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sábado, novembro 23, 2024

A Importância do Ensino da Língua Inglesa

Este artigo analisa e comenta as diretrizes que foram estabelecidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), e pelos Parâmetros Curriculares Nacionais no ensino-aprendizagem de Língua Estrangeira (PCN-LE), mais precisamente o inglês, ambos para o Ensino Fundamental de forma a ressaltar a importância do ensino da língua inglesa.

1. Introdução

Na concepção vygotskiana, o desenvolvimento humano ocorre por meio de uma interação dialética entre o indivíduo e o meio, mundo físico e social, e suas dimensões culturais e interpessoal, do qual faz parte desde o seu nascimento. “Nesse processo, o indivíduo ao mesmo tempo em que internaliza as formas culturais, as transforma e intervém em seu meio. É, portanto, na relação dialética com o mundo que o sujeito se constitui e se liberta”

Partindo dessa premissa e transportando-a para a educação, Moita Lopes (2003) afirma que:

“Se a educação quer fazer pensar ou talvez pensar para transformar o mundo de modo a se poder agir politicamente, é crucial que todo professor ­ e, na verdade todo cidadão ­ entenda o mundo em que vive e, portanto, os processos sociais, políticos, econômicos, tecnológicos e culturais que estamos vivenciando. Não se pode transformar o que não se entende. Sem a compreensão do que se vive, não há vida política”.

Assim, embasada na abordagem sócio-interacionista de Vygotsky, o ensino-aprendizagem de língua inglesa nas escolas privadas e públicas deve corroborar com esse princípio. É imperativo que se estabeleça uma pedagogia mais realista, com objetivos claros e possíveis de serem atingidos que, na opinião de Celani (1997) , devem estar atrelados à função social da língua estrangeira em relação aos alunos em questão, ou seja, ao papel dessa língua estrangeira na construção da cidadania e como parte integrante da formação global do indivíduo.

A educação contemporânea deve estar voltada para a formação de cidadãos capazes de participar na construção de uma sociedade melhor, conscientes de seus direitos e deveres e preparados para acompanhar as transformações do mercado de trabalho e do mundo. Consoante a essa concepção de ensino, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira fornecem um arcabouço teórico que sugere caminhos para que seja concretizada tal prática, uma vez que nas salas de aula de Língua Estrangeira imperam tensões e incertezas quanto a melhor forma de os professores desenvolverem seu trabalho.

2. A importância

Os Parâmetros Curriculares Nacionais para a educação básica no Brasil surgiram como uma provável resposta aos anseios do governo e da sociedade para uma educação de melhor qualidade em nosso país. A palavra “parâmetro” já sinaliza que as sugestões ali contidas levam em consideração variáveis diversas, muitas vezes difíceis de serem transpostas.

O documento vislumbra melhorias nas formas de ensinar de várias matérias da grade curricular obrigatória, ao mesmo tempo em que pretende dar subsídios suficientes a professores, educadores, e a todos aqueles envolvidos nas áreas de educação para que possam promover uma revisão ampla em todo o processo de ensino-aprendizagem, buscando a satisfação de quem ensina e de quem aprende através de uma melhor integração com o mundo pelo estudo.

A partir da elaboração dos PCN-LE e sugestões para o estudo de línguas estrangeiras modernas nas escolas, o governo federal tenta preencher, de certa forma, o desejo da sociedade em dar uma educação melhor aos seus filhos e a ela mesma, pois até então somente os cursos livres de línguas se ocupavam da tarefa de ensinar de modo mais competente aqueles que suas dependências buscavam:

“A sociedade brasileira reconhece um valor educacional formativo na experiência de aprender outras línguas na escola. Reconhece esse bem cultural ao garantir de alguma forma à presença da disciplina Língua Estrangeira no currículo e mesmo quando duvida da eficácia do ensino escolar e leva seus filhos e a si mesma para aprender línguas em escolas e institutos particulares de idiomas. O poder dos governantes e administradores, por outro lado, tem expressado mal nos meandros de suas decisões e atos, o valor de uma bem sucedida vivência educacional em outras línguas”.

Apesar das aulas tradicionais de inglês nas escolas regulares parecerem não ter o mesmo apelo motivacional (depende muito do professor) que aquelas ministradas em cursos livres de língua inglesa (também depende do curso), acredita-se serem ainda mais eficazes quando a meta é o Vestibular e seus textos longos e cheios de conclusões e parâmetros interdisciplinares.

Os PCN-LE, amparados pela nova LDB, tentam resgatar a importância que o ensino de línguas estrangeiras modernas havia deixado para trás:

“No âmbito da LDB, as Línguas Estrangeiras Modernas recuperam, de alguma forma, a importância que durante muito tempo lhes foi negada”. Consideradas, muitas vezes e de maneira injustificada, como disciplina pouco relevante, elas adquirem, agora, a configuração de disciplina tão importante como qualquer outra do currículo, do ponto de vista da formação do indivíduo.

[…] Assim, integradas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, as Línguas Estrangeiras assumem a condição de serem parte indissolúvel do conjunto de conhecimentos essenciais que permitem ao estudante aproximar-se de várias culturas e, conseqüentemente, propiciam sua integração num mundo globalizado”.

O ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras nunca foi tratado com muito respeito em nosso país, pelo menos no papel. Os PCN-LE surgem numa época em que o mundo se comunica com a velocidade da internet e do telefone celular, e onde o acesso aos mais diversos meios de comunicação se democratiza e faz com que pessoas das mais diversas regiões de nosso país, e das mais variadas camadas sociais, procurem se inteirar do que acontece ao redor.

Conhecer o mundo à nossa volta nunca foi tão importante, e o Governo Federal atento a tais necessidades propõe um ensino de LE mais voltado à comunicação e contextualização de conteúdos, reconhecendo que as aulas até então ministradas nas escolas, tanto públicas quanto particulares, deixavam muito a desejar, pois eram monótonas, não capacitavam os alunos a falar, ler e escrever em novos idiomas, e tinham um caráter muito mais repetitivo do que comunicativo.

Evidentemente, não se chegou a essa situação por acaso. Além da carência de docentes com formação adequada e o fato de que, salvo exceções, a língua estrangeira predominante no currículo ser o inglês, reduziu muito o interesse pela aprendizagem de outras línguas estrangeiras e a conseqüente formação de professores de outros idiomas. Portanto, mesmo quando a escola manifestava o desejo de incluir a oferta de outra língua estrangeira, esbarrava na grande dificuldade de não contar com profissionais qualificados.

“Agravando esse quadro, o país vivenciou a escassez de materiais didáticos que, de fato, incentivassem o ensino e a aprendizagem de Línguas Estrangeiras; quando os havia, o custo os tornava inacessíveis à grande parte dos estudantes”.

Um ponto consideravelmente positivo do processo de ensino-aprendizagem em LE é que a liberdade em escolher materiais didáticos mais adequados, favoreceram, e muito, o trabalho dos profissionais envolvidos com questões que, até então, eram realidades somente em cursos livres de LE, onde podiam arbitrar sobre o conteúdo e forma de suas aulas.

Entretanto, tais materiais ainda continuam inacessíveis, como reconhece o PCN-LE, mesmo às camadas com poder aquisitivo melhor, pois muitas das vezes são materiais importados, dependendo de oscilações de moedas estrangeiras e da ganância de algumas editoras que os trazem para vender em nosso país.

O Governo Federal é muito otimista quando trata da função que as Línguas Estrangeiras Modernas (LEM) assumem dentro da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias presente no documento oficial. Reconhece, de maneira muito simples, o problema das línguas estrangeiras modernas terem ficado, durante muito tempo, em segundo plano, e indica existir nelas um caminho para a formação individual mais abrangente:

“Ao figurarem inseridas numa grande área – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias –, as Línguas Estrangeiras Modernas assumem a sua função intrínseca que, durante muito tempo, esteve camuflada: a de serem veículos fundamentais na comunicação entre os homens. Pelo seu caráter de sistema simbólico, como qualquer linguagem, elas funcionam como meios para se ter acesso ao conhecimento e, portanto, às diferentes formas de pensar, de criar, de sentir, de agir e de conceber a realidade, o que propicia ao indivíduo uma formação mais abrangente e, ao mesmo tempo, mais sólida”.

A interação e socialização no mundo moderno e um melhor entendimento deste mundo através do domínio de uma língua estrangeira são idéias que se resumem em pretensão e desejo explicitados nos PCN:

“A aprendizagem da Língua Estrangeira Moderna qualifica a compreensão das possibilidades de visão de mundo e de diferentes culturas, além de permitir o acesso à informação e à comunicação internacional, necessárias para o desenvolvimento pleno do aluno na sociedade atual”.

Antunes (2003) afirma não ser fácil responder à questão de quando trabalhar as relações interpessoais num contexto didático-pedagógico:

“As relações que envolvem alunos e professores, professores e professores, professores e pais e ainda muitos outros “atores” do universo escolar são marcadas pelo imprevisível e, como assim são, nem sempre é possível antecipar o uso de uma ação ou estratégia que atue como sensibilizadora das relações interpessoais”.

Para que isto ocorra, é preciso levar em conta fatores motivacionais, emocionais e outros diversos que estão envolvidos neste tema. Motivacionais porque o professor precisa mostrar a seus alunos que as atividades em que possa ocorrer colaboração e ajuda são benéficas ao aprendizado.

Emocionais porque devemos levar em conta fatores como a timidez, baixa auto-estima ou pouca confiança, a relação entre colegas e o próprio professor, além de outros como a idade do aprendiz, o ambiente pedagógico, a disponibilidade e vontade em ajudar os colegas, a afetividade, fatores sócio-culturais, etc. Tais temas são mencionados por Brown (2000 e 2001); Krashen (1985, 1988 e 1995); e Vigotsky (2002).

Elogios devem ser tecidos às sugestões presentes nos PCN no que diz respeito à busca por interação social entre os alunos, buscando metas que só irão beneficiar o aprendizado através da interação. Para balizar tal assertiva, cita-se o trecho do documento que explicita o sentido de aprendizagem na área de LE no ensino fundamental:

“Assim, é fundamental que desde o início o professor desenvolva, com os alunos, um trabalho que lhes possibilite confiar na própria capacidade de aprender, em torno de temas de interesse e interagir de forma cooperativa com os colegas. As atividades em grupo podem contribuir significativamente no desenvolvimento desse trabalho, à medida que, com a mediação do professor, os alunos apreenderão a compreender e respeitar atitudes, opiniões, conhecimentos e ritmos diferenciados de aprendizagem”. […]

“Em última análise, o processo é caracterizado pela interação entre os significados ou conhecimento de mundo do parceiro mais competente (em sala de aula, o professor ou um colega) e os do aluno. Muitas dificuldades na aprendizagem são geradas, exatamente, por essas diferenças, que vão determinar expectativas e condições de relevância diferentes sobre o que se fala”.

3. Os objetivos

Na definição dos objetivos deve-se levar em conta o aluno, o sistema educacional e a função social da língua estrangeira em questão. Nos PCNs do ensino fundamental os objetivos foram explicitados considerando-se o desenvolvimento de capacidades em função das necessidades sociais, intelectuais, profissionais e interesses e desejos dos alunos. Eles são decorrentes não apenas do papel formativo da língua estrangeira no currículo, mas principalmente de uma reflexão sobre a função social da língua estrangeira no país e sobre as limitações supostas sobre as condições de aprendizagem.

Assim ao longo dos quatro anos do ensino fundamental, espera-se com o ensino de língua Inglesa que o aluno seja capaz de :

– Identificar no universo que o cerca as línguas estrangeiras (aqui entenda-se o Inglês) que cooperam nos sistemas de comunicação, percebendo-se como parte integrante de um mundo plurilíngüe.

– Vivenciar uma experiência de comunicação humana, refletindo no seu dia a dia, nos costumes e maneira de agir e interagir.

– Reconhecer que o acesso desta língua ou mais línguas lhe possibilita acesso à bem culturais da humanidade.

– Construir conhecimento sistêmico sobre a organização textual e sobre como e quando utilizar a linguagem, nas situações de comunicação, tendo como base os conhecimentos da língua materna.

– Construir consciência e consciência crítica dos usos que se fazem da língua estrangeira que está aprendendo.

– Utilizar outras habilidades comunicativas de modo a poder atuar em situações diversas.

– Ler e valorizar a leitura como fonte de informação e prazer, utilizando-a como meio de acesso ao mundo do trabalho e dos estudos avançados.

Ao proporcionar a reflexão sobre a realidade política, econômica, e social de outros países, a aula de língua estrangeira pode ampliar o conhecimento de mundo do aluno, não só no que diz respeito à informação, mais também a sua formação como cidadão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a publicação pelo Ministério da Educação e do Desporto dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de língua estrangeira para o ensino fundamental, em 1998, foi inaugurado um novo momento no ensino das línguas nas escolas brasileiras. Eles propõem orientações gerais sobre o básico a ser aprendido e ensinado em cada etapa. Cada escola tem sua própria realidade os PCN são adaptados por seus professores na orientação do planejamento, das ações de reorganizações do currículo das reuniões de pais e professores.

Moita Lopes (2003) destaca três aspectos importantes nos PCN-LE que devem ser considerados nessa concepção de ensino-aprendizagem:

a) construção de uma base que possibilite o engajamento discursivo dos alunos;

b) desenvolvimento da consciência crítica em relação à linguagem;

c) tratamento dado aos temas transversais, pois, continua o autor, as aulas de língua inglesa devem proporcionar aos alunos subsídios para que possam entender melhor o mundo em que vivem, tais como: seus processos sociais, políticos, econômicos, tecnológicos e culturais para, então, interagir com o mesmo de forma crítico-reflexivo em situações reais do cotidiano.

Todos estes aspectos foram analisados no presente artigo, ressaltando a importância do ensino da língua inglesa no ensino fundamental, tendo como instrumento balizador os PCNs.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA FILHO, José Carlos P. Dimensões Comunicativas no Ensino de Línguas. 2ed. Campinas: Pontes, 2000.

ANTUNES, Celso. Relações Interpessoais e Auto-estima. Petrópolis, Editora Vozes, 2003.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Língua estrangeira. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação e Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação e Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais, códigos e suas tecnologias. Língua estrangeira moderna. Brasília: MEC, 1999.

BRASIL. Ministério da Educação e Secretaria de Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN Ensino Médio. Brasília: MEC; SEMTEC, 2002.

BROWN, H. Douglas. Principles of Language Learning and Teaching. Longman Inc. Fourth edition, New York, 2000.

____________. Teaching by Principles. Longman Inc. Second edition, New York, 2001.

CELANI, Maria Antonieta Alba. Ensino de línguas estrangeiras: olhando para o futuro. Ensino de segunda língua ­ redescobrindo as origens. São Paulo: EDUC, 1997

KRASHEN, Stephen D. The Input Hypothesis: issues and implications. Longman Group, England, 1985.

__________________ . Second Language Acquisition and Second Language Learning. Prentice Hall Europe, Great Britain, 1988.

__________________ . Principles and Practice in Second Language Acquisition. Phoenix ELT, Great Britain, 1995.

MOITA LOPES, Luis Paulo. A nova ordem mundial, os Parâmetros Curriculares Nacionais e o ensino de inglês no Brasil. A base intelectual para uma ação política. In: BARBARA, Leila;

RAMOS, Rosinda de Castro Guerra. Reflexão e ações no ensino-aprendizagem de línguas. São Paulo: Mercado de Letras, 2003

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky ­ uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 1997

TELLES, João Antonio. A trajetória narrativa: histórias sobre a prática pedagógica e a formação do professor de línguas. In: GIMENEZ, Telma. Trajetórias na formação de professores de línguas. Londrina: EDUEL, 2002

VYGOTSKY, Lev Semenovich. Pensamento e Linguagem. Edição eletrônica. Ed Ridendo Castigat Mores, 2002

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