INTRODUÇÃO:
Quando se fala em educação, comumente se imagina um ensino de qualidade, em qualquer série que seja e que possa ser aproveitado em todas as instâncias posteriores, seja a fim de se formar novos profissionais, seja em caráter técnico e assim sucessivamente.
Mas como saber realmente se esses alunos desde o ensino fundamental, até o ensino médio, e quando não na Universidade, realmente estão sendo formados de acordo com o que rege os padrões de ensino, e mais que isso, como esses alunos podem demonstrar que estão aprendendo?
Indagações como estas fomentam a mente de inúmeros professores, educadores, diretores, supervisores, enfim, pessoas que estão ligadas diretamente à educação. Portanto, desde os primórdios, concebe-se a avaliação como forma de descobrir até onde o aprendizado realmente está sendo assimilado pelo aluno. A avaliação remete não só ao que o aluno aprende, mas também a tudo que necessita ser modificado em uma instância geral, ou seja, se o professor não ensina, se a didática é ineficiente, se existem recursos adequados ao aprendizado e assim sucessivamente. A avaliação, portanto atende aos dois lados: alunos e professores.
“Os professores, atualmente divergem quanto à metodologia avaliativa mais adequada, mas é importante que se ressalte que muitos deles não tem ao mesmo a concepção exata do por que existe avaliação, bem como de sua verdadeira utilidade em sala de aula (HOFFMAN, 2000).” Quando se fala no significado real de avaliação, muitos professores não conseguem ao menos chegar a um consenso: ”Dar nota é avaliar, fazer prova é avaliar, o registro das notas denomina-se avaliação. Ao mesmo tempo, vários significados são atribuídos ao termo: análise de desempenho, julgamento de resultados, medida de capacidade, apreciação do todo no aluno. (Hoffman. 2000: p.15)”.
OBJETIVO:
O Presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a importância do ato de avaliar. METODOLOGIA: Para realizar o presente trabalho foi utilizada a pesquisa da literatura.
A importância da avaliação nos dias atuais é tamanha, que até mesmo a aprovação do indivíduo para um possível ingresso em sua carreira profissional dar-se-á através de provas, e mais que isso, o último ano do Ensino Médio, é totalmente direcionado a tais avaliações.
Inúmeros professores direcionam seu conteúdo, suas avaliações e tudo que concerne ao ensino somente para provas já aplicadas em vestibulares anteriores.
“Luckesi define pertinentemente esta forma de ensino:” O mais visível e explícito exemplo dessa pedagogia está na prática de ensino no terceiro ano do 2o. grau, em que todas as atividades docentes e discentes estão voltadas para um treinamento de resolver provas, tendo em vista a preparação para o vestibular, como porta de entrada para a Universidade. (“1998: p. 17)” Por menos que se queira a avaliação está intrinsecamente associada à promoção dos alunos, portanto é um assunto em voga e extremamente discutido por pais, professores, diretores, instituições governamentais bem como os próprios alunos.
Se excluírem a avaliação dos meios escolares, o que se fará para saber se realmente os alunos podem ou não podem ser promovidos? “Analisar-se-á a seguir a concepção dos principais envolvidos na questão da avaliação nas instituições de ensino hoje:” Ponto de vista dos alunos em relação à avaliação: ao ingressarem em qualquer série, de qualquer escola, uma das principais preocupações dos alunos é com a aprovação para a série posterior, ainda que isso em pleno século XXI seja grotesco, é o que comumente ocorre, pois sabem que se não forem aprovados, as conseqüências advindas serão as piores possíveis.
”Há uma preocupação exacerbada dos alunos em saberem o sistema avaliativo que será empregado durante o ano, o critério utilizado pelo professor, e mais ainda o estilo que faz o professor: “carrasco”, “bonzinho”, “relaxado”, “exigente” dentro outros atributos comumente designados à classe docente. Do ponto de vista dos alunos, o que menos importa é como as notas são obtidas no decorrer do ano, bem como os caminhos utilizados.
Atualmente, os alunos não mais priorizam o conteúdo que se assimila durante os 200 dias letivos, ao contrário, as notas atribuídas seja em forma de números ou conceitos é o que realmente importa.
Ao contrário de tempos anteriores, não há mais um direcionamento ao conteúdo assimilado, aquele que pode e deve ser utilizado futuramente. Mais vale um 10 obtido através da “cola”, ao invés de um 6, obtido através de estudos contínuos e de uma assimilação contundente.
Se a escola pudesse existir sem avaliação é possível afirmar que muitos alunos seriam mais felizes, pois não despenderiam seu tempo para estudarem, decorarem, assimilarem ou ainda fazerem colas. ”A inexistência da avaliação permitiria que elas e eles não tivessem que deixar de brincar ou sair com os amigos e amigas para passar um bom tempo do dia estudando; evitaria os castigos e broncas decorrentes das notas baixas; eliminaria o trabalho de decorar uma porção de coisa para as quais não encontram o menor sentido e que certamente serão esquecidas no dia seguinte. (ESTEBAN, 2002: p.9)”. Ponto de vista dos professores em relação às avaliações: os professores utilizam as avaliações como forma coercitiva frente aos alunos, principalmente em salas indisciplinas.
Quantas vezes, já não se presenciou nas mais variadas séries, os professores, darem avaliações sem um estudo prévio dos alunos, simplesmente porque os mesmos não correspondem as suas expectativas disciplinares? Os professores utilizam táticas “terroristas” frente aos seus alunos tais como: “Fiquem quietos! Prestem atenção! O dia da prova vem aí e vocês vão ver o que vai acontecer!” “Estudem ao contrário vocês vão se dar mal na prova”. “A prova deste mês está uma maravilha”. Não surtindo resultado com a frase supra mencionada exclamam: “estou construindo questões bem difíceis para a prova de vocês.” “Fulano, você que está rindo, quero ver se vai rir no dia da prova”.
Todas essas infelizes expressões demonstram nada mais, nada menos, a incompetência do professor frente uma sala indisciplinada, onde ele não consegue conter tampouco pela disciplina, tampouco pelo conteúdo que expõe. A concepção do professor em torno do ato de avaliar é muitas vezes tão equivocada, que ele não consegue criar uma prova a qual possa auxiliar o aluno a compreender o que foi transmitido em sala de aula. Muitas vezes a avaliação tem dois atributos: no primeiro percebe-a como o ato de provar o aluno, ou seja, demonstrar quem é que pode mais em sala de aula: se são os alunos que estão ali apenas de corpo presente ou mente ausente, ou os professores também conhecidos como “donos da caneta”.
A outra característica a qual se atribui ao processo de avaliação é o ato de reprovar, existem professores que cometem esse desconchavo, colocar o aluno em situações tão difíceis às quais dificilmente ele não consegue obter bons resultados.
Quando se trabalha com a ameaça ao invés dos atos propriamente ditos, remete-se a um ritual comum aos tempos jesuíticos ou as escolas tradicionais, só que ao invés de se utilizar à palmatória ou outros recursos físicos violentos, faz-se uso da tortura psicológica, do medo, recursos estes muito piores, pois não saem da mente do individuo nem antes e nem depois da avaliação.
Hoje não estamos usando mais o castigo físico explícito, porém estamos utilizando um castigo muito mais sutil – o psicológico.
A ameaça é um castigo antecipado, provavelmente mais pesado e significativo que o castigo físico, do ponto de vista do controle. (Luckesi. 1998: p.24 e 25)
Na verdade, o professor desvaloriza a importância do ato de estudar, o critério o qual comumente se atribui ao ato de estudar, portanto não é o “porque”, mas sim o “se”, ou seja, ele não estuda porque quer se tornar um indivíduo melhor, porque as necessidades de mercado exigem, porque é imprescindível para os dias atuais, mas estuda se não irá ter más notas, se não a professora aplicará toda sua raiva sobre eles, se não o pai irá castigar, se não ele perderá os presentes que lhe foram prometidos e assim sucessivamente.
Quanto mais atribuir o “se” a educação e não o “porque”, pior será a qualidade de nosso ensino, não só no ensino fundamental de 1a. a 4a. série, mas também no ensino fundamental de 5a. a 8a. série e principalmente no ensino médio.
Outro atributo comum dos professores atualmente, associado às práticas indevidas na educação é o ato de “dar ou tirar pontos”.
O acréscimo ou decréscimo de nota, só pode ser concebido frente a uma atitude concreta do aluno e que tenha a ver com seu processo de aprendizagem, portanto é inviável e inconcebível que docentes lhe atribuam nota pelo simples fato de levar um material, passar uma prova ou um caderno a limpo.
Se, realmente acredita-se que a forma mais concreta e coerente de verificar o aprendizado é através da avaliação, a qual se atribuirá uma nota e concluir-se-á sobre as capacidades do aluno de ser aprovado ou reprovado em determinada disciplina, que a mesma se dê de forma coerente.
Não é inventando notas que os professores os auxiliarão a melhor assimilar, compreender e fixar o conteúdo ministrado em sala de aula, fazendo isso o único resultado a ser alcançado é a completa ineficácia do sistema de ensino como provedor do conhecimento.
Ponto de vista dos pais em relação à avaliação: a nota na verdade se faz como um “colírio para os olhos dos pais”, muitos deles não tem ao menos noção de como é o desenvolvimento de seus filhos na escola, não comparecem às reuniões, não verificam os cadernos, não travam um diálogo aberto seja com os filhos, seja com a equipe docente da instituição, mas alegram-se significativamente ao observarem uma nota positiva tirada pelos seus filhos.
Como não possuem a mínima noção a quantas anda o desenvolvimento do aluno na instituição de ensino, uma bela nota modifica toda sua concepção, seja ela positiva ou negativa. Existem circunstâncias em que os pais chegam a “negociar” com seus filhos notas-benefício, ou seja, os mesmos tirarem boas notas receberão bonificações em troca, isso ocorre desde a mais precoce idade, até a faculdade. Estudar e ter boas notas, não se faz mais uma obrigação, mas sim uma negociação.
Os pais comumente se orgulham de um filho que nunca repetiu que ingressa na faculdade, e que adquire um diploma, mas não sabem quais foram os meios utilizados por esse filho: não sabe se copiou a prova do colega, se deixou “colas” na carteira, e assim sucessivamente. Como já dizia Maquiavel: “Os fins justificam os meios”. Quando diz respeito à avaliação tal premissa constitui-se como o cerne de todo o processo.
Na maior parte da reunião de pais e mestres, o que se observa não são aspectos relacionados ao desenvolvimento da criança, a sua capacidade de assimilação, ao seu interesse, bem como participação pelas aulas, mas tão somente as notas, essas sim são o eixo de preocupação de todos os pais, todos os professores e toda a direção. Ponto de vista da escola (como instituição), em relação à avaliação: o professor na maioria das situações (em raras exceções) reflete a instituição de ensino a qual está, portanto, percebe-se que a preocupação central da escola são as boas notas.
Não há mais razões em dias atuais em se preocupar com aprendizado, não se forma mais cidadãos para o mundo, para desempenhar uma boa atividade, para ser um profissional, mas tão somente para ter boas notas e principalmente quando diz respeito ao ensino médio para ser aprovado em vestibulares.
Neste sentido existem instituições que se gabam da quantidade de alunos que aprovam no vestibular, mas e aqueles que não são aprovados? Nestes ninguém pensa? Quem será que realmente aprendeu o que foi aprovado, o que não foi os dois, ou nenhum dos dois?
Salienta-se também que se o professor reflete a escola, esta reflete o sistema educacional de seu município, estado ou país, portanto, se há uma ênfase local na avaliação, percebe-se que em outros aspectos enfatizar-se-á também os resultados numéricos como fonte de aprendizagem.
Avaliação hoje: o que é necessário modificar?
Quando se fala em modificar o aspecto de avaliação hoje em dia é importante salientar que deve se buscar alguma coisa com isso. Ninguém pode querer modificar algo sem saber onde está o problema e onde está à solução. Existem justificativas de ambos os lados: daqueles que acham necessário mudar e daqueles que não vêem razão para tal.
Na verdade a avaliação em nossos tempos impõe-se como verdadeiro dilema. Esteban (2002: p.11) expõe com grande pertinência a esse respeito “Uma vez que estamos imersos (as) na tensão entre continuidade e ruptura, que se traduz no dilema entre manter, com algumas reformas superficiais, a perspectiva quantitativa da avaliação ou redefinir o percurso no sentido de construir uma perspectiva verdadeiramente democrática de avaliação.
Este dilema nos coloca diante da indagação: o que está efetivamente sendo privilegiado no atual debate sobre a avaliação?”. É importante salientar, que não se basta querer mudar sem que haja uma realidade concreta a respeito da avaliação em toda sua esfera (ensino fundamental, ensino médio, vestibular e universitário), bem como propostas que possam modificar esse contexto, propostas estas aplicáveis obviamente, que não se prendam a outros problemas tais quais se tem atualmente.
Salienta-se que quando se fala em modificação no contexto educacional, não se fala apenas em modificar as formas de conceituar, tal como: de bom, ótimo e regular, para conceitos de A – E, ou ainda de 0 a 10, modificar conceitos referem-se, sobretudo as formas de avaliar num todo. ”A verdade é que há um sério descrédito em relação às escolas inovadoras e o sistema de avaliação é um dos focos principais de crítica da sociedade, uma vez que se constitui em componente decisivo na questão resultados, ou seja, produto obtido em educação. Enfim a crença popular é que os professores tendem a ser menos exigentes do que tradicionalmente e que as escolas não oferecem o ensino competente à semelhança das antigas gerações. (HOFFMAN 2003: p.11)”
Essa citação de Hoffman conduz a algumas indagações, a qual a mesma autora propõe e que aqui serão comentadas brevemente:
Quando se fala em avaliação tradicional e classificatória, assegura-se um ensino de qualidade?
É indiscutível as modificações ocorridas no ensino fundamental no decorrer das décadas. Algumas delas apresentaram resultados positivos, enquanto outras nem tanto.
Muitos pais e professores têm como principal concepção de escola, aquela que educa com disciplina, que não dá margens para o aluno se expressar e participar, ou seja, aquela regida ao modo antigo, mas será que aquela escola realmente preparava os alunos e principalmente, será que em dias atuais é possível educar nossos alunos nessa concepção? Como seria sua reação? Como o professor deveria se preparar?
Em primeiro lugar, antes de responder todas essas questões, é imprescindível que se saliente que em nosso país, não há vagas para todas as crianças, por mais que se faça, ainda há muito a se fazer e mais que isso, não há uma educação de qualidade, que atenda a tudo que eles realmente necessitem, portanto seria no mínimo um despautério inserir nestas instituições de ensino o sistema o qual se regia o ensino há 40 anos atrás.
Ao se criar vagas, para todas as séries de ensino, é imprescindível que se crie um sistema de ensino com qualidade, condizente com a realidade dos alunos (muitos deles de periferia, sem condições de adquirir materiais adequados, sem uma participação e colaboração de seus familiares e assim sucessivamente).
Encontra-se em Hoffman (2003: p.14) uma explicação elucidativa a esse respeito: “Aumentar o número de escolas, de turmas e de professores, não resolve igualmente a questão do acesso dos alunos a melhores condições socieducacionais”.
“Muitas dessas medidas administrativas não garantem a melhoria da qualidade do ensino, mas apenas a ampliação do número de ofertas. Os alunos que engrossam a fila dos matriculados na rede pública, assim com os demais que permanecem, correm o risco de recebem um atendimento barateado, pela falta da qualificação dos profissionais que os atendem, pela falta de infra-estrutura administrativa e pedagógica das escolas condizente a tal demanda.”
É imprescindível, portanto que para que o ensino seja realmente de qualidade, dissociado do rigor de tempos atrás, se ofereça:
Educação para todos – ou seja, maior oferta para todas as faixas etárias, em todas as cidades, e em todos os bairros (não só nos centros, mas também nas periferias);
Educação de qualidade – obviamente que quanto mais alunos estiverem matriculados melhor será para o país, mas esses alunos necessitam ter um ensino de qualidade, a fim de poderem competir igualmente com os alunos de escolas particulares;
Acesso como forma de permanência – o que muito se observa, é que os alunos ingressam realmente no ensino fundamental, mas diminuem-se gradativamente as séries, ao passo que avança a complexidade do ensino, o número de disciplinas, enfim todo o contexto geral do ensino fundamental em sua segunda fase e do ensino médio.
Interação da escola e dos docentes – o professor deve interagir com sua sala de aula, observar seus problemas, a forma como está ocorrendo seu aprendizado, não se prendendo somente a notas e conceitos, e principalmente participar isso aos pais. Essa participação, não deve ser dar em reuniões mensais ou bimestrais, onde se reúnem uma quantidade infinita de pais, sem que haja qualquer diálogo, e qualquer interesse em realmente saber como está o aprendizado do aluno.
A escola de tempos passados, dificilmente se enquadrará nos moldes atuais de educação, primeiro porque a demanda de alunos aumentou significativamente, segundo porque as verbas as quais se destinam à educação se reduziram e terceiro porque este modelo segue uma tendência elitista, diferindo-se profundamente daquilo que se concebe como educação em dias atuais.
“E a escola hoje, insere-se numa sociedade marcada por muita violência, miséria, epidemias, instabilidade econômica e política. O caminho para o desenvolvimento é uma educação igualitária, que acolha os filhos dessa geração em conflito e projete essa geração no futuro, conscientes do seu papel numa possível transformação. (HOFFMAN. 2003:p.16)”.Quando se fala em avaliação se fala também em aprendizado?
Muitos professores trabalham com avaliação e não sabem ao menos o porquê o fazem, aplicam-na sem titubear, mas raramente se analisaram, analisaram seu conteúdo e se propuseram a realizarem modificações que pudessem realmente demonstrar o aprendizado dos alunos sem que houvesse tal classificação por notas ou conceitos.
Em alguns estados brasileiros houve tentativas de modificar o sistema de organização do ensino, o novo modelo empregado foi denominado de progressão continuada (uma mistura de ciclos sem a promoção/reprovação ao final). O que muitos professores não compreendem, é que não reprovar e não avaliar atribuindo notas e conceitos não significa não avaliar e não ensinar.
Ainda que a frase pareça um tanto quanto confusa não o é: quando não se reprova um aluno, não significa que o mesmo não aprendeu, bem como não atribuir notas a sua avaliação não significa que ele não possa receber um ensino de qualidade e ser avaliado de outras formas.
Tem-se como exemplo um professor de história: ao invés de aplicar uma avaliação com cinco ou dez perguntas valendo nota, poder-se-ia dar um tema ao aluno, pedir-lhe que pesquisasse a respeito e posteriormente com suas próprias palavras dissertasse a esse respeito, ou seja, haveria duas formas de avaliação: a primeira dar-se-ia sob a forma de pesquisa, podendo se observar no aluno sua capacidade de análise, de redação, de comparação entre os livros e posteriormente ao pedir sua opinião a respeito do tema, poderia realmente averiguar se o aluno aprendeu.
Esse é apenas um exemplo, mas existem variadas formas de promover o aprendizado nos alunos, através de experiências, pesquisas, leituras, discussões em grupos, discussões entre toda a sala etc.
Ainda que esses modelos sejam mais desgastantes para os professores, tendem a promover uma maior interação do grupo, uma interação maior dos alunos, e promovem a educação como um todo e não somente aquela receptiva, onde somente um fala, no caso o professor, e somente um escuta, no caso o aluno.
Na verdade o que é necessário acima de tudo é que o professor se recicle o tempo todo e se abra frente a novas formas de conviver com seu aluno, muitos professores temem promover debates, por não conseguirem conter a disciplina, ou ainda modificar a estrutura avaliativa, por terem mais trabalho para corrigir, por necessitarem trabalhar de uma forma mais integrada com os alunos e assim sucessivamente.
Os professores ainda acreditam que se os alunos não tiverem a avaliação e a repetência não terá motivos para irem à escola, para assistirem as aulas, para respeitarem os professores, para se interessarem pelos conteúdos.
Na verdade, o que comumente se observa, é que para modificar o processo avaliativo brasileiro é necessário antes de qualquer coisa modificar outros aspectos e procedimentos de nossa educação.
A avaliação é o último passo a ser dado e vem como conseqüência de outras ações muito mais importantes.
Não avaliar e não reprovar, não significa não educar, não acompanhar o aluno e não saber se ele está aprendendo ou não. Se os professores continuarem com essa concepção o ensino do Brasil tende a ser de qualidade baixa a insuficiente.
Através da progressão continuada e da avaliação cumulativa os alunos podem ser avaliados constantemente, ainda que não se atribuam notas, ainda que não haja repetência, o verdadeiro propósito da escola deve ser mantido a qualquer preço: ensinar, isso é essencial, o que advém desse processo é conseqüência. “O que comumente se observa, portanto é que professores, alunos, diretores pais, sabem o que está errado, mas não sabem onde podem encontrar o certo e, por conseguinte modificar o cenário educativo no Brasil, priorizando uma educação de qualidade, onde o avaliar venha como conseqüência e não como causa do processo.”
A associação entre o educar e o avaliar
A fim de iniciar esse tópico, toma-se como referência Hoffman (2000: p.15), que elucida pertinentemente o assunto o qual se deseja aqui analisar: “os educadores percebem a ação de educar e a ação de avaliar como dois momentos distintos e não relacionados. E exercem essas ações de forma diferenciada.”
O que se observa é que os professores, principalmente do ensino fundamental (1a. a 4a. série), tem um esmero ao elaborar e dar suas aulas, e durante todo o bimestre se esforçam a fim de que todas as dificuldades de seus alunos sejam sanadas e que seu aprendizado se dê sob a melhor forma possível, entretanto, quando se deparam com o momento da avaliação, não sabem exatamente o que fazer nem como fazer.
Elucidando melhor a frase supramencionada, os alunos muitas vezes já foram avaliados durante todo o período, pois os professores acompanham seus rendimentos, corrigiram seus cadernos e lhe dão todo o suporte necessário, para que seus conhecimentos se dêem de forma mais efetiva, contudo no final do mês são obrigados a romper com todo esse laço, aplicando uma avaliação a qual não possui o mínimo propósito e que muitas vezes não tende a provar se o aluno realmente tem ou não dificuldades. Isso ocorre, porque nem sempre aquilo que se pergunta na avaliação o aluno sabe ou não.
Quando se insiste em impor a avaliação como função classificatória e burocrática, dar-se-á continuidade ao processo de descontinuidade, segmentação e parcelamento do conhecimento.
A educação realmente funcional está relacionada à formação de indivíduos autônomos intelectual e moralmente, bem como seres críticos, criativos e participativos. Se esses atributos não puderem ser dados como verdadeiros, a educação desconstituir-se-á de seu real significado.”
A avaliação deixa de ser um momento terminal do processo educativo (como hoje é concebida) para se transformar na busca incessante de compreensão das dificuldades do educando e na dinamização de novas oportunidades de conhecimento (HOFFMAN. 2000: p.20).”
Na verdade discutir sobre a relação entre aprendizagem e avaliação, implica em inúmeros fatores, dentre eles o porquê do fracasso escolar de muitos alunos, ou seja, se a avaliação realmente tem como intuito analisar o aprendizado porque tantos alunos ainda não conseguem assimilar o conteúdo?
Os professores necessitam entender que mesmo sem avaliação os alunos têm como aprender sim, que mesmo sem algo que os pressione, que os torture, o aprendizado pode ser garantido.
O que se observa comumente nos meios escolares, é que os alunos atualmente não se preocupam com o aprender, decoram, decoram e respondem as questões propostas pelos professores, sem que haja uma assimilação concreta do conteúdo e quando finalizam a prova saem da mesma sem ter o mínimo conhecimento, o mínimo conteúdo.
Portanto pergunta-se de que adianta a avaliação se os alunos entram e saem sem nada saber, sem nada assimilar. A frase mais comum que se percebe atualmente é aquela onde os alunos dizem: “fiz a prova e já esqueci tudo que estudei”. Se realmente houve um estudo, se realmente houve uma assimilação de conteúdos, porque já ter esquecido? Porque em uma sala de aula, uma semana após a prova, ninguém consegue responder nada? Acredita-se, portanto que se decorou o conteúdo, ao invés de compreendê-lo e de assimilá-lo, portanto o que a prova mostrou não foi quanto o aluno aprendeu, mas quanto decorou.
O aluno, portanto necessita acertar, acertando ele prova que sabe e sabendo está dentro do sistema. Aquele que erra rapidamente foi excluído, seja porque não aprendeu, seja porque não assimilou, porque não compreendeu ou porque não decorou.
A avaliação até que for concebida desta forma, negará o aprendizado como um todo, impondo uma dicotomia nas verdadeiras relações de ensino, negando e excluindo diferentes formas de saberes, que muitas vezes não se expressam como a escola quer como o professor quer, mas como o aluno acha melhor para si.
A avaliação classifica (certo e errado), a classificação seleciona, e a seleção exclui, ou seja, a escola através deste método arcaico seleciona aqueles que ela considera mais apto através de questões, as quais muitas vezes são formuladas inadequadamente.
Conclusão
É importante salientar, que quando se sugere a modificação no modo de avaliar, não se faz aleatoriamente, mas sim porque há uma necessidade emergencial de se agrupar na escola todos os saberes, daqueles mais tradicionais aos mais excepcionais, sem que haja exclusão, ao contrário, pede-se uma interação.
A mesma, contudo, só poderá ocorrer se houver igualdade de oportunidades, ao menos para se demonstrar tudo isso.
A avaliação tradicional impõe tamanha quantidade de barreiras a esse processo que se faz impossível essa diversidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ESTEBAN, Maria Teresa. Avaliação no cotidiano escolar. In: ESTEBAN, Maria Teresa (org). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. p. 7-29
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
HOFFMAN, Jussara. Avaliação Mito & Desafio – uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2000.
Avaliação Mediadora. Porto Alegre: Mediação, 2003.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 1998.
MACHADO, Nilson José. Qualidade na educação: as armadilhas do óbvio. In. MANTOAN, Maria Teresa Égler. Pensando e Fazendo Educação de Qualidade. São Paulo: Moderna, 2001. p. 13-45