Sumário:
1. Introdução.
2. A colonização européia na América.
3. A colonização espanhola.
3.1. A estrutura política metropolitana.
3.2. A estrutura política colonial.
4. Colonização francesa.
4.1. As tentativas francesas.
4.2. Cartier e seus seguidores.
4.3. A centralização política.
5. A colonização britânica.
5.1. A empresa colonizadora.
5.2. A organização política.
5.3. O desenvolvimento econômico.
6. A colonização portuguesa com participação holandesa.
6.1. Carência de especiarias e metais na Europa.
6.2. Portugal e Espanha dividem o mundo.
6.3. A Bula Intercoetera e o Tratado de Tordesilhas.
6.4. Começa a surgir o Brasil.
6.5. A madeira que dava tinta.
6.6. O início da colonização.
6.7. Capitanias hereditárias.
6.8. A vocação agrícola da colônia.
6.9. Primeiros engenhos: dificuldades.
6.10. O Nordeste começa a prosperar.
6.11. O governo de Mauricio de Nassau.
6.12. Dinheiro holandês no nordeste.
6.13. A mão-de-obra escrava.
6.14. O abandono das outras áreas.
6.15. Holandeses cobiçam o Brasil.
6.16. A Espanha atrapalha os negócios da Holanda.
6.17. As invasões holandesas.
6.18. O nordeste holandês.
6.19. Os holandeses cobram as dividas.
6.20. A expulsão dos holandeses.
7. Conclusão.
8. Bibliografia.
1. Introdução.
A colonização européia na América é, acima de qualquer outro âmbito, um processo de ocupação territorial, que povoava que explorava e que comercializava no continente americano comandada pelos europeus que haviam iniciado essa expansão logo após o descobrimento da América.
Na busca do caminho para as Índias, Cristóvão Colombo chega à América em 1492. Dois anos depois, o Tratado de Tordesilhas divide o controle do Novo Mundo entre portugueses e espanhóis. Nos anos seguintes, espanhóis, portugueses, franceses, ingleses e holandeses disputam o domínio do novo continente e sua exploração no modelo do mercantilismo europeu.
2. A COLONIZAÇÃO EUROPÉIA NA AMÉRICA.
3. A colonização espanhola.
A viagem de Colombo para a América em 1492 trouxe à Espanha perspectivas de enriquecimento, pois acreditava o navegador ter encontrado um novo caminho para as Índias. Mesmo nas expedições subseqüentes, desde o ano seguinte, Colombo manteve a mesma crença e conforme procurava as riquezas orientais fundou vilas e povoados, iniciando a ocupação da América.
Na Espanha suspeitava-se que as terras descobertas por Colombo fossem um obstáculo entre a Europa e as terras do oriente. E essa suspeita confirmou-se com a descoberta de Vasco Nunez Balboa, que chegou ao Pacífico, atravessando por terra a América Central. Até a década de 20 os espanhóis ainda procuravam uma nova rota par as Índias, modificando essa política a partir das descobertas de Cortez no México.
3.1. A estrutura política metropolitana.
O processo de exploração da América colonial foi marcado pela pequena participação da Coroa, devido a preocupação espanhola com os problemas europeus, fazendo com que a conquista fosse comandada pela iniciativa particular, mediante o sistema de capitulações*.
*As capitulações eram contratos em que a Coroa concedia permissão para explorar, conquistar e povoar terras, fixando direitos e deveres recíprocos. Surgiram assim os adelantados, responsáveis pela colonização e que acabaram representando o poder de fato nas terras colônias, como Cortez e Pizarro que, apesar de incorporarem ao domínio espanhol grandes quantidades de terra, não conseguiram implementar um sistema eficiente de exploração, normalmente pela existência de disputas entre aqueles que participavam do empreendimento. Por isso, à medida que se revelavam as riquezas do Novo Mundo, a Coroa foi centralizando o processo de colonização, anulando as concessões feitas aos particulares.
O primeiro órgão estatal foi a Casa de Contratação, criada em 1503 e sediada em Sevilha, era responsável pelo controle de todo o comércio realizado com as colônias da América e foi responsável pelo estabelecimento do regime de Porto Único. Apenas um porto na metrópole, a princípio Sevilha, poderia realizar o comércio com as colônias, enquanto na América destacou-se o porto de Havana, com permissão para o comércio metropolitano e anos depois os portos de Vera Cruz, Porto Belo e Cartagena. Desenvolveu ainda o sistema de frotas anuais (duas); desde 1526 havia a proibição de navegarem os barcos isoladamente.
O Conselho das Índias foi criado em 1524, por Carlos V, e a ele cabia as decisões políticas em relação às colônias, nomeando Vice-Reis e Capitães gerais, autoridades militares, e judiciais.
Foram criados ainda os cargos de Juízes de Residência e de Visitador. O Primeiro, responsável por apurar irregularidades na gestão de algum funcionário da metrópole na colônia; o segundo, responsável por fiscalizar um órgão metropolitano ou mesmo um Vice-reino, normalmente para apurar abusos cometidos.
3.2. A estrutura política colonial.
Nas colônias o poder dos adelantados foi eliminado com a formação dos Vice-Reinos e posteriormente dos Capitães gerais.
O território colonial foi dividido em quatro Vice-Reinos — Nova Espanha, Peru, Rio da Prata, e Nova Granada — e posteriormente foi redividido, surgindo as Capitanias Gerais, áreas consideradas estratégicas ou não colonizadas. Os Vice-Reis eram nomeados pelo Conselho das Índias e possuíam amplos poderes, apesar de estarem sujeitos à fiscalização das Audiências
As Audiências eram formadas pelos ouvidores e possuíam a função judiciária na América. Com o tempo passaram a ter funções administrativas.
Os Cabildos ou ayuntamientos eram equivalentes às câmaras municipais, eram formadas por elementos da elite colonial, subordinados as leis da Espanha, mas com autonomia para promover a administração local, municipal.
4. Colonização francesa.
Podemos considerar o movimento de colonização francesa na América como extremamente atrasado, posterior aos movimentos de Portugal e Espanha e mesmo de Inglaterra e Holanda, e isso devido a vários fatores internos e externos.
No século XV, enquanto Portugal e Espanha já haviam formado um Estado Nacional e iniciavam a expansão ultramarina, a França enfrentava a Inglaterra na Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e sofreria as conseqüências dessa guerra ainda até o início do século XVI . Após a guerra, os reis procuraram aumentar a centralização do poder, mas enfrentaram problemas financeiros, a oposição de setores da nobreza feudal, ao mesmo tempo em que o país envolveu-se em diversas guerras.
Ainda no século XVI desenvolveram-se as “guerras de religião” envolvendo o Partido Papista dos católicos, apoiados pela realeza, e o Partido Huguenote, onde se reuniam os protestantes calvinistas.
Do ponto de vista externo, a França teria que chocar-se com a Espanha, maior potência da época, por ser detentora de um vasto império colonial.
4.1. As tentativas francesas.
O rei Francisco I contestou o Tratado de Tordesilhas e os direitos de espanhóis e portugueses, porém não teve condições de confrontar-se com esses países na disputa por terras na América. A França ainda estava envolvida nas Guerras da Itália (1494-1516) e ao mesmo tempo priorizava os laços de comércio com os turcos otomanos no Mediterrâneo, garantindo lucros a uma parcela da burguesia.
4.2. Cartier e seus seguidores.
Nesse período as expedições realizadas por Jacques Cartier foram financiadas pelo rei, que pretendia encontrar metais preciosos na região do atual Canadá, chamada então Nova França, mas que ainda não seria colonizada no século XVI.
Na Flórida houve uma tentativa de colonização comandada por Jean Ribaut entre 1563-67, onde foi fundada a cidade de Charles fort, posteriormente destruída pelos espanhóis, assim como ocorreu no Rio de Janeiro, com a França Antártica, fundada por Nicolau de Villegagnon entre 1555-67, destruída pelos portugueses. Por trás das duas tentativas estavam os calvinistas; porém as guerras de religião fizeram com que essa política colonial fosse efêmera.
As disputas políticas internas, marcadas principalmente pelas “Guerras de Religião”, que se prolongaram pela Segunda metade do século XVI, impediram o desenvolvimento de uma política de expansão ultramarina.
4.3. A centralização política.
O início da Dinastia Bourbon, com o reinado de Henrique IV, possibilitou maior centralização política, em um processo de formação do absolutismo, tendo na política mercantilista sua base econômica. O Estado concedeu o monopólio de colonização e de comércio às empresas privadas, responsáveis pela instalação dos primeiros núcleos de colonização efetiva, destacando-se Quebec, as margens do Rio São Lourenço. Porém durante as décadas seguintes o interesse no comercio de peles com os indígenas suplantou a política de colonização.
Durante o governo do Cardeal Richelieu, a colonização do Canadá foi estimulada, apesar da participação da França na Guerra dos 30 anos, contra os Habsburgos. Richelieu incentivou a formação da Companhia da Nova França, que recebeu o monopólio do comércio de peles, isenção de impostos, tendo a obrigação de transportar colonos católicos para a região e estimular a catequese. Os principais problemas enfrentados foram as guerras envolvendo tribos indígenas rivais, e as tentativas dos jesuítas em isolar os indígenas em missões, interferindo no comércio
Durante o reinado de Luis XIV, a colonização ganhou grande impulso, a partir da política desenvolvida pelo ministro Colbert: O Canadá foi transformado em colônia real, submetida ao poder de Estado, e seria responsável por gerar lucros para a metrópole. Diversas medidas foram tomadas para aumentar a ocupação da região que se manteve, porém pequena, dispersa, ligada principalmente ao comércio de peles.
5. A colonização britânica.
A Inglaterra iniciou seu processo de expansão marítima no final do século XV, após a Guerra das Duas Rosas, com a ascensão da Dinastia Tudor, que deu início a formação do absolutismo e desenvolveu uma política mercantilista. No entanto, as expedições que a princípio pretendiam encontrar uma passagem para o Oriente, não tiveram resultados efetivos, seja pelos conflitos com a Espanha, ou com os povos indígenas na América do Norte.
No século XVII a Inglaterra vivia uma conjuntura favorável à colonização. O comércio havia dado origem a uma burguesia enriquecida e dotado o país de uma grande frota, pois no século anterior, principalmente do reinado de Elizabeth I, o mercantilismo havia se imposto, utilizando-se inclusive das atividades dos corsários; a Espanha, em decadência, não tinha condições de manter os territórios que julgava seus pelo Tratado de Tordesilhas. Do ponto de vista social, havia nas cidades inglesas uma grande massa de homens pobres, resultado do êxodo rural, provocado pelos “cercamentos” e outra camada de origem burguesa, porém que sofria com as perseguições religiosas. Parte desses dois grupos migrou para as colônias da América do Norte.
5.1. A empresa colonizadora.
O início da colonização da América do norte pelos ingleses deu-se a partir da concessão real a duas empresas privadas: A Companhia de Londres, que passou a monopolizar a colonização das regiões mais ao norte, e a Companhia de Plymouth, que recebeu o monopólio dos territórios mais ao sul. Dessa maneira dizemos que a colonização foi realizada a partir da atuação da “iniciativa privada”. Porém subordinadas as leis do Estado.
A primeira colônia inglesa foi Virgínia, que nasceu a partir da fundação da cidade de Jamestown, mas a efetiva ocupação e desenvolvimento da região levariam algumas décadas, ao longo das quais foram estabelecidas outras colônias na região sul: Maryland (colônia católica, em 1632) Carolina Do Norte e Carolina do Sul (1663) e Geórgia (1733). Nessas colônias desenvolveu-se a estrutura tradicional de produção, caracterizada pelo latifúndio monocultor, voltado para a exportação segundo os interesses da metrópole, utilizando o trabalho escravo africano.
As Colônias do Norte têm sua origem na fundação da cidade de New Plymouth (Massachusetts) em 1620, pelos “peregrinos do mayflower”, puritanos que fugiam da Inglaterra devido às perseguições religiosas e que estabeleceram um pacto, segundo o qual o governo e as leis seguiriam a vontade da maioria. A partir de New Plymouth novos núcleos foram surgindo, vinculados a atividade pesqueira, ao cultivo em pequenas propriedades e ao comércio. No entanto a intolerância religiosa determinou a migração para outras regiões, e assim novas colônias foram fundadas: Rhode Island e Connecticut (1636) e New Hampshire (1638). Nessa região, denominada genericamente de “Nova Inglaterra” as colônias prosperaram principalmente devido ao comércio. Do ponto de vista da produção, a economia caracterizou-se pelo predomínio da pequena propriedade policultora, voltada aos interesses dos próprios colonos, utilizando-se o trabalho livre, assalariado ou a servidão temporária.
As Colônias do Centro foram as últimas a surgirem, após a Restauração da Monarquia inglesa em 1660. A ocupação da região ocorreu principalmente por refugiados religiosos e foi onde o pensamento liberal rapidamente enraizou-se, tanto do ponto de vista político como religioso. Nova Iorque, Pensilvânia, Nova Jérsei e Delaware desenvolveram tanto a agricultura em pequenas propriedades como a criação de animais, com uma produção diversificada e estrutura semelhante à da Nova Inglaterra.
5.2. A organização política.
As 13 colônias eram completamente independentes entre si, estando cada uma delas subordinada diretamente à metrópole. Porém como a colonização ocorreu a partir da iniciativa privada, desenvolveu-se um elevado grau de autonomia político-administrativa, caracterizada principalmente pela idéia do autogoverno.
Cada colônia possuía um governador, nomeado, e que representava os interesses da metrópole, porém existia ainda um Conselho, formado pelos homens mais ricos que assessorava o governador e uma Assembléia Legislativa eleita, variando o critério de participação em cada colônia, responsável pela elaboração das leis locais e pela definição dos impostos.
Apesar dos governadores representarem os interesses da metrópole, a organização colonial tendeu a aumentar constantemente sua influência, reforçando a idéia de “direitos próprios”.
5.3. O desenvolvimento econômico.
As características climáticas contribuíram para a definição do modelo econômico de cada região, o clima tropical no sul e temperado no centro-norte. No entanto foi determinante o tipo de sociedade e de interesses existentes. Na região centro norte a colonização foi efetuada por um grupo caracterizado por homens que pretendiam permanecer na colônia (ideal de fixação), sendo alguns burgueses com capitais para investir, outros trabalhadores braçais, livres, caracterizando elementos do modelo capitalista, onde havia a preocupação do sustento da própria colônia, uma vez que havia grande dificuldade em comprar os produtos provenientes da Inglaterra.
A agricultura intensiva, a criação de gado e o comércio de peles, madeira, e peixe salgado, foram as principais atividades econômicas, sendo que desenvolveu-se ainda uma incipiente indústria de utensílios agrícolas e de armas. Em várias cidades litorâneas o comércio externo se desenvolveu, integrando-se às Antilhas, onde era obtido o rum, trocado posteriormente na África por escravos, que por sua vez eram vendidos nas colônias do sul: Assim nasceu o “Comércio Triangular”, responsável pela formação de uma burguesia colonial e pela acumulação capitalista.
6. A colonização portuguesa com participação holandesa.
6.1. Carência de especiarias e metais na Europa.
Em 1453, o florescente comércio de especiarias, capitaneado pelas cidades italianas, foi interrompido em conseqüência da tomada de Constantinopla – antigo nome da atual cidade de Istambul, na Turquia – pelos turcos. Essa cidade era o maior porto e entreposto comercial no período medieval. Era por ali que as rotas de especiarias do Oriente se cruzavam com as dos navios italianos. A tomada de Constantinopla acabou afetando o consumo dos produtos orientais na Europa.
Foi nesse momento que Portugal – já com profundos conhecimentos de navegação e astronomia – tornou-se uma das grandes potências marítimas do mundo, tentando chegar às Índias, contornando a África.
6.2. Portugal e Espanha dividem o mundo.
Os reis da Espanha decidiram arriscar um trajeto diferente e encarregaram o navegador Cristóvão Colombo de chefiar uma expedição que cruzasse o Atlântico para chegar ao Oriente pelo oeste. Nessa viagem, Colombo descobriu a América, em 1492. Esse descobrimento acirrou as disputas entre Portugal e Espanha pelo domínio do Atlântico.
Os portugueses queriam garantir as rotas do Atlântico Sul e, segundo alguns historiadores, assegurar a posse das terras que já supunham existir ali – as terras do Brasil.
6.3. A Bula Intercoetera e o Tratado de Tordesilhas.
Em 1493, o Papa Alexandre VI promulgou a Bula Intercoetera, que dividiu o mundo por um meridiano fixado 100 léguas a oeste dos Açores e do arquipélago de Cabo Verde. Essa decisão privilegiava a Espanha, e os portugueses ameaçaram entrar em guerra.
A solução para o conflito foi dada em 1494, com a assinatura do Tratado de Tordesilhas. Firmado entre Portugal e Espanha, também com a mediação do Papa, o tratado alterava de 100 para 370 léguas a oeste de Cabo Verde o limite determinado pela Bula Intercoetera.
Portugal garantia, assim, uma margem de segurança folgada no controle das rotas do Atlântico Sul.
6.4. Começa a surgir o Brasil.
Até 1530 não houve um projeto de colonização do Brasil por parte da Coroa portuguesa, pois as riquezas do Oriente e da África atraíam todas as atenções dos reis, nobres e comerciantes. Por isso, não foi estabelecido, de imediato, um sistema efetivo de ocupação e de proteção do território.
6.5. A madeira que dava tinta.
Mas o Brasil não foi totalmente deixado de lado. Interessadas pelo pau-brasil, inúmeras frotas de navios atracavam no litoral brasileiro para fazer o escambo da nobre madeira — usada para a extração de corante vermelho e para a construção de navios. Franceses, ingleses e portugueses ofereciam aos índios utensílios manufaturados em troca da madeira — abundante em todo o litoral e muito valorizada na Europa.
6.6. O início da colonização.
O rei D. João III decidiu ocupar efetivamente o Brasil, criando o sistema de capitanias hereditárias (1532 a 1536). Vários fatores influenciaram essa decisão:
• Endividamento da Coroa devido às explorações ultramarinas, principalmente na Ásia e África.
• Perda do monopólio do comércio nos mercados orientais.
• Temor de que outras Coroas européias, entre elas a Espanha e a França, tomassem conta do território brasileiro.
6.7. Capitanias hereditárias.
Como Portugal não tinha recursos próprios para implantar um sistema administrativo em sua colônia americana, resolveu transferir o ônus da colonização para a empresa particular. Dessa forma, D. João III dividiu o Brasil em 14 capitanias, perfazendo 15 lotes, distribuídos a 12 donatários. O donatário passaria a ser a autoridade máxima dentro de sua Capitania, tendo a responsabilidade de desenvolvê-la com seus recursos, e, com a sua morte, a administração passaria para seus herdeiros. Daí, sua denominação de Capitanias Hereditárias. A opção pelo sistema de Capitanias Hereditárias foi determinada por que Portugal já tinha experiência do sistema, utilizado anteriormente nas suas ilhas do Atlântico com relativo sucesso. E por falta de condições financeiras para arcar com as despesas na montagem do aparelho administrativo necessário para sustentar a colonização.
A ligação jurídica-política entre o rei de Portugal e os capitães – donatários – ficou estabelecida em dois documentos básicos:
Carta De Doação — Conferia ao donatário a posse hereditária da terra, não podendo ele vendê-la ou doá-la, a não ser para Portugal.
Carta foral — Estabelecia os direitos e deveres dos donatários, relativos à exploração da terra, como, por exemplo, escravizar índios, criar vilas e distribuir sesmarias, pagar 10% dos lucros sobre todos os produtos da terra, assim como o quinto* sobre os metais preciosos que fossem encontrados.
*O quinto era outro imposto cobrado pela coroa, agora em relação à mineração.
O sistema de Capitanias Hereditárias não alcançou principalmente do ponto de vista econômico, o sucesso desejado, pois somente as Capitanias de São Vicente e Pernambuco prosperaram, principalmente Pernambuco, de Duarte Coelho que tinha ligações estreitas com a Metrópole e com os capitalistas holandeses. Quanto a São Vicente, decaiu poucos anos depois, entrando em uma economia de subsistência.
As causas que levaram ao fracasso podem ser resumidas nos seguintes fatores:
1. Falta de recursos financeiros de alguns donatários;
2. Ataques indígenas;
3. Dificuldades de comunicação entre as Capitanias e Portugal, decorrentes das enormes distâncias e da precariedade dos meios de transporte;
4. Excessiva descentralização administrativa.
Nesse contexto, foi inevitável a participação direta do Estado português na administração colonial, a fim de apoiar a iniciativa particular e dar continuação ao processo colonizador.
6.8. A vocação agrícola da colônia.
A extensão das terras, a fertilidade do solo e o clima favorável fizeram com que os primeiros colonizadores optassem pelo cultivo da cana-de-açúcar. Vinda do Oriente, essa planta já era cultivada em colônias portuguesas, como a Ilha da Madeira.
No século XV, o açúcar era uma especiaria utilizada como remédio ou condimento exótico na Europa. No século XVI, já era um bem de consumo da aristocracia continental e logo se transformaria em um produto popular.
6.9. Primeiros engenhos: dificuldades.
O cultivo da cana começou na região litorânea, com a derrubada de vastas porções de matas nativas e a construção de engenhos. Essa cultura foi implantada em todas as capitanias – de São Vicente a Paraíba. Mas os ataques de índios, as grandes distâncias e a falta de recursos levaram ao fracasso a maioria dessas tentativas.
Por volta de 1550, a produção de açúcar estava restrita à região de São Vicente, no litoral do atual Estado de São Paulo, e a Pernambuco.
6.10. O Nordeste começa a prosperar.
Na segunda metade do século XVI já era intenso o movimento de navios transportando o açúcar do Brasil para a Europa e trazendo de volta produtos manufaturados. Mais próximos do mercado consumidor, os portos do Nordeste – então chamado Norte – eram preferidos em relação aos do Sudeste, pois tornavam as viagens mais curtas e econômicas.
6.11. O governo de Maurício de Nassau.
Além dos investimentos, o príncipe Nassau trouxe os ares da cultura européia à região pernambucana. Entre seus colaboradores, vieram pintores, como Frans Post, que retrataram cenas do cotidiano da Colônia, e uma equipe de cientistas. Promoveu estudos de história natural, astronomia, meteorologia e medicina. As doenças que mais afetavam a população foram catalogadas e investigadas.
Em seus
sete anos de governo, o príncipe ampliou a lavoura açucareira, desenvolveu fazendas de gado, construiu hospitais e orfanatos e assegurou a liberdade de culto aos católicos, protestantes e judeus. Na época, havia duas sinagogas na região de Pernambuco.
6.12. Dinheiro holandês no nordeste.
Os proprietários de Pernambuco equipavam seus engenhos recorrendo ao investimento dos holandeses, que refinavam e vendiam o açúcar por altos preços em Amsterdã, na Holanda, e em outros mercados europeus.
As grandes lavouras e os engenhos expandiram-se também para a Bahia, dando origem ao chamado sistema de plantation* cuja base era o latifúndio monocultor e a mão-de-obra escrava.
*nome dado à grande propriedade agrícola monocultora e escravocrata, nos EUA.
6.13. A mão-de-obra escrava.
No início, o trabalho das lavouras e das moendas era feito por índios escravizados. A dificuldade em manter essa mão-de-obra cativa levou à sua substituição pelo trabalho dos escravos negros, caçados em outras colônias portuguesas, como Angola, São Tomé e Príncipe. As terras para plantação eram concedidas aos chamados “homens bons” de Portugal, que também recebiam o que fosse necessário para dar início à produção.
6.14. O abandono das outras áreas.
Nas outras regiões brasileiras, a população foi deixada à sua própria sorte, sem qualquer tipo de apoio ou investimento por parte da Coroa. Como na capitania de São Vicente e um de seus engenhos atingidos pelo abandono da metrópole, o de São Jorge dos Erasmos, talvez um dos maiores do Sul do país.
6.15. Os holandeses cobiçam o Brasil.
Desde a implantação da atividade açucareira no Brasil, os holandeses tiveram participação relevante. No início, financiavam a produção da cana-de-açúcar, mas logo quiseram entrar diretamente na instalação dos engenhos. Também se envolveram no comércio, transportando e negociando o produto para a Europa.
6.16. A Espanha atrapalha os negócios da Holanda.
A passagem do trono português para o domínio espanhol, em 1580, gerou um conflito político-militar no Brasil. Durante a União das Coroas Ibéricas (1580 a 1640), os reis da Espanha tentaram impedir as relações entre Portugal e Holanda. Com o fim dos acordos comerciais bilaterais, os holandeses perderam o papel predominante na comercialização do açúcar e iniciaram suas tentativas de invadir a Colônia para ocupar as zonas de produção açucareira e controlar o suprimento de escravos.
6.17. As invasões holandesas.
Em 1624, os holandeses ocuparam Salvador, na Bahia.
Renderam-se depois de duros combates, em maio do ano seguinte. A região de Pernambuco foi ocupada em 1630. Após a conquista de Olinda, os holandeses permaneceram na região por 24 anos.
6.18. O nordeste holandês.
A administração e proteção do Brasil holandês – centralizada em Recife e Olinda – estiveram a cargo da Companhia das Índias Ocidentais, formada em 1621. O auge dessa dominação aconteceu no governo do príncipe holandês João Maurício de Nassau-Siegen, de 1637 a 1644.
6.19. Os holandeses cobram as dívidas.
Após a saída de Nassau, em 1644, a Companhia das Índias Ocidentais decidiu cobrar dos senhores de engenho portugueses todos os empréstimos que havia concedido desde o início da cultura da cana-de-açúcar. Essa decisão provocou a falência de muitos proprietários. Muitos fugiram com seus escravos para a Bahia, onde organizaram um foco de resistência aos holandeses, iniciando as guerras de expulsão.
6.20. A expulsão dos holandeses.
As Batalhas de Guararapes (1648 e 1649) foram decisivas para a derrota dos holandeses:
• O primeiro confronto aconteceu em 19 de abril de 1648 no Monte Guararapes, à aproximadamente 13 quilômetros de Recife. Os holandeses foram derrotados.
• Em 19 de fevereiro de 1649, as tropas luso-brasileiras e holandesas voltaram a se enfrentar no mesmo local. Os holandeses sofreram nova derrota. Mas, apesar de perderem territórios, permaneceram em Recife.
• Em 1653, uma esquadra portuguesa bloqueou a cidade. Os holandeses renderam-se e foram definitivamente expulsos em 26 de janeiro de 1654.
7. Conclusão.
O resultado de toda essa expansão comercial foi uma clara devastação de nossas matas e minerais, além do grande genocídio praticado para a conquista de um povo ou espaço geográfico.
Todas essas nações se empenharam na busca de uma boa economia fora de seu território sem se preocuparem com o que iriam deixar para futuras populações. Devastando a mata atlântica por causa do pau-brasil nos deixaram de herança apenas o pulmão esquerdo e hoje em dia como conseqüência da exploração, alguns dos países subdesenvolvidos são aqueles que um dia serviram de colônia para suas metrópoles que hoje só olham para frente, agora só nos basta paciência.
8. Bibliografia.
Internet:
– www.historianet.com.br;
– www.ig.com.br/paginas/klickeducacao/indexcobrand.html —associado;
– pt.wikipedia.org/;
– http://www.google.com.br/.