Autor: Gabriela Rocha Ajala
1. Introdução
O complexo do cotovelo é uma estrutura interessante localizada na porção media dos membros superiores. Sua posição definiu sua função: unir a mão ao ombro e o restante do corpo.
O complexo do cotovelo compreende diferentes articulações que estão configuradas para promover o movimento da mão no espaço, por isso é de grande importância o estudo das principais patologias que acometem essa articulação.
2. Anatomia
Sendo considerada uma das principais articulações do membro superior e uma das mais estáveis de todo o corpo a articulação do cotovelo é constituída por 3 ossos ( úmero, radio e ulna), que formam em conjunto 3 articulações que são envolvidas por uma cápsula articular sendo dessa forma considerada uma articulação em dobradiça. Existe outra articulação acessória que também faz parte da articulação do cotovelo, que se chama Articulação Radio Ulnar Distal
– Principais estruturas ósseas:
Úmero: Epicôndilo lateral, epicôndilo medial, troclea,
Ulna: olecrano, incisura troclear, incisura radial, tuberosidade da ulna e processo estilóide da ulna.
Radio: Cabeça do radio, tuberosidade do radio e processo estilóide do radio.
– Principais ligamentos:
Ligamento colateral ulnar, ligamento colateral radial, ligamento anular na cabeça do radio e cápsula articular.
– Principais músculos:
Bíceps braquial, braquial, braquioradial, pronador redondo e quadrado, tríceps braquial, ancôneo, extensores e flexores do punho.
– Principais nervos:
Radial, ulnar e mediano.
3. Função dos Ligamentos, Músculos e Nervos.
– Ligamentos
Ligamento colateral Ulnar: ligamento triangular forte que se origina no epicôndilo medial do úmero e se insere no processo coronóide da Ulna e olecrano, tendo como função manter a estabilidade umeroulnar e limitando os estresses em valgo.
Ligamento colateral Radial: assemelha se a um leque, sai do epicôndilo lateral do úmero e se insere no ligamento anular e olecrano, mantendo a estabilidade umeroradial e limitando os estresses em varo.
Ligamento Anular: circunda a cabeça do rádio e se fixa na ulna na incisura radial, servindo como articulação quando a cabeça do radio gira dentro da incisura radial da ulna, estabilizando a articulação.
Cápsula articular: única e extensa envolve tanto a articulação umeroulnar como a articulação umeroradial, sendo reforçada pelos ligamentos colaterais, mas bastante frouxa anterior e posterior.
– Músculos
Bíceps braquial, braquial e braquioradial: são músculos flexores do cotovelo.
Pronador redondo e quadrado: como os próprios nomes dizem são músculos que promovem a pronação e também supinação.
Tríceps braquial: principal extensor do cotovelo.
Ancôneo: auxilia o tríceps na extensão do cotovelo.
Extensores do punho: como o próprio nome diz promovem a extensão do punho.
Flexores do punho: promovem a flexão do punho.
– Nervos
Ulnar: passa pelo epicôndilo medial, inervando os músculos anteriores do antebraço e da mão, borda ulnar da mão ao quinto dedo, metade ulnar do quarto dedo.
Radial: localizado na face lateral do cotovelo, apresentando um ramo superficial e profundo, onde os profundos inervam os extensores do punho, dedos e responsável pela supinação, o ramo superficial inerva o dorso do punho e a borda radial da mão.
Mediano: localizado centralmente, fornece inervação aos flexores do punho e face anterior da mão, os três primeiros dedos e a metade radial do quarto dedo.
4. Mecânica articular
As três articulações no complexo do cotovelo não atingem a posição tencionada no mesmo ponto da amplitude de movimento. A posição tencionada para a articulação radioumeral é alcançada quando o antebraço está fletido 80 graus e se acha na posição semi-pronada. A posição completamente estendida é a posição tencionada, ou posição de máximo contato da superfície articular e máximo suporte ligamentar, para a articulação ulnoumeral. Assim, quando a articulação ulnoumeral está mais estável na posição estendida, a articulação radioumeral está frouxa e menos estável. A articulação radioulnar proximal fica na posição tencionada na posição semi-pronada, complementando a posição tencionada da articulação radioumeral.
A amplitude de movimento no cotovelo em flexão e extensão é aproximadamente 145 graus de flexão ativa, 160 graus de flexão passiva e 5 a 10 graus de hiperextensão. O movimento de extensão é limitado pela cápsula articular e pelos flexores. É também restrita terminalmente pelo impacto osso a osso com o olecrano, como já descrevemos na seção anterior.
A flexão na articulação é limitada pelos tecidos moles, à cápsula posterior, os músculos extensores, e o contato osso a osso do processo coronóide com sua cavidade respectiva. Uma quantidade significante de hipertrofia ou tecido adiposo pode limitar consideravelmente a amplitude de movimento em flexão. Aproximadamente 100 a 140 graus de flexão e extensão são necessários para a maioria das atividades cotidianas, que ocorrem entre uma amplitude de movimento de 30 graus de flexão até 130 graus de flexão.
Por exemplo, para alcançar atrás da cabeça para pentear os cabelos, são precisos 140 graus de flexão enquanto para amarrar um calçado são precisos apenas 15 graus de flexão.
A amplitude de movimento para pronação é aproximadamente 70 graus, e é limitada pelos ligamentos, a cápsula articular e os tecidos moles que fazem compressão na medida em que os ossos se cruzam.
A amplitude de movimento para supinação é de 85 graus e fica limitada por ligamentos, cápsula e músculos pronadores. São necessários aproximadamente 50 graus de pronação e 50 graus de supinação para realizar a maioria das nossas atividades cotidianas.
5. Os principais mecanismos de lesões do cotovelo são:
Trauma e esforço repetitivo.
Articulação do cotovelo é sujeito a lesões causadas pela absorção de uma força intensa como uma queda. Mas a maioria das lesões na região da articulação do cotovelo, são conseqüências da participação em atividades repetitivas como o lançamento.
Uma das lesões que ocorre como conseqüência da absorção de forças elevadas é a luxação, geralmente presente em esportes como ginástica olímpica, futebol americano ou luta livre. Quando o atleta cai sobre um braço excessivamente estendido forçando deslocamento exterior. Junto com a luxação pode haver uma fratura.
A queda sobre o cotovelo pode irritar a bolsa do olecrano, criando bursite do olecrano, condição bastante incomoda devido ao edema, mais que causa pouca dor e totalmente funcional.
As lesões por esforço repetitivo que ocorrem ao redor do cotovelo são geralmente associadas ao lançamento ou com algum padrão acima da cabeça, como no saque de tênis.
No lançamento, são colocadas altas demandas sobre a parte medial da articulação do cotovelo.
6. Principais Patologias
6.1- Epicondilite lateral ou cotovelo de tenista.
Conceito
É uma inflamação no local de origem dos tendões da musculatura do antebraço.
Normalmente é causada por movimentos repetidos que geram micro rupturas dos tendões junto a sua inserção no osso.
Forma de acometimento
Associa-se sobre cargas de forças devido a técnicas impróprias ou uso de raquetes pesadas.
Pode haver uma irritação do epicôndilo lateral e extensores do punho.
Mesmo aqueles que não praticam esporte algum estão sujeitos a desenvolver uma epicondilite do cotovelo, especialmente quando realizam atividades repetitivas com a mão, punho ou cotovelo. Ex: datilografia, pintura, carpintaria e outras atividades manuais.
6.2 Epicondilite medial
Conceito
Processo inflamatório que se origina na inserção dos músculos flexores do punho, também conhecida como cotovelo de golfista, podendo irradiar-se sobre todo trajeto dos músculos flexores do punho (flexor radia do carpo, flexor ulnar do carpo, pronador redondo e palmar longo) é importante ressaltar que todo processo inflamatório originam-se no epicôndilo medial do Úmero.
Tal patologia é geralmente causada por movimentos repetitivos que provocam processos inflamatórios nos tendões acima mencionados.
Forma de acometimento
Como também denominamos cotovelo de golfista, esse tipo de patologia ocorre por um uso excessivo ou indevido do de qualquer movimento que se assemelhe ao uso do taco de golfe.
Apresenta como principais características dor, edema e inflamação limitação na amplitude de movimento articular de ombro, cotovelo e punho. e muitas vezes micro-rupturas dos tendões ou fibras dos músculos que promovem a flexão do punho.
6.3- Bursite Olecraniana.
Conceito
Inflamação das bolsas do olecrano (comum em estudantes (*cotovelo de estudante*)
Forma de Acometimento
Deve-se, em geral, a uma posição inclinada prolongada, mas pode ser devida também a traumatismo, infecção e gota.
7. Conclusão
Como já vimos a grande importância da articulação do cotovelo, é da suma importância o conhecimento de todas as estruturas que a constituem.
Dessa forma mais importante ainda é conhecermos as principais patologias que acometem essa articulação, seus mecanismos da lesão podendo dessa forma fazer um melhor fisiodiagnóstico e a consequentemente um tratamento mais eficaz e mais seguro para o paciente, evitando assim lesões radicais.
8.Bibliografia
JOSEFH HAMIL; KATLEEN M. KNUTZEN – Bases Biomecânicas do Movimento Humano – Editora Manole Ltda.
JOSEFH J. CIPRIANO – Manual Fotográfico de Testes Ortopédicos e Neurológicos – 3º Edição – Editora Manole Ltda.
JEFF G. KONIN – Cinesiologia prática para Fisioterapeutas – Editora LAB – Guanabara Koogan
FLORENCE PETERSON KENDALL; ELIZABETH KENDALL MCCREARY; PATRICIA GEISE PROVANCE – Músculos Provas e Funções – 4ª Edição- Editora Manole Ltda.