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quinta-feira, dezembro 12, 2024

Cinema 3D

Autoria: Carlos

Cinema 3D

INTRODUÇÃO

O termo “3D” se origina da expressão “Três dimensões” que está relacionada à forma que podemos descrever um objeto. Todos os objetos reais são tridimensionais, isto é, possuem altura, largura e profundidade, por menor que seja qualquer uma destas dimensões.

O ser humano possui a capacidade de perceber a profundidade dos objetos e suas posições relativas no espaço devido a uma propriedade de sua visão chamada de Visão binocular. O Fato dos olhos serem separados por uma distancia média de 6,5 centímetros faz com que o cérebro receba duas imagens distintas da mesma cena, através da composição destas duas imagens ele é capaz de determinar a distância relativa entre os objetos e assim podemos dizer que enxergamos em três dimensões. Portanto, quando fechamos completamente um olho, de certa forma perdemos a noção de distância.

Desde o início dos tempos o homem tenta representar os objetos que estão a seu redor de forma pictográfica, as primeiras representações que se tem registro são as pinturas feitas nas paredes das cavernas. São pinturas que retratam o cotidiano de determinadas comunidades, seus hábitos e fatos importantes. Este tipo de pintura é o que podemos considerar como uma representação completamente feita em duas dimensões, pois possuem apenas uma altura e uma largura. Mesmo com o passar dos séculos e a grande evolução da pintura pouco se fez no sentido de se tentar representar a profundidade dos objetos. As primeiras pinturas que buscavam representar os objetos com todas as suas dimensões aparecem somente durante o renascimento. Estas pinturas embora representem as todas as dimensões dos objetos continuam a ser bidimensionais, pois todos os seus pontos estão dispostos no mesmo plano.

Com o surgimento da fotografia a representação do ambiente tornou-se totalmente precisa, pois neste tipo de representação “não há a interferência do homem”, sendo assim aspectos como proporções e profundidade não são alterados. Mas retornamos ao mesmo fato descrito para as pinturas, a fotografia continua sendo uma representação bidimensional, pois esta também é impressa em um único plano.

A única forma de representação completamente tridimensional existente (excluindo-se a escultura) é a holografia, que por sua vez é ainda muito pouco desenvolvida e divulgada. Somente através dela é possível se representar um objeto em planos separados.

Mas existem formas de simular as três dimensões de um objeto criando assim para os olhos a impressão de que ele está representado em vários planos.

Alguns programas de computador são capazes de gerar imagens que virtualmente possuem volume. Nestes programas é possível gerar objetos completos, que podem ser vistos de qualquer posição. Mas como falamos a pouco isto é apenas uma simulação uma vez que as imagens geradas pelos computadores são também bidimensionais.

Uma forma de representação tridimensional muito mais antiga que qualquer computador é uma técnica descoberta por Charles Wheatstone no ano de 1832 chamada estereoscopia.

A estereoscopia utiliza a visão binocular humana, descrita acima, para gerar imagens virtualmente tridimensionais. Ela funciona da seguinte maneira: Duas imagens semelhantes são geradas a partir de uma mesma cena. Uma imagem difere da outra somente pelo fato de ser gerada a uma distância horizontal média de 6,5 centímetros, que é a mesma distância média entre os olhos de uma pessoa. Quando estas imagens são impressas ou projetadas são utilizados mecanismos para que cada uma delas seja vista apenas por um dos olhos, desta forma o cérebro é “enganado”, e através das propriedades da visão binocular gera uma imagem tridimensional.

Imediatamente após a descoberta da estereoscopia, descobriu-se também que o processo, inicialmente demonstrado com a utilização de desenhos, poderia ser realizado com fotografias. Sendo que o cinema é uma série de fotografias, foi apenas uma questão de tempo e interesse econômico, para que se criasse uma forma para que filmes fossem rodados e exibidos usando técnicas de estereoscopia, são os chamados Filmes 3D.

Retomando um pouco, com o passar dos anos as técnicas de simulação em computador foram se aperfeiçoando e passaram a ser incorporadas ao cinema na forma de efeitos especiais. O primeiro filme a apresentar seqüências feitas inteiramente em computador foi “Tron, Uma odiséia eletrônica” dos Estúdios Disney no ano de 1982. No ano de 1995 foi lançado, também pelos Estúdios Disney “Toy Story” que entrou para a história como “o primeiro longa metragem feito totalmente em computador”, dando origem a uma linhagem de filmes chamados popularmente de “Filmes de animação 3D”.

Esta nova linhagem de filmes acabou por gerar um certo equivoco por parte de algumas pessoas, que confundem os filmes feitos com recursos de “Programas 3D” com os filmes feitos com técnicas de estereoscopia. É importante dizer que um filme como “Toy Story” é como um filme comum, isto é, que embora tenha sido gerado em um “Programa 3D” só pode ser visualizado em duas dimensões. Mas é importante ressaltarmos que um fato não exclui o outro, isto é, um filme que utiliza cenas geradas por computador poder ser normalmente transposto para projeções estereoscópicas.

Procuraremos discutir, a partir de agora, a história da estereoscopia, sua transposição para o cinema, a diversas técnicas de projeção e sua real importância para o cinema.

CAPÍTULO I

FOTOGRAFIA ESTEREOSCÓPICA

O FUNCIONAMENTO

A fotografia estereoscópica reproduz a visão binocular humana.

Cada olho humano vê uma imagem que é um pouco diferente do outro olho.

Se você tenta olhar um objeto através de um só olho e depois do outro, perceberá uma ligeira mudança de posição.

Baseada nisso, a câmera estereoscópica tem 2 lentes localizadas cerca de 2-1/2 polegadas (6.3 cm uma da outra), exatamente a distância entre uma pupila e a outra.

As imagens idênticas que a câmera gera devem ser vistas por um estereoscópio, que garante que a imagem da direita seja visualizada p/ olho direito e a imagem da esquerda p/ olho esquerdo, é a fusão dessas duas imagens que cria a visão binocular normal e permite ao cérebro entender profundidade e distância.

Hoje em dia, os trabalhos em três dimensões contemporâneos usam quase as mesmas técnicas usadas no surgimento da fotografia estéreo.

O SURGIMENTO

Desde 1833, várias pessoas (Euclid, Leonard Da Vici, etc) fizeram observações e estudos sobre a visão de nossos olhos, mas ninguém foi capaz de entender exatamente como tudo funcionava.

A invenção aconteceu em 1838, quando o cientista inglês Sr. Charles Wheastone, físico experimentalista e naquele tempo professor de Filosofia do Colégio dos Reis em Londres, expôs uma máquina espelhada que permitia que desenhos geométricos (naquele tempo a fotografia ainda não havia sido descoberta) fossem vistos em 3 dimensões. Sua invenção era baseada nas teorias de perspectiva do Renascimento e ele nomeou sua descoberta de estereoscópio, do grego “stereos”, indicando “a propriedade de representar figuras sólidas”. Construída com uma variedade de espelhos, em ângulos diferentes, o estereoscópio continha dois desenhos (imagens) diferentes – uma para o olho esquerdo e outra para o direito. Quando as imagens eram observadas ao mesmo tempo, o visor de Wheatstone magicamente produzia uma imagem estéreo.

Sr. Charles chama seu amigo William Henry Fox Talbot, precursor do sistema de fotografia do negativo-positivo, para fazer pares de fotos para o estereoscópio. O processo que eles iniciaram no mundo originou o tridimensionalismo atual.

Fotografias estéreos causaram grande surpresa e estranheza quando exibidas em 1841, na Academia Real de Ciências em Bruxelas. Em 1851, na Feira Mundial no Crystal Palace em Londres, a Rainha Victória da Inglaterra foi apresentada a um estereoscópio pelos expositores franceses Dubosq & Soleil, se divertiu com vários fotos estéreos e aprovou com entusiasmo a nova invenção e deu sua aprovação real. A partir daí os estereoscópios se tornaram uma febre mundial, alcançando grande popularidade. Milhares de máquinas foram vendidas, nenhum lugar nos dois lados do Atlântico ficou sem ter a famosa máquina da época e inúmeras fotos estéreo. Fotógrafos se aproveitaram do crescente mercado da fotografia e saíram clicando todos os lugares do mundo: os triunfos e horrores da Guerra Civil Americana, os oceanos e mares, o stress e a correria do trânsito de NY, o dia-a-dia das pessoas, as cataratas do Niágara.

A descoberta de Wheastone foi com o passar dos tempos cada vez mais pesquisada e estudada, os equipamentos foram se tornando mais desenvolvidos e sofisticados, permitindo até que a superfície da Lua fosse fotografada com uma máquina estereoscópica. Hoje, as câmeras são mais compactas e existem também adaptadores para que câmeras convencionais possam fotografar estéreo. Essas tecnologias permitiram closes de insetos a menos de 10 cm de distância e transparências para visão pelo estereoscópio ou projeção na tela.

CRONOGRAMA

1832

Charles Wheatstone inventa o estereoscópio, recriando com uma aparelhagem de espelhos o natural fenômeno da visão binocular. Wheatstone foi nomeado como o inventor da estereoscopia.

1841

Calotypes foram expressivamente produzidos pelo estereoscópio de Wheatstone por Fox Talbot, Alfred Rosling e Roger Fenton.

1849

Senhor David Brewster planeja as primeiras lentes estereoscópicas, modificando os aparelhos de espelhos de Wheatstone.

1850

Brewster inventa o mais compacto visor refrativo e defende a montagem de pares lado a lado. Ele convence a Paris Optician Jules Duboscq a produzir seu estereoscópio. Um deles, junto com o daguerreotypes de Claude Marie Ferrier é colocado em exibição na Great Exhibition no Cristal Place em Londres. A Rainha Vitória se entusiasma com a fotografia tridimensional e ajuda a estourar a primeira “bomba” estereoscópica.

1851

Estereoscópios são produzidos na Inglaterra. Perto de um quarto de um milhão de estereoscópios foram feitos em Londres e Paris em três meses.

O óptico inglês John Benjamin Dancer constrói o protótipo de uma câmera de lentes gêmeas adaptada para a fotografia estereoscópica. Equipada com duas lentes de pequeno comprimento

1854

O óptico inglês John Benjamin Dancer constrói o protótipo de uma câmera de lentes gêmeas adaptada para a fotografia estereoscópica. Equipada com duas lentes de pequeno comprimento focal, a câmera drasticamente reduzia o tempo de exposição para fotografias de painéis e permitiu as primeiras gravações p/ cinema. Antonie Claudet, um dos mais famosos daguerreotypists patenteou um estereoscópio prático e flexível.

1858

Este modelo foi fundado na Compania Estereoscópica de Londres por George Swan Nottage. Em 1856 esta empresa (com a propaganda: “Nenhuma lar sem um estereoscópio”), tinha cerca de 10.000 motivos estéreos a sua disposição; em 1858, este número subiu para 100.000. Esteresocópios tinham o preço de metade de uma coroa e mais de 500.000 estariam em circulação.

1861

O físico americano Oliver Wendell Holmes desenvolve um estereoscópio peso-leve e barato. O modelo de Holmes se tornou o mais popular do mundo.

1862

Exposição Internacional de Londres: nos últimos 6 meses no mínimo 300.00 estereoscópios foram vendidos.

1891

Louis Ducos du Hauron patenteia o processo anaglífico. Este processo produz uma imagem estereoscópica pela superposição de duas fotos iguais tingidas respectivamente de vermelho e azul. O efeito tridimensional da foto, com monocromia, resulta uma vez que o par de fotos é visto através de óculos com filtros cromados. Revisto e redefinido em 1940 por Edwin Land como o “Sistema Vectográfico”, este processo continua a achar aplicação científica e tecnológica até hoje.

1887

Um dos iniciadores da Segunda explosão estereoscópica foi o secretário da Sociedade de Fototografia de Manchester, W. I. Chadwick (1900). O “kaiserpanorama”, um aparato que permitia que mais de 25 pessoas vissem uma série de fotografias estéreo simultaneamente, agradou numerosas populações em diversas cidades (de 1884).

1925

Câmeras produzidas como as de Frank e Heidecke, Voigtlander e Zeiss-Ikon que antes eram só para estudo,voltaram como câmeras para se vender.

Finalmente, a mudança do cenário cultural, com o surgimento de filmes mudos e diálogos no cinema acabaram com a popularidade da estéreo fotografia.

CAPITULO II

AS TÉCNICAS E O DESENVOLVIMENTO

PROCESSOS E EVOLUÇÃO

Como já foi colocado anteriormente a fotografia esterescópica surgiu por volta do ano de 1830 e, até os dias de hoje, podemos dizer que evoluiu muito pouco. Seu processo básico é de tão simples que não há como ser alterado. Uma das poucas pesquisas realizadas na área visa colocar as duas imagens geradas na forma de uma única imagem, composta por meio da sobreposição.

Existem basicamente duas formas de se fazer à sobreposição destas imagens: A Primeira é o processo denominado Anaglífico. Neste processo as duas imagens são impressas uma sobre a outra com uma pequena diferença de posição, para que não coincidam perfeitamente. Além disso, as imagens devem ser impressas usando-se cores complementares (uma em vermelho a outra em azul ou verde), desta maneira forma-se uma única imagem, que vista a olhos nus é praticamente apenas um borrão. Mas quando estas imagens são vistas através de óculos especiais, que possuem uma lente vermelha e outra azul ou verde (Lentes azuis são mais indicadas para imagens impressas, lentes verdes são mais indicadas para imagens de vídeo), as imagens se fundem causando a impressão de tridimensionalidade. Isto acontece porque o filtro vermelho bloqueia a imagem impressa em vermelho e o azul a imagem impressa em azul, portanto cada olho só percebe a imagem que lhe é devida. O outro processo é o de polarização. Neste processo as imagens são impressas cada uma de um lado de um filme polarizado e com a utilização de óculos, também com lentes polarizadas, cada imagem só pode ser vista por um único olho. O Processo de polarização será explicado com mais profundidade em breve.

Para a fotografia esteroscópica o fato de mesclar duas imagens em uma não é muito significante, pois não altera em nada o efeito obtido. A grande importância da junção de duas fotografias é propiciar a existência do CINEMA 3D, isto é, filmes que podem ser vistos em três dimensões.

Os filmes 3D utilizam os mesmos princípios da fotografia estereoscópica, mas seria inviável a visualização se duas imagens separadas fossem projetadas em uma tela. No caso de fotografias a visualização é possível porque o observador está sempre na mesma posição em relação às imagens, o que não acontece em uma sala de cinema. Por este motivo é que se tornou imprescindível a fusão das duas imagens durante a projeção, mas, ao mesmo tempo, cada espectador, sentado em qualquer posição dentro da sala, deveria ser capaz de perceber a imagem separada e correta para cada olho. Diferentemente das técnicas aplicadas à fotografia as técnicas de projeção têm evoluído constantemente desde as primeiras exibições, mas como veremos também ainda são repletas de falhas.

Em setembro de 1922 foi exibido o primeiro filme comercial que utilizava técnicas de estereoscopia: ” The Power of Love” Dirigido por Nat G. Deverich e Harry K Fairall. Este filme utilizava o processo Anaglífico, portanto todos os espectadores tiveram que receber óculos especiais, o que na verdade acontece até hoje em todos os tipos de exibição 3D. Mas o processo Anaglífico tem algumas restrições, ele não pode ser usado em todos os tipos de filmes coloridos e também causava dor de cabeça nos espectadores, portando acabou ficando em segundo plano.

Durante década de 50 os cinemas experimentaram uma grande crise: o esvaziamento das salas de cinema devido à popularização da televisão. Para combater este problema os estúdios procuraram alternativas para tornar os filmes mais interessantes. Foi nesta época que surgiram os primeiro filme feitos para cinemascope e os demais formatos de projeção gigante. Também durante esta época ouve a grande popularização dos filmes 3D como outra alternativa para a crise, foi o que chamamos de “o grande Boom do cinema 3D”.

O Primeiro filme desta nova fase do cinema 3D foi “Bwana Devil” dirigido por Arch Oboler no ano de 1952. O filme teve tamanho sucesso que imensas filas se formaram na porta das salas de exibição. Vendo isto, a United Artists comprou seus direitos e distribuiu o filme por todo o país. Já o sucesso de “House of Wax”, lançado em 1953, dirigido por André De Toth e estrelando Vincent Price e Charles Bronson, causou uma verdadeira febre entre os grandes estúdios, todos queriam produzir os seus próprios filmes em 3D. Dentre os títulos produzidos na época o de maior relevância é “Disque M Para Matar” dirigido por Alfred Hitchcock.

Em “Disque M Para Matar” Hitchcock tenta explorar algumas das possibilidades dramáticas da técnica 3D, utilizando-se de câmeras muito altas e baixas e de cenas com grande profundidade. Mas mesmo para Hitchcock o fato do filme ser em 3D não é de muita relevância, Hitchcock declara sobre o filme:

“Sendo a impressão de relevo dada, sobretudo nas tomadas em Centre-plonée, mandei arrumar um fosso para que a câmera estivesse freqüentemente ao nível do chão. Fora isso, havia poucos efeitos diretamente baseados no relevo”.(Hitchcock, 1983:127).

Em uma das cenas criadas para ter maior impacto, quando Grace Kelly está sendo estrangulada e estende sua mão em direção a platéia, muitos críticos declaram que o impacto é bem maior quando o filme é visto em modo normal. Pois durante as projeções 3D os espectadores ficavam mais entretidos com a mão saindo da tela do que com a cena em si. “Disque M Para Matar” teve uma vida muito curta como filme 3D, pois os altos custos de projeção fizeram com que o estúdio optasse por lançar uma versão para salas de projeção comuns.

A febre dos filmes 3D não durou muito e logo os filmes 3d começaram a ser produzidos apenas esporadicamente. Atualmente nos Estados Unidos apenas 1% das salas de projeção são capazes de exibir os filmes mais antigos e raramente os estúdio liberam cópias destes filmes para exibição, isto é, eles estão se tornando artigos em extinção que só podem ser vistos raramente em festivais especiaalizados.

Como o processo Anaglífico tinha uma série de restrições, principalmente em relação à cores, para os filmes da década de 50 foi desenvolvido pela Polaroid um novo sistema de estereoscopia que se baseava em projeções polarizadas.

Os primeiros filmes com sistema de polarização utilizavam duas câmeras para capturar as duas imagens e dois projetores equipados com filtros polarizadores para a projeção, portanto eram utilizados dois rolos de negativo por vez. Mais tarde foram desenvolvidas lentes anamorficas especiais. Apenas uma destas lentes especiais era capaz de capturar as duas imagens necessárias para o processo de estereoscopia. Após passar por esta lente as imagens eram comprimidas no espaço de um frame de comum de uma película de 35mm, utilizando o mesmo processo das lentes de Cinemascope. Este processo e chamado de Arrivision

Para que o filme pudesse ser exibido, no projetor era colocada uma lente que fazia o processo reverso. Na verdade esta lente trabalhava com três processos, primeiro ela descomprime as imagens da película, devolvendo a elas o aspecto normal; depois disso ela polariza as imagens e por ultimo converge as duas imagens para que fiquem praticamente sobrepostas.. Polarizar as imagens significa fazer com que os raios de luz que compõe esta imagem sigam somente em uma direção, pois em uma imagem não polarizada os raios de luz são refletidos para todas as direções. Nas projeções 3D cada uma das imagens passa por um filtro polarizador diferente, que polariza a imagem que deve ser vista pelo olho direito em uma direção e a que deve ser vistas pelo olho esquerdo em outra. Neste caso os óculos dos espectadores são compostos de duas outras lentes polarizadoras, diferentes para cada um dos olhos, que assim bloqueiam as imagens indesejadas.

O processo Arrivision possuía algumas inconveniências, principalmente no que dizia respeito ao tamanho da janela. Como as duas imagens eram comprimidas no espaço de um único frame, o tamanho da projeção se tornava um pouco reduzido, e em uma época em que estavam surgindo as salas de projeção gigantes isto não era interessante. Mas este problema foi logo resolvido com a introdução de novas lentes, que ao invés de colocar uma imagem ao lado da outra colocava uma sobre a outra, dando um aspecto para a projeção de 2.35:1.

Seja no processo desenvolvido pela Polaroid ou no Arrivision o maior inconveniente é o alto custo, seja de se usar duas câmeras e dois projetores, seja o alto das lentes. Se isto não bastasse havia também o custo das telas, pois estas tinham que ser especiais para refletirem corretamente as imagens polarizadas, o que acabava tornando as projeções 3D muito caras.

Como falamos anteriormente a redução drástica na produção dos filmes 3D fez com que ao longo dos anos os títulos produzidos pelos grandes estúdios se tornassem cada vez mais raros, com menor valor artístico, como por exemplo: “Sexta Feira 13 parte 3” e também filmes de pequena duração. Começaram a se tornar mais freqüentes documentários cujos temas eram principalmente didáticos como, por exemplo, vida animal, o espaço e os planetas, lugares exóticos da Terra, etc.

Mas mesmo com a redução dos investimentos pelos grandes estúdios novas salas de exibição vêm se proliferando, principalmente pelos Estados Unidos e Japão. Atualmente a principal rede de exibição são os teatros equipados com tecnologia IMAX, que surgiram por volta dos anos 80. A Tecnologia IMAX que equipa algumas das salas de exibição é muito semelhante à tecnologia desenvolvida pela Polaroid, isto é, trabalha com dois projetores sincronizados projetando imagens polarizadas.

Atualmente os Teatros IMAX estão buscando cada vez mais fazer com que os espectadores fiquem imersos nos filmes, para tanto não economizam. Os números dos atuais teatros são o que podemos chamar de absurdos. Cada filme utiliza duas películas, sendo que cada frame é três vezes maior que frame de 70mm. Este tamanho acarreta uma série de “problemas”: Uma câmera para o formado IMAX deve ser carregada com dois rolos de negativo, estes rolos são suficientes apenas para três minutos de filmagem, enquanto que a recarga da câmera demora em média meia hora, sem contar que a câmera pesa em torno de 228 libras. Tanto na câmera quanto no projetor o filme é transportado horizontalmente. A projeção é feita por um projetor especial super preciso e equipado duas lâmpadas de 15.000 watts de potência cada, tudo isso para projetar em uma tela de 24 metros de altura por 30 de largura. Os óculos usados são diferentes dos convencionais, são feitos utilizando-se lentes de Cristal liquido que se abrem e fecham através de sinais infravermelhos, os óculos possuem também um sistema de som incorporado que utiliza seis canais de áudio de alta fidelidade. Embora com toda esta tecnologia os mais críticos ainda apontam uma série de defeitos, mas o defeito mais sério apresentado diz respeito ao conteúdo do filme que segundo críticos deveriam ser, no máximo, voltado para o público até a faixa etária de até dez anos de idade.

CONCLUSÃO

Como observamos em nosso estudo a tecnologia 3D está repleta de problemas. O processo de evolução da observação tridimensional vem evoluindo de maneira lenta, mas a tridimensionalidade traz tamanha interatividade com os personagens, cenários e tudo que é exposto ao olhar do ser humano que é impossível que este avanço possa parar.

É um sonho que se tornaria realidade.

O desenvolvimento das técnicas 3D fazem parte de vários estudos atualmente. Livros com ilustrações, histórias em quadrinhos e até produtos industriais com o processo simplificado são comercializados. Para este tipo de processo não são necessários óculos especiais. Basta que o leitor ou espectador deixe o foco dos olhos “flutuar” até encontrar e fixar os planos sucessivos do desenho ou do filme.

As experiências em três dimensões têm acontecido constantemente, mas muitos problemas ainda são encontrados, não apenas no seu desenvolvimento e produção, mas também no público interessado em ver. Muitas vezes, alguns indivíduos, não conseguem sentir o relevo das cenas, ou tem algum tipo de deficiência em um dos olhos o que dificulta a observação. Outro problema que é verificado é a dificuldade de “entender” como deixar solto o foco dos olhos a fim de que a visão se adapte ao processo estereoscópico.

No cinema estes problemas estão sendo resolvidos com a utilização de óculos especiais que possibilitam quaisquer individuo ter acesso a terceira dimensão.

É muito difícil prever um futuro para a estereoscopia e para o cinema 3D, mas com a velocidade do avanço tecnológico atual podemos imaginar que em breve poderemos ter em nossas Televisões, computadores e vídeos essa incrível tecnologia.

BIBLIOGRAFIA

TRUFFAUT, F. Hitchcock/Truffaut. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983
By The Editors of Time-Life Books, Frontiers of Photography, 1970.

INTERNET

http://www. stereoscopy.com

The Bad Fads Museum

http://www.badfads.com/pages/activities/3dmovie.html

How 3D movies Work

http://www.mindspring.com/~dmerriman/Imaxwrk.htm

Stereoscopic 3D Movies

http://www.hd3dmovies.com/3d2.html

The lowes IMAX theatre

http://www.theatres.sre.sony.com/imax/new-york/facts.html

History of the Stereoscope in 3D

http://www.bitwise.net/~ken-bill/stereo.htm

Rocky Moutain Memories 3D Encyclopedia

http://www.rmm3d.com/3d.encyclopedia/index.html

Tecnicas de estereoscopia

http://www.paralax.com.mx/09b_tecnicas.html

3D Movies

http://www.angelfire.com/ok2/3dmovies/

Friday the 13th, Part 3: 3D Cinematography

http://www.simplyweb.net/piranha/film.htm

Film Format

http://www.dvdaust.com/film_formats.htm

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