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segunda-feira, dezembro 30, 2024

A COMPOSIÇÃO DO SANGUE

O SANGUE

O sangue sempre fascinou os homens levando-os a especular a seu respeito. Foi considerado a “essência da vida” porque a sua perda incontrolada pode conduzir à morte. Provou-se também que influenciava a informação do carácter e das emoções. Também se dizia que a raiva fazia ferver o sangue, e o medo arrepiava. O estudo científico do sangue revela-se tão fascinante quanto essas especulações. O sangue é responsável por muitas funções essenciais à vida e revela muito acerca do nosso estado de saúde.
O sangue é um tipo de tecido conjuntivo, constituído por células e fragmentos de células rodeados por uma matriz líquida, que circula pelo coração e vasos sanguíneos. As células e os fragmentos celulares são os elementos figurados, enquanto que o líquido é o plasma. Os elementos figurados constituem cerca de 45% e o plasma 55% do volume total sanguíneo. Surpreendentemente, o sangue apenas constitui cerca de 8% do peso total do corpo.
As células, porque são metabolicamente activas, têm necessidade constante de nutrição e remoção dos produtos de degradação. Muitas estão distantes das fontes de nutrientes, tais como o tubo digestivo, e dos locais de deposição dos produtos de degradação, como o rim. O aparelho circulatório, composto pelo coração, vasos sanguíneos e sangue, proporciona a necessária ligação entre os vários tecidos. O coração bombeia o sangue para os vasos sanguíneos, que se estendem por todo o corpo.

COMPOSIÇÃO DO SANGUE

Plasma

O plasma é um líquido amarelo pálido, composto por cerca de 91% de água e 9% de outras substâncias, tais como proteínas, iões, substâncias nutritivas, gases e produtos de degradação. É uma solução coloidal líquida que contém substâncias em suspensão, a maioria das quias proteínas plasmáticas onde se incluem albumina, globulinas e fibrinogénio.
A albumina constitui 58% das proteínas do plasma e é importante na regulação do movimento da água entre os tecidos e o sangue. Como não passa facilmente do sangue para os tecidos, desempenha um papel importante na manutenção da sua concentração osmótica.
Algumas globulinas, tais como anti-corpos e complementos, são parte do sistema imunitário enquanto que outras funcionam como moléculas de transporte.
O fibrinogénio constitui 4% das proteínas do plasma e é responsável pela formação do coágulo.
O volume plasmático mantém-se relativamente constante.

ELEMENTOS FIGURADOS

Cerca de 95% do volume dos elementos figurados consiste em eritrócitos ou glóbulos vermelhos. Os restantes 5% são leucócitos ou glóbulos brancos e fragmentos de células chamados plaquetas ou trombócitos. Em adultos saudáveis, os leucócitos são os únicos elementos figurados que possuem núcleo, já que os eritrócitos e as plaquetas têm poucos organelos e não têm núcleo.

HEMÁCIAS OU GLÓBULOS VERMELHOS

Os glóbulos vermelhos são corpúsculos vermelhos do sangue. Um milímetro cúbico do sangue contém cerca de cinco milhões de corpúsculos ou glóbulos vermelhos, chamados também de eritrócitos ou hemácias. Uma variação de 4 a 6 milhões é considerada normal e uma de 8 milhões pode ser encontrada em indivíduos que vivem em regiões de grande altitude. Esse número pode ser menor que 1 milhão em caso de anemia grave. Os glóbulos vermelhos contem hemoglobina.
As hemácias ou glóbulos vermelhos tem como função transportar os gases respiratórios, através da proteína chamada hemoglobina. Nos pulmões, a hemoglobina se combina com o oxigênio (O2), dando origem à oxiemoglobina. Conforme o sangue circula pelo corpo a oxiemoglobina se desfaz e o O2 é absorvido pela células. Ao mesmo tempo, o gás carbônico (CO2) produzido pelas células combina-se com a hemoglobina formando a carboemoglobina, que ao chegar aos pulmões se desfaz, liberando o CO2.

É importante saber que o quadro conhecido como anemia é causado pela redução do número de hemácias, pela produção de hemácias defeituosas ou ainda deficiência na produção de hemoglobina, que depende do ferro presente em alimentos como o feijão.
Veja abaixo um esquema geral das principais alterações morfo-fisiológicas dos eritrócitos:

Eritrócitos Normais

    A imagem abaixo mostra um esfregaço de sangue em lâmina de vidro observado em microscópio sob objetiva de imersão a óleo. Observa-se eritrócitos (hemácias) normocrômicas indicando boa saturação de hemoglobina. No centro, observamos um neutrófilo segmentado. As estruturas menores, densas, são as plaquetas.

Através do exame do esfregaço sanguíneo em lâmina de vidro observado em microscópio sob objetiva de imersão a óleo, podemos observar alterações de forma e tamanho, importantes para caracterizar desde deficiências, como a hipocromia e microcitose da anemia carencial, como a macrocitose da carência da vitamina B12 e do acido fólico, como a esferocitose, eliptocitose e drepanocitose das anemias congênitas.

Drepanocitose

    Bastante comum no Brasil devido a alta prevalência na raça negra, a Anemia Falciforme é caracterizada pela existência de hemácias falciformes (em forma de foice) ou drepanócito.

Esferocitose e Eliptocitose

    • A esferocitose congênita é caracterizada por um esfregaço em que as hemácias são pequenas e redondas: esferócitos, ocorrendo na anemia hemolítica por exemplo. Neste esfregaço ainda observamos um linfócito normal.
    Na eliptocitose as hemácias são alongadas ou ovais, ocorrendo em diversas formas de anemia e anomalias


Eliptocitose


Esferocitose

Hipocromia e Microcitose

    A imagem mostra uma intensa hipocromia caracterizada pelo descoramento das hemácias que se apresentam com o centro pálido. A microcitose (hemácias de tamanho pequeno), e a acentuada anisocitose (variação muito grande no tamanho das hemácias) e poiquilocitose (variação quanto a forma), caracterizam uma grave anemia por deficiência de ferro.

PLAQUETAS

As plaquetas são pequenas massas protoplásticas anucleares, que atuam na coagulação do sangue, aderindo à superfície interna da parede dos vasos sanguíneos no lugar de uma lesão e fecham o defeito da parede vascular, visando evitar a morte do indivíduo por hemorragia (perda excessiva de sangue) Tem cerca de 200.000 a 300.000 plaquetas, denominadas trombócitos, no sangue.

A COAGULAÇÃO DO SANGUE

A coagulação acontece quando nos cortamos, porque um dos vasos sanguíneos se rompe. No sangue há: milhares de glóbulos brancos, também conhecidos como leucócitos; milhares de glóbulos vermelhos, também conhecidos como hemácias; e pôr fim a plaqueta.

Quando um vaso sanguíneo se rompe, o cérebro logo deixa a coagulação e “manda” os glóbulos brancos agirem. Os glóbulos brancos fabricam anticorpos que se junta com o cálcio e a vitamina K, formando uma rede que se chama fibrina. Essa fibrina não deixa que os glóbulos vermelhos, nem os glóbulos brancos, nem a plaqueta ultrapassem essa barreira. Que chamamos de “casquinha”, é aquela pelinha seca.

A coagulação depende de uma seqüência de processos químicos que pode ser resumida da seguinte forma:

    • Quando ocorre um ferimento e corte dos vasos sangüíneos, as plaquetas arrebentam.
    • As plaquetas arrebentadas liberam a enzima chamada tromboplastina.
    • A tromboplastina liberada inibe a heparina presente no plasma. A heparina é que impede a coagulação do sangue em condições normais.
    • Com a heparina inibida, uma outra proteína presente no plasma, a protombina, é transformada em trombina.
    • A trombina, por sua vez, atua sobre outra proteína do plasma, o fibriogênio, transformando-o na fibrina.
    • A fibrina forma uma espécie de rede de proteína, que segura as células que estavam indo pelo corte do vaso sangüíneo.
    Em pouco tempo o sangue endurece e seca, parando a hemorragia e formando o que chamamos popularmente de casca de ferida.

É bom saber que a falta de vitamina K na alimentação compromete a coagulação do sangue.

Indivíduos com a doença congênita chamada hemofilia não tem capacidade de coagulação do sangue e podem morrer de hemorragia ao menor ferimento

LEUCÓCITOS OU GLÓBULOS BRANCOS

Células arredondadas e, geralmente, bem maiores que as hemácias. Os leucócitos têm como função a imunidade (defesa do organismo), que se dá por dois mecanismo distintos: a fagocitose e a produção de anticorpos.
No sangue, temos de 5.000 a 10.000 corpúsculos ou glóbulos brancos(células brancas do sangue), que recebem o nome de leucócitos. De 4.000 a 11.000 glóbulos brancos por mm3.

TIPOS DE LEUCÓCITOS
Os leucócitos são denominados de acordo com a sua aparência nas preparações coradas. Há seis tipos de leucócitos cada um com funções específicas.

GRANULÓCITOS OU POLIMORFONUCLEADOS
Possuem no citoplasma grãos de substâncias cristalizadas e seu núcleo é dividido, podendo apresentar várias formas. Atuam realizando a fagocitose (englobamento e destruição) de microorganismos e outros corpos estranhos que invadam o organismo. Existem quatro tipos de granulócitos: os neutrófilos, os basófilos, os eosinófilos e os mastócitos.

Neutrófilos – Que fagocitam e destroem bactérias;
Basófilos – Que segregam substâncias como a heparina, de propriedades anticoagulantes, e a histamina;
Eosinófilos – Que aumentam seu número e se ativam na presença de certas infecções e alergias;
Mastócitos ou Labrócitos – Que desempenha um papel de proteção na defesa contra organismos patogênicos;

AGRANULÓCITOS OU MONONUCLEADOS
Não possuem grãos no citoplasma e seu núcleo é simples. Atuam produzindo anticorpos, substâncias específicas que procuram neutralizar os microorganismos invasores, as substâncias tóxicas produzidas por eles, ou outras substâncias estranhas ao organismo, facilitando assim o trabalho fagocitário dos granulócitos. Existem dois tipos de agranulócitos: os linfócitos e os monócitos.

Linfócitos – Que desempenham um papel importante na produção de anticorpos e na imunidade celular;
Monócitos – Que digerem substâncias estranhas não bacterianas.

Durante as infecções é normal que o número de leucócitos esteja elevado. A leucemia, doença grave chamada popularmente de câncer no sangue, é caracterizada pela produção de um número muito elevado de leucócitos defeituosos, o que compromete a imunidade do indivíduo.

A Aids é caracterizada pela redução severa do número de leucócitos, pois o vírus HIV, causador da doença, é parasita específico destas células, as quais invade e destrói. Como conseqüência, o indivíduo perde a imunidade.

FUNÇÕES DO SANGUE

As funções do sangue podem ser divididas em transporte, manutenção e protecção. Muitas delas podem no entanto ser incluídas em mais que uma categoria. Por exemplo, quando as células sanguíneas interferem na protecção contra microorganismos, elas são transportadas para os locais de infecção.

TRANSPORTE: O sangue é o meio de transporte principal do corpo. O oxigénio entra para o sangue nos pulmões e é transportado até às células; o díóxido de carbono produzido por elas é levado aos pulmões por onde é expelido. Os nutrientes ingeridos, os electrólitos (iões) e a água são transportados pelo sangue desde o tubo digestivo até às células, e os produtos degradados pelas células são transportados para os rins, a partir de onde são eliminados. Para além de transportar gases, substâncias nutritivas, produtos de degradação, o sangue transporta outras substâncias. Por exemplo, o ácido láctico produzido pelos músculos esqueléticos durante a respiração anaeróbica. Este ácido é transportado para o fígado e convertido em glicose. Por último, muitas substâncias necessárias à manutenção e protecção são transportadas através do sangue.

MANUTENÇÃO: O sangue desempenha um papel crucial na manutenção da homeostase (regulação da temperatura interna). Muitas das hormonas e enzimas que regulam o funcionamento do corpo existem no sangue, como as substâncias tampão, que ajudam a manter o pH do sangue dentro dos limites normais de 7,35 a 7,45. A composição osmótica do sangue é também crítica para a manutenção dos níveis normais de líquidos e para o equilíbrio electrolítico. Porque o sangue pode manter o calor, está envolvido na regulação da temperatura transportando o calor do interior para a superfície do corpo, onde é libertado. Quando os tecidos são danificados, um coágulo de sangue constitui a primeira fase da sua reparação e da recuperação da função normal.

PROTECÇÃO: As células e produtos químicos do sangue constituem uma parte importante do sistema imunitário, protegendo contra substâncias estranhas, tais como microorganismos e toxinas. A coagulação do sangue também proporciona protecção contra a perda excessiva de líquidos e células, quando os vasos sanguíneos se encontram danificados.

GRUPOS SANGUÍNEOS COMPATÍVEIS

Lembrando que Sangue Negativo só recebe Negativo

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