais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do Tema e Apresentação do Problema

Atualmente, diversas cidades estão crescendo assustadoramente, de forma não planejada, em função do aumento natural da população, assim como das próprias migrações das cidades do interior para as capitais e cidades maiores. Com isto, verifica-se que tanto a taxa de natalidade quanto de mortalidade costumam acompanhar esse crescimento, de tal forma a possibilitar também, sob a ótica administrativa, a geração de negócios empreendedores por natureza.
Considerando que o ser humano nasce, cresce, se desenvolve, envelhece e morre, estágio esse considerado final, é pertinente salientar que hoje o povo brasileiro, tais cerimônias costumam ser diferenciadas. O povo brasileiro, por ser de uma maioria católica tem como característica realizar funerais com enterro dos corpos. Porém, vale salientar que existe uma grande quantidade de católicos que já estão se adaptando a novos valores e culturas empregados pela sociedade em geral.
Por outro lado, como falado anteriormente, o crescimento da população nas cidades faz com que o aumento de mortalidade também aumente. No entanto, cabe destacar que não existe uma proporção linear para ambos os fatos, mas, existe uma ligação em função da quantidade de pessoas, influenciada por diversos fatores pertinentes ao crescimento tais como violência urbana, fatalidades, trânsito, stress, dentre outros fatores.
Diante disso, percebe-se que atualmente as pessoas costumam ser enterrada em cemitérios. Porém, analisando o fato sob a ótica empresarial, percebe-se que os próprios cemitérios necessitam de espaços físicos adequados e compatíveis para comportar um número significativo de pessoas que ao longo do tempo já faleceram ou estão falecendo.
A cidade de Criciúma (distante 195km de Florianópolis), com destaque nacional na produção de carvão, revestimentos cerâmicos e descartáveis plásticos, vem apresentando um crescimento considerável em relação a outras cidades do Estado de Santa Catarina. Por ser um dos maiores municípios do Estado, com aproximadamente 170.000 habitantes1, é considerada uma cidade com grande diversidade religiosa, por apresentar traços culturais oriundos da Alemanha, Itália, Polônia, Portugal, Espanha e de diversos países do mundo árabe e continente africano2. Atualmente a cidade tem dois cemitérios onde são levadas as pessoas que falecem para lá serem enterradas. No entanto, apresentam uma capacidade de ocupação alta, o que no futuro poderá trazer eventuais problemas para as suas respectivas administrações.
Diante disso, salienta-se que existem diversas soluções para tal problemática. Uma delas seria o investimento em novos terrenos para que possam ser utilizados no negócio. Por outro lado, pode-se também utilizar um conceito que vem ganhando mais espaço a cada dia que é o de implantarem crematórios, pois assim como os cemitérios, estão trabalhando com o mesmo mercado em si. Porém, por apresentarem características diferenciadas não se sabe ao certo se o empreendimento é viável ou não.
Para tanto serão levantados dados para avaliação e análise de viabilidade, conforme descrito nos objetivos específicos, onde o diagnóstico elaborado trará uma proposta para uma implantação futura deste crematório na cidade de Criciúma.
Serão abordados dados sociais, financeiros e comerciais, que buscarão comprovar a necessidade desta área ainda inexplorada, buscando-se mostrar uma ótima oportunidade.
Tendo em vista esta nova opção comprovadamente viável em outros locais do mundo e do país, esta é uma oportunidade de negócio válida para análise de um estudo de viabilidade.
Diante de todos estes dados, tem-se a seguinte pergunta de pesquisa:
É viável atualmente implantar um crematório na cidade de Criciúma?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a viabilidade de implantação futura de um crematório na cidade de Criciúma.

1.2.2 Objetivos específicos

a)Pesquisar, avaliar e selecionar informações teóricas e práticas sobre o assunto tratado;
b)Analisar a necessidade da cidade de Criciúma pela falta desta opção, sua procura e a sua possibilidade de sucesso;
c)Identificar valores relacionados aos costumes, como a tradição do ritual de sepultamento conforme religiões existentes;
d)Definir a empresa a ser constituída; sua estrutura, metas e áreas de atuação.

1.3 Justificativa

Justifica-se este trabalho tendo em vista que o município de Criciúma, por apresentar uma diversidade religiosa considerável, e por ser afetado diretamente pelo crescimento populacional, terá em um curto período de tempo problemas relacionados a espaços para o sepultamento de seus entes queridos.
Desta forma, por prever uma possível falta opção relacionada ao assunto em questão, pensa-se em exercitar a capacidade empreendedora montando um negócio que além de resolver um problema relacionado ao espaço, pode também atuar no sentido de valorizar ainda mais os cultos e cerimoniais destes entes.
A rigor, este projeto tem como caráter de relevância e originalidade o fato de existirem poucas empresas que trabalham com a cremação de pessoas. Para conhecimento, no Estado de Santa Catarina não existe nenhuma empresa que trabalha com isso, fator esse que apresenta um diferencial competitivo e um mercado inexplorado, o que demonstra uma grande justificativa.
Por se tratar de um empreendimento novo, sem qualquer parâmetro de comparação no Estado, justifica-se também este trabalho mediante constatação que o projeto de viabilidade é uma das ações recomendadas por órgãos de fomento que apóiam os empreendedores. Diante de um estudo detalhado do negócio em questão, de um conhecimento específico das potencialidades e fraquezas de um empreendimento deste porte, proporciona-se para o gestor maiores informações sobre a necessidade de se investir ou não.
Logo, os investimentos podem ser melhor planejados, fator esse que ressalta ainda mais a importância deste trabalho. Por outro lado, imagina-se que tal projeto traria uma contribuição para o desenvolvimento regional, pois um crematório é um negócio que pode ser viável.
Por fim, acredita-se que este trabalho poderia trazer uma solução para a falta de espaço presente e futura para sepultamentos nas grandes cidades, seja qual for a procura, pois tende a ser muito mais viável o aumento das instalações de um crematório para mais um forno (que pode realizar até dez cremações por dia cada um), do que a disponibilidade de vasta área para mais um cemitério. Além disso, um negócio com tais características não traz nenhum tipo de poluição ao meio ambiente.

1.4 Estrutura do trabalho

Para uma melhor consulta e entendimento, este trabalho foi dividido em 5 partes principais (excluindo-se o Sumário e Referências).
Na primeira parte é apresentada a introdução a este trabalho acadêmico, definindo-se a resposta a qual problema que ele procura resolver. Apresentam-se também os seus objetivos gerais e específicos e as justificativas que fazem deste projeto um estudo de negócio viável ou não.
No capítulo 2 mostra-se toda a Fundamentação Teórica que embasa cientificamente este trabalho, aplicando-lhe uma conotação acadêmica.
No capítulo 3 explicita-se toda a Metodologia empregada neste trabalho e seus mecanismos usados para este estudo de viabilidade.
O capítulo 4 apresenta o Projeto de Viabilidade, onde desenvolve-se toda a parte representativa deste trabalho e é apresentada parte a parte do projeto em seu desenvolvimento. São abordados os tópicos mais relevantes para o estudo de viabilidade e o sucesso de sua implantação.
No capítulo 5 são feitas as análises finais deste trabalho apontando seus pontos fortes e fracos e apresentando-se sugestões futuras.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Um projeto de viabilidade, para ser colocado em prática, deve analisar o maior número de variáveis relacionadas ao problema possíveis para que uma decisão tomada sem embasamento, ou seja, sem parâmetro para avaliação de resultados, não resulte em desagradáveis conseqüências futuras, e para que o gestor não seja surpreendido pelo imprevisível, que na maioria das vezes por falta de cuidados ou estudos, podem acarretar em problemas posteriores.
A capacidade de buscar fundamentação para um trabalho em fontes externas dá embasamento científico para qualquer trabalho e melhora a credibilidade do estudo, podendo-se extrair pontos contra e a favor do assunto em pauta (Tomanik, 1994). Entretanto deve-se cuidar sempre das fontes de busca, pois elas podem colocar em dúvida a seriedade do assunto discutido, devendo sempre buscar conteúdo em fontes fidedignas como livros científicos e de autores que dominem o assunto desenvolvido, inclusive em artigos e tese, em contra partida, deve-se evitar informações de fonte duvidosas ou tendenciosas, como informativos políticos, revistas não especializadas, etc.
Para Azevedo (1996), a investigação científica mostra a qualificação do autor pelo domínio do assunto e manuseio dos dados coletados.
Um trabalho científico bem elaborado deve deixar claro a idéia que deseja passar, por isso Azevedo (1996, p. 39-41), aconselha a escrever calorosamente, a procurar o melhor modo de comunicar as idéias, a ser original e a cultivar a simplicidade.
Alicerçado em uma boa fundamentação teórica, busca-se interpretar as possíveis variáveis de um novo empreendimento.
Segue abaixo uma explanação das bibliografias eleitas, em suas partes referentes aos assuntos abrangidos no estudo.

2.1 Estudo de viabilidade

Segundo (Onate,1982, p. 136), O estudo de viabilidade é o segundo passo de um planejamento futuro, que é basicamente a elaboração de planos futuros, tomando-se por base dados do presente somados a exemplos do passado.
Entretanto o planejamento não deve se ater apenas ao cotidiano, mas também antever toda e qualquer possibilidade de imprevistos e transtornos no decorrer dos processos, ou seja, elaboração e aplicação de planos destinados a cobrir fatos raros.
Conforme Toledo Júnior (1993, p. 15):
Viabilidade econômica é definida como um conjunto de técnicas, que permite a comparação entre os resultados obtidos nas alternativas possíveis de solução de um problema, possibilitando a tomada de decisões de maneira científica.
Desta forma o estudo da viabilidade econômica mostra alternativas, não só na solução de problemas, mas também nos caminhos a serem traçados para um novo empreendimento, evitando os menores riscos e menores gastos possíveis. O estudo de viabilidade econômica é um forte instrumento de auxílio para a tomada de decisão, freqüentemente solicitado pelos empreendedores mais conscientes mediante a utilização do planejamento para a estruturação correta e adequada ao caso.
O planejamento é um fator importante da caminhada de uma empresa, pois através dele se estudará em que direção ir, onde colocar os primeiros passos e onde se quer chegar.
Segundo Willian H. Newman (1987, p. 21) planejar é decidir antecipadamente o que deve ser feito; ou seja, um plano é uma linha de ação preestabelecida.
O planejamento não é só traçar esta linha de ação, mas também o fim desta linha, ou seja, a meta que se quer atingir, o objetivo que se quer alcançar.
O estabelecimento de metas é o primeiro passo de um planejamento, pois se necessita determinar claramente os objetivos que se deseja para após se pensar em como chegar até eles. As estratégias, projetos, programas e políticas das empresas são algumas formas de planejamento.
Planejamento Estratégico é o processo contínuo de tomar decisões empresariais no presente de modo sistemático e com o maior conhecimento possível de seu futuro; é organizar sistematicamente os esforços para que se cumpram essas decisões; e é medir os resultados dessas decisões contra as expectativas através de uma retroalimentação sistemática e organizada…
O planejamento estratégico não trata de decisões futuras, trata do que há do futuro nas decisões do presente. (DRUCKER, 1975, p. 136).
Para Chiavenato (1983, p. 19), projeto é “um conjunto de dados e informações sobre o futuro empreendimento, definindo suas principais características e condições, para proporcionar uma analise de sua viabilidade e de seus riscos, bem como para facilitar sua implantação”.
Segundo Onate (1982, p. 139), existem alguns objetivos básicos na realização de um planejamento. São eles: Prever futuros transtornos (fatos raros); desenvolver sistemas de controle (inclusive para o sucesso do planejamento); conceder maior efetividade ao desenvolvimento prático; e auxiliar o executivo na tomada de decisão.
Todos estes pontos devem ser muito bem observados, em qualquer estudo de viabilidade econômica, para que se evite imprevistos e se garanta o sucesso do empreendimento.
A viabilidade econômica está intimamente ligada ao espírito do empreendedor, pois é o arrojo e inovação do empreendedor que busca o estudo de viabilidade como um instrumento de suma importância para a interpretação dos fatos abordados e a análise de todos estes fatos, onde ao final é concluído com a tomada de decisão de seus investimentos.
A obra de Woiler e Mathias (1996, p.34), diz que “um projeto pode ser entendido como um conjunto de informações, que são coletadas e processadas, de modo que simulem uma dada alternativa de investimentos para testar sua viabilidade”.
A elaboração de um projeto faz-se crucial ao sucesso de execução de um estudo de viabilidade econômico-financeira, segundo Woiler e Mathias (1996, p. 27), projeto é “o conjunto de informações internas e/ou externas à empresa, coletadas e processadas com o objetivo de analisar-se (e eventualmente, implantar-se) uma decisão de investimento”.

2.1.1 Aspectos econômicos

Algumas decisões em uma empresa podem definir o seu sucesso ou fracasso, por isso as empresas se cercam de informações que auxiliem em seu sucesso. A análise dos aspectos econômicos busca este sucesso.
Segue abaixo os aspectos econômicos em termos da busca das condições ideais para venda.

2.1.1.1 Questões mercadológicas

É através de uma detalhada pesquisa de mercado que pode-se definir claramente as táticas de venda e produção. Segundo Tagliacarne (1978, p.27), as pesquisas de mercado têm como finalidade estudar os problemas relativos aos planos de produção, de propaganda e de distribuição, com o fito de incrementar as vendas e aumentar os lucros.
Já segundo Livingstone (1982, p.13), o termo pesquisa de mercado quer dizer o estudo de uma situação do mercado por meio do qual ultrapassamos a informação simples que chega a empresa. Através destas informações mais concretas pode-se direcionar melhor as atitudes que a empresa tomará em seguida.
Ter conhecimento prévio do mercado onde se pretende realizar um empreendimento é fator-chave na obtenção do sucesso deste. Base para isto tem-se os ensinamentos dos mestres abaixo:
O estudo de mercado, ou pesquisa de mercado, é o levantamento e a investigação dos fenômenos que ocorrem no processo de trocas e de intercâmbios de mercadorias do produtor ao consumidor. Representa a coleta de informações úteis para que se possa conhecer o mercado, seja para comprar matérias-primas ou mercadorias, seja para vender produtos ou serviços. (CHIAVENATO, 1995, p. 16)
Para a analise do mercado é o ponto de partida para elaboração de um projeto. o estudo de mercado é comumente o inicio da elaboração de um, projeto. A partir da analise do mercado, é possível obter os indicadores de demanda à área pesquisada e ao mercado: consumidor, concorrente e consumidor. (WOILER; MATHIAS, 1996)
Segundo Melnick (1978), “o objetivo do estudo de mercado num projeto consiste em estimar o total de bens ou serviços provenientes de uma nova unidade de produção que a comunidade esta disposta a adquirir e que preço esta disposta a pagar”.
Um mercado consiste de todos os consumidores, potenciais que compartilham de uma necessidade ou desejo especifico, dispostos e habilitados para fazer uma troca que satisfaça essa necessidade ou desejo. Assim, o tamanho do mercado depende do numero de pessoas que mostram a necessidade ou desejo, tem recursos que interessam a outros e estão dispostas e em condições de oferecer esses recursos em troca do que desejam. KOTLER (1998)
Com relação ao mercado consumidor que é representado pelos indivíduos propensos a tornarem-se consumidores de um produto ou serviço oferecido pela organização, Longenecker (1997, p. 63), diz que “o potencial de mercado é calculado para representar a capacidade de um mercado de determinada área ou ramo de uma atividade absorver uma quantidade especifica de vendas de um produto”.
Outro aspecto mercadológico importantíssimo e que deve ser estudado na elaboração de um projeto é a concorrência, conforme Kotler (1991, p. 202), “a empresa deve, constantemente, comparar seus produtos, preços, canais e promoção com seus concorrentes diretos. Desta maneira, ela pode identificar áreas de vantagens e de desvantagens competitivas”.
Já sobre os fornecedores Kotler (1991, p. 222) assinala, “fornecedores são empresas e indivíduos que provêem os recursos de que a empresa necessita para produzir seus bens e serviços”.
Sendo assim, podemos dizer que o mercado fornecedor é o meio onde se obtém os equipamentos, mão-de-obra, e utensílios necessários ao bom funcionamento da organização.
A análise mercadológica especula se o produto ou serviço será aceito pelo mercado ou não, e como ele deverá ser para que seja aceito, indicando as possíveis reestruturações.

2.1.1.2 Localização

A localização é importante em qualquer negócio, em alguns casos muito importante e necessitando um investimento maior no ponto comercial, em outros casos menos importantes, não sendo viável o gasto desnecessário em imóvel bem localizado. A análise da localização correta, ainda implica no acesso a mão-de-obra, energia, matérias-primas, condições ambientais, expansões futuras, etc. (WOILER; MATHIAS, 1996)
Segundo Pereira (1995, p.172), quando se trata de produtos ou serviços mais sofisticados, é preciso considerar se a região escolhida comporta aquele tipo de negócio.

2.1.1.3 Produtos ou serviços

Degen (1989, p. 22), nos mostra que todo produto ou serviço é fruto do descobrimento de uma oportunidade que identificou uma necessidade do mercado.
Segundo ele:
Por definição todo negócio deve atender às necessidades de consumidores, mediante a oferta de algum produto ou serviço, pelo qual eles estão dispostos a pagar. Portanto, a fórmula mais direta para identificar oportunidades de negócios é procurar necessidades que não estão sendo satisfeitas e desenvolver os produtos ou serviços para satisfazê-las, a um custo que os consumidores estejam dispostos a pagar.
A oferta de produtos e serviços que atendam as necessidades dos consumidores é a busca de todo empreendedor. Porém o atendimento das necessidades básicas dos consumidores coloca o empreendedor como somente mais um no mercado, sem diferencial de venda, dentro da idéia de Degen, podemos captar que o diferencial é que aponta a oportunidade real de negócio, ou seja, a busca pelo nicho de mercado que ainda não está totalmente atendido.

2.1.2 Aspectos ambientais

Conforme Pereira (1995), o empreendedor deve estar inserido na sociedade por completo, observando tudo para não agredir e, ainda, satisfazer as necessidades do ambiente onde está inserido. Não só em termos de meio ambiente, como é enfocado pela série ISSO 14.000, mas deve também observar o aspecto ambiental econômico favorável ou desfavorável, como localização, concorrentes, fornecedores, etc.
Para Pereira (1995, p.31) O plano de negócio não tem um caráter estático, mas, sim, dinâmico, acompanhando a evolução do ambiente externo do negócio e do próprio mercado em que se situa.
Outro enfoque informa Woiler; Mathias (1996, p.37), onde diz que o progresso tem trazido consigo a degradação do meio ambiente, que hoje deve ser analisada e combatida por todos, principalmente pelas empresas.
Deve ser feita a análise dos prós e dos contras, observando-se os aspectos positivos (nível de emprego, desenvolvimento regional, etc.) e negativos (poluição, periculosidade para trabalhadores e comunidade, etc.) para ser feita uma análise benefício/custo.

2.1.3 Aspectos técnicos

Conforme Woiler; Mathias (1996, p.35), é através da definição dos aspectos técnicos que indicaremos as necessidades de matérias-primas, rendimentos, etc.

2.1.3.1 Lay-out

O estudo do Layout é uma das muitas funções de O, S & M e possui a sua parcela de importância dentro da organização, é através deste estudo que se pretende evitar problemas que possam surgir, como o mau fluxo do trabalho e a perda de tempo gasto para se deslocar de um ponto para outro.
Os objetivos do estudo de Layout são (Araújo, l985):
a) Obter um fluxo eficiente de comunicações administrativas dentro da organização;
b) Obter um fluxo de trabalho eficiente;
c) Facilitar a supervisão;
d) Reduzir a fadiga do empregado no desempenho de sua tarefa;
e) Impressionar favoravelmente cliente e visitantes; e
f) Aumentar a flexibilidade para as variações necessárias.
Outros dados de funções e técnicas de O, S & M também se fazem necessários para uma análise organizacional.

2.1.3.2 Processo produtivo

O processo produtivo engloba toda a transformação da matéria-prima, desde a escolha do fornecedor de matéria-prima ideal até a remessa ou prestação do serviço ao cliente.
Segundo Erdmenn (1998, p.12), a produção como resultado de uma atividade, é oriunda de um conjunto de funções ou de esforços empregados. O produto é o resultado.
Completando este raciocínio (Harding apud Erdmann, 1998) diz que, é um conjunto de partes interelacionadas, as quais, quando ligadas atuam de acordo com padrões estabelecidos sobre input (entradas) no sentido de produzir outputs (saídas).

2.1.4 Aspectos administrativos

É necessário se ter uma fundamentação nas metas e objetivos a serem definidos, por isto analisa-se a Administração Por Objetivos (APO), que teve seu principal elaborador e divulgador em Peter Drucker e tem como propósito a finalidade prática dos negócios. A APO sugere que os gerentes se dediquem especialmente aos objetivos da empresa, seus resultados devem ser totalmente voltados ao êxito dos negócios, devendo definir claramente os objetivos e especificar qual o resultado esperado.
Drucker definiu oito objetivos-chaves: posição no mercado, inovação, produtividade, recursos físicos e financeiros, rentabilidade, desenvolvimento dos executivos, desenvolvimento de mão de obra e responsabilidade pública (Chiavenato, 1983).
A Administração por Objetivos visa principalmente os resultados, tendo a administração o papel de definir objetivos específicos, concretos e mensuráveis. As atenções, energias, recursos e planos devem ser totalmente destinados para o total êxito dos resultados, alcançando-se assim os objetivos.
Outro ponto de estudo é a Teoria Clássica, que apesar de muito antiga, pode ser aproveitada até hoje, e possui fundamentos administrativos importantes para qualquer novo empreendimento.
A Teoria Clássica baseia-se nos princípios e nas técnicas, Fayol desenvolveu as suas teorias apoiado nestes princípios, que se pode destacar a que é vulgarmente chamada de POC3 (Planejar, Organizar, Comandar, Coordenar e Controlar), in Lodi, 1976. Planejar é examinar e esquematizar o futuro, Organizar é arrumar a empresa tanto no setor material como no setor humano e financeiro, Comandar é determinar o que se deve fazer com eficiência, Coordenar é por em ordem, funcionando e rendendo e Controlar é fazer o controle para que tudo corra normalmente.
Com relação aos aspectos administrativos Woiler e Mathias (1996) ressaltam que estes “dizem respeito à estrutura organizacional que será necessária para implantação e para operação do projeto. O custo destas estruturas será alocado ao projeta no casa do custo operacional e no casa do custo de implantação”.
A estrutura é composta pela determinação e descrição:
a) da estrutura técnica e administrativa, do organograma, dos regulamentos e regimentos e dos horários de funcionamento da organização;
b) da relação de recursos humanos necessária, com os respectivos cargos, funções, ordenados e regime de trabalho;
c) da estrutura administrativa de pessoal e salários, dos incentivos não salariais oferecidos e de outros benefícios prestados;
d) dos setores que compõem a empresa e suas atividades.
Toda empresa necessita de uma estrutura administrativa que defina suas metas e objetivos, sua estrutura organizacional, sua distribuição física (Layout), entre outros itens que digam como, porque e onde ela pretende chegar.

2.1.4.1 Estrutura organizacional

É uma atividade ampla em sua função e que necessita de habilidade e capacidade na sua execução. Consiste em fazer interagir todos os elementos da empresa, ou seja, fazer com que os recursos humanos, técnicos, financeiros e físicos atuem em conjunto, aproveitando seu máximo potencial, mas sem desperdícios, procurando sempre alcançar os objetivos. Deve-se almejar a maior eficácia e eficiência com o menor dispêndio. (ONATE, 1982).
Faz-se necessário para a boa aplicação da organização uma estrutura organizacional. Segundo Alberto Marcos Onate, A organização também necessita de padrões esquemáticos que regulamentem e coordenem todas as atividades possíveis de representação organizacional.
Representa a esquematização concreta dos recursos materiais, humanos e físicos encontrados na entidade empresarial.
Captando as idéias de João Bosco Lodi (1976), posso dizer que a complexidade organizacional, numa época movimentada por surtos freqüentes de transformação, compele a empresa a permanentes adaptações. As estruturas de organização devem ser flexíveis e a gerência deve ser adaptável, dinâmica e inovadora.

2.1.5 Aspectos financeiros

As atividades financeiras iniciais e futuras da empresa serão aqui estudadas, tendo em vista mostrarem a necessidade de toda empresa ter que possuir capital inicial e de giro para suas atividades. Conforme Chiavenato (1995, p. 60):
Você deverá dispor de dinheiro suficiente para adquirir ou alugar o local adequado, as máquinas e instalações necessárias, os estoques de matérias-primas ou produtos acabados, a conta bancária, o dinheiro em caixa, etc. Além do mais, você deverá dispor de um adequado capital de giro para financiar suas atividades ao longo do tempo.
Os aspectos jurídicos têm uma relação indireta com o projeto, pois tratam da forma societária como a empresa é constituída: seu tipo, quais são os sócios, participação acionaria de cada um, registro na Junta Comercial, etc.
Os aspectos legais, conforme Woiler e Matrias (1996) estão relacionados com as exigências legais e/ou incentivos fornecidos pelos governos federal, estadual e municipal.
Um suporte de capital para o início das atividades de uma empresa é necessário para se poder alavancar os negócios, ou seja, para que se possa investir na perspectiva de no futuro se recuperar o investimento com lucro.
Esses aspectos são relacionados a dois tipos de problemas segundo Sanvicente (1987, p. 15):
a) segundo are as de decisões de investimentos, financiamentos e utilização
de lucro liquido;
b) segundo tarefas de obtenção de recursos financeiros e análise da utilização desses recursos pela empresa.
Áreas de decisões de investimentos, financiamentos e utilização de lucro líquido, estão diretamente relacionadas à utilização e ao destino dado ao capital próprio da empresa, ou seja, qual o melhor fim dado ao capital da organização para que a mesma obtenha uma estrutura ótima de ativos, e dessa forma possa atingir os objetivos estabelecidos.
A segunda maneira exposta consiste na obtenção de recursos de terceiros e a aplicação destes de forma que se constitua uma estrutura ideal de fontes de recursos para a empresa.
Para um projeto ser implantado, ele deve apresentar um nível mínimo de rentabilidade em relação ao capital que se pretende investir. A rentabilidade é medida através de índices que visam mostrar de forma quantificável os resultados obtidos ou a obter.

2.1.5.1 Composição do capital

Na composição do capital se procura determinar a composição do capital próprio ou de terceiros (Woiler; Mathias, 1996, p.36).
Sanvicente (1978, p.70), mostra que nos dois tipos de composição do capital (capital de terceiros e capital próprio) há uma preferência de retorno ao capital de terceiros com garantia de recebimento preferencial.

2.1.5.2 Financiamento

A saúde financeira da empresa será um dos fatores de maior importância na análise para a liberação de um financiamento. Muitos serão os pontos analisados, tais como nos diz Woiler, Mathias (1996), alguns são o capital próprio, o custo do capital para a empresa e o custo dos recursos de terceiros.
A empresa poderá buscar fontes de financiamento de curto e longo prazo, conforme explica por Sanvicente (1978). As fontes de curto prazo são destinadas à sustentação de aplicações em crédito a clientes e estoques, ou mesmo a substituição do financiamento aos clientes, como ocorre com o crédito direto ao consumidor. Já as fontes de médio e longo prazo são destinadas principalmente ao investimento (ampliação, modernização e instalação de empresas ou projetos).

2.1.5.3 Capital de giro

O capital de giro que também se pode chamar de ativo corrente ou ativo circulante, em geral compreendem os saldos mantidos por uma empresa nas contas caixa e bancos, títulos a curto prazo, contas a receber de clientes e estoques de matérias-primas, mercadorias para a venda, produção em andamento e produtos acabados, conforme Sanvicente (1978, p.114) relata em seu livro.
Ross; Westerfield; Jaffe (1995, p.144), definem capital de giro líquido, como sendo a diferença entre ativo circulante e passivo circulante. Baldwin acredita que precisa manter um certo investimento em capital de giro.
Uma colocação importante é colocada por Di Agustini (1999, p.23) da seguinte forma: A característica predominante dos itens que compõem o capital de giro é a transformação, ou seja, cada componente é rapidamente convertido em outras formas de ativo ou receita. As sobras de caixas podem ser usadas para recompor estoques, financiar clientes.
Percebe-se então o capital de giro como uma fonte de recursos que financiam as negociações da empresa após o seu início.

2.1.5.4 Custo de produção

Sendo um ponto importante na elaboração do preço, Dutra (1995, p. 28) no diz que custo é a parcela do gasto que é aplicada na produção ou em outra qualquer função de custo, gasto este desembolsado ou não. Portanto o controle e apuração exata dos gastos são pontos importantes para se ter a mais correta análise de custos.

2.1.5.5 Ponto de equilíbrio

O ponto de equilíbrio relatado por Sanvicente (1978, p.233 e 238) diz que é aquele nível ou volume da atividade em que o lucro líquido operacional é nulo, ou seja, as receitas operacionais são exatamente iguais ao valor total das despesas (ou custos) operacionais.
Entende-se por ponte de equilíbrio das operações de uma empresa, aquele nível ou volume de produção (ou atividade, em caso de empresa não-industrial) em que o resultado operacional é nulo, ou seja, as receitas operacionais são exatamente iguais ao valor das despesas operacionais. (SANVICENTE, 1987, p. 193)

2.1.5.6 Payback

Fator importante de análise de viabilidade em qualquer investimento a ser realizado é o período de recuperação do investimento. O payback é a definição do período, em meses ou anos, que serão necessários para a recuperação do investimento inicial, ou igualado e superado pelas entradas líquidas acumuladas. (Sanvicente, 1978, p.52)
Completando esta idéia, Ian W. Harrison diz que em termos formais, o período de payback é o espaço de tempo entre o início do projeto e o momento em que o fluxo de caixa acumulado torna-se positivo.
Ross, Westerfield e Jaffe (1995, p. 122) apontam o payback como uma forma de avaliação de projeto, porém apontam algumas deficiências, como não considerar a distribuição dos fluxos de caixa dentro do período de recuperação e ignorar os fluxos de caixa futuros.
Em sua obra, Sanvicente (1987, p. 44) define o payback como, “o número de anos ou meses necessários para que o desembolso correspondente ao investimento inicial seja recuperado, igualado e superado pelas entradas liquidas de capital”.
Já o ultimo índice que comporá a análise econômico-financeira deste projeto é a taxa média de retorno.
De acordo com Sanvicente (1987), um dos métodos para encontrar a taxa média de retorno consiste em se determinar o fluxo liquido médio por período e em seguida dividir o fluxo liquido por período pelo investimento exigido.

2.1.6 Aspectos legais

De acordo com (Woiler; Mathias, 1996, p. 37), Os aspectos legais visam os registros documentais da futura empresa, já os aspectos legais estão mais voltados às exigências legais e/ou incentivos fornecidos pelos governos federal, estadual e municipal.
Sob o ponto de vista jurídico Chiavenato (1995, p.37), classifica as empresas de três formas: firma individual (um único proprietário), sociedade de pessoas ou sociedade anônima (que são associação de duas ou mais pessoas).
Russo (2000, p. 9) dá em seu livro um roteiro de passos a se cumprir para a abertura de uma empresa de prestação de serviço e comércio ltda.: escolha da razão social da empresa e verificação da inexistência na praça; definição do objeto da sociedade e elaboração do contrato social; registro na junta comercial do estado; inscrição na receita federal para obtenção do CNPJ; inscrição na prefeitura para obtenção do Cadastro de Contribuintes Mobiliários (CCM) ou Inscrição Municipal; inscrição no INSS para obtenção do Certificado de Matrícula e Alteração (CMA); inscrição na Secretaria Estadual da Fazenda para obtenção da Inscrição Estadual (IE).
Pereira (1995, p. 233) entende que a empresa nasce juridicamente a partir do momento em que ocorre o registro de sua constituição na Junta Comercial. É salientada também a necessidade de uma séria de outros registros, como no Sindicato Patronal, Alvarás, Vistorias, na Secretaria de Estado da Saúde, Licenças, Impressão de Notas Fiscais, etc.

2.1.6.1 Aspectos contábeis

Muitas serão as utilidades dos demonstrativos contábeis para a análise de um empreendimento, desde seu projeto, através das projeções futuras, até a abertura da empresa com a estrutura do balanço patrimonial (Ross; Westerfield; Jaffe,1995).
Em uma análise mais profunda, Woiler; Mathias (1996, p. 38) diz que:
Os aspectos de caráter contábil estão relacionados com a metodologia de elaboração dos cronogramas financeiros e das projeções. Estão relacionados também com a estrutura contábil da empresa, tais como: o plano de contas, a escrituração dos livros, os instrumentos para controle durante a fase de implantação e , depois, durante a operação etc.
Melo, Cunha e Burakowski (1973, p. 11) entendem que as funções da contabilidade são as seguintes:
a) A observação e determinação dos diversos estados do patrimônio;b) estabelecer a função de cada estado constando no patrimônio, orientando-se a partir daí, para concluir por determinadas medidas, visando alcançar um resultado satisfatório;c) descrever cada um dos elementos patrimoniais; d) observação e anotação dos fatos patrimoniais; e) estabelecimento dos diversos estados patrimoniais, levando-se em consideração o tempo.
Ponto fundamental da burocracia das empresas, os documentos contábeis são imprescindíveis segundo a fiscalização da fazenda estadual, necessitando um controle rígido.

3 METODOLOGIA

3.1 Delineamento da pesquisa

Esta pesquisa será realizada principalmente a partir de uma mescla de alguns tipos; parte exploratória (visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado, etc.) e parte descritiva (
visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática), KOTLER (1998).
Como abordado pela professora Sylvia Roesch (1999, p. 195), o estudo de caso (quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento
), é uma ótima alternativa para quem não possui um grupo de pesquisa de campo, enquadrando-se perfeitamente para pesquisas em ambientes definidos por uma ou poucas organizações, portanto este meio também será utilizado neste trabalho de conclusão de estágio.

3.2 Definição da área do estudo

O estudo de viabilidade econômica para implantação de um crematório será desenvolvido na cidade de Criciúma, estando também aberto para o atendimento de todo o estado de Santa Catarina, ressaltando desta maneira Criciúma com mais um ponto de referência para todo o estado de Santa Catarina.

3.3 Planos de coleta de dados

Segundo Cervo e Bervian (1983) o primeiro passo da pesquisa resume-se na escolha do assunto, que deve passar por uma seleção onde se eliminam os assuntos indesejáveis e concentra-se nos de maior prioridade. Os assuntos devem ser novos ou complementares, ou seja, trazendo novidades sobre assuntos já abordados. As questões devem ser intelectuais ou práticas, evitando-se os assuntos fáceis e os já muito discutidos.
Não podemos esquecer três pontos ressaltados por Koche (1997, p. 128) que o tema deve ser de interesse de quem investiga, que o tema deve estar dentro da qualificação intelectual do investigador e que o tema deve ser de fácil consulta para o investigador.
Deve-se também delimitar o assunto selecionando a um tópico ou parte a ser abordada. Seus objetivos definem a natureza do trabalho, sendo extrínsecos ou intrínsecos. Nesta fase inicial formula-se o problema ou perguntas que darão clareza ao objetivo que se quer chegar, sem se levantar valores morais.
Conforme Gil (1991, p. 28), Pode-se formular um problema cuja resposta seja importante para subsidiar determinada ação.
A partir daí passa-se para a pesquisa propriamente dita com o levantamento bibliográfico através de documentos (que podem ser fontes de estudos como livros ou trabalhos científicos).
Segundo Köche (1997), ainda temos a pesquisa experimental (com a manipulação de dados para a observação dos resultados); a pesquisa descritiva (sem manipulação, analisa duas ou mais variáveis) e a pesquisa exploratória (descreve ou caracteriza a natureza das variáveis que se quer conhecer).
Definido o material parte-se para os apontamentos e fichamento dos materiais coletados, fazendo-se assim um filtro e o delineamento do corpo da fundamentação teórica. A análise da leitura feita deve ser escalonada conforme Cervo e Bervian determinam: leitura de reconhecimento e pré-leitura; leitura seletiva; leitura crítica ou reflexiva; e finalmente a leitura interpretativa.
Em seus estudos, Chizzotti (2001) nos mostra a pesquisa classificada em dois grupos:
1.Coleta de dados quantitativos prevê a mensuração de variáveis preestabelecidas, procurando verificar e explicar sua influência sobre outras variáveis.
2.Coleta de dados qualitativos fundamenta-se em dados coligidos nas interações interpessoais, na co-participação das situações dos informantes, analisadas a partir da significação que estes dão aos seus atos.
Um ponto ainda a se destacar é o universo (população total) a ser trabalhado e sua amostra (parte representativa do universo).
Segundo Vergara (1997):
Existem dois tipos de amostra: probabilística, baseada em procedimentos estatísticos, e não probabilística. Da amostra probabilística são aqui destacadas a aleatória simples, a estratificada e a por conglomerado. Da amostra não probabilística, destacam-se aqui aquelas selecionadas por acessibilidade e por tipicidade.
A parcela da população examinada é chamada amostra, a qual deve refletir fielmente as características desta população.
Segundo Stevenson (1981, p.159), a finalidade da amostragem é, fazer generalizações sobre uma população sem precisar examinar cada um dos elementos.
Embora em algumas situações o exame da população como um todo (censo), aparente maior segurança, Stevenson (1981, p. 160) nos ressalta que, uma população infinita torna o censo inviável; o estudo de uma população por completo, demanda tempo, levando à perda de utilidade pela defasagem das informações; se a população é grande, o custo pode ser proibitivo; a amostragem envolve um número menor de pessoas e conseqüentemente há maior possibilidade de coordenação e controle, diminuindo a chance de erro.
Embora existam diversas classificações, cita-se a que define amostragem como probabilística ou não probabilística. Segundo Mattar (1996, p. 282):
Amostragem Probabilística é aquela em que cada elemento da população tem uma chance conhecida e diferente de zero de ser selecionado para compor a amostra… e;
Amostragem Não Probabilística aquela em que a seleção dos elementos da população para compor a amostra depende, ao menos em parte, do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campo. Não há nenhuma chance conhecida de que um elemento qualquer da população venha a fazer parte da amostra…
Partindo-se para a fase final do projeto resta a por em prática os conhecimentos adquiridos através de testes, avaliação e tabulação de suas respostas.
Neste projeto serão coletadas as informações através do uso de cadastros, buscas na Internet de assuntos correlatos, levantamentos históricos e outras fontes de informações de empresas já existentes, informações de empresas de consultoria, SEBRAE-SC e outras fontes de assuntos afim.
Houve entrevistas formais e/ou informais, conforme as reações favoráveis ou desfavoráveis e disponibilidade dos entrevistados. Foram abordados funcionários das diferentes empresas; pessoalmente, por fax ou e-mail, somando-se uma investigação documental e estudo bibliográfico.

3.4 Planos de análise dos dados

Foram relacionados e confrontados os dados práticos coletados com as informações bibliográficas para após ser feita uma análise crítica.
Os dados quantitativos, que foram a principal fonte de estudo, têm o auxilio de gráficos e tabelas para a sua melhor interpretação e análise.
Entretanto também foram utilizados alguns dados qualitativos a título embasamento para projeção do futuro empreendimento. Nesta situação, estes dados têm a sua análise através da construção de teoria (grounded theory) (ROESCH, 1999, p. 170-172).

4 PROJETO DE VIABILIDADE

Este capítulo dedica-se a apresentar ponto a ponto a estrutura deste negócio como um roteiro de elaboração, tendo os estudos feitos e seus resultados aplicados para implantação de um crematório na cidade de Criciúma.
Tamanha é a complexidade e detalhamento de um projeto de viabilidade econômico/financeira, que através dele relata-se toda uma estratégia de atuação no mercado, e se possibilita através dele buscar recursos externos junto a prováveis parceiros e instituições financeiras. Toda a credibilidade do estudo de viabilidade será avaliada nesta seção, pois aqui se informam os dados necessários para a elaboração e/ou desenvolvimento de uma empresa.
Tendo em vista o projeto ter as características de um roteiro para a implantação deste empreendimento, ele também pode ser utilizado como uma ferramenta gerencial para implantação do negócio, acompanhamento de gastos (fluxo de caixa) e ao final um comparativo entre o planejado e o realizado. Diante disso, apresenta-se abaixo o mesmo em seus aspectos constitutivos.

4.1 Aspectos Econômicos

4.1.1 Questões mercadológicas

O mercado onde atuam os crematórios é divido principalmente entre os cemitérios tradicionais, os cemitérios parque, os cemitérios verticais e os crematórios. Sendo que em Santa Catarina possuímos apenas os cemitérios tradicionais e os cemitérios parque.
A cremação é um nicho de mercado dos óbitos no estado de Santa Catarina ainda inexplorado, que permite uma expansão sem obstáculos em termos de concorrência direta de outros crematórios, tendo que concorrer somente com os cemitérios, resguardando assim o seu diferencial de serviço. Este nicho é definido pela preferência do usuário (em vida) ou da família do falecido na escolha entre cemitério ou crematório.
O limite de espaço territorial dos cemitérios e o crescente número de óbitos nas grandes cidades são dados mais que suficientes para que se pense em alternativas como os crematórios.
Um fator desfavorável deste negócio é a rejeição deste método pós-morte pelos islâmicos e judeus, não se mostrando grande desvantagem por ser a religião judaica pouco difundida na nossa região, e apesar da colonização árabe (na sua maioria de religião islâmica) fazer parte da etnia de Criciúma, a sua expressividade numérica é ainda muito pequena para ser analisada como fator altamente desfavorável.
Para um melhor entendimento da aceitação ou rejeição da cremação por parte de cada religião, se fez necessário um breve apanhado das posições de cada uma das religiões no tocante a cremação, conforme segue abaixo.
Segundo o reverendo Prof. Dr. Ricardo Mário Gonçalves do Instituto Budista de Estudos Missionários de São Paulo, Os budistas adotam a cremação, mas, onde ela não é possível ou é muito difícil devido a entraves burocráticos, não têm problema algum em adotar a inumação (sepultamento). É o que acontece com a maioria dos imigrantes japoneses budistas residentes no Brasil.
Na opinião de estudioso espírita, o Mestre em Direito Processual da USP, se tem a religião espírita como indiferente ao fato do corpo ser cremado ou não, devendo-se apenas por recomendação (e não exigência) se cremar o corpo após 72 horas, quando acreditam que o espírito tenha se desencarnado por completo.
Para os cristãos o maior obstáculo para a aceitação da cremação é apenas a tradição milenar do sepultamento, pois nada poderá impedir o arrebatamento cristão, pois todas as cinzas voltarão à vida3, ou seja, não há nenhum impedimento no único manual de fé e prática cristão a Bíblia, a não ser algumas colocações no velho testamento que regem muito mais a religião judaica (religião que não crê no novo testamento, por não aceitar a Jesus Cristo como filho de Deus), fator este que leva os judeus a repugnarem a cremação. Da mesma forma os islâmicos, também por fatores de proibição religiosa antiga, não aceitam a cremação.
Por último cita-se os hindus que cremam todos os seus cadáveres, excetuando-se os líderes espirituais, crianças com menos de 3 anos e as mulheres grávidas, pois , segundo eles, não se queima um flor morta.
Por se tratarem de religiões de pequena expressividade, tanto no Brasil como em toda a região de Criciúma, não analisaremos as suas colocações em relação a cremação de corpos.
O tamanho do mercado consumidor dos crematórios é definido pelo número de óbitos da região em análise, onde se buscará conquistar o máximo possível de clientes dos já tradicionais cemitérios.
Um índice básico utilizado para o cálculo de óbitos é 0,7/1000 do número de habitantes, por mês3. Deste índice apurado se buscará conquistar 10% dos óbitos ocorridos, que será a clientela da empresa. Analisando-se somente a cidade de Criciúma, temos uma população de 152.955 habitantes na zona urbana e 17.367 na zona rural, perfazendo um total de 170.322 habitantes4, o que segundo o índice básico para cálculo de óbitos resulta em 119 óbitos por mês, sendo que a meta da empresa será alcançar 10% dos óbitos de Criciúma tem-se o resultado de 12 óbitos por mês. Como adicional se buscará incrementar as vendas através das outras cidades do estado, em no mínimo mais 8 cremações por mês, totalizando 20 cremações por mês, pois sendo o único crematório do estado, terá uma possibilidade muito superior para futuro.
Para uma melhor orientação referente a esta preferência popular efetuou-se uma pesquisa de mercado através do questionário referente ao Apêndice A.
A pesquisa de mercado foi efetuada através da aplicação deste questionário com 6 perguntas pessoais e 7 perguntas relacionadas ao assunto de cremação com uma 8ª questão solicitando sugestões a critério do entrevistado para que possa explanar suas críticas e sugestões sobre o assunto cremação. Esta é uma pesquisa quantitativa, pois se almeja obter resultados rápidos e com maior precisão, sem necessitar de grande dispêndio de tempo, dinheiro e material humano para a sua aplicação.
Tratou-se uma amostragem de 363 pessoas na cidade de Criciúma (13 aplicadas no clube de mães do bairro Vera Cruz, 11 na escola profissional para adultos, 22 na UNESC, 40 no bairro 4ª Linha, 14 no bairro do Centro e 263 em algumas igrejas de Criciúma). A aplicação de 100 questionários foi de maneira direta entre entrevistado e entrevistador e 900 questionários foram deixados nas igrejas, tendo em vista ser um público alvo que será muito trabalhado após a implantação do crematório, entretanto, somente 263 foram respondidos, pois nem todos os fiéis se pré-dispuseram a colaborar com o questionário.

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