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terça-feira, dezembro 3, 2024

A Herança dos Grupos Sanguíneos

Autoria: Rodrigo F. de Campos

O Sistema ABO.
A tabela abaixo, nos ajuda a entender como combinamos geneticamente nossos grupos sanguíneos. Através dela você determina como podem ser os grupos sanguíneos dos filhos a partir dos grupos dos pais.
Lembre-se: quando nos referimos ao grupo sanguíneo de uma pessoa, estamos nos referindo ao seu Fenótipo. Para cada fenótipo pode existir mais de um Genótipo. Veja no quadro abaixo os genótipos correspondentes para cada fenótipo.
FENÓTIPO (GRUPO) GENÓTIPO
A AO e AA
O OO
B BO e BB
AB AB
Se você é do grupo A, você deve possuir um dos dois genótipos: AA e AO
Se você é do grupo O seu genótipo é OO
Para utilizar a tabela abaixo, primeiramente determine os genótipos possíveis dos pais.
Exemplo 1: O pai é do grupo A e a mãe é do grupo AB. Determinando os genótipos:
Pai = fenótipo = A, genótipos possíveis= AA e AO
Mãe= fenótipo= AB, genótipos possíveis= AB
Para pesquisar na tabela abaixo, localize na linha superior da tabela os genótipos de um dos pais, no nosso exemplo localize os genótipos AA e AO, do Pai. Na primeira coluna à esquerda, localize o genótipo da mãe: AB. O cruzamento das linhas a partir dos genótipos nos dá:
Para o Pai com genótipo AA, filhos AA e AB
Para o Pai com genótipo A0, filhos AB, AA, BO e AO
Exemplo 2: O pai é do grupo 0 e a mãe é do grupo O. Determinando os genótipos:
Pai = fenótipo = O, genótipos possíveis= OO
Mãe= fenótipo= O, genótipos possíveis= OO
Para pesquisar na tabela abaixo, localize na linha superior da tabela os genótipos de um dos pais, no nosso exemplo localize os genótipos OO, do Pai. Na primeira coluna à esquerda, localize o genótipo da mãe: OO. O cruzamento das linhas a partir dos genótipos nos dá:
Para Pai e Mãe com genótipos OO, filhos OO.

O sistema Rh
Para o sistema Rh, temos os seguintes genótipos possíveis para os fenótipos correspondentes:
FENÓTIPO (Rh) GENÓTIPO
Rh + RhRh e Rhrh
Rh – rhrh

Veja na tabela abaixo como se dá a herança a partir dos genótipos conhecidos:
Se você é Rh +, você deve possuir um dos dois genótipos: RhRh ou Rhrh
Se você é Rh – seu genótipo é rhrh
Para utilizar a tabela abaixo, primeiramente determine os genótipos possíveis dos pais.
Exemplo 1: O pai é Rh + e a mãe é Rh +. Determinando os genótipos:
Pai = fenótipo = Rh +, genótipos possíveis= RhRh ou Rhrh
Mãe= fenótipo= Rh +, genótipos possíveis= RhRh ou Rhrh
Para pesquisar na tabela abaixo, localize na linha superior da tabela os genótipos de um dos pais, no nosso exemplo localize os genótipos RhRh e Rhrh, do Pai. Na primeira coluna à esquerda, localize os genótipo da mãe: RhRh e Rhrh . O cruzamento das linhas a partir dos genótipos nos dá:
Para o Pai com genótipo RhRh, e mãe RhRh, filhos RhRh
Para o Pai com genótipo RhRh, e mãe Rhrh, filhos RhRh e Rhrh
Para o Pai com genótipo Rhrh, e mãe Rhrh, filhos RhRh e Rhrh e rhrh
(invertendo os genótipos dos pais, obteremos o mesmo resultado)

COMPATIBILIDADE ENTRE OS TIPOS SANGUINEOS
Quem pode doar para quem? Como os tipos sanguíneos se combinam entre si?
O Sistema ABO.
Para entendemos como os grupos sangüíneos podem ser combinados entre si, precisamos entender alguns conceitos. A compatibilidade entre os vários tipos de sangue humano tem a ver com antígeno e Anticorpos. Aqui nos referimos a Antígenos Eritrocitários, ou seja, Antígenos existentes (ou não) nas nossas hemácias.
São estes Antígenos que diferenciam os grupos sangüíneos entre si. Veja como:
GRUPO SANGUINEO ANTíGENO do sistema ABO
A A
B B
AB A e B
O (nenhum).
Preste bem atenção. Antígeno é algo que temos nas nossas hemácias ao nascermos, faz parte de sua estrutura molecular, é determinado geneticamente pela herança de nossos pais.
Observe que se você é do grupo O você não tem nenhum Antígeno (do sistema ABO) em suas hemácias. Indivíduos são do grupo A porque tem o Antígeno A em suas hemácias, Os do grupo B tem o antígeno B, os do grupo AB tem antígeno A e B.
Antígenos tem a propriedade de gerar Anticorpos quando introduzidos em organismo que não o contenha. Por exemplo, indivíduos do grupo A, que tem em suas hemácias o antígeno A, não podem ter em seu plasma o anticorpo Anti A. O mesmo ocorre com o indivíduo do grupo B, em relação ao antígeno B. Se um indivíduo tivesse em seu plasma um anticorpo oposto ao seu antígeno correspondente todas as suas hemácias seriam destruídas por ele.
Um conceito muito importante é que não existe anticorpo anti O, uma vez que não existe antígeno O.
Durante a infância sempre adquirimos naturalmente os anticorpos referentes aos grupos sangüíneos opostos, ou seja: Se você é do grupo O, em seu plasma existe anticorpos Anti-A e Anti-B, adquiridos naturalmente durante a infância.
Veja na tabela abaixo:
GRUPO SANGUINEO ANTíGENO ANTICORPO
A A Anti-B
B B Anti-A
AB A e B (nenhum)
O (nenhum) Anti-A e Anti-B
Fica fácil de entender agora como os diversos tipos de sangue podem ser combinados entre si. Se você é do grupo AB, então você não tem nenhum dos anticorpos em seu plasma, daí você poderá tomar sangue de todos os grupos: A, B, AB e O (receptor universal).
Se você é do grupo A você tem anti-B em seu plasma, daí não poder tomar sangue do grupo B ou AB. Pode tomar dos grupos A e O. Como não existe “anti-O” as hemácias do grupo O podem teoricamente ser transfundidas em pessoas de todos os outros grupos (doador universal).
E o Rh?
Bem, existe também o sistema Rh e ele determina a presença de um Antígeno (também em suas hemácias), denominado Antígeno D. Indivíduos que o tem são Rh POSITIVOS e indivíduos que não o tem são Rh NEGATIVOS. Veja a tabela.
Fator Rh Antígeno do sistema Rh
POSITIVO Antígeno D
NEGATIVO (nenhum)
Não existem Anticorpos Anti-D adquiridos naturalmente e, portanto ninguém tem Anti-D em seu plasma a não ser que tenha sido inoculado de alguma forma com sangue Rh POS., (pode ocorrer inoculação durante o parto ou aborto, transfusão incompatível ou compartilhamento de seringas em drogados).
Daí o conceito simples de que em relação ao Rh, indivíduos Rh POS podem tomar sangue Rh POS e NEG, enquanto indivíduos Rh NEG só podem tomar sangue Rh NEG., (na verdade poderiam tomar uma primeira transfusão Rh POS, mais seriam sensibilizados e desenvolveriam Anti-D e uma segunda transfusão poderia matá-los).
Eis abaixo um diagrama que ajuda a compreender a relação entre os sangues. Visualize primeiro sangues do mesmo Rh. Lembre-se: Rh positivo pode receber sangue Rh negativo. O oposto não é possível.

A HEMATOPOESE – A FORMAÇÃO DO SANGUE.
“Um processo que se inicia no embrião, em torno do segundo mês, e se prolonga por toda a vida.”
É da parede do útero materno que o embrião retira os alimentos que necessita, nos primeiros dias de vida. Em torno da terceira/quarta semana, porém, seu sistema de alimentação sofre uma modificação radical. O pequeno ser em formação passa a alimentar-se através do sangue da mãe. E, para que os alimentos possam ser distribuídos adequadamente pelo organismo embrionário, é indispensável um eficiente sistema transportador de elementos nutritivos.
Ao completar um mês, o embrião já possue um sistema igual ao do adulto. Os vasos sangüíneos percorrem o pequeno corpo, numa rede extensa e intrincada que leva o sangue para todas as partes do organismo. E, ao fim do primeiro mês, já existe um coração rudimentar, que bombeia sangue para o corpo em formação.
Durante toda a vida uterina, o feto sofre as transformações necessárias para adaptar o aparelho circulatório à futura existência fora do útero. Mas, desde o início de segundo mês, o sangue já está presente, com seus glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas.
Nas três primeiras semanas de gestação, o embrião humano apresenta-se ao lado de uma espécie de bolsa de grandes dimensões, o chamado saco vitelino. Nos vertebrados ovíparos esta bolsa funciona como um reservatório de material nutritivo. No embrião humano, o saco vitelino não tem função de reservatório alimentar, mas possui também um papel valioso.

É nele que se inicia a formação dos vasos sangüíneos e dos glóbulos vermelhos do embrião. Por volta de três semanas de gestação, podem ser observadas na parede externa do saco vitelino pequenas massas celulares. Pouco a pouco, as células que formam esses aglomerados sofrem uma transformação e originam pequenas ilhotas sangüíneas, as chamadas ilhotas de Wolff.

As células que delimitam o contorno das ilhotas vão originar as paredes dos primeiros vasos sangüíneos. Gradualmente, o interior dessas ilhotas vai ficando vazio e as células mais internas transformam-se em glóbulos vermelhos primitivos (megaloblastos). Assim, vasos sangüíneos e glóbulos vermelhos se originam a partir da mesma estrutura inicial, situada fora do organismo do embrião. São, portanto, de origem extra-embrionária.

Formados os primeiros vasos sangüíneos, o processo se desencadeia e a produção de células do sangue continua, ininterruptamente, pelo resto da vida. Daí por diante, quem se encarrega de fabricar novos glóbulos vermelhos para o transporte da nutrição do organismo embrionário são as células que existem no interior dos vasos recém formados (células reticulares).
Pouco a pouco, o saco vitelino deixa de ter qualquer função para a vida embrionária e começa a evoluir. A partir daí, as células do sangue passam a ser produzidas no interior do próprio organismo.
O organismo do embrião possui três camadas fundamentais de tecidos. A mais exterior denomina-se ectoderma e a mais interna, endoderma; a do meio é o mesoderma. É nesta camada média que são produzidos novos vasos e glóbulos sangüíneos. No início, o mesoderma é constituído apenas por uma massa gelatinosa de protoplasma, com núcleos dispersos. Não existem limites evidentes entre as células, que se comunicam livremente, caracterizando, assim, o chamado sincício.
Pouco a pouco, o sincício mesodérmico dá origem à rede de delgados vasos capilares, forrados de endotélio; o protoplasma original se liquefaz e se transforma no plasma, que é a parte líquida do sangue. Em alguns pontos do endotélio, suas células proliferam e se diferenciam, dando origem a glóbulos vermelhos. Assim aparecem no interior dos capilares massas de células portadoras de hemoglobina (pigmento vermelho transportador de oxigênio), que preenchem e distendem o espaço interno desses vasos recém-formados.
Quando estas células se tornam livres, passam a circular pela corrente sanguínea, caminhando pelo plasma que acabou de se formar. Finalmente, as células perdem os núcleos e transforma-se em glóbulos vermelhos, que normalmente não têm núcleo: são células anucleadas.
Esse processo de formação do sangue que ocorre no mesoderma é, ao que parece o único exemplo de fabricação de hemáceas no interior de vasos. Durante o resto da vida fetal, os glóbulos vermelhos serão fabricados fora dos vasos.

Após o terceiro mês de vida fetal, a formação do sangue se processa, em particular no fígado e também no baço; é a chamada fase hepática da hematopoese (fabricação de sangue) fetal. Entre os vasos sanguíneos e as células que compõem esses órgãos, localiza-se o mesêquima, tecido derivado do mesoderma. É a partir daí que se formam os glóbulos vermelhos do feto.
Um pouco mais tarde, aproximadamente na metade do período de vida fetal, a medula óssea começa a desempenhar o papel de estrutura produtora de sangue. Tem início a fase mielóide (de myelos, medula) de produção do sangue, que, em regra, continua durante toda a vida extra-uterina.
Em casos especiais em que o organismo exige maior quantidade de sangue, o fígado e o baço podem retomar a atividade de formadores de sangue. O mesmo pode ocorrer no caso de destruição extensa da medula óssea, por irradiação intensa, tumores ou depressão por drogas tóxicas.

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