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domingo, novembro 24, 2024

TURISMO DE EVENTOS X SAZONALIDADE

Autor: Tiago Cunha Dos Santos

1. INTRODUÇÃO

O planejamento turístico organiza a atividade de forma a atingir certos objetivos, através de tomadas de decisões estratégicas. Um dos problemas que a gestão do turismo pode enfrentar é a questão da sazonalidade, fazendo com que se encontrem alternativas para transformar ameaças em oportunidades. A mais estudada e viável forma de oportunidade são os eventos.

Eventos são acontecimentos previamente planejados com data, hora, local e tema determinados que reúnem pessoas com o mesmo interesse para promover produtos, serviços, imagens e idéias. O turismo de eventos traz grandes benefícios para a comunidade-sede, como geração de empregos, melhoria na infra-estrutura básica e incremento econômico na baixa temporada.

Todo destino turístico deve realizar um planejamento, elaborando estratégias e propostas para a melhor implantação e desenvolvimento da atividade. Através deste planejamento, a gestão estratégica poderá solucionar os problemas que surgem ao decorrer do tempo como, a questão da sazonalidade.

O turismo de eventos não possui como característica a sazonalidade, pois os eventos ocorrem ao longo de todo o ano, no verão e no inverno e independente de condições climáticas. Sendo assim, no planejamento turístico deve constar estratégias e ações de desenvolvimento e incentivo para este segmento.

2. PLANEJAMENTO E GESTÃO

O planejamento turístico tem por objetivo levar determinados benefícios socioeconômicos para a sociedade, mantendo a sustentabilidade do setor. (OMT, 2003). O planejamento turístico pesquisa, estuda e analisa diversos fatores como, mercados turísticos, atrativos e atividades turísticas, hospedagem e outros serviços turísticos, transporte, outras infra-estruturas e elementos institucionais.

Segundo Mota (2003, p.24), “a essência do planejamento estratégico é perceber as oportunidades e ameaças do futuro, explorá-las e combatê-las”. O autor ainda cita Maximiano (2000), definindo gestão estratégica como um “processo de definir, realizar e avaliar os resultados dos planos estratégicos”.

Planejamento e gestão são processos distintos e complementares, sendo o planejamento uma preparação para a gestão futura. Com a complementaridade entre ambos busca-se evitar ou minimizar problemas e ampliar as alternativas para a solução dos mesmos. A gestão é a efetivação, em parte, das condições que o planejamento feito constatou em suas estratégias e propostas.

3. TURISMO E A SAZONALIDADE

O turismo é uma das atividades econômicas que mais cresce no mundo e está sujeito à diversas influências políticas, econômicas e sociais. Um dos problemas que essas influências podem trazer é a sazonalidade, causada, segundo Mota (2003), por férias escolares ou dos trabalhadores, poder aquisitivo da população, variações cambiais, guerras, epidemias, distúrbios políticos, falta de segurança, moda, concorrência, etc. Ainda conforme Mota (2003,p.20), “esse fenômeno é decorrente da concentração das atividades turísticas no espaço e no tempo”.

A sazonalidade prejudica a oferta turística e produz diversas conseqüências como, desemprego, inflação, queda no faturamento e mortalidade de empresas turísticas, comprometendo a qualidade no atendimento, modificando a política promocional do produto turístico e alterando preços.

A gestão turística deverá estabelecer uma estratégia para reduzir a sazonalidade da demanda. A que se destaca é a estratégia de complementação dos atrativos da alta estação, com outras atrações que criam demanda durante o período de baixa temporada. O melhor exemplo dessa estratégia são os eventos, como a Oktoberfest, em Blumenau e o Ironman, em Florianópolis.

4. TURISMO DE EVENTOS

Existem diversos tipos de eventos porém, o conceito básico caracteriza todos eles. Evento é um acontecimento que ocorre em local, data e hora determinados com a finalidade de estabelecer imagem de organizações, produtos, serviços, pessoas e idéias e proporcionar a aproximação dos participantes. Além disso, carrega a promessa de proporcionar as pessoas entretenimento e informação. Segundo CARDOSO (2003, p.151), “o turismo de eventos é o deslocamento realizado por indivíduos e seus acompanhantes como o objetivo de participar de um acontecimento”, Ele ainda afirma que, “historicamente pode-se dizer que o turismo de eventos tem origem com o próprio turismo, uma vez que os primeiros deslocamentos foram em função dos jogos olímpicos em 776 ac”.

O turismo de eventos é o setor desta “indústria” que mais cresce no mundo, representando um dos maiores e mais importante segmento da economia ligada ao turismo, negócios e lazer. “No Brasil, ele gera US$30 bilhões/ano, tendo tido crescimento de 110% na década de 1990. Só de 1999 a 2000, este crescimento foi de 31,6%”. (EMBRATUR, 2001 apud MARTIN, 2003, p.240).

O turismo de eventos proporciona diversas vantagens para a economia e comunidade-sede. Além de seu gasto ser maior do que o do turista de temporada, o turista de eventos é comum na baixa estação, ocupando a rede hoteleira com capacidade ociosa e incrementando a economia local. Os eventos programados e planejados antecipadamente não sofrem impactos imediatos e diretos de mudanças políticas e colaboram com a estabilidade econômica, pois, utilizam-se de mão-de-obra mais ou menos qualificada.

A comunidade anfitriã beneficia-se diretamente através da geração de empregos e da criação e melhoria da infra-estrutura turística e melhoria da infra-estrutura básica da localidade. Através da exposição na mídia, a localidade pode fortalecer seu perfil como destino turístico, o setor público também se beneficia com o turismo de eventos, que incrementa os investimentos locais e aumenta o recolhimento de tributos e divisas para o estado. Acostumados a investir apenas na divulgação e promoção de imagem institucional, Secretarias de Estado e Institutos de Turismo, já começaram a falar em equipamentos e condições para a realização de eventos em seus destinos. Segundo o Fórum Brasileiro dos Convention & Visitors Bureaux (2001), a renda anual com eventos no Brasil é de R$ 2,5 bilhões, o que garante mais de R$ 108 milhões em recolhimento de impostos e divisas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O turismo é uma atividade social, cultural e econômica muito instável e suscetível à diversas influências. Sendo assim, o planejador ou gestor devem estar aptos para transformar as ameaças em oportunidades inovadoras. A sazonalidade ameaça toda a economia turística e o destino turístico, atingindo empresas e comunidade. O gestor deve possuir a visão e conhecimento para criar as oportunidades e identificar o turismo de eventos como uma boa solução. O turismo de eventos cresce progressiva e rapidamente e proporciona diversos benefícios para a comunidade e localidade-sede. Porém, esta atividade deve ser realizados por profissionais sérios e capacitados, não por amadores.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLEN, J; HARRIS, R; MCDONNELL, J; O`TOOLE, W. Organização e gestão de eventos. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

CARDOSO, C. Turismo de eventos como oportunidade para o desenvolvimento regional. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE TURISMO. São Paulo: Roca, 14-18, maio. 2002. Oportunidades e investimentos em turismo. P.147-156.

MARTIN, V. Eventos: uma cadeia multidisciplinar. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE TURISMO. Foz do Iguaçu: ROCCA, 14-18, maio. 2002. Turismo: enfoques teóricos e práticos, p.239-247.

MOTA, K. Gestão estratégica da sazonalidade turística: transformando ameaças em oportunidades. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE TURISMO. São Paulo:Roca, 14- 18, mai. 2002. Planejamento e gestão em turismo. P.15-27.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO. O planejamento para o desenvolvimento do turismo local. Porto Alegre: 2003

ZANELLA, L.C. Manual de organização de eventos. São Paulo: Atlas, 2003.

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