1 INTRODUÇÃO
Tanto as lesões de cárie quanto as doenças periodontais possuem caráter dinâmico que resultam do desequilíbrio da saúde bucal e da saúde geral do indivíduo e devem ser prevenidas o mais cedo possível, com intervenções educativas durante a gravidez ou logo nos primeiros anos de vida do bebê (PAIVA et al., 1994).
Conforme Zavanelli et al. (2000) além de atingir maior número de pessoas, essas medidas preventivas também representam menor custo ao Estado.
O envolvimento do núcleo familiar é essencial para o sucesso do trabalho preventivo, pois as crianças não têm condições de manter sua própria saúde bucal, uma vez que, na primeira infância, são totalmente dependentes de hábitos familiares (COUTO et al., 2001).
De acordo com Massoni et al. (2005), os pais consideram importante a manutenção da saúde bucal de seus filhos. Sabe-se também que bons hábitos de higiene introduzidos durante os estágios iniciais de socialização da criança irão permanecer por toda a sua vida, além dos pais exercerem grande controle de seu comportamento nessa fase.
Moura et al. (2000) relataram que o conhecimento adquirido e transmitido dos pais para os filhos ao longo do tempo deixa de ser interventor em um processo já instalado e passa a ser preventivo, tornando indiscutível a importância da família na prevenção da cárie infantil.
Em outro estudo, Tractenberg (1994) chama a atenção para a necessidade do desenvolvimento da educação continuada e da freqüência do hábito de escovação, os quais podem ser obtidos com a aplicação de um programa preventivo educativo.
Segundo Ferreira e Gaíva (2002) devemos considerar os resultados da intervenção precoce, principalmente com a modificação da consciência dos pais em relação aos cuidados bucais de higiene e dieta alimentar.
Diante dessa teoria levantou-se o seguinte problema: porque a educação e promoção da saúde e higiene bucal é importante no cuidado de crianças de 0 a 4 anos de idade.
O objetivo geral é abordar sobre a importância da promoção da saúde e higiene bucal com os pais e/ou responsáveis com crianças de 0 a 4 anos e os objetivos específicos são: abordar sobre o Programa de Saúde da Família; relacionar a inserção da educação em odontologia em PSF; explicar sobre a prática odontológica com crianças; citar os diferentes tipos de atendimentos odontológico com crianças de 0 a 4 anos; abordar sobre a promoção da saúde e higiene bucal; ressaltar a importância da assistência educativa do responsável com relação à saúde e higiene bucal para com a criança e proceder a discussão da revisão da literatura.
A escolha desse tema de que a saúde e higiene bucal constitui em um problema de saúde pública, cuja equipe que atua na educação e promoção da saúde e higiene bucal das crianças de 0 a 4 anos de idade; possa buscar ações preventivas e de controle; atuando-se como sujeitos ativos no processo de construção do conhecimento para si e para a comunidade.
Torna-se importante a realização desse trabalho porque frente a esse problema público, as questões tratadas neste estudo, possibilitam ao leitor compreender dados referentes à saúde e higiene bucal com mais profundidade a partir de dados objetivos, apontando para a gravidade da questão e à necessidade de serem desenvolvidas políticas de saúde para superar e controlar a questão em pauta.
Quanto à metodologia foi realizada uma pesquisa bibliográfica, na qual foi desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
A contribuição do presente trabalho consiste que, através do da educação e promoção da saúde e higiene bucal poderá ser implementado novas estratégias de incentivo à saúde bucal, contribuindo para a redução dos problemas bucais das crianças, bem como para a promoção do seu crescimento e desenvolvimento.
2 PROPOSIÇÃO
Diante do problema citado anteriormente levantou-se as seguintes hipóteses:
a) Muitos pais e/ou responsáveis desconhecem questões simples da prática da saúde e higiene bucal.
b) A educação e promoção da saúde e higiene bucal contribuem para a redução de problemas bucais.
c) É necessário educar a população em geral quanto ao valor dessa da promoção da saúde e higiene bucal para restringir a promoção inadequada dos substitutos da prática da higiene bucal.
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 O programa de saúde da família
3.1.1 Conceito de saúde da família
Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada.
As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. A responsabilidade pelo acompanhamento das famílias coloca para as equipes de saúde da família a necessidade de ultrapassar os limites classicamente definidos para a atenção básica no Brasil, especialmente no contexto do SUS.
A estratégia de Saúde da Família é um projeto dinamizador do SUS, condicionada pela evolução histórica e organização do sistema de saúde no Brasil. A velocidade de expansão da Saúde da Família comprova a adesão de gestores estaduais e municipais aos seus princípios. Iniciado em 1994, apresentou um crescimento expressivo nos últimos anos.
A consolidação dessa estratégia precisa, entretanto, ser sustentada por um processo que permita a real substituição da rede básica de serviços tradicionais no âmbito dos municípios e pela capacidade de produção de resultados positivos nos indicadores de saúde e de qualidade de vida da população assistida.
A Saúde da Família como estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde tem provocado um importante movimento com o intuito de reordenar o modelo de atenção no SUS.
Busca maior racionalidade na utilização dos demais níveis assistenciais e tem produzido resultados positivos nos principais indicadores de saúde das populações assistidas às equipes de saúde da família.
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é um novo modelo de atenção que, em substituição ao anterior exclusivamente curativo, articula ações promocionais e preventivas. Em outras palavras, projeta, no modelo tradicional, práticas coletivas que levam a saúde para perto das famílias, melhoram a qualidade de vida da população e beneficiam grupos. “Está, assim, estruturada na lógica básica de atenção à saúde, gerando novas práticas setoriais e afirmando a indissociabilidade entre os trabalhos clínicos e a promoção da saúde.” (COSTA NETO, 2000, p. 9)
No Brasil, a organização do sistema de saúde vem sofrendo transformações desde o século passado, caminhando de um modelo sanitarista do início do século XX para um médico assistencial privatista nos anos de 1980, até hoje vigente: o Sistema Único de Saúde (SUS). A partir da consolidação do modelo médico assistencial, após o início dos anos de 1970, as principais características tornaram-se o privilegiamento da prática curativa, individual, assistencialista e especializada, em detrimento da saúde pública, com uma política voltada para a produção de serviços e geração de lucros.
Com a criação do SUS, redirecionaram-se as diretrizes: “I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III – participação da comunidade”.(BRASIL, 2000, p.162).
Desde então, a efetiva implantação do SUS ocorreu no fim de 1990, por meio das Leis Orgânicas da Saúde. No entanto, a regulamentação da transferência de recursos aos estados estava pouco detalhada, e o modelo de atenção à saúde continuava voltado para a produção de serviços e avaliado pela quantidade de procedimentos executados, independente da qualidade dos resultados alcançados.
Em 1996, surgiu a proposta de uma nova norma operacional do SUS, a NOB 01/96, que reorienta a forma de repasses financeiros e possibilita autonomia aos municípios e estados para a gestão descentralizada, incentivando mudanças no modelo de atenção à saúde e avaliação de resultados. Implantada em janeiro de 1998, ainda estabelece tetos financeiros para todas as esferas de governo, incentivando ações e programas, entre elas, o Programa de Saúde da Família e o Programa de Saúde Bucal.
O PSF estruturou uma nova lógica no modelo de atenção básica à saúde e, em meados de 2004, passou a ser nomeado de Estratégia de Saúde da Família (ESF), baseada em uma política nacional de humanização. A sua implantação se reflete no acolhimento, no comprometimento pactuado do profissional com o usuário, na interdisciplinaridade e permanente comunicação horizontal da equipe e protagonismo de todos os sujeitos envolvidos na produção de saúde, objetivando proporcionar ao indivíduo o apoio necessário ao desempenho de suas responsabilidades, jamais tentando substituí-las.
O acolhimento como postura e prática nas ações de atenção e gestão nas unidades de saúde favorece a construção de uma relação de confiança e compromisso dos usuários com as equipes e os serviços, contribuindo para a promoção da cultura de solidariedade e para a legitimação do sistema público de saúde. Favorece, também, a possibilidade de avanços na aliança entre usuários, trabalhadores e gestores de saúde em defesa do SUS como uma política pública essencial para a população brasileira. (BRASIL, 2002, p. 3).
Reorganizar esse modelo de assistência implica mudança de hábitos e conceitos, fazendo-se necessário um esclarecimento dos objetivos, da função e das estratégias da equipe para a população e, principalmente, da importância e das formas de participação da comunidade nesta atual fase da saúde no Brasil (BRASIL, 2008).
3.1.2 Caracterização do programa de saúde da família
“A USF (Unidade de Saúde da Família) estrutura-se em uma unidade de saúde, com equipe multiprofissional, que assume a responsabilidade por uma determinada população, em território definido onde desenvolve suas ações” (RIBEIRO, 2004).
Para garantir o acompanhamento da criança, para que esta cresça e se desenvolva adequadamente, é desenvolvida na rede de atenção básica à saúde ações de puericultura que visa: a prevenção de doenças, principalmente as preveníveis através da imunização, incentivo ao aleitamento materno, orientação ao desmame, identificação, diagnóstico e tratamento das afecções respiratórias, Terapia de Reidratação Oral (TRO) e avaliação do crescimento e desenvolvimento (BERTOLOZZI, 2004).
Segundo Bourget (2005) “o Programa de Saúde da Família (PSF) é uma estratégia para a reorganização das ações de promoção da saúde, prevenção de agravos e recuperação da saúde da população, tendo como foco as famílias que o constituem”.
Completando esse conceito, Vilela (2007) aborda que o Programa Saúde da Família é um modelo de atendimento assistencial, reorientando o sistema de saúde a partir da atenção básica, criando e mantendo equipes de saúde com vários profissionais que tem como base de trabalho as unidades de saúde, estas equipes atendem as famílias de uma área delimitada, as mesmas são cadastradas e acompanhadas por profissionais desta unidade, incluindo o atendimento no próprio domicílio, assim aproximam-se da comunidade.
O PSF fundamenta o seu campo de atuação em princípios que buscam solucionar os problemas de saúde no nível local, a partir de prioridades. As soluções devem ser encontradas de forma participativa, envolvendo a população, desde o diagnóstico de necessidades, passando pelo planejamento até a implementação de intervenções (BRASIL, 2002).
A atenção à saúde é centrada na família e não no indivíduo isoladamente, e a família é observada no seu contexto sócio-econômico e cultural através do seu cadastro que reúne informações que permitem a identificação de um conjunto de fatores de risco, anteriormente não percebidos pelos serviços de saúde (BRASIL, 1997).
O PSF foi implantado para aprimorar a visão de saúde integral do indivíduo ampliando para a família, comunidade, atuando até no domicílio.
Implementando as ações preventivas/educativas para interferir com responsabilidade na melhoria da qualidade de vida da população.
A Estratégia Saúde da Família apresenta-se como uma possibilidade de reestruturação da atenção primária a partir de um conjunto de ações conjugadas em sintonia com os princípios de territorialização, intersetorialidade, descentralização, co-responsabilização e, priorização de grupos populacionais. A atenção está centrada na família, entendida e percebida a partir do seu ambiente físico e social, o que vem possibilitando as ESF uma compreensão ampliada do processo saúde/ doença e da necessidade de intervenção que vão além das práticas curativas (BRASIL, 1997).
3.2 A inserção e educação em odontologia no PSF
O Programa de Saúde Bucal vincula a odontologia à ESF que, por usa vez, consolida o Sistema Único de Saúde. Esta parceria prioriza ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas de forma integral e contínua (CÂMARA, 2008).
Em 28 de dezembro de 2000, a Portaria nº 1.444 definiu as atribuições da Equipe de Saúde Bucal (ESB), estabelecendo o incentivo financeiro e considerando que o trabalho das equipes estará voltado para a reorganização do modelo de atenção e para a ampliação do acesso às ações, garantindo-se atenção integral aos indivíduos e às famílias, mediante o estabelecimento de vínculo territorial:
[…] Art. 1º Criar o Incentivo de Saúde Bucal para o financiamento de ações e da inserção de profissionais de saúde bucal no Programa de Saúde da Família. Art. 2º Definir que o trabalho das equipes de saúde bucal no Programa Saúde da Família estará voltado para a reorganização do modelo de atenção e para a ampliação do acesso às ações, garantindo-se a atenção integral aos indivíduos e às famílias, mediante o estabelecimento de vínculo territorial. […] (BRASIL, 2000, p. 85).
As Equipes de Saúde Bucal são compostas por cirurgiões, dentistas, atendentes de consultório dentário e/ou técnicos em higiene dental, que atuam nas áreas de abrangência das unidades de saúde. Esta equipe deve participar desde a construção do diagnóstico da saúde da comunidade, passando pelo planejamento, até a execução de ações capazes de nela interferir.
Avaliadas as condições da população da área abrangida pela unidade de saúde da família, a equipe deve estabelecer prioridades entre os problemas detectados e traçar estratégias para sua superação. Para tal, será necessário conhecer o perfil epidemiológico e os fatores determinantes do processo saúde/doença do indivíduo, das famílias e da comunidade.
Na visão e lógica desta nova estratégia de saúde do governo, a odontologia conquistou a valiosa parceria do restante da equipe da ESF, para atuar na orientação e educação de grupos específicos, sejam de gestantes, de pessoas com deficiências ou outros.
Esta prática facilita a atuação do profissional na saúde coletiva e concretiza o atendimento integral do paciente. No caso das gestantes, visando ao seu bem-estar, à prevenção de doenças bucais no bebê e à oportunidade de envolver todos os familiares na promoção de saúde e aprendizado de hábitos adequados, as equipes bucais começam a planejar suas ações voltando sua atenção para essas mulheres da comunidade que já fazem um acompanhamento pré-natal na unidade de saúde. Ressaltamos, para todos os profissionais protagonistas desse processo, que atuar nos limites do seu conhecimento não deve ser impedimento para buscar em outros setores tampouco para a responsabilidade de responder de forma pactuada ao problema apresentado, seja pelos indivíduos que espontaneamente procuram a unidade de saúde, seja por problemas diagnosticados em avaliação coletiva.
O trabalho educativo de conscientização das gestantes, da importância de hábitos bucais saudáveis, da implicação de uma alimentação equilibrada neste processo e, ainda, da necessidade de a mulher ser acompanhada pelo dentista nessa fase de sua vida, faz parte das atribuições desse profissional, que, integrado ao programa de saúde da família, visa não apenas a um trabalho curativo, mas doador de ferramentas necessárias para que esses indivíduos possam manter uma rotina que lhes propicie qualidade de vida.
O trabalho educativo de conscientização das gestantes, da importância de hábitos bucais saudáveis, da implicação de uma alimentação equilibrada neste processo e, ainda, da necessidade de a mulher ser acompanhada pelo dentista nessa fase de sua vida, faz parte das atribuições desse profissional, que, integrado ao programa de saúde da família, visa não apenas a um trabalho curativo, mas doador de ferramentas necessárias para que esses indivíduos possam manter uma rotina que lhes propicie qualidade de vida.
Conforme Araújo (2007) para que as ações da ESB que buscam a Promoção da Saúde Bucal dos usuários proporcionem as mudanças desejadas, é necessário que as atividades sejam planejadas de acordo com o perfil epidemiológico da população e suas principais necessidades. Não há regras, certamente, para a abordagem da população alvo quanto às ações odontológicas. Em cada contexto local haverá de se conhecer a realidade e, com base nisso, planejar a intervenção. Para isso, torna-se necessário utilizar rotineiramente recursos epidemiológicos da saúde bucal.
As Equipes de Saúde Bucal (ESB) passaram a fazer parte da estratégia da Saúde da Família com o anúncio do Ministro da Saúde José Serra, regulamentado pela portaria GM/MS no. 1.444. As equipes de Saúde Bucal tinham como objetivo, reorganizar a atenção à saúde ampliando o acesso às ações de saúde bucal, garantindo assim atenção integral ao indivíduo (BOURGET, 2006).
As normas e diretrizes da EBS foram regulamentadas por meio da Portaria GM/MS no. 267, de 2001, sendo criados duas modalidades de EBS (BOURGET, 2006) implantadas no primeiro trimestre de 2001 (LACERDA; TRAEBERT, 2006):
• Modalidade I – composta por um cirurgião-dentista (CD) e um auxiliar de consultório dentário (ACD), que recebia para a implantação R$ 5.000,00 e R$ 13.000,00 por ano para custeio;
• Modalidade II – composta por um cirurgião-dentista (CD), um auxiliar de consultório dentário (ACD) e um técnico em higiene dental (THD) que recebia para a implantação R$ 5.000,00 e R$ 16.000,00 por ano para custeio.
A partir da Portaria no. 673/GM, de 2003 o Ministério da Saúde passou a financiar na proporção 1:1 as ESB e as Equipes de Saúde da Família (ESF), reajustando assim, os incentivos de custeio das duas modalidades de ESB, outro reajuste foi proporcionado por meio da Portaria no. 74/GM, de 2004 (BOURGET, 2006).
O processo de adesão dos gestores municipais à inclusão das equipes de saúde bucal se deu rapidamente, passando em menos de cinco anos, de 124 equipes em 32 municípios para 13.707 equipes em 4.058 municípios até junho de 2006 (LACERDA; TRAEBERT, 2006).
Segundo Lourenço (2005) existe uma necessidade de melhoria dos índices epidemiológicos e ampliação do acesso às ações de promoção, proteção e recuperação da saúde bucal por parte da população brasileira impulsionado a inclusão das ESB no PSF.
As atribuições das ESB na estratégia do PSF são: transmitir informações sobre a cavidade bucal; implementar métodos de prevenção de doenças bucais, conscientizar sobre higienização e autocuidado; treinar para visitas domiciliares; identificar indivíduos e famílias de risco; promover educação em saúde bucal (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA PREVENTIVA, 2005).
Nos municípios de modalidade II o Técnico de Higiene Dental (THD) sob supervisão do CD pode realizar procedimentos preventivos, individuais ou coletivos nos indivíduos, que passarão por atendimento clínico como a escovação supervisionada, evidenciação de placa bacteriana, aplicação tópica de flúor, selantes, raspagem, alisamento e polimento e bochechos com flúor (BRASIL, 2001).
Nos municípios de modalidade I e II que apresentam o Auxiliar de Consultório Dentário (ACD) procedimentos preventivos também podem ser realizados sob a supervisão do CD ou do THD realizando educação e prevenção bucal dos usuários do PSF, evidenciação de placa bacteriana, escovação supervisionada, orientações de escovação e uso do fio dental (BRASIL, 2001).
A educação e a saúde são saberes destinados ao desenvolvimento humano, existindo uma interseção entre estes dois campos, tanto no nível de atenção à saúde quanto na educação contínua dos profissionais de saúde, que estão num ciclo permanente de ensinar e aprender. A prática educativa em saúde pode se referir às atividades, que desenvolvem as capacidades individuais e coletivas visando à melhoria da qualidade de vida e saúde da população (PEREIRA, 2003).
Segundo Zabala (1998), a aprendizagem de cada indivíduo depende das características singulares de cada um, correspondendo em grande parte às experiências vividas desde o nascimento. O ritmo e a forma de aprendizagem variam de acordo com as capacidades, motivações e interesses de cada um, devendo os educadores estarem atentos a diversidade dos indivíduos. Os modelos de ensino empregados devem ser capazes de atender estas diversidades e, juntamente, com a capacidade intelectual dos indivíduos, estabelecerem os conhecimentos. A estrutura cognitiva está configurada por uma rede de esquemas de conhecimento, que são revisados ao longo da vida. A natureza dos esquemas depende do nível de desenvolvimento e dos conhecimentos prévios que o indivíduo possui. A aprendizagem pode ser concebida como um processo de comparação, revisão e construção de esquemas de conhecimento sobre os conteúdos apresentados.
Para que este processo desencadeie, não basta o indivíduo estar diante dos conteúdos, é necessário que atualize os esquemas de conhecimento, compare o que é novo, identifique semelhança e diferenças e integre no antigo esquema. Quando existe uma adequada distância entre o que se sabe e o que tem que se aprender, o indivíduo consegue se relacionar com o conteúdo e tirar conclusões sobre o tema, estabelecendo assim, um processo de aprendizagem significativo.
A aprendizagem é um processo de elaboração e construção pessoal do conceito. Trata-se de atividades que favoreçam a compreensão do conceito que pode ser utilizado para a interpretação, conhecimento de situações, ou para a construção de outras idéias. O modelo de intervenção pedagógica varia de acordo com a função social do ensino que atenda as diversidades dos indivíduos em processos autônomos de construção do conhecimento (ZABALA, 1998).
A abordagem educacional na saúde tem como objetivo proporcionar ao indivíduo o conhecimento, as habilidades, as posturas e as convicções necessárias para adotar um estilo de vida mais saudável (MENEZES, 2004).
A educação em saúde é uma parte do processo de promoção da saúde, que possui características específicas na prática e na transmissão do conhecimento (PINTO, 2000), sendo uma combinação planejada de ações educacionais, políticas e organizacionais que atuam na condição de saúde do indivíduo, grupo ou comunidade (HOROWITZ, 1994).
A promoção de saúde bucal é uma expressão com diversos significados, que resulta numa variedade de visões sobre o assunto. Uma das visões de promoção de saúde bucal é que consiste na prestação de serviços por meio de programas, que têm como princípio básico à promoção do bem estar individual e social da população. A prática de promoção pode operar de vários modos, dependendo da filosofia e habilidade do profissional de saúde, e do espaço social onde a atividade se realiza. Em saúde bucal são usadas cinco abordagens: preventiva, mudança de comportamento, educacional, controle pelo indivíduo de sua própria saúde e mudança social (MENEZES, 2004).
O cirurgião-dentista deve conhecer o público alvo que terá que atingir para escolher os instrumentos que serão utilizados no processo educativo. Na odontologia não basta educar de forma correta e democraticamente, é necessário fazer o possível para resolver os problemas de cada comunidade ou criar condições para que elas consigam resolver seus problemas (PINTO, 2000).
A educação no PSF deve acontecer no núcleo familiar, focando o indivíduo e a comunidade. Os membros da Equipe de Saúde da Família (ESF) devidamente capacitados devem transmitir os conhecimentos em saúde. Esta educação tem como objetivo vencer as resistências dos indivíduos, estimular a participação destes nas ações de cuidado, estimular a participação da comunidade, formar redes de ajuda, gerar cuidados com o meio ambiente, formar e informar o cidadão respeitando o saber local (TAFNER; LIMA, 2006).
A variação do nível de escolaridade é um fator a ser considerado dentro do processo de educação em saúde, para que a informação e o conhecimento atinjam a todos os indivíduos abordados pela Equipe de Saúde Bucal (ESB), criando vínculos de responsabilidade entre a equipe e a família na manutenção da saúde bucal (EMMI; BARROSO, 2007).
As ações de educação em saúde bucal se encontram mergulhadas dentro de um universo, que preconiza a reorganização e manutenção da rede de serviço de saúde para a melhoria dos serviços ofertados, democratização do conhecimento, participação da população na definição dos problemas, prioridades e estratégias de saúde (LEVY et al., 2008).
A saúde bucal é parte integrante do cidadão saudável e, o papel dos profissionais ligados à saúde bucal tem importância nos diferentes espaços sociais. Nesta perspectiva, a promoção de saúde bucal pode ser desenvolvida em uma enorme diversidade de espaços sociais, grupos populacionais e atividades, por um grande número de pessoas (MOISÉS; WATT, 2000).
Emmi e Barroso (2007) realizaram uma pesquisa no Distrito de Mosqueteiro (PA) com o objetivo de avaliar as ações de saúde executadas pelas Equipes de Saúde Bucal (ESB) do PSF. Nessa pesquisa, a maioria dos usuários já tinha concluído o ensino médio, porém não tinha acesso ao ensino superior. Os autores constaram uma melhora significativa na qualidade da saúde bucal, assim como uma evolução sobre os conhecimentos sobre a mesma, demonstrando no estudo a eficácia do trabalho da ESB no processo de transmissão de conhecimento.
No PSF, o cirurgião-dentista deve estar atento para socializar o saber por meio de mensagens de alerta, escritas em linguagem popular, sem perder o objetivo técnico. Estas mensagens poderão sensibilizar os indivíduos a mudarem as atitudes, levando a uma melhora na saúde bucal, e conseqüente melhora na qualidade de vida. Dentro deste contexto, educar não é apenas transmitir conhecimentos, mas sim repassar as informações que darão base para que os indivíduos consigam mudar hábitos (DIAS, 2007).
3.3 Prática da odontologia com crianças
Uma criança medrosa ou ansiosa, que prevê uma visita desagradável, tem maior probabilidade de vivenciar tal experiência do que uma criança com baixo nível de medo ou ansiedade. A ansiedade ou o temor afeta o comportamento da criança e, de certa maneira, determinam o sucesso da consulta odontológica. As diversas correntes da psicologia concordam que a ansiedade é um traço da personalidade, mas são várias as opiniões a respeito da origem desta característica.
A seguir são listados conforme estudos de Wright (2001) os estímulos identificados que levam ao comportamento inadequado no consultório odontológico, porém foram relacionadas algumas variáveis nas experiências das crianças e algumas técnicas de relação criança e dentista.
3.3.1 Estímulos que levam ao comportamento inadequado da criança no consultório dentário.
Ansiedade materna: em anos passados, era comum a mãe, mais do que o pai, acompanhar as crianças ao consultório dentário. Por essa razão, o efeito da ansiedade materna nas consultas das crianças recebeu atenção considerável na literatura odontológica. Com poucas exceções, a maioria das pesquisas reflete uma significativa correlação entre a ansiedade materna e o comportamento cooperador da criança na primeira consulta. Pais muito ansiosos tendem a afetar negativamente o comportamento de seus filhos. Apesar dos dados científicos revelarem que crianças de todas as idades podem ser afetadas pela ansiedade materna, o efeito é maior naquelas abaixo de 4 anos de idade. Isto pode ser previsto em função da estreita simbiose criança-pais, que começa na infância e diminui gradualmente.
História médica: a importância da história médica, uma variável altamente complexa, tem sido debatida ao longo dos anos. Alguns odontopediatras acreditam que ela tenha pouco significado no comportamento da criança no consultório, enquanto outros a considera um fator primordial, afetando a cooperação das crianças. Todavia, há um consenso geral de que crianças que tiveram experiências médicas positivas são mais propensas a cooperar com o dentista. A qualidade emocional das visitas passadas tem maior significância do que o número de visitas.
A dor sofrida durante visitas médicas anteriores é uma outra consideração a ser feita na história médica da criança. A dor pode ter sido moderada ou intensa, real ou imaginária. Não obstante, as opiniões dos pais acerca da dor prévia sofrida no médico também têm sido significativamente correlacionadas com o comportamento colaborador de seus filhos no ambiente odontológico. Os estudos também mostraram que experiências cirúrgicas passadas influenciam adversamente o comportamento na primeira consulta odontológica, mas isto não foi o caso em visitas subseqüentes.
Conscientização do problema odontológico: algumas crianças podem chegar ao dentista sabendo que têm um problema dentário. O problema pode ser tão sério quanto um abscesso dentário crônico ou tão simples como uma pigmentação extrínseca da dentição. Entretanto, há uma tendência a um comportamento negativo, na primeira consulta odontológica, quando a criança acredita que existe um problema dentário. A reação pode ser o resultado da apreensão transmitida à criança por um dos pais. A importância das variáveis fornece ao dentista uma boa razão para convencer os pais sobre o valor da primeira visita da criança ao consultório, antes que haja qualquer problema dentário.
3.3.2 A importância da comunicação no relacionamento criança e dentista
Wright (2001) expõe várias técnicas de comunicação que podem ser efetivas. As técnicas mencionadas abaixo se constituem em pontos-chave e guias, não sendo regras inflexíveis, pois no mundo imprevisível de tratamento com crianças é preciso estar sempre preparado para improvisar, de acordo com as necessidades.
Estabelecimento de comunicação: o primeiro objetivo no controle bem sucedido de crianças é estabelecer comunicação. Geralmente, se reconhece que, envolvendo uma criança num diálogo, o dentista não somente passa a conhecê-la, mas também pode relaxá-la. Há muitas maneiras de iniciar uma comunicação verbal e a eficácia desses procedimentos difere, de acordo com a idade das crianças. Em geral, a comunicação verbal com crianças mais jovens é mais bem iniciada por meio de comentários elogiosos, seguidos por perguntas que obtenham respostas diferentes de sim ou não.
Estabelecimento do comunicador: os integrantes da equipe odontológica têm de estar cientes de suas funções, quando se comunicam com um paciente infantil. Usualmente, a auxiliar conversa durante sua transferência da recepção para a sala operatória e durante o preparo da criança na cadeira odontológica. Quando o dentista chega, a auxiliar assume, normalmente, um papel mais passivo, para que a criança possa escutar somente uma pessoa de cada vez. É importante que a comunicação ocorra de uma única fonte. Quando tanto o dentista quanto a auxiliar ficam simultaneamente dando orientações, o resultado pode ser uma resposta indesejável, simplesmente porque a criança torna-se confusa.
Clareza da mensagem: a comunicação é um processo multissensorial complexo, que inclui um transmissor, um meio e um receptor. O dentista ou a equipe odontológica são os transmissores, a palavra falada freqüentemente é o meio e a criança é o receptor. A mensagem deve ser entendida da mesma maneira por quem a envia e por quem a recebe.
Conforme diz Chambers (1977) tem que haver um encontro entre a mensagem pretendida e a mensagem entendida.
Controle da voz: em toda a literatura odontológica, faz-se referência ao termo controle da voz. É difícil descrever esta eficiente técnica de comunicação usando a palavra escrita. Comandos súbitos e firmes são empregados para obter a atenção da criança ou interromper qualquer ação que está sendo praticada. A conversação suave, monótona, funciona supostamente como a música sobre o estado de ânimo. Em ambos os casos, o que se ouve é mais importante, porque o dentista está tentando influenciar o comportamento diretamente, não através do entendimento.
Comunicação multissensorial: em comunicações verbais, o foco está em o que dizer ou como dizer. Entretanto, mensagens não-verbais também podem ser enviadas aos pacientes ou ser deles recebidas. O contato corporal pode ser uma forma de comunicação não-verbal. O simples ato do dentista colocar a mão sobre o ombro da criança, enquanto ele está sentado no mocho ao lado da cadeira, proporciona-lhe uma sensação de afeto e amizade.
Greenbaum et al. (1993) verificaram que esse tipo de contato físico ajudava a criança a relaxar, principalmente aquelas entre 7 e 10 anos de idade.
Problema de domínio: em situações difíceis, os dentistas às vezes esquecem que estão lidando com crianças. Eles iniciam dirigindo as mensagens para você e começam a dar ordens. Uma alternativa é dirigir as mensagens para “eu”, estabelecendo o foco dos problemas, tais como: eu não posso consertar seus dentes, se você não abrir bem a sua boca. Esta é uma das técnicas discutidas por Wepman e Sonnenberg (1979) particularmente bem aceita por aumentar o fluxo de informação entre o dentista e o paciente infantil. Tais técnicas foram incorporadas no Programa de Treinamento de Efetividade dos Pais, que se popularizou no início dos anos 70.
3.4 Atendimento odontológico em crianças de 0 a 4 anos
3.4.1 Atendimento odontológico do bebê
De acordo com Santrock (1996) o ser humano nasce com todos os neurônios que usará durante a vida, cerca de 100 bilhões, recém-formados e prontos para serem requisitados a desempenhar sua função. A cada estímulo, essas células liberam substâncias que traçam uma teia de comunicações, chamada sinapse, que gradativamente possibilitarão o desenvolvimento normal do bebê. Essa rede neuronal deve ser exercitada por toda a vida, sobretudo nos primeiros anos, pois está ligada à inteligência e conduz à evolução da capacidade motora, sensitiva e cognitiva.
Machado et al. (2005) o atendimento odontológico de crianças não é uma tarefa fácil, e o do bebê torna-se mais complexo ainda. Para ele, as primeiras experiências vividas sempre serão referência para as que se seguirem a ela, sendo assim, a primeira experiência odontológica deve ser conduzida adequadamente, pois se isto não ocorrer pode causar traumas psicológicos, e como conseqüência, dificuldades no comportamento deste frente ao atendimento.
Ainda conforme Machado et al. (2005) o conhecimento de como se processa o desenvolvimento psicológico e motriz do bebê é condição fundamental para que o odontopediatra possa oferecer a ele e à sua família conforto psicológico e emocional durante o atendimento odontológico.
O atendimento odontológico do bebê requererá do odontopediatra uma qualificação especial. Ele deverá estar consciente que estará interagindo não só com o bebê, mas também com seus pais e eventualmente outros membros da família. Um ponto importante é identificar quais são os horários em que o bebê estará mais disponível para o agendamento da consulta. Deverão ser evitados horários de sono ou próximos a ele e de mamadas ou papinhas, ou seja, a consulta deverá ser marcada num horário do dia em que o bebê estiver melhor disposto. É claro que este tipo de ajuste também estará sujeito à disponibilidade da agenda do odontopediatra, mas a atenção a este detalhe irá favorecer uma melhor conduta do bebê (GIGLIO et al., 1997).
Machado et al (2005) definem como sendo de 0 a 4 anos de idade a faixa etária do paciente que consideramos ser bebê. Para uma melhor orientação de como agir durante o atendimento esta faixa etária foi dividida didaticamente em três etapas: de 0 a 1, de 1 a 2 e de 2 a 4 anos de idade.
3.4.2 Atendimento odontológico do bebê de 0 a 1 ano de idade
Os autores Machado et al. (2005) descrevem esse tipo de atendimento e fazem os seguintes comentários:
– o ideal seria que o recém-nascido fosse levado ao consultório odontológico para que os pais recebessem as primeiras informações sobre saúde bucal. Contudo, o que acontece na prática é que nesta faixa etária a demanda predominante é de bebês que apresentam alguma patologia bucal, sendo que a mais comum é a cárie precoce da infância (CPI) e o traumatismo bucodentário;
– desta forma, o que o odontopediatra poderá fazer nestas situações, caracterizadas como de urgência, é usar de sua capacidade técnica para realizar os procedimentos necessários da forma mais simples e rápida e com o mínimo de desconforto para o bebê. Na verdade, o controle da conduta do bebê neste momento é impossível e até mesmo irrelevante, pela sua imaturidade;
– o odontopediatra deve oferecer à criança e à sua família, sobretudo nessas situações, conforto e segurança psicológicos e emocionais antes, durante e após o atendimento;
– uma outra situação que pode ocorrer neste período, seria o de um simples atendimento preventivo. Nesse deve-se orientar os pais quanto à necessidade deles iniciarem os procedimentos de limpeza bucal do bebê quando este tiver em média 3 meses de idade. Contudo, queremos deixar claro que tal atividade não deve ser superestimada pela sua importância na prevenção da cárie, mas é interessante, simplesmente pelo fato de ser uma oportunidade do bebê ir se acostumando com a manipulação de sua cavidade bucal. Desse modo, ele não estranhará tanto, quando isto for de fato necessário. Sendo assim, a orientação que é dada, é que a mãe comece a introduzir este procedimento para que o mesmo se torne um hábito na rotina diária do bebê. Dessa forma, é sugerido que o momento do banho seja oportuno, pois a limpeza da boca estará inserida na prática diária da higiene dele;
– por volta dos 6 e 7 meses de idade em média, inicia-se a erupção dos primeiros dentes decíduos. A partir desta idade, a higiene bucal do bebê passa a ter importância para a prevenção efetiva da cárie precoce da infância. A orientação a ser dada aos pais é que criem uma rotina para a higiene bucal dele, e, se assim for feito, as dificuldades na realização desta atividade estarão gradativamente diminuindo. O reforço desta atividade será dado na consulta com o odontopediatra, fazendo com que haja uma interação positiva com o que está sendo feito em casa.
3.4.3 Atendimento odontológico do bebê de 1 a 2 anos de idade
Segundo Verny e Kelly (1993) nas situações que caracterizam uma urgência, a preocupação maior do odontopediatra deve concentrar-se na resolução do problema sem causar maior desconforto ao bebê, procurando ser ao mesmo tempo rápido e eficiente. Contudo, nesta faixa etária, alguns bebês, infelizmente já requerem tratamentos odontológicos invasivos. Na nossa região, a prevalência de cárie aos 2 anos chega a 33,3% .
Conforme Dimitrova et al. (2002); Carino et al. (2003) e Toledo e Rocca (1996) afirmam que em outros países a prevalência de cárie pode variar de 40%, 59% e até 82,2% respectivamente.
Machado et al. (2005) abordam que a partir de um ano de idade, a comunicação do odontopediatra com o bebê torna-se mais concreta, porém ainda deficiente em função da imaturidade e limitações inerentes do desenvolvimento psiconeuromotor dele, portando será freqüente a presença de choro durante o atendimento. Mais uma vez, salienta-se que esta condição (o choro) deverá ser bem explicada aos pais, e confortá-los dizendo que haverá uma tendência que o mesmo desapareça na medida em que o bebê vai se familiarizando com o ambiente odontológico.
Esses mesmos autores relatam que dependendo do temperamento do bebê e da complexidade do tratamento que será realizado, poderá ser necessária a contenção da cabeça,. Braços e pernas dele, nesse caso será positivo se um dos pais, desde que bem orientado pelo odontopediatra, possa ajudar nesta contenção. Abridores de boca do tipo tesoura ou de borracha são instrumentais indispensáveis para o atendimento do bebê nesta idade, para ajudá-lo a manter a boca aberta.
À medida que o bebê se aproxima dos 2 anos de idade, a interação, entre ele, o odontopediatria e sua equipe, passa a ser mais espontânea, tanto no aspecto positivo como no negativo. Nesta idade, um recurso de grande valor para o condicionamento do bebê será o uso de recursos lúdicos, tais como: bonecos, fantoches, móbiles, enfim tudo que permita a ele fantasiar positivamente em relação ao atendimento odontológico. Também é uma idade em que o bebê gosta de imitar o que seus pais fazem, portanto podemos solicitar a colaboração deles no processo de condicionamento (MACHADO et al., 2005).
Corrêa e Machado (2002) um outro recurso que poderá ser introduzido a partir desta idade é o do falar/mostrar/fazer.
Conforme Machado et al. (2005) afirmam que por meio desse recurso, o odontopediatra vai simular de uma forma simples e lúdica os procedimentos a serem realizados, permitindo que a criança tenha contato na medida do possível, com as sensações que vai experimentar por meio de demonstrações e, somente então, realizar os procedimentos. Apesar do bebê não apresentar maturidade suficiente para entender grande parte dessas manobras, estes procedimentos podem ser úteis para que ele se familiarize com tudo o que envolve o ambiente odontológico, na sua parte física, humana, odores e sons, além da manipulação de sua cavidade bucal. O recurso da distração também poderá ser utilizado para desviar a atenção do atendimento, tornando-o mais agradável. Para este fim poderão ser usados brinquedos, bonecos, desde que não atrapalhem o atendimento.
Segundo Corrêa e Machado (2002) será importante utilizar o tom de voz suave durante todo o atendimento, transmitindo tranqüilidade. Porém, em algumas situações, pode-se alterá-lo para impor limites caso ocorra um comportamento indesejado, especialmente em crianças difíceis a partir dos dois anos de idade.
Para Machado et al. (2005) por volta dos dois anos de idade, o desenvolvimento intelectual do bebê está em franca expansão, e a linguagem mais desenvolvida. Ele começa a manifestar suas vontades verbalizando-as, e o choro continua presente, porém, em algumas situações, ele pode ser manipulado pelo bebê na tentativa de alcançar seus objetivos. Nesta faixa etária, o odontopediatra deverá estar atento a este fator, pois o choro relacionado ao comportamento de birra e manha poderá estar presente, esse tipo de choro é praticamente sem lágrimas.
3.4.4 Atendimento odontológico do bebê de 2 a 4 anos de idade
Os autores Giglio et al.(1997) relatam que entre dois anos e meio, o comportamento do bebê vai com facilidade aos extremos contrários, pois, pela inexperiência e falta de maturidade, ele procura experimentar o que lhe trará maior satisfação. Em clínica, pode-se observar uma conduta de inteira cooperação em um dia, porém no outro nenhuma. Outra tendência é fazer sempre o contrário do que lhe pedem (idade da oposição). É difícil entrar em acordo com ele, pois não responde consistentemente às perguntas. Nesse caso, o odontopediatra deverá estar sempre preparado para atendimentos fáceis entremeados por difíceis, contudo, a cada retorno, haverá uma tendência a uma adequação da conduta do bebê.
Machado et al. (2005) afirmam que a individualidade e independência que por volta dos três e quatro anos fazem-no parecer auto-suficiente. Com a curiosidade mais aguçada, a relação com o odontopediatra será mais fácil de ser obtida. Haverá maior facilidade no uso do vocabulário, e, embora ainda apresente o negativismo, sua colaboração poderá ser conseguida com bons argumentos.
Machado et al. (2005) ainda abordam que o medo diante do desconhecido, do inesperado e da possibilidade de ser abandonado deverão ser respeitados, e até essa idade não se recomenda a separação da mãe. Sua capacidade de fantasiar deve ser explorada de forma racional, fazendo associações com objetos do cotidiano, tornando o atendimento mais compreensível. No entanto, cuidado com os excessos de fantasia, pois a criança confunde o mundo real com o mundo imaginário.
O odontopediatra deverá ter em mente que não existem fórmulas para o manejo da conduta do bebê, mas que este será sempre um exercício de habilidade que estará sendo testado e aperfeiçoado a cada atendimento.
3.5 A importância da assistência educativa com relação à promoção da saúde e higiene bucal
A elaboração de programas educativos-preventivos que estimulem e controlem a mudança de comportamento é extremamente importante. Entretanto, a realização de um diagnóstico correta das necessidades do seu grupo alvo e o atendimento de maneira como é vista e vivida pela população a problemática da saúde e da doença deve ser realizado.
Conforme Who (1997) a promoção da saúde é basicamente uma atividade no campo social e não um serviço médico. Entretanto, profissionais de saúde têm um papel importante em fomentar e facilitar estas ações de promoção em todos os níveis da atenção à saúde.
Atualmente, há pouco mais de dez anos da I Conferência Mundial de Promoção da Saúde, que resultou no documento fundador do movimento atual da promoção da saúde – a Carta de Ottawa -(WHO, 1986), vemos que em seus pressupostos está contido uma concepção de saúde associada a um conjunto de valores, os quais denomina – recursos para a saúde – e que são: vida, saúde, solidariedade, equidade, democracia, cidadania, desenvolvimento, participação e cooperação, entre outros.
Referindo-se, também, a uma combinação de estratégias, tais como: medidas de cooperação intersetorial entre Estado e sociedade (políticas públicas para a saúde), atividades da comunidade (reforço da ação comunitária), de indivíduos (desenvolvimento de habilidades pessoais), do sistema de saúde (reorientação do sistema de saúde). Ou seja: gira em torno da idéia de responsabilidade múltipla, quer seja pelos problemas ou por soluções propostas para estes (BUSS, 2000).
Este mesmo autor diz que atualmente, na Política Mundial de Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), o enfoque para a promoção de saúde dirige sob postulados que orientam a estratégia de atenção primária da saúde, isto é:
1. a obtenção do mais alto grau de saúde exige a intervenção de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor saúde;
2. a promoção e proteção da saúde da população é indispensável para sustentar o desenvolvimento econômico e social e contribui para melhorar a qualidade de vida e alcançar a paz mundial;
3. a população tem o direito e o dever de participar, individual e coletivamente, no planejamento e aplicação da atenção à saúde.
Buss (2000) relata que proporcionar saúde significa, além de evitar doenças e prolongar a vida, assegurar meios e situações que ampliem a qualidade de vida “vivida”, ou seja, ampliem a capacidade de autonomia e o padrão de bem-estar que, por sua vez, são valores socialmente definidos, importando em valores e escolhas. Nessa perspectiva, a intervenção sanitária refere-se não apenas à dimensão objetiva dos agravos e dos fatores de risco, mas aos aspectos subjetivos, relativos, portanto, às representações sociais de saúde e doença.
Enquanto a meta na educação para a saúde é tornar os indivíduos internamente melhor equipados para que possam fazer escolhas mais saudáveis, a promoção da saúde tenta fazer com que as escolhas mais saudáveis tornem-se escolhas mais fáceis (MILIO, 1983).
Os fatores de risco ambientais relacionados com as doenças bucais, ou seja, consumo exagerado de açúcar e higiene oral deficiente, é quase inteiramente determinado por comportamentos, os quais por sua vez são determinados por normas sociais. Uma estratégia populacional para prevenir enfermidades orais tem, portanto, que objetivar a mudança e a manutenção de normas sociais relacionadas com o consumo de açúcar e higiene oral. Além disso, a disponibilidade de flúor tem que ser considerada, uma vez que este elemento exerce um papel de proteção contra a cárie e pode ser facilmente colocado à disposição de todos ou da maioria (NADANOVSKY, 2000).
A estratégia populacional reduz a incidência de doenças, porque todas as pessoas estão menos expostas às causas e/ou mais expostas aos fatores protetores ambientais, mesmo sem interferir nos padrões de susceptibilidade individual à doença. As pessoas continuam sendo tão suscetíveis quanto antes, mas como estão menos expostas às causas e/ou mais expostas aos fatores protetores, esse fator passa a ser de menor relevância.
A promoção de saúde bucal, em pré-escolares ou em adultos tem como fator limitante às conseqüências das doenças já instaladas. Nessas condições, o problema não se resume somente ao tratamento das doenças. Mais do que isso, envolve uma série de fatores, tais como, nível sócio-econômico, filosofias de trabalho, políticas de saúde, entre outros.
Garboza et al. (1997), mostraram a eficácia do atendimento precoce na promoção da saúde bucal, na faixa etária de 0 a 5 anos, numa população atendida pela Bebê Clínica da Universidade Estadual de Londrina, onde obtiveram uma prevalência de 2% de cárie simples e 0% de cárie tipo mamadeira.
Low et al. (1999) realizaram um estudo piloto com o objetivo de avaliar os possíveis efeitos da cárie dental severa na qualidade de vida de pré-escolares. As informações foram obtidas no exame de 77 crianças (idade de 35 a 66 meses, média de 44 meses) com cárie severa na dentição decídua. Pais ou responsáveis foram questionados sobre sofrimento, hábitos alimentares e conduta social das crianças, antes e após a reabilitação oral. Os resultados mostraram que a doença dental criou um impacto na qualidade de vida dessas crianças. Houve uma mudança significativa na queixa de sofrimento, preferências alimentares, quantidade de alimento ingerido e hábitos de dormir, após o tratamento da cárie dental.
Kawabata et al. (1997), desenvolveram um indicador de saúde bucal (Infants Dental Index – IDI), baseado na relação entre fatores relacionados ao estilo de vida em crianças de 1.5 anos e a incidência de cárie nas mesmas crianças aos 3 anos de idade, do Centro Comunitário de Saúde em Hiroshima – Japão. Concluíram que o IDI pareceu válido e deve ser aplicado para identificar crianças de alto risco e direcionar mais a educação efetiva para com a saúde das mães, pois, houve uma relação altamente significativa entre esse indicador de saúde em crianças com 1.5 anos e o ceo-d (dentes decíduos cariados, com extração indicada e obturados) aos 3 anos de idade.
O acesso à instrução e à informação é essencial para alcançar a participação eficaz e o direito de voz das pessoas e das comunidades (WHO, 1997).
A educação para a saúde esteve sempre ligada à prevenção das doenças, como forma de modificar os comportamentos identificados como fatores de risco de determinadas enfermidades. Trata-se, fundamentalmente, de uma atividade educativa desenhada para ampliar o conhecimento da população em relação à saúde e desenvolver a compreensão e as habilidades pessoais que promovam a saúde. Contudo, no âmbito da promoção da saúde estas atividades educativas, podem ser úteis para chamar a atenção sobre as causas econômicas e ambientais da saúde e da enfermidade e, para tanto, devem incluir em seu conteúdo, informações que, por exemplo, demonstrem a viabilidade política e as possibilidades organizacionais de diversas formas de atuação dirigidas a obter mudanças ambientais, econômicas ou sociais que favoreçam a saúde (OPS, 1996).
Desta maneira, a educação para a saúde e a promoção da saúde, se tornam intimamente relacionadas, ou seja: a promoção da saúde depende da participação ativa da população bem informada no processo de mudança, enquanto que a educação para a saúde é uma ferramenta de vital importância neste processo (OPS, 1996).
A atenção odontológica ao bebê no intuito de manter sua saúde, mesmo antes de prevenir a doença através da educação, deve ser vista nos programas de Saúde Pública como uma possibilidade prática, simples, abrangente, de baixo custo e, principalmente eficaz; visto que, a maioria dos pais desconhece o risco de crianças pequenas desenvolverem doenças, tal como a cárie dentária. Portanto, eles devem ser informados, instruídos sobre os cuidados necessários para evitá-la, uma vez que, quanto mais precocemente se estabeleçam barreiras preventivas, mais efetivo será o resultado final.
Hyssala et al. (1990) na Finlândia relatam, em seu estudo, que se o grau de instrução das mães é bom, igualmente boa é a previsão para o futuro dos dentes de seus filhos.
Nowak et al. (1990), afirmam que o dentista de hoje tem responsabilidade de informar aos pacientes/pais que eles devem ser responsáveis por sua saúde bucal e que, com a supervisão de um profissional capacitado, permanecerão livres de doenças bucais durante toda a sua vida.
Serino et al.(1997) pesquisas mostram que a chave para a eliminação da
cárie é o cuidado preventivo, que deve-se iniciar com a erupção do 1º dente. Afirmam ainda, que nunca é cedo demais para aconselhar novos pais sobre medidas preventivas, que combinem tanto cuidados em casa, como no consultório dental.
Para Serino et al. (1997), a higiene oral deverá ser realizada limpando a gengiva e dentes recém erupcionados com gaze limpa envolta no dedo, pelo menos uma vez ao dia. A iniciação precoce irá acostumar a criança ao processo de higienização. Com relação ao uso da mamadeira ou a amamentação no seio, eles sugerem não colocar as crianças para dormir com a mamadeira ou evitar a amamentação no seio após a erupção do primeiro dente, usar a xícara após um ano e, portanto, desacostumar as crianças ao uso da mamadeira aproximadamente com um ano de idade.
A informação para as mães sobre a importância dos aspectos nutricionais, dietéticos, higiênicos e outros relativos aos cuidados básicos de saúde bucal, evidentemente tende a reduzir a cárie dentária.
Morinushi (1980), relata que o aparecimento da cárie em crianças de baixa idade está, em geral, diretamente relacionado à desinformação materna. Entretanto, não podemos acreditar que, uma vez fornecidos conhecimentos aos pais, estes serão prontamente utilizados na prevenção.
Piaget (1978) afirma que a aprendizagem é uma das formas de aquisição de conhecimentos, que pode ou não gerar uma construção de conhecimento. Esta só é possível distintamente da aprendizagem, se houver interação entre o sujeito que conhece e o objeto que é conhecido, ou seja: não somos capazes de conhecer porque percebemos o que está fora de nós, mas porque agimos sobre o que nos rodeia. A ação é, portanto, o ponto de partida e a possibilidade de todo o conhecimento. O conhecimento é fruto de uma ação concomitante do sujeito que conhece e do objeto que é conhecido, portanto uma relação em processo contínuo de transformações.
Esse mesmo autor relata ainda que o processo de construção do conhecimento, sendo resultante de um processo interativo, provoca modificações, que podem ser interpretadas como um processo de desenvolvimento. Este processo contínuo de construção sofre avanços de acordo com a capacidade de adaptação do sujeito. Essa adaptação como um processo composto de dois subprocessos: a assimilação e a acomodação.
A assimilação é sempre uma interpretação, ou seja, deformamos o objeto de modo a torná-lo assimilável, adequado às estruturas de conhecimento que já possuímos, enquanto a acomodação é um processo que visa adaptar as estruturas do sujeito àquilo que foi assimilado (e não ao objeto de conhecimento). É, pois, um processo que gera modificações no sujeito (no sentido de ato de acomodar-se), mas que não garante, em si, um conhecimento mais perfeito (FRANCO, s. d.).
Ainda Franco (s.d), explica que desse modo a assimilação chama a acomodação e vice-versa, gerando desequilíbrios. Daí a necessidade de fazer rearranjos, os quais são feitos sobre as próprias construções que o sujeito já fez.
Piaget (1995), demonstra que o conhecimento não é de fato uma cópia do real, mas é construído a partir de reordenamentos, muitas vezes provocado pelo real, mas sempre sobre as coordenações do próprio sujeito, o que difere da aprendizagem, embora não deixe de ser isso em parte, por ser um fenômeno complexo, fruto de interações e que exige um lapso de tempo para se concretizar.
Demo (1994), diz que o conhecimento é produzido, de modo geral, no sistema educacional, o que permite, desde logo, uma aproximação entre educação e conhecimento, ainda que este seja apenas meio. Se reconhecermos que o conhecimento é o instrumento primordial de mudança, seria contraditório encerrá-lo na teoria, até porque implicaria mal entendimento do que é teoria.
Frazier et al. (1990), afirmam que educação é necessária, mas não suficiente, para prevenir doenças bucais.
Ismail (1998), fez uma revisão dos métodos utilizados para a prevenção da cárie que atinge crianças durante os três primeiros anos de vida. No que se refere à educação, mesmo concordante de que esta objetiva aumentar o conhecimento das mães à respeito da formação precoce da cárie dental, melhorar os hábitos nutricionais e de dieta da mãe e do filho e fornecer instruções sobre as práticas de higiene; os resultados encontrados não foram animadores. Nos trabalhos em que pesquisou, as tão almejadas mudanças comportamentais foram muito modestas. Contudo, afirma que o principal determinante do sucesso é a motivação da mãe ou responsáveis para autocuidados e para levar a criança à clínica em busca de cuidados preventivos.
De acordo com a OMS (1983, apud KICKBUSCH, 1996), o conceito de autocuidado, “Se refere às atividades de saúde não organizadas e às decisões sobre a saúde tomadas por indivíduos, famílias, vizinhos, amigos, colegas, companheiros de trabalho, etc; compreende a automedicação, o autotratamento, o respaldo social na enfermidade, os primeiros auxílios no entorno natural”, o que que dizer, no contexto da vida cotidiana das pessoas. O autocuidado é definitivamente o recurso sanitário fundamental do sistema da atenção à saúde.”
Este enfoque teve a influência da dicotomia autoajuda e autocuidado; sistema leigo e sistema médico, de conceito dos estilos de vida e saúde. O ponto de partida da análise do autocuidado era o sistema social (o marco da vida cotidiana do indivíduo), onde as atitudes e condutas relacionadas com a saúde se entendem como parte integral do estilo de vida global.
O enfoque sobre estilo de vida (OMS, 1983) nos permite considerar o autocuidado como atitudes que as pessoas têm em um determinado contexto; fazendo parte dos padrões de comportamento das pessoas, dependendo das circunstâncias culturais, estruturais e da cultura global sobre saúde e doença, havendo também, o papel da medicina em um dado grupo ou sociedade.
Segundo Ottawa (1986) o autocuidado no contexto da promoção da saúde trabalha com a noção de padrões, contextos e significados; as pessoas necessitam viver sua vida cotidiana, suas ações têm regras e significados no seu contexto de vida do dia-a-dia, suas ações têm relação com seus sonhos e com a realidade, algumas são parte de sua rotina, outras não, entre outros.
Segundo Kickbusch (1996) os autores anteriormente analisados colocam então algumas questões, importantes no sentido da necessidade do equilíbrio entre a dimensão coletiva e o empenho pessoal, na direção do aponderamento pessoal e comunitário:
a. como fazer para que a saúde seja acessível de uma forma que se suponha não só saúde como um resultado, se não como aumento do controle sobre a própria vida?
b. o que marca a diferença, a quantidade de poder que tenho sobre a ação?
c. importa se tomo certa medida por motivo de saúde, ou por temor de uma multa ou porque cumpro bem as regras?
d. o autocuidado se refere somente àquelas ações que são objeto da epidemiologia do comportamento?
e. existem conseqüências mais ou menos mensuráveis como cigarros fumados, copos de bebida ingeridos, consultas médicas, pressão arterial medida, horas de sono, motivação para o cuidado dos dentes dos filhos, por exemplo?
Para Valla (2000) o estilo de vida pode não apenas refletir educação para a saúde é mais que isto precisa se apoiar um pouco no estudo das ações humanas. Entender melhor as formas de enfrentamento humano das circunstâncias da vida. São as estratégias individuais e coletivas de sobrevivência.
É importante estudarmos e procurarmos conhecer melhor a vontade, a oportunidade e a possibilidade que as pessoas dispõem para cuidar de si mesmas e dos demais.
No conceito de saúde, embutido na carta de Ottawa (1986), pode-se analisar alguns pontos indispensáveis para ações educativas, no que se refere à promoção da saúde:
A saúde se cria e se vive no marco da vida cotidiana: nas escolas, no trabalho e no lazer. A saúde é resultado dos cuidados que dispensamos a nós mesmos e aos demais; da capacidade de tomarmos decisões e controlarmos a própria vida e de assegurarmos que a sociedade em que vivemos ofereça a todos os seus membros a possibilidade de gozarem de bom estado de saúde.
Na atualidade, no debate político, na pressão socioeconômica em que vivem as populações, as ações de autocuidado têm tornado os profissionais e o sistema de serviços mais conscientes das necessidades e direitos da clientela. Mesmo sabendo que os cortes de verbas destinadas à saúde, à defesa do autocuidado, pelos governantes, pode significar restrição de acesso.
Segundo Kickbusch (1996) mais do que epidemiologia do comportamento, a saúde pública pode proporcionar um marco que favoreça e reforce a ação e o estudo do autocuidado e que faça dele um projeto social. Portanto, as ações e investigações em autocuidado poderiam relacionar-se ativamente com a promoção da saúde, dentro de políticas públicas saudáveis, ambientes de apoio, fortalecimento da ação comunitária, desenvolvimento da capacidade pessoal e na reorientação dos serviços de saúde. O autocuidado passaria, então, a ser considerado uma adição importante na competência e habilidade do ser humano e não como a delegação do trabalho de saúde, que nada mais quer fazer ou para o qual a sociedade já não pode permitir profissionais que o façam.
Assim, a maior contribuição da educação para a saúde em programas de promoção da saúde consiste em sua propensão de facilitar as capacidades dos indivíduos para adquirir o máximo controle sobre suas vidas – o que supõe, necessariamente, intervir nas relações sociais sobre as quais as pessoas constroem suas vidas (BROWN, 1987).
A falta da cooperação familiar dificulta a motivação e o ensino da prevenção. O grau de motivação é especialmente influenciado por experiência passada, necessidades presentes e expectativas futuras. A motivação pode ser definida como um processo interno que leva a um comportamento que satisfaz uma necessidade. O reforço do comportamento necessário é a técnica mais efetiva para conduzir essas mudanças (WANDERLEY, et al. 1999).
Rezende (1986) afirma que a educação é um instrumento de transformação social, não só a educação formal, mas toda a ação educativa que propicie a reformulação de hábitos, aceitação de novos valores e que estimule a criatividade. A educação para a saúde deve ser pensada como um processo capaz de desenvolver nos indivíduos a consciência crítica das causas reais dos seus problemas e, ao mesmo tempo, criar uma prontidão para atuar no sentido de mudança. O conceito de saúde adotado é que definirá as ações de educação.
Segundo Medeiros (1993), as medidas educativas devem ser centralizadas na mudança de hábitos alimentares e na higienização bucal do bebê, por seus pais.
A necessidade do atendimento precoce ao paciente infantil, através das clínicas de bebês, é uma realidade nacional. Com esta abordagem tem-se a intenção de instalar hábitos saudáveis ao invés de modificar hábitos inadequados, na maioria das vezes adotados devido a fatores sócio-culturais, segundo Massao et al. (1996).
Cunha e Almeida (2000) afirmam que prevenção sem educação/informação, certamente não será efetiva, pois enquanto não se dividir responsabilidades, haverá o risco de uma série de intervenções. Programas de educação para a saúde bucal não devem limitar-se à demonstração de procedimentos corretos, mas deve concentrar-se em criar hábitos próprios. Para tanto, os programas educacionais devem ser um processo contínuo determinando um padrão de comportamento vitalício para cada indivíduo. Os programas educacionais devem reforçar o conceito de dividir responsabilidades para a saúde bucal, de modo que o indivíduo não pense em cuidados com sua saúde bucal como tratamento isolado, realizado somente quando necessita de procedimentos mais severos. A infância é o melhor momento para a criação de hábitos saudáveis, através de programas que reforcem a opinião de que a cooperação é necessária para assegurar a saúde dentária.
Há um consenso entre pesquisadores de que os melhores benefícios de um programa para a manutenção da saúde bucal são obtidos, quando a primeira visita ocorre entre 6 e 12 meses de idade.
Zuanon et al. (1999) acreditam que o sucesso de um programa de motivação depende de técnicas adequadas, participação direta do profissional e constância no processo educacional.
Walter et al. (1998) analisaram, em crianças livres de cárie, qual a relação dos fatores de risco e o seu controle na eficácia da utilização do método educativo-preventivo adotado pela clínica Bebê Clínica da Universidade Estadual de Londrina, na manutenção da saúde e por conseqüência , a prevenção da cárie dentária. Concluíram que a idade de 12 meses é a ideal para o início da atenção odontológica. Este é o fator mais importante que possibilita que a manutenção da saúde bucal (prevenção da cárie) atinja 100%. A educação prévia dos pais determinando a não existência dos fatores de risco é, juntamente com a idade inicial de atendimento precoce, um dos fatores mais importantes na prevenção da cárie dentária. A reversão do risco é eficaz na manutenção da saúde bucal, principalmente quando esta se dá nos primeiros 6 meses de acompanhamento. O tratamento é igualmente eficiente na manutenção da saúde bucal tanto nos pacientes do sexo masculino, quanto nos do sexo feminino.
A eficácia da prevenção parece diminuir em relação ao tempo de acompanhamento.
Com o objetivo de avaliar o grau de conhecimento em relação aos cuidados com a saúde bucal de bebês de um grupo de gestantes da cidade de Curitiba – PR, Silva et al. (1999), entrevistaram 100 gestantes na faixa etária de 13 a 40 anos, abordando questões relacionadas à busca de atenção odontológica, valor atribuído à própria saúde bucal e práticas com relação à saúde bucal do futuro bebê. Os resultados mostraram que, em relação aos serviços odontológicos, 55% das gestantes entrevistadas procuram serviços públicos, enquanto que 43% tem acesso a serviços privados; 49% destas consideram como sendo boas suas condições de saúde bucal e 79% receberam algum tipo de orientação em relação a cuidados com saúde bucal e, dentre estas, 66% as receberam de profissionais da área odontológica (dentistas e membros de equipes de saúde bucal de unidades públicas de saúde).
No que diz respeito à importância do atendimento precoce, 55% das futuras mães pretendem levar seus filhos ao dentista durante o primeiro ano de vida, sendo que 48% das gestantes entendem que esta consulta durante o primeiro ano de vida do bebê, deve estar relacionada a aspectos educativos e preventivos da saúde; 69% das entrevistadas entendem que o surgimento de lesões de cárie pode ser causado pelo consumo excessivo de alimentos doces e por hábitos de higienização bucal deficientes. Também entendem que a lesão de cárie pode ser evitada em seus filhos, através de procedimentos de higienização bucal adequada e visitas periódicas a profissionais da área.
Na avaliação realizada por Barbosa e Chelotti. (1997), sobre o conhecimento de aspectos de prevenção, educação, dentição decídua e oclusão, através de questionários entregues para 501 mães gestantes e até 6 anos pós-parto com padrão sócio-econômico médio alto, as mães (93,4%) referem o dentista como sua maior fonte de informação sobre aspectos de saúde bucal. No entanto, (61,7%), não sabem ou pensam que os bebês de seis meses a um ano de idade, não devem freqüentar o consultório odontológico para aspectos preventivos. Apenas (16,2%)
consideram esta idade como a ideal para o início da prevenção.
Paunio et al. (1993) realizaram uma pesquisa em crianças filandesas com 3 anos de idade, nascidas de mães que participaram de um estudo, no início de sua gravidez, com o objetivo de verificar se os hábitos de escovação dental dessas crianças estavam associados com outros hábitos de saúde bucal e se, realmente, havia influência do conhecimento das mães sobre a freqüência de escovação dos dentes das crianças. Os resultados mostraram que a escovação era irregular em 21,8% das crianças, 2 crianças não haviam escovado seus dentes até essa idade, 9% das crianças escovavam seus dentes sozinhas e em 38,6% dos casos, os pais é que realizavam a escovação. Em 27% das crianças o uso do açúcar era uma vez na semana e em 60% duas ou mais vezes semanais ou todos os dias. Quanto maior o consumo de açúcar, pior foram os hábitos de escovação encontrados.
Com relação à influência do conhecimento das mães, a idade foi o fator mais significante, pois as mães mais jovens prestavam menor atenção para os hábitos de escovação de seus filhos. A proporção das crianças que escovavam seus dentes foi 80,1% no centro da cidade, 78,6% na população peri-urbana e 67,9% na região rural.
Febres et al. (1997) revelaram que fatores culturais e étnicos são os que mais influem no desenvolvimento da cárie de mamadeira e que, mesmo sabendo dos efeitos nocivos de permitir que o bebê adormeça com a mamadeira ou que esta seja oferecida durante a madrugada, os pais continuam a fazê-lo. Metade dos pais de crianças com cárie de mamadeira não tinham informações sobre o risco de cárie relacionada à mamadeira noturna ou não sabiam quando intervir para remover o hábito.
3.6 O papel do cirurgião-dentista na promoção da saúde e higiene bucal
Um dos princípios básicos da odontologia moderna é não intervir antes que as ações de promoção de saúde tenham tido a oportunidade de funcionar. Nesse sentido, os cirurgiões-dentistas são convidados a repensar a sua prática e exercer um novo papel dentro da odontologia em saúde coletiva (AERTS et al., 2004).
Os profissionais têm a responsabilidade de advogarem políticas públicas saudáveis e de auxiliarem as pessoas a se capacitarem na busca de sua qualidade de vida e da coletividade (SHEIHAM e MOYSES, 2000).
Tomando-se como referência os campos de ação propostos pela Carta de Ottawa (WHO, 1986), as atribuições do dentista em nível local podem ser direcionadas para o fortalecimento de ações comunitárias, o desenvolvimento de habilidades pessoais e a reorientação dos serviços de saúde.
O fortalecimento de ações comunitárias é uma das partes mais importantes para a promoção de saúde bucal da população, visando à integração da abordagem tradicional-vertical com a abordagem horizontal (AERTS et al., 2004).
As pessoas da comunidade são consideradas um recurso fundamental para a construção da saúde bucal. Nesse sentido, a contribuição básica é o envolvimento ativo da população em questões que ela conhece como ninguém, atuando na tomada de decisões, planejamento e implementação de ações, bem como na fiscalização dos recursos utilizados. Dessa forma, responsabiliza-se a população pela busca, promoção e proteção de sua própria saúde (DICKSON ; ABEGG, 2000).
Entre as diferentes possibilidades de envolvimento do cirurgião-dentista com atividades comunitárias, sugerem-se as seguintes: buscar parceria com ativistas comunitários para a formação de redes e alianças; apoiar a criação de hortas e pomares como meio de encorajar ações cooperativas e o consumo de alimentos saudáveis; associar-se com grupos comunitários ativos na promoção da saúde das mães e crianças, como, por exemplo, a pastoral da saúde; proporcionar a participação da população no planejamento e tomada de decisões em relação à saúde bucal da comunidade; desenvolver ações intersetoriais com outras instituições públicas ou privadas como: ONGs, Sesi, Sesc e Universidades (AERTS et al., 2004).
O desenvolvimento de habilidades pessoais para lidar com a saúde envolve o fortalecimento da autoconfiança e da auto-estima. Para tal, é necessário auxiliar as pessoas a identificar e analisar seus problemas, possibilitando um maior controle sobre informações e recomendações que lhes são apresentadas e, conseqüentemente, a melhora de sua saúde bucal. A educação em saúde, nesse sentido, avança com a proposta do empowerment, que significa potencializar as características individuais para o controle e busca da saúde (STOTZ ; VALLA, 1998).
Dessa forma, o cirurgião-dentista tem um papel importante a assumir no auxílio das pessoas na identificação de crenças prejudiciais à saúde; no incentivo ao exame das bocas de crianças e adultos no domicílio para a detecção de problemas e na orientação sobre locais para buscar ajuda; na capacitação de agentes comunitários e auxiliares (ACDs e THDs); no auxílio na educação continuada dos colegas; na atuação como educador em saúde bucal em equipes multidisciplinares e multiprofissionais; e em ações educativas coletivas (grupos, escolas, conselhos locais de saúde, associações), relacionadas ao estilo de vida, ao uso do flúor na água e à orientação sobre a higiene bucal (AERTS et al., 2004).
Ainda conforme esses mesmos autores, os serviços de saúde podem ser um componente importante na melhora das condições de saúde da população. Serviços odontológicos promotores de saúde envolvem a presença de profissionais com visão ampliada sobre o processo saúde-doença, capazes de entender as pessoas, levando em consideração os vários aspectos de sua vida, e não apenas um conjunto de sinais e sintomas restritos à cavidade bucal.
É necessário que o cirurgião-dentista realize seu trabalho equilibrando prevenção e cura, adotando procedimentos cuja eficácia tenha sustentação científica e assegurando que esses sejam implementados com o mais alto padrão possível. Além disso, deve participar do processo de identificação dos problemas dos diferentes grupos populacionais do território sob responsabilidade de seu serviço de saúde, atuando em equipes multidisciplinares e intersetoriais, com a participação de lideranças locais na vigilância da saúde bucal (AERTS et al., 2004).
Aerts et al. (2004) relatam que no que diz respeito específico à vigilância epidemiológica da saúde bucal, o cirurgião-dentista pode participar da organização de inquéritos epidemiológicos, atuando como coordenador da equipe local, auxiliando na coleta de dados e na alimentação do sistema de informação.
4 DISCUSSÃO
Segundo Ribeiro (2004) o programa de saúde da família constitui-se em um sistema, onde existe a atenção de uma equipe multiprofissional que desenvolve ações de promoção da saúde em prol da saúde de uma determinada população.
No campo odontológico, esse programa de saúde visa priorizar ações preventivas, com o intuito de promover e recuperar a saúde bucal das pessoas.
Nesse trabalho, a literatura enfocou sobre a importância da promoção da saúde e higiene bucal em crianças de 0 a 4 anos.
Machado et al (2005) relata que é necessária a motivação da higiene bucal se estenda aos pais e/ou responsáveis, para que esses possam ensinar aos seus filhos e desta forma a perpetuar o aprendizado.
A assistência educativa é de fundamental importância, pois através da elaboração de programas educativos-preventivos vão amenizar os fatores de risco ambientais, reduzindo-se dessa forma as doenças bucais em crianças (NADANOVSKY, 2000).
Dessa maneira, o cirurgião-dentista tem um papel importante na realização e participação de um trabalho de prevenção e cura do processo de identificação e vigilância da saúde bucal.
Finalizando, a educação e a promoção da saúde necessitam estar inter-relacionadas, porque por meio de uma educação para a saúde, a qual constitui-se em um instrumento importante e com a participação ativa da população, nesse caso, os pais e responsáveis bem informados e com a supervisão de um profissional capacitado na saúde bucal das crianças de 0 a 4 anos, as quais poderão permanecer livres de doenças bucais durante toda a vida (NOWAK;ANDERSON et., 1990).
5 CONCLUSÃO
Após a leitura da revisão bibliográfica mencionada na elaboração desse trabalho, foi possível levantar algumas conclusões plausíveis, como:
a) A prática da saúde e higiene bucal desde o nascimento cada vez mais tem sido valorizada na promoção da saúde da criança, no entanto, ela ainda é muito pouco praticada. Nenhum programa que vise a melhoria da saúde da população infantil pode deixar de contemplar a promoção da saúde e higiene bucal.
b) Diante disso, é necessário educar a população em geral quanto ao valor dessa prática, melhorar as práticas dos serviços de saúde, dar suporte aos pais e/ou responsáveis na comunidade, restringindo-se a promoção inadequada dos substitutos da prática da higiene bucal.
c) Uma vez que informações e suporte dados aos pais e/ou responsáveis individualmente têm se mostrado bastante eficazes na promoção da saúde e higiene bucal, é importante o treinamento adequado de profissionais de saúde, e agentes de saúde e pessoas leigas que se propõem a dar suporte aos pais e/ou responsáveis com crianças de 0 a 4 anos de idade.
d) Torna-se necessário que o cirurgião-dentista realize seu trabalho equilibrando prevenção e cura, adotando procedimentos cuja eficácia tenha sustentação científica e assegurando que esses sejam implementados com o mais alto padrão possível. Além disso, deve participar do processo de identificação dos problemas dos diferentes grupos populacionais do território sob responsabilidade de seu serviço de saúde, atuando em equipes multidisciplinares e intersetoriais, com a participação de lideranças locais na vigilância da saúde bucal.
e) Segundo os documentos Diretrizes da Política Nacional da Saúde Bucal, a Agenda de Compromissos para a Saúde da Criança e a Redução da Mortalidade Infantil e o Caderno da Atenção Básica da Saúde Bucal, a odontologia trabalha em consonância com as linhas de cuidado da atenção integral da saúde da criança preconizadas na Atenção Básica à saúde que são: atenção a gestante, estímulo ao aleitamento materno no pré-natal, alimentação saudável, atenção à criança portadora de necessidades especiais, vigilância a saúde e prioridade de 0 a 5 anos.
f) Toda gestante deve conscientizar-se de que a prevenção de doenças bucais no bebê começa já na “barriga” da mãe. O controle do consumo de açúcar e uma higienização adequada mantêm baixo o número de microorganismos que iniciam a cárie na criança, pois a gestante os acabará transmitindo para seu bebê pelo simples contato, num beijo, quando sopra seu alimento, ou, ainda, quando erroneamente experimenta a mamadeira. O profissional deve trabalhar a gestante de forma a desmistificar a consulta odontológica durante a gravidez como algo prejudicial ao bebê. Ao contrário, é necessário alertá-la dos riscos de transmissão de doenças, caso a mulher não trate de problemas já existentes em sua boca e não os previna.
g) O profissional dentista deve orientar sua paciente sobre todas as possibilidades de tratamentos. A gestante, bem orientada sobre os benefícios de um acompanhamento odontológico durante sua gestação e tranqüila quanto aos procedimentos odontológicos, que, por vezes, são necessários, certamente terá uma gravidez mais confortável e saudável. Não devemos nos esquecer de que a criação desse vínculo com a equipe que a atende certamente propicia a continuidade desse trabalho preventivo com a futura criança e que ações de saúde, tanto educativas quanto curativas, visam promover aos grupos humanos o mais alto grau de saúde, bem como permitir uma melhor qualidade de vida. Binômio mamãe-bebê, como pudemos analisar até o momento, também depende de um acompanhamento odontológico. Ao iniciar o pré-natal, a gestante passa por exames e consultas mensais até o nascimento do bebê. Esse contato direto e freqüente com a unidade de saúde propicia e facilita o trabalho da Equipe de Saúde Bucal, já integrada à Estratégia de Saúde da Família. A confirmação da gravidez, na unidade de saúde, desencadeia uma rotina da equipe de enfermagem, juntamente com o médico, para avaliação da gestante. Esse também é o momento de orientar a gestante da necessidade da avaliação odontológica e marcar sua primeira consulta com o dentista. Já no consultório odontológico, o profissional deve, inicialmente, conversar com a gestante para que esta obtenha todas as informações necessárias sobre sua saúde e para conscientizá-la da importância da manutenção da saúde bucal para uma gestação tranqüila e dos benefícios para o bebê.
h) O tipo da dieta influencia diretamente a atividade cariogênica. O açúcar presente nos alimentos estimula o metabolismo das bactérias dentárias, resultando na formação de ácidos que dissolvem o esmalte dos dentes, cavitando-os e desenvolvendo a cárie. A qualidade da limpeza dos locais susceptíveis à doença cárie é essencial para a remoção eficaz da placa dentária, evitando a desmineralização do esmalte e a inflamação da gengiva.
i) No relacionamento humano a ciência psicológica não autoriza aconselhar como base científica, esta ou aquela atitude, este ou aquele comportamento, em face das diferentes situações. Isso porque, cada ser humano tem sua própria maneira de interpretar as diferentes situações que enfrenta de acordo com as inúmeras facetas de sua personalidade. Na prática odontopediatrica faz-se necessário evidenciar os conhecimentos sobre a influência dos fatores ambientais facilitando o manejo da criança na prática odontológica. Qualquer que seja o tipo de criança a ser atendido, o profissional deve observar não apenas a idade cronológica, mas principalmente o nível de desenvolvimento mental e emocional, a fim de reconhecer suas necessidades psicológicas básicas e os seus interesses, capacitando-se para interpretar corretamente as reações e ter noção dos fatores capazes de desencadeá-las, bem como dos meios mais adequados para motivar a criança, conquistar sua confiança e transmitir-lhe segurança.
j) A ingestão em excesso de flúor na infância, presente principalmente no creme dental, prejudica a formação dos dentes. Algumas medidas impostas pelos pais em casa são importantes para que o filho não consuma tanto flúor. Em primeiro lugar, os pais devem evitar comprar aquelas pastas coloridas e com sabores, porque estimulam que a criança engula o produto. Além disso, a quantidade é outro um fator importante. O ideal é o uso de pouca pasta na escova e não deixar também que os cremes dentais ficam ao alcance de seu filho.
k) Concluindo, se todo o processo de promoção à saúde estiver direcionado não só para o cuidado patológico, mas também para o cuidado humanitário, com certeza a saúde bucal das crianças será de qualidade.
REFERÊNCIAS
Abroprev. Caderno da Abroprev: viver em saúde. MS; maio, 2005.
Aerts D et al. O papel do cirurgião-dentista no Sistema Único de Saúde. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2004, vol. 9, no. 1 [citado 29-12-2008, pp. 131-138. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232004000100013&lng=pt&nrm=iso >. ISSN 1413-8123. doi: 10.1590/S1413-81232004000100013. Acesso: 29-12-08.
Araújo VG. Saúde bucal coletiva. São Paulo: Santos, 2007.
Barbosa TRCL, Chelotti, A. Avaliação do conhecimento de aspectos da prevenção e educação em Odontologia, dentição decídua e oclusão, em gestantes e mães até 6 anos pós-parto, como fator importante na manutenção da saúde bucal da criança. Revista do Instituto de Ciências da Saúde, 1997. p. 13-17.
Bertolozzi MR. A Estratégia de Atenção Integrada às Enfermidades Prevalentes na Infância. Revista Nursing, Barueri, n.7, v.70, p.12 – 14, Março, 2004.
Bourget MMM. Programa Saúde da Família – Guia para o planejamento local. – O cotidiano do PSF. São Paulo: Martinari, 2005.
Bourget MMM. Programa de saúde da família-saúde bucal. São Paulo: Martinari, 2006.
Brasil. Ministério da Saúde. Saúde da Família – Uma estratégia para reorientação do modelo assistencial. 1997.
Brasil. Ministério da Saúde do Brasil. Secretaria de Políticas de Saúde, Departamento de Atenção Básica, Área Técnica de Saúde Bucal. A reorganização da saúde bucal na atenção básica. Div. em Saúde para Debate, Rio de Janeiro, n.21, p.68-73, dez., 2000.
Brasil. Ministério da Saúde. Guia prático do Programa Saúde da Família. Brasília: MS, 2001.
Brasil. Ministério da Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: caderno do aluno: saúde da mulher, da criança e do adolescente. 2. ed. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2002. 158p.
Brasil. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Alimentação escolar. Brasília, DF. Fev. 2008. Disponível em: http://www.fnde.gov.br/limentacao_escolar/htm. Acesso: 28 dez. 2008.
Brown ER. 1987. In: Buss PM. Promoción de la salud y la salud pública. Una contribuición para el debate entre las escuelas de salud pública de América Latina y el Caribe. Rio de Janeiro, Brasil, 2000.
Buss PM. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva, 5, 1: 163-177, 2000.
Câmara C. O. et al. Inserindo a odontologia no PSF: planejamento de ações locais no município de Breves. Artigo publicado em fevereiro de 2008. Disponível em: http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=781&idesp=12&ler=s. Acesso: 16 fev. 2009.
Carino KM et al. Early childhood caries in northern Philippines. Community Dent. Oral Epidemiol., v.2, n. 31, p. 81-9, apr. 2003.
Chambers DW. Behavoir management techniques for pediatric dentists: na embarrassment of riches, J. Dent Child n. 44, p. 30-34, 1977.
Corrêa MSNP, Machado MAAM. A boca e o ser humano. In: Corrêa MSNP. et al. Sucesso no atendimento odontopediátrico: aspectos psicológicos. São Paulo: Santos, 2002, cap. 14, p. 149-162.
Costa Neto MM. Tecnologia e saúde: causa e efeito? In: Garrafa, V; Costa, SIF. A bioética no século XXI, Editora UnB, Brasília, pp.145-150, 2000.
Couto CMM. et al. A percepção de mães pertencentes a diferentes níveis sócio-econômicos sobre a saúde bucal de seus filhos bebê. Arq. Odontol. Belo Horizonte, v. 37, n. 2, p. 121-132, jul./dez. 2001.
Cunha JJ. Almeida, F. Etiologia da Doença Periodontal – Fatores de risco. In: Cunha JJ. (Coordenador). Compêndio de Periodontia. Rio de Janeiro: Medsi, 2000
Demo P. Pesquisa e construção do conhecimento. Metodologia científica no caminho de Habermas. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1994.
Dias CR. Promoção e proteção da saúde bucal na família: o cotidiano da prevenção. São Paulo: Santos, 2007.
Dickson M. Abegg C. Desafios e oportunidades para a promoção de saúde bucal. In: Promoção de saúde bucal na clínica odontológica. São Paulo: Artes Médicas, c. 3, p. 39-71, 2000.
Dimitrova MM et al. Prevalence pf early childhood caries and risk factors in children from 1 to 3 years of age in Plovdiv, Bulgaria. Folia Med. (Plovdiv), v. 1-2, n. 44, p. 60-3, 2002.
EMMI DT, BARROSO RFF. Avaliação das ações de saúde bucal no programa saúde da família no distrito de Mosqueiro (Pará) Revista Ciência & Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 2007.
Febres et al. Parenteral awareness, habits, and social factors and their relationship to baby bottle tooth decay. Pediatric Dentistry, 19, 1: 22-27., 1997.
Ferreira ARC, Gaíva MAM. Atenção odontológica para bebês: percepção de um grupo de mães. JBP: J. Bras. Odontopediatr. Odontol. Bebê, Curitiba, v. 4, n. 22, p. 485-489, dez. 2001/ jan. 2002.
Franco SRK. Aprendizagem e construção do conhecimento. (mimeo).
Frazier PJ, Horowitz AM. Oral health education and promotion in maternal and child health : a position paper. Journal of Public Health Dentistry, 50, 6: 390-395., 1990.
Garboza CS, Walter LRF. Estudo da prevalência de cárie numa população de 0 a 5 anos atendida precocemente pela Bebê Clínica da Universidade Estadual de Londrina. Semina. 18: 51-54. Edição especial, 1997.
Giglio EM et al. Princípios de psicologia e sua relação com a odontopediatria. In: Guedes-Pinto AC. Odontopediatria. 6. ed. São Paulo: Santos, 1997, cap. 10, p. 131-145.
Greenbaum PE. Dentist`s reassuring touch: effects on children`s behavior. Pediatr. Dent. N. 15, p. 20-24, 1993.
Horowitz A. Seminário Internacional “Saúde bucal para todos”. ABOPREV, 8-9., 1994.
Hyssala L. et al. Dental health behavor in fathers of young families in Finland. Community Dentistry and Oral Epidemioly, 20, 3:125-129, 1990.
Ismail AI. Prevention of early childhood caries. Community Dentistry and Oral Epidemiology, 26, 1: 49-61, 1998.
Kawabata K. et al. Development of an oral health indicator in infants. Community Dental Health. 1997, v.14, p. 79-83.
Kickbusch I. In: Promoción de la salud: uma antologia. Washington, D.C. , 1996.
Lacerda JT, Traebert JL. A Odontologia e a Estratégia Saúde da Família. Tubarão: Unisul, 2006.
Levy SN. et al. Educação em saúde histórico, conceitos e propostas. Conferência Nacional de saúde On-line. MS, 2008. Disponível em: <http:www.datasus.gov.br/cns/datasus.htm>. Acesso: 19 dez. 2008.
Lourenço EC. A inserção de equipes de saúde bucal no Programa de Saúde da família no estado de Minas Gerais. 99 f. Tese (Mestrado em Saúde Coletiva) – Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas, Piracicaba, 2005.
Low W. et al. The effect of severe caries on the quality of life in young children. Pediatric Dentidtry, 21, 6: 325-326., 1999.
Machado MAAM et al. O desenvolvimento psicológico e o atendimento odontológico do bebê. In: Machado, MAAM et al. Odontologia em bebês: protocolos clínicos, preventivos e restauradores. São Paulo: Livraria Santos, 2005.
Massao JM. et al. Filosofia da clínica de bebês da Unigranrio-RJ. Revista Brasileira de Odontologia, 53, 5: 6-13., 1996.
Massoni ACLT. et al. Percepção de pais e responsáveis sobre a promoção de saúde bucal. Rev. Odontol. UNESP, Araçatuba, v. 34, n. 4, p. 193-197, 2005.
Medeiros UV. Atenção odontológica para bebês. Revista Paulista de Odontologia, 1993, 15, 6: 18-27.
Menezes AF. A participação da família na promoção da saúde bucal em alunos da escola Raimundo Pimentel Gomes – CAIC, em 2002, Sobral – CE, 81f. Monografia (Especialização em Saúde da Família) – Escola de Formação em Saúde da Família Visconde de Sabóia, Universidade Estadual Vale do Acaraú, Sobral, 2004.
Milio N. Katz M. Promoting health through public policy. Journal of Health Politics Policy and Law, 8, 1: 176-177. 1983.
Moisés ST, Watt R. Promoção de saúde bucal – definições. In: construindo ações coletivas em saúde bucal. Fortaleza, 2000, p. 94-113.
Morinushi S. An evaluation of the dental health examination and guidance for one half year old children as Public Dental Health Service. Japanese Journal of Pedodontics, 3: 485-501., 1980.
Moura LFAD. et al.. Avaliação da eficácia de métodos de higiene em bebês. JBP: J. Bras. Odontopediatr. Odontol. Bebê, Curitiba, v. 3, n. 12, p. 141-146, mar./abr. 2000.
Nadanovsky P. Promoção da saúde e a prevenção das doenças bucais. In: Saúde Bucal Coletiva. São Paulo: Editora Santos., 2000.
Nowak AJ, Anderson JL. Preventive dentistry for children: a review from 1968-1988. Journal of Dentistry for Children, 57, 1: 31-37, 1990.
Ops (Organización Panamericana de la Salud), Promoción de la salud: uma antalogia. Washington, D.C. , 1996.
Organizacion Mundial de La Salud – Mediciõn del cambio del estado nutricional: directrizes para evaluar el efecto nutricional de programas de alimentacion suplementaria destinados a grupos vulnerables. Genebra, OMS, 1983.
Paiva SM. et al. Atendimento a bebê: um programa para a saúde pública. Rev. Gauch. Odontol., Porto Alegre, v. 42, n. 3, p. 174-175, maio/jun. 1994.
Paunio P. et al. Dental health habits of 3-year-old Finnish children. Community Dentistry and Oral Epidemiology, 21, 6: 4-7. , 1993.
Pereira ALF. As tendências pedagógicas e a prática educativa nas ciências da saúde. Caderno de Saúde pública, Rio de Janeiro, v. 5, n. 19, p. 1527-1534, set./out. 2003.
Piaget J. A epistemologia genética. São Paulo, Editora Martins Fontes., 1978.
Piaget J. et al. Abstração reflexionante. Relações lógico-aritméticas e ordem das relações espaciais. Porto Alegre, Artes Médicas., 1995.
Pinto VG. Educação em saúde bucal. In: Pinto, VG. Saúde bucal coletiva (org.), pp. 311-317, Livraria Editora Santos., 2000.
Resende ALM. Saúde dialética do pensar e do fazer. São Paulo, Editora Cortez. , 1986.
Ribeiro EM. As várias abordagens da família no cenário do Programa/estratégia de Saúde da Família (PSF). Revista Latino-Americana de Enfermagem, v.12, n.4, 658-664, 2004.
Santrock JW. Child development. 7. ed. Chicago: Brown & Benchmark Publishers, 1996, 687 p.
Serino RJ, Gold, SB. Infant and early childhood oral heatlh care. A New York State Dental Journal, 2: 34-35, 1997.
Silva LC. et al. Postura de um grupo de gestantes da cidade de Curitiba – PR em relação à saúde bucal de seus futuros bebês. JBP – Jornal Brasileiro de Odontopediatria & Odontologia do Bebê, 2, 8: 262-266. 1999.
Sheiham A, Moyses SJ. O papel dos profissionais de saúde bucal na promoção de saúde In: Buisch, I (Org). Promoção de saúde bucal na clínica odontológica, São Paulo: Santos, 2000.
Stotz EN, Valla VV. Educação, saúde e cidadania. Rio de Janeiro, Hucitec, 1993.
Tafner APMF, Lima YJV. Educação em saúde no PSF. In: Seminário de Ciências Sociais, 2006.
Toledo AO, Rocca RA. Manejo da criança na clínica odontológica. In: Toledo, o. a. Odontopediatria: fundamentos para a prática clínica. 2. ed. São Paulo: Premier, 1996, cap. 3, p. 65-78.
Tractemberg J. Era da prevenção: um enfoque para o 3º milênio. Âmbito Odontol., São Paulo, v. 9, p. 19-21, 1994.
Valla VV. Redes sociais, poder e saúde à luz das classes populares numa conjuntura de crise. Interface –Comunicação, Saúde e Educação, 4, 7: 37-60. Botucatu, SP: Fundação UNI, 2000.
Verny T, Kelly JA. A vida secreta da criança antes de nascer. 3. ed. São Paulo: C. J. Salmi, 1993, 125 p.
Vilela S. Programa saúde da família PSF, a estratégia que aproxima. Disponível em: http://www.plugbr.net/programa-saude-da-familia-psf-a-estrategia-que-aproxima/. Postado em junho de 2007 – Acesso: 15 fev. 2009.
Walter LRF. Nakama R. Prevenção da cárie dentária através da identificação, Determinação e controle dos fatores de risco em bebês – Parte I. JBP – Jornal Brasileiro de Odontopediatria & Odontologia do Bebê, 1, 3: 91-100., 1998.
Wanderley MT. et al. Educação e motivação na promoção da saúde bucal. In: Corrêa, MSNP. Odontopediatria na 1ª infância (org.), pp. 389-402, São Paulo: Santos, 1999.
Wepman BJ, Sonnemberg EM. Effective communication with the pedodontic patient, J. Pedod. n. 2, p. 316-321, 1979.
Who (World Health Organization). The Ottawa Charter for health promotion. Health Promotion 1, III-v, Geneva: WHO, 1986.
Who (World Health Organization) Novos Protagonistas para uma Nova Era: Orientando a Promoção da Saúde no Século XXI, Indonésia: WHO, 1997.
Wright GZ. Controle psicológico do comportamento de crianças. In: Mcdonald RE, Avery DR. Odontopediatria. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
Zabala A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Atmed, cap. 2, p. 27-52, 1998.
Zavanelli AC. et al. A participação familiar na prevenção da cárie. Rev. Fac. Odontol. Lins, Lins, v. 12, n. 1/2, p. 7-11, jan./dez. 2000.
Zuanon ACC. et al. A importância do reforço constante na motivação do paciente. JBP – Jornal Brasileiro de Odontopediatria & Odontologia do Bebê, 2, 9: 391-396, 1999.