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sexta-feira, dezembro 20, 2024

A ALEGRIA DE ENSINAR

Autor: Shirlei Luciana Lima

ALVES, Rubem, A alegria de ensinar: Vários esclarecimentos acerca da educação. 9ª ed. Campinas, SP: Papirus Editora, 2005.93 páginas.

Rubem Alves, nascido em Boa Esperança, Minas Gerais, em 1933, iniciou sua trajetória profissional e intelectual no estudo da teologia, mudou-se para Campinas e depois para Lavras, onde serviu como pastor numa comunidade presbiteriana. Em Princeton, Estados Unidos, realizou seu doutorado. Psicanalista e professor da Unicamp, escritor de crônicas e artigos para o jornal Correio Popular a para a folha de São Paulo.

Autor de vários livros, dentre os quais se destacam: O retorno e o terno, O quarto do mistério, Sobre o tempo e a Eternaidade, A festa de Maria, Cenas da vida, E aí?, Cartas aos adolescentes e seus pais, Concerto para corpo e alma, O amor que acende a lua e Navegando, a Menina e o pássaro encantado, A pipa e a flor (Loyola) e O passarinho engaiolado (Papirus).

Uma obra destinada aos educadores, mostrando a necessidade de se ensinar com amor, não deixando barreiras entre quem ensina e quem aprende. A arte de ensinar vai muito além do que meras escritas em cadernos e cadernetas, deve chegar à alma do educando, formando assim, pessoas do saber.

Ao ler A alegria de ensinar (Rubem Alves), logo de início, percebe-se que o autor coloca todo o amor, entrega-se inteiramente ao ato de ensinar, ensinar com alegria, com satisfação. Ele nos lembra sobre o prólogo de Zaratrusta, que passou longos dez anos na solidão, “acordando” logo após para a vida, quando de encontro ao sol, percebeu que se faz necessária à continuidade, a relação entre o que tem a ensinar com o que precisa aprender. Uma missão de partilhar a felicidade e deixar sementes para germinar, crescer, dar frutos e recomeçar.

Mas o sofrimento é notado e escrito por ele. Nas escolas não há professores com a alegria de ensinar, nem alunos amantes da escola. Mais parece um jogo de poderes onde uns mandam e outros obedecem, sem a preocupação de serem felizes no que executam. Rubem Alves tenta alertar sobre a grandiosidade do que é ensinar, da responsabilidade de se passar alegria em aprender.

Rubem Alves demonstra sua tristeza quando relata a mais concreta realidade: freqüentar escola é uma obrigação estressante que os alunos têm que passar em nome da educação. O que ele mais lamenta, é a forma com que a educação têm se comportado: O mestre fala e o aluno executa, sem a chance de se arriscar e caminhar sozinho, nos erros e acertos.

Em tempo real, sem direito de sonhar, sem usar a criatividade, os alunos fazem treinamento de sobrevivência e os educadores, máquinas para a geração de lucro. Com isso, os dias se passam e a vida se vai sem deixar saudade, porque o passado tem de ser esquecido para se aprender o hoje.

Ele se mostra sensato quando fala da verdade que existe nas crianças; verdade sem medo, vergonha ou pudor. Elas são o que querem ser em qualquer parte. E é assim que encantam e fazem inveja a qualquer adulto bem estruturado.

Leva-nos a crer que o amor depositado nas palavras e nos atos do educador que pratica com alegria sua profissão, seduz o aluno para que deseje e, desejando, aprenda. Somos uma máquina que só guardamos o que é objeto do desejo, o que não se mostra interessante cai no esquecimento.

Esta crônica deixa seu apelo aos professores para que aprendam a ensinar, não somente com a inteligência, mas também com sabedoria. Há um trecho no livro que resume tudo em poucas palavras: “As respostas nos permitem andar por terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido.” (Rubem Alves).

Existe uma grande diferença entre o corpo movido pelos sonhos para o corpo movido pelas certezas. Vale lembrar.

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