O resumo apresenta o contexto das sociedades regidas pela lógica capitalista, cenário onde ocorrem as transformações no mundo do trabalho, com ênfase no fenômeno que vem acontecendo, onde se fala cada vez mais de emprego e não de trabalho. Discute-se, também, a importância e a exaltação máximas conferidas ao trabalho na sociedade ocidental, concedendo ao papel do trabalhador.
Tema como a divisão técnica do trabalho na sociedade capitalista e a alienação decorrente deste processo, a articulação entre identidade e trabalho e a expressividade deste último na constituição do eu ajudam a compor a presente reflexão.
O conjunto das transformações surgidas a partir das revoluções: inglesa e francesa, ao lado da filosófica na Alemanha, produziram expressivas mudanças na estrutura social, na organização econômica e modos de produção. A Revolução Industrial é considerada pelos historiadores e demais estudiosos da sociedade, como a mais significativa e a que mais transformou o modo de produção.
A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, integra o conjunto das “Revoluções Burguesas” do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, que sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para Contemporânea.
Em seu sentido mais pragmático, a Revolução Industrial significou a substituição da ferramenta pela máquina, e contribuiu para consolidar o capitalismo como modo de produção dominante. Esse momento revolucionário, de passagem da energia humana para motriz, é o ponto culminante de uma evolução tecnológica, social, e econômica, que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média.
A manufatura, predominou ao longo da Idade Moderna, resultando da ampliação do mercado consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário. Nesse momento, já ocorre um aumento na produtividade do trabalho, devido a divisão social da produção, onde cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de um produto. A ampliação do mercado consumidor relaciona-se diretamente ao alargamento do comércio, tanto em direção ao oriente como em direção à América, permanecendo o lucro nas mãos dos grandes mercadores. Outra característica desse período foi a interferência do capitalista no processo produtivo, passando a comprar a matéria prima e a determinar o ritmo de produção, uma vez que controlava os principais mercados consumidores.
A partir da máquina, fala-se numa primeira, numa segunda e até numa terceira e quarta Revolução Industrial. Porém, se concebermos a industrialização, como um processo , seria mais coerente falar-se num primeiro momento (energia a vapor no século XVIII), num segundo momento (energia elétrica no século XIX) e num terceiro e quarto momentos, representados respectivamente pela energia nuclear e pelo avanço da informática, da robótica e do setor de comunicações ao longo dos século XX e XXI, porém aspectos ainda discutíveis.
A Inglaterra industrializou-se cerca de um século antes de outras nações, por possuir uma série de condições históricas favoráveis dentre as quais, destacaram-se: a grande quantidade de capital acumulado durante a fase do mercantilismo; o vasto império colonial consumidor e fornecedor de matérias-primas, especialmente o algodão; a mudança na organização fundiária, com a aprovação dos cercamentos (enclousures) responsável por um grande êxodo no campo, e consequentemente pela disponibilidade de mão-de-obra abundante e barata nas cidades.
Outro fator determinante, foi a existência de um Estado liberal na Inglaterra, que desde 1688 com a Revolução Gloriosa. Essa revolução que se seguiu à Revolução Puritana (1649), transformou a Monarquia Absolutista inglesa em Monarquia Parlamentar, libertando a burguesia de um Estado centralizado e intervencionista, que dará lugar a um Estado Liberal Burguês na Inglaterra um século antes da Revolução Francesa.
A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades, com enormes concentrações urbanas. A produção em larga escala e dividida em etapas irá distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores irá dominar apenas uma etapa da produção.Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi o surgimento do proletariado urbano (classe operária), como classe social definida. Vivendo em condições deploráveis, tendo o cortiço como moradia e submetido a salários irrisórios com longas jornadas de trabalho, a operariado nascente era facilmente explorado, devido também, à inexistência de leis trabalhistas.
O desenvolvimento das ferrovias irá absorver grande parte da mão-de-obra masculina adulta, provocando em escala crescente a utilização de mulheres a e crianças como trabalhadores nas fábricas têxteis e nas minas. O agravamento dos problemas sócio-econômicos com o desemprego e a fome, foram acompanhados de outros problemas, como a prostituição e o alcoolismo.
A tese se constitui em uma analise da inserção do Serviço Social no mundo capitalista, tendo em vista a de seu real significado no processo de reprodução das relações sociais.
As mudanças introduzidas nas organizações produtivas, têm alterado os processos e as relações de trabalho. Assim, novas configurações rebatem no fazer operativo do Serviço Social. Nesse sentido, é importante, diante desse panorama societário, numa primeira aproximação, apontar algumas reflexões no sentido de como o Serviço Social visualiza essas transformações, como as interpreta na sua prática profissional.
As transformações que vêm ocorrendo nas sociedades capitalistas, há pelo menos três décadas, decorrem da crise iniciada na década de 70, com a queda da taxa de lucro do capital, nos países centrais, provocando baixo crescimento da produção e da produtividade, repercutindo no mundo do trabalho, com crescente desemprego.
Redução dos níveis de produtividade do capital, dado a acentuada tendência decrescente da taxa de lucro; esgotamento do padrão de acumulação de produção; hipertrofia dos capitais financeiros, que ganhavam relativa autonomia frente aos capitais produtivos; maior concentração de capitais, devido às fusões entre as empresas monopolistas e oligopolistas; crise do Welfare State ou do Estado de Bem-Estar Social, que gerou crise fiscal do Estado capitalista, com a conseqüente retração dos gastos públicos e sua transferência para o capital privado; processo acentuado de privatizações e à flexibilização do processo produtivo, dos mercados e da força de trabalho.
O capitalismo no Brasil se desenvolve dentro de um quadro recessivo, em nível da produção de bens manufaturados e primários, mas existem outros caminhos encontrados pelo capital, em relação à crise, principalmente a especulação financeira, os negócios com os bancos, algumas brechas no sistema de exportação. Somando a isso, os princípios econômicos e políticos identificam-se com o neoliberalismo , que vêm sendo aplicados a partir da década de 70.
Dessa forma tratou-se de introduzir mudanças na organização produtiva, por meio do que se convencionou chamar de reestruturação produtiva. Esta tem implicado, portanto na produção e acumulação com repercussões no mundo do trabalho, alterando processos e relações de trabalho, mediante inovações no sistema produtivo e nas modalidades de gestão, consumo e controle da força de trabalho.
A introdução do paradigma da Reengenharia nas administrações visa a um maior índice de produtividade, com custo baixo, adequando-se, assim, à lógica do mercado. Além disso, o capitalismo conta com os avanços tecnológicos (robotização e informática), o que contribuem para o agravamento do excedente de força de trabalho.
Atribuindo à categoria identidade uma dimensão histórico-social, Martinelli (1991) defende que ela não pode ser concebida senão dialética e historicamente: Identidade e consciência social não podem ser pensadas, portanto, à distância da totalidade social, como abstrações em generalidades ou como categorias isoladas; é preciso pensá-las dialeticamente, como categorias plenas de movimento e historicidade (Martinelli, 1991, p. 19).
A articulação entre identidade e trabalho vem de uma tradição que confere ao papel no seio deste último, as relações coletivas estruturam-se a partir da “pressão da consciência de uns sobre a consciência dos outros” (Mauss, 1974, p. 182). Essa relação explica a diferença essencial entre as noções de pessoa que predominam em diversidade e as expressões da consciência individual no capitalismo.
Para analisar a influência das relações de trabalho na construção da personalidade do trabalhador, buscar-se-á a teoria marxista da reedificação. Essa teoria trata das mudanças na sociedade e como elas provocam mediações entre as pessoas, especialmente a alienação ou a coisificação, cujas origens residem nas relações capitalistas de produção que venham a se instalar numa sociedade.
O processo de tornar-se homem acontece na correlação com o ambiente natural e humano, ou seja, o ser humano em desenvolvimento não somente se correlaciona com o ambiente natural, como também com uma ordem cultural e social. Em suma, está submetido a uma contínua interferência socialmente determinada; na verdade, a uma multiplicidade de determinações socioculturais. Embora se possa dizer que o homem tem uma natureza, é mais significativo dizer que ele constrói sua natureza, que ele se produz a si mesmo.
É relativamente consensual que o trabalho remunerado ou o emprego, na sociedade industrial, é uma atividade central que estrutura a vida dos indivíduos e a vida social em geral.
Para muitos, na economia do pleno emprego, o trabalho não é apenas um meio de produção de riqueza, mas também um meio de integração social. O trabalho e o emprego continuam a ter um papel importante na vida das pessoas e na vida social em geral. As previsões relativas à sociedade de lazer baseadas no desenvolvimento tecnológico (automação, microeletrônica) não se realizaram.
BIBLIOGRAFIA
MARTINELLI, M. L. Serviço Social: identidade e alienação. 6a. ed. São Paulo: Cortez,2000.
MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da Administração: da escola científica à competitividade na economia globalizada. São Paulo: Atlas, 2000
ANTUNES, R. L. C. Adeus ao Trabalho? : Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 7a. ed. ampl. – São Paulo: Cortez; Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 2000.