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sexta-feira, novembro 8, 2024

A HISTÓRIA DOS FILÓSOFOS

HISTÓRIA DOS FILÓSOFOS E A QUESTÃO DA COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE UM DEUS E DA IMORTALIDADE DA ALMA.

Desde a antiguidade, uma das maiores preocupações da grande maioria dos filósofos foi a de tentar comprovar a existência de Deus e da imortalidade da alma, ou pelo menos tentar conciliar a idéia da existência de um Deus com a existência de todos os fenômenos naturais que nos circundam.

Neste tópico tentaremos contar a história e modo de pensar de alguns filósofos e correntes filosóficas, que acreditavam na existência de um ser superior a quem chamamos de Deus e, o que os levou a acreditar nessa existência e, apresentaremos também toda a problemática que envolve a crença na imortalidade da alma.

Platão ( 427-347 a.C.)

Platão foi discípulo do filósofo Sócrates e viveu em Atenas na Grécia. Ele fundou sua própria escola de filosofia nos arredores de Atenas, num bosque que levava o nome do legendário herói grego Academos, por isso a escola de filosofia de Platão recebeu o nome de Academia (desde então, centenas de milhares de academias foram fundadas no mundo inteiro. Até hoje empregamos as expressões “acadêmicos” e “disciplinas acadêmicas”).

Platão interessava-se pela relação entre aquilo que, de um lado, é eterno e imutável, e aquilo, que de outro, “flui”. Ou seja, ele se interessava tanto pelo que é eterno e imutável na natureza quanto o que é eterno e imutável na moral e na sociedade.

Platão achava que tudo o que podemos tocar e sentir na natureza “flui”. Não existe, portanto, um elemento básico que não se desintegre. Absolutamente tudo o que pertence ao mundo dos sentidos é feito de um material sujeito à corrosão do tempo. Ao mesmo tempo, tudo é formado de uma forma eterna e imutável. Exemplo: Por que todos os cavalos são iguais? Talvez achemos que não são iguais, mas existe algo que é comum a todos, algo que garante que jamais teremos problemas para reconhecer um cavalo. Naturalmente, o “exemplar” isolado do cavalo, este sim “flui”, passa. Ele envelhece e fica manco, depois adoece e morre. Mas a verdadeira “forma do cavalo” é eterna e imutável. Desta forma Platão chegou a seguinte conclusão: que “por cima” ou “por trás” de tudo o que vemos a nossa volta há um número limitado de formas. A estas formas Platão deu o nome de idéias. Por trás de todos os cavalos, de todos os homens existe a “idéia cavalo” e a “idéia homem”. Este filósofo acreditava numa realidade autônoma por trás do “mundo dos sentidos”, a esta realidade ele deu o nome “mundo das idéias”, nele estão as “imagens padrão”, imagens primordiais, eternas e imutáveis de tudo o que está na natureza.

Para Platão o homem é um ser dual. Temos um corpo que “flui” e que está indissoluvelmente ligado ao mundo dos sentidos, mas também possuímos uma alma imortal, que é a morada da razão. E justamente porque a alma não é material que ela pode ter acesso ao “mundo das idéias”. Para Platão a alma já existia antes de vir habitar o corpo. E ela existia no “mundo das idéias”. E é por isso que quando viemos ao mundo já temos uma vaga lembrança do que seja um cavalo, um porco, pois lembramos da “idéia cavalo” e “idéia porco” existente no mundo das idéias.

Aristóteles ( 384- 322 a.C.)

Aristóteles foi aluno da academia de Platão durante vinte anos. Ele não era de Atenas, era natural da Macedônia e veio para Academia quando Platão tinha sessenta e um anos. Seu pai era um médico de renome, um cientista da natureza portanto. Seu maior interesse era a natureza viva. Ele não foi apenas o último grande filósofo grego; foi também o primeiro grande biólogo da Europa.

Aristóteles achava que todas as nossas idéias e pensamentos tinham entrado na nossa consciência através do que víamos e ouvíamos. Mas nós também temos uma razão inata. Temos a capacidade inata de ordenar em diferentes grupos e classes todas as nossas impressões sensoriais. Para ele a nossa razão permanece totalmente vazia enquanto não percebemos nada. Uma pessoa, portanto, não possui “idéias” inatas.

Aristóteles colocou em ordem todas as coisas na natureza. Dividiu as coisas da natureza em dois grupos principais: as coisas animadas e as coisas inanimadas. Segundo ele as coisas progridem paulatinamente das coisas inanimadas para as criaturas vivas. Para ele na natureza não há divisões estanques, podemos perceber uma transição gradual de vegetais simples para vegetais mais complexos. Bem no alto dessa “escada” está o homem, que para este filósofo, vive a plenitude da natureza. Por isso o homem possui uma centelha da razão divina. Em algumas passagens Aristóteles explica que deve haver um Deus que colocou em marcha todos os movimentos da natureza. E, assim, Deus passa a assumir o cume absoluto na escada da natureza.

Para Aristóteles, os movimentos das estrelas e dos planetas comandavam os movimentos aqui na Terra. Mas devia haver alguma coisa que fazia os corpos celestes se movimentarem. Esta coisa Aristóteles chamava de “o primeiro impulsor” ou Deus. Este primeiro impulsor não se movimenta, mas é a causa primordial de todos os movimentos dos corpos celestes e, por consequência, dos movimentos na natureza.

Neoplatonismo

O Neoplatonismo foi uma corrente filosófica nascida num período de grande sincretismo religioso, chamado Helenismo, em que a cultura grega desempenhava um papel preponderante.

O neoplatônico mais importante foi Plotino ( 205 – 270 d.C.) que estudou filosofia em Alexandria e mais tarde mudou-se para Roma. É interessante notar que ele veio da Alexandria, a cidade que já havia alguns séculos era o grande ponto de encontro entre a filosofia grega e a mística oriental. Plotino trouxe para Roma uma doutrina de salvação que viria a se tornar séria concorrente do cristianismo vigente naquela época. Mas o neoplatonismo também viria a exercer uma forte influência sobre a teologia cristã.

Plotino via o mundo como algo distendido entre dois pólos. Numa extremidade estava a luz divina, que ele chamava de Uno, às vezes ele também chamava de Deus. Na outra extremidade reinavam trevas absolutas, que não eram banhadas pela luz do Uno. Mas Plotino achava que estas trevas de fato não tinham uma existência concreta. Para ele, elas nada mais eram do que a ausência de luz. Ou seja, as trevas não são.

De acordo com Plotino, portanto, a luz do Uno ilumina a alma, ao passo que a matéria são as trevas, que não possuem uma existência real. Mas as formas da natureza também possuem, segundo ele, um tênue reflexo do Uno. Imagine a realidade como sendo uma enorme fogueira. O que arde é Deus – e as trevas lá fora são a matéria fria, da qual são feitos os homens e animais. Junto a Deus estão as idéias eternas, que são as formas primordiais ( lembra-se de Platão?) de todas as criaturas. Sobretudo a alma humana é uma “centelha do fogo”. Mas por toda parte na natureza aparece um pouco desta luz divina. Podemos vê-la em todos os seres vivos. Mas o ponto mais próximo em que nos encontramos com Deus é dentro de nossa própria alma. Só lá é que podemos nos reunir com o grande mistério da vida. De fato, em alguns raros momentos podemos sentir que somos, nós mesmos, este mistério divino.

Em alguns poucos momentos de sua vida Plotino experimentou a sensação de fundir a sua alma com Deus. De modo geral, chamamos isso de experiência mística. Plotino não foi o único a viver tal experiência. Pessoas de todas as culturas, em todos os tempos têm relatado experiências semelhantes. Ainda que as descrições destas experiências sejam as mais diversas, esses relatos têm muitos e importantes pontos em comum.

Na mística ocidental – no judaísmo, no cristianismo e no islamismo – o místico afirma que seu encontro é com um Deus pessoal. Embora Deus esteja presente na natureza e na alma humana, ele também está muito além deste mundo.

Na mística oriental – no hinduísmo, no budismo e na religião chinesa – o que se afirma é que o místico experimenta uma fusão total com um Deus que é o “espírito cósmico”. O místico pode dizer “Eu sou o espírito cósmico”, ou então “Eu sou Deus”. Pois Deus não está apenas presente no mundo; ele não tem outro lugar para estar.

Os Semitas

Os primeiros semitas são originários da Península da Arábia, mas o círculo cultural semita também se expandiu para extensas e diferentes partes do mundo. Há mais de dois mil anos os judeus vivem bem longe da sua terra natal. As três religiões ocidentais – o judaísmo, o cristianismo e o islamismo têm o pano de fundo semita. Os semitas desde muito tempo, mesmo quando os indo-euroupeus acreditavam em muitos deuses, já acreditavam em um único Deus, eles eram monoteístas.

Outro traço comum semita é a sua visão linear da história: no passado Deus criou o mundo e com isto começou a história. Um dia porém, a história vai acabar, e isto vai acontecer no dia do Juízo Final, quando Deus julgará os vivos e os mortos.

“Um traço importante das três grandes religiões ocidentais é precisamente o papel da história. Acredita-se que Deus intervém na história, ou melhor, que a história existe para que Deus possa fazer valer a sua vontade no mundo. Assim como um dia Ele conduziu Abraão à Terra Prometida, do mesmo modo irá conduzir a vida dos homens através da história até o Juízo Final. E então todo mal será eliminado do mundo.”

Israel

Para os judeus tudo começou com a criação do mundo por Deus. Como isto aconteceu podemos ler na primeira página da Bíblia. Por volta de 1000 a.C., ouvimos falar de três grandes reis em Israel. O primeiro foi Saul, que foi seguido por Davi, que por sua vez, foi sucedido por Salomão.

Para resumir a história: o povo de Israel vivia feliz sob o reinado de Davi. Quando a situação ficou difícil para os israelitas, alguns profetas começaram a anunciar a vinda de um profeta da casa de Davi. Este “Messias” ou “Filho de Deus” viria para “redimir” o povo, restituir a Israel sua grandeza e fundar um “Reino de Deus”.

Jesus

No tempo de Jesus, muitas pessoas esperavam por um Messias que restaurasse o Reino de Deus sob o rufar dos tambores e o som das trombetas, as pessoas esperavam, portanto, por um general que proclamasse por um Reino de Deus. E então aparece Jesus trajando uma túnica, usando sandálias e diz que o Reino de Deus significa “Amar ao teu próximo como a ti mesmo”. Jesus soube usar de forma genial a língua de seu tempo e deu a conceitos e palavras-chaves antigos um novo sentido, extremamente ampliado. Não é de admirar porque ele tenha acabado na cruz. Ainda hoje vemos nações poderosas ameaçando desmoronar diante de exigências simples tais como a paz, amor, comida para os pobres e anistia para os inimigos do Estado.

Para o cristianismo Jesus foi o único homem justo que viveu.

Santo Agostinho (354 – 430 d.C.)

Para os filósofos da Idade Média, o fato do cristianismo significar a verdade era um dado praticamente irrefutável. A questão era saber se tínhamos que simplesmente acreditar na revelação cristã, ou se também podíamos nos aproximar das verdades cristãs com a ajuda da nossa razão. Havia uma contradição entre a Bíblia e a razão, ou será que a fé e o conhecimento podiam conviver em harmonia?

Santo Agostinho nasceu em Tagasta, no Norte da África, mas já aos dezesseis anos foi para Cartago para estudar. A vida deste homem resume sozinha a transição entre o final da Antiguidade e os primórdios da Idade Média. Mais tarde ele visitou Roma e Milão e passou os últimos anos de sua vida como bispo em Hipona, perto de Cartago. Ele não foi cristão durante toda sua vida: durante algum tempo ele foi maniqueu. Os maniqueus formavam uma seita típica do final da Antiguidade que professavam uma doutrina de salvação meio religiosa, meio filosófica.

Santo Agostinho foi muito influenciado em seu pensamento pelo neoplatismo, mas primeiro ele se converteu ao cristianismo. Ele se considerava cem por cento cristão, e não via muitas contradições entre o cristianismo e a filosofia. Ele mostrou que há limites para a razão, quando se trata de questões religiosas. O cristianismo também é um mistério divino, a que só podemos chegar através da fé. Se acreditarmos no cristianismo, porém, Deus irá “iluminar” nossa alma e então receberemos dEle uma espécie de saber que está além do natural.

Santo Agostinho explicava que Deus havia criado o mundo a partir do nada, e este é um ensinamento da Bíblia. Os gregos, por sua vez, tendiam para a visão segundo a qual o mundo sempre tinha existido. Para Agostinho, antes de Deus ter criado o mundo, as “idéias” já existiam dentro de sua cabeça. Ele atribuiu a Deus as idéias eternas e com isso salvou a concepção platônica das idéias eternas.

Agostinho explica que entre Deus e o mundo existe um abismo intransponível. Nesse sentido ele está firmemente enraizado em solo bíblico e refuta a doutrina de Plotino, para quem tudo é uma coisa só. Mas Agostinho também deixa claro que o homem é um ser espiritual. Ele pertence um corpo material, que pertence ao mundo físico e que sofre a corrosão do tempo e de outros agentes, mas também possui uma alma, capaz de reconhecer a Deus.

São Tomás de Aquino (1225 – 1274 d.C)

São Tomás de Aquino foi o maior e mais importante filósofo da Alta Idade Média. Ele era originário da pequena cidade de Aquino, entre Roma e Nápoles, mas também trabalhou como professor em Paris.

Este filósofo tentou conciliar a filosofia de Aristóteles com o cristianismo. Segundo ele não existia um paradoxo irreconciliável entre aquilo que nos diz a filosofia ou a razão, de um lado, e a revelação ou a fé cristã, de outro. Muito frequentemente, o cristianismo e a filosofia falam da mesma coisa. Isto quer dizer que podemos sondar com a razão as mesmas verdades que lemos na Bíblia. De acordo com São Tomás de Aquino, só pela fé e pela revelação cristã é que podemos chegar às puras “verdades de fé”, como por exemplo acreditar que Deus criou o mundo em seis dias. Segundo ele ainda havia uma série de “verdades naturais teológicas” ao lado dessas “verdades de fé”. Por “verdades naturais teológicas” ele se referia àquelas verdades a que podemos chegar tanto pela fé cristã quanto pela nossa própria razão natural, inata. Para ele, um exemplo desse tipo seria o fato de que existe um Deus. O primeiro passava pela revelação cristã e pela fé, o segundo pela razão e os sentidos. São Tomás de Aquino quer nos mostrar a existência de uma só verdade. A filosofia de Aristóteles também pressupunha a existência de um Deus, ou de uma causa primordial, que colocava em marcha todos os processos na natureza. Mas ela não descreve em detalhes este Deus. Neste particular, temos de nos ater ao que dizem a Bíblia e os ensinamentos de Jesus.

São Tomás de Aquino acreditava poder comprovar a existência de Deus com base na filosofia de Aristóteles. Ele dizia que “com a ajuda da razão, podemos reconhecer também que tudo precisa ter uma primeira causa. Para ele, Deus havia se revelado aos homens através da Bíblia e da razão. Existe, portanto, uma teologia revelada e uma teologia natural. O mesmo vale para o campo da moral. Podemos ler na Bíblia como devemos viver segundo a vontade de Deus. Mas Deus também nos dotou de uma consciência, que nos habilita a distinguir naturalmente o certo do errado. Assim, dois caminhos levam também à vida moral. Sabemos que não podemos ferir as outras pessoas, mesmo que não tenhamos lido na Bíblia que devemos tratar os outros da mesma forma que gostaríamos de ser tratados. Mas também neste particular os mandamentos da Bíblia são o guia mais seguro.

Thomas Hobbes

Viveu no século XVII na Inglaterra e dizia que todos os fenômenos – o que inclui homens e animais, portanto – se compunham exclusivamente de partículas materiais. Até mesmo a consciência, ou a alma, humana teria origem no movimento de minúsculas partículas cerebrais.

Baruch Spinoza ( 1632 – 1677)

Spinoza pertencia a comunidade judaica de Amsterdã, mas não levou muito tempo até que fosse excomungado por heresia. Ele chegou até sofrer uma tentativa de assassinato e tudo porque criticava a religião oficial. Ele achava que os dogmas rígidos e os rituais vazios eram as únicas coisas que ainda mantinham o cristianismo e o judaísmo vivos. Spinoza foi o primeiro a aplicar o que chamamos de interpretação “histórico-crítica” da Bíblia.

Spinoza contestava o fato de que cada palavra na Bíblia fosse inspirada por Deus. Ele dizia que quando lemos a Bíblia temos de Ter em mente a época em que ela foi escrita. Esta leitura crítica nos permite reconhecer uma série de contradições entre os diferentes livros e evangelhos. Sob a superfície do Novo Testamento encontramos Jesus, que poderíamos chamar de porta-voz de Deus. Pois bem, os próprios ensinamentos de Jesus já significavam uma libertação da rigidez do judaísmo. Jesus anunciou uma religião da razão , para qual o amor era o princípio maior. Nesse sentido, Spinoza está pensando tanto no amor a Deus quanto nos amor aos nossos semelhantes. Só que o cristianismo também acabou se enrijecendo, e rapidamente, em dogmas empedernidos e em rituais vazios.

Para este filósofo Deus não era alguém que criou o mundo um dia e desde então é uma entidade à parte de sua criação. Não, Deus é o mundo. Ele acredita que Deus é a natureza, mas quando emprega a palavra natureza não está pensando apenas na natureza material, física. Por substância, Deus ou natureza, ele entende tudo o que existe, inclusive o que se compõe de espírito.

John Locke (1632 – 1704)

Achava que quando empregamos a palavra “Deus”, “eternidade” ou “substância”, nossa razão está funcionando em ponto morto. Isto porque ninguém nunca vivenciou Deus, a eternidade ou aquilo que os filósofos chamam de substância. Por conseguinte, muitos estudiosos podem escrever tratados que, na verdade, não acrescentam nada de novo ao conhecimento. Uma filosofia baseada em tal reflexão, por mais refinada que seja, pode impressionar , mas no fundo não passa de mera fantasia. Para ele a idéia de que Deus existe nasce da própria razão humana.

Locke foi um filósofo inglês da época do Iluminismo e era adepto do empirismo Inglês.

David Hume (1711- 1776)

Hume cresceu nas proximidades da Emdiburgo, na Escócia, e sua família queria muito que ele fosse jurista. Hume não era cristão, mas também não era ateu convicto. Ele era agnóstico. E le só aceitava como verdade aquilo que podia experimentar atravésdos sentidos.

Imannuel Kant

Kant nega o saber intuitivo da inteligência e por isso deve negar que se possa demonstrar a existência de Deus: limitado o homem a sua cosmicidade, ele é feito prisioneiro do conhecimento racional e privado de Deus, que não é problema da razão, se antes não foi problema da inteligência. Assim fica destruída qualquer possibilidade de demonstrar Deus porque foram destruídas as “idéias”. Em síntese, Kant nega a onticidade da “idéia” e o saber intuitivo: a experiência sensível é limite da forma à priori e por isso, o limite do homem é sua impossibilidade de transcender a experiência, isto é: o “cosmos”, a “ciência”. Segundo Kant a estrutura do pensamento, sua preformação é tal que tem seu objeto adequado no mundo físico, enquanto a experiência fenomênica se ajusta às formas: o pensamento está ordenado ao mundo, que é sua finalidade. Isto nega implicitamente a participação do Ser e torna filosoficamente inutilizável o conceito de criação. Kant deriva seu criticismo de Locke, de Hume e da bárbarie filosófica do Iluminismo, do qual é o maior representante.

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