CAPÍTULO I: A INFÂNCIA, A MÍDIA E O DEFICIT DE SOCIALIZAÇÃO
Os cenários já do fim do século XX compreendiam a redução da influência socializadora de grupos primários, como a família, na formação de crianças e jovens. A família, em particular, passa por grandes transformações, entre as quais se destacam as famílias parciais, com freqüência dirigidas pela mulher; o aumento do número de filhos fora do casamento formal; a menor duração média das uniões; o aumento do trabalho da mulher fora do domicílio e os mais variados arranjos gerencionais na composição do grupo familiar. Focalizando a formação da identidade na cultura, o Relatório de Cuéllar (1997) chama a atenção para o fato de que as crianças vivem em um mundo matriarcal, com os pais contribuindo com cerca de um terço do tempo que as mães dedicam ao cuidado das crianças, Por outro lado, as variações interpaíses são elevadas, sendo, por exemplo, de poucos mais de duas horas em média de tempo dedicado pelas mães às crianças nos EUA, cerca de cinco horas no Nepal e quase seis na Austrália.
No caso da América Latina e dos países em desenvolvimento, a desarticulação da família é em grande parte devida à deteorização das condições econômicas e sociais, especialmente ao desemprego, à pobreza e às migrações. Com isso, vem um cortejo de conseqüências que inclui a violência doméstica, o abandono de crianças e adolescentes, o trabalho infantil e as condições negativas para o sucesso escolar considerando-se que este depende em mais de 50% das condições familiares.
Estas mudanças traduzem em maior convivência formal e informal das crianças e jovens entre si. Representam também desafios para a escola, exigindo uma pluralidade de tipos de processos educativos para diferentes necessidades (Cuéllar, 1997), aumentando a jornada escolar, expandindo o número de anos de escolaridade desde a educação infantil ao nível superior e, sobretudo, requerendo o exercício de funções para as quais não está preparada. Enquanto é relativamente menos déficit transmitir conhecimentos e habilidades, a escola é chamada a formar valores e atitudes numa visão integral do educando (cf. Delors et al., 2000), em parte suprindo o papel da família.
Este quadro de declínio da socialização primária levou Tedesco (1998) a abordar o déficit de socialização das novas gerações. Em nossas palavras os elos que unem as nossas gerações e asseguram a continuidade das culturas e da história se enfraquecem. Ao mesmo tempo, segundo o autor, este déficit não foi coberto pelos novos agentes socializadores da mídia, que não foram projetados como entidades para a formação cultural e moral. Ao contrário, a mídia supõe que esta formação já tenha sido adquirida e que as pessoas tenham capacidade de escolha. Ao mesmo tempo, a facilidade de acesso e de decodifcação mesmo por crianças pequenas do que é veiculado pela mídia, mais particularmente pela televisão, com a sua dinâmica simbiose entre as imagens entre movimento e sons, não passa sem conseqüências. Isto levou Postman ( 1994) a desenvolver a sua controvertida e provocante tese do desaparecimento da infância.
Comparando os tempos medievais com a modernidade, Postman enfatiza o papel da imprensa na codificação daquelas informações e valores, sobretudo ligados à sexualidade e à violência, privativos do mundo dos adultos. Enquanto na Idade Média européia ocidental, as crianças compartilhavam quase integralmente do mundo dos adultos, com poucas barreiras de identidade e privacidade, a modernidade veio trazer novos conceitos de separação entre os dois mundos, especialmente com a barreira interposta pelo conhecimento escrito, que exigia uma gradualidade no acesso a certos territórios do conhecimento,de domínio de geração maior. Em contraste, as tecnologias da comunicação de massa tornaram o caráter da informação pessoal e regional em impessoal e global. A informação se tornou em mercadoria vendável e a televisão em especial demoliu a hierarquia do acesso a grande parte das informações.
Ao mesmo tempo, segundo a lógica da economia de mercado, a criança foi “adultificada” nos papéis de consumidora, de vendedora de produtos e até de objetos com algum caráter erótico, como certos artefatos da moda infantil.
O tratamento da criança como miniatura do adulto (um conceito superado por Rousseau) ainda envolve a exposição à violência. Os comportamentos infantis e juvenis violentos constituem uma questão amplamente discutida pela literatura. Uma pesquisa comparada em 23 países, realizadas pela UNESCO revelou que at televisão é onipresente em todas as partes do mundo e que as crianças passam mais tempo ligadas a esse meio de comunicação do que em qualquer outra atividade não escolar, incluindo deveres de casa, convívio com a família ou amigos, ou leitura. Apesar de ter esta ampla influência, a violência na mídia, em especial na televisão, é universal e apresentada em contexto compensatório. Conforme os traços de personalidade das crianças e de suas experiências diárias, a violência na mídia satisfaz a diferentes necessidades: ‘compensa’frustrações e carências em meios ambientes problemáticas. Para os meninos cria um quadro referencial de ‘modelos de papéis atraentes’ (Groebel, 1998).
A maioria dos estudos sobre a violência e a agressão na mídia dos EUA e outros países, mostra que, em conjunto com outras impressões mais significativas, contribui para o aumento da agressividade em certos indivíduos, em certas circunstâncias. Estudos longitudinais verificaram que o fato de assistir a mídia violenta explica de cinco a dez por cento do aumento da agressividade das crianças e jovens ao longo dos anos. Este percentual é reduzido,conquanto não desprezível.Outras pesquisas apontam também para a relação recíproca entre mídia e agressão: crianças e jovens já agressivos são atraídos pela violência, enquanto esta reforça a sua violência. As conclusões também indicam que, para uma minoria de indivíduos, as concepções equivocadas sobre a violência na vida real, o temor de vivenciá-la, a sensação de ser ameaçado no seu ambiente e idéias sobre como cometer violências, em situações de crise, podem abrir caminho à agressão destrutiva.
Portanto, há uma relação bidirecional entre a televisão e o espectador. Se a primeira contribui para estruturar rotinas cotidianas, o seu uso é condicionado pelo quadro de normas e valores do contexto de recepção. Deste modo, conforme pesquisa em Braga, Portugal (Pinto, 2000), alguns fatores de alto de alto consumo da televisão constituem o isolamento social, sobretudo a vida urbana e a condição de filho único; a escola de tempo parcial; o estilo de vida e os valores predominantes na família, que, em parte, influenciam a localização e o número de receptores de televisão. O consumo televisivo pode, assim, ser alterado pelo contexto familiar, desde que modifique as suas normas e estilos de vida e proponha atividades alternativas capazes de competir com a televisão (se bem que a pesquisa tenha verificado que as crianças que mais viam a televisão eram também as que tinham atividades mais diversificadas).
CAPITULO II: COMO UTILIZAR A LINGUAGEM TELEVISIVA DA PROGRAMAÇÃO DA TV ABERTA DE FORMA CRITICA, TENDO EM VISTA A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO COTIDIANO?
A televisão é um recurso tecnológico muito presente na vida das famílias brasileiras por ser um meio de entretenimento de fácil acesso em todas as residências, abrangendo principalmente as crianças. Ao trabalharmos com os alunos na idade de 4 a 7 anos, notamos que sua brincadeiras quase sempre são agressivas com socos, pontapés, empurrões, “armas imaginárias”, intitulam as brincadeiras como bons x maus, e com isso notamos que sempre se nomeiam pelos nomes das personagens de desenhos infantis, e preferem quase sempre ser “maus”, mostrando que os admiram, é observado que por sua força, crueldade, tipos de armas e armadilhas utilizadas, enquanto que os “bons” utilizam de menos violência e, apesar de sempre vencerem no final, não jogam “sujo” como os “maus”, não sendo para eles tão legal.
Ao observarmos essas atitudes, achamos relevante pesquisar a influência da tecnologia televisiva através da programação infantil, focando os desenhos animados, porque acreditamos que certos tipos de programação geram certos tipos de comportamento nas crianças, que trazem para o ambiente escolar aspectos positivos, mas na maior parte das vezes negativos, tanto para o convívio entre alunos, como também com os professores.
Pretendemos através dessa pesquisa abordar essas atitudes, até onde realmente são influenciadas e o que poderá ser feito à respeito, seja no ambiente escolar, familiar, social, ou em qualquer lugar onde a criança manterá relacionamentos com outras pessoas e propor um trabalho, em equipe, para tentar amenizar o problema, para que possamos lança-los a sociedade como homens e mulheres mais humanos, mais sensíveis às questões sociais, enfim, promover a cidadania que é a obrigação de todos nós: pais e educadores.
CAPITULO III: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A tecnologia pode ser concebida de muitas maneiras. A mais utilizada é a concepção de que ela é um método ou técnica criada pelo homem para tornar seu trabalho mais leve, sua locomoção e sua comunicação mais fáceis, ou simplesmente sua vida mais agradável e divertida. Na educação as tecnologias que são relevantes são aquelas que amplificam os poderes sensoriais do homem e aquelas que aumentam seus poderes intelectuais: capacidade de adquirir, organizar, armazenar , analisar, relacionar, integrar, aplicar e transmitir informações.
Os dois últimos séculos viram o aparecimento de varias novas tecnologias de comunicação como o correio moderno, o telégrafo, o telefone, a fotografia, o cinema, o rádio e a televisão.
Surge ai um novo termo: “Tecnologia na Educação”, como toda e qualquer forma de tecnologia relevante a educação como uso de computadores, internet, etc., mas inclui também a fala humana, a escrita, a imprensa, currículos e programas, giz e quadro negro, etc., apesar de ao ouvirmos esse termo pensarmos apenas em computadores.
Mas a tecnologia entra em nossas vidas quer queiramos ou não, seja através dos computadores, telefones, e muito frequentemente da televisão.
Pensando nisso, ao perceber o quanto nossas crianças estão cada vez mais “plugadas” na televisão e na sua programação, decidimos abordar o tema de pesquisa sobre a tecnologia televisiva e os desenhos animados.
Desse modo, nos perguntamos: será que os desenhos animados, que para nós são tão inocentes e inofensivos, também o são para as crianças?
Em busca de respostas, pesquisamos alguns trabalhos já realizados nessa área, e vamos relatar abaixo alguns artigos encontrados, para tentarmos ter uma idéia de como vem acontecendo esse processo, se positiva, ou negativamente, ou ambas as coisas.
Demonstrou-se em estudos clínicos feitos recentemente que as pessoas expostas a filmes que transmitem cenas de violência podem levar os expectadores a apresentarem comportamentos hostis, ocorrendo assim maior aceitação da violência como uma maneira de resolver situações conflitantes. Já nas crianças os efeitos podem ser vistos quando se tornam menos sensíveis a dor e ao sofrimento de outras pessoas; se tornarem mais temerosas do mundo que as cerca e ficarem mais agressivas.
Observou-se em estudos feitos por pesquisadores da Havard, nos Estados Unidos, em 2000, Drs. Fumie Yokota e Kimberly M. Thompsom, que muitos desenhos classificados como livres, não haviam sido feitas quantificações quanto as cenas de violência. Eles definiram a violência como sendo atos com a intenção de causar danos físico, ou por puro divertimento, onde o agressor tenha algum tipo de contato com o objetivo de ferir a vítima, sendo que na maioria das vezes a principal arma utilizada foi o próprio corpo.
Para os pesquisadores, desenhos violentos poderiam influenciar as crianças de modo que para elas isso passaria a ser algo normal, e poderiam até tentar imitar a violência das personagens, porque muitas vezes são consideradas engraçadas e sem conseqüências mais sérias.
Eles acreditam que os pais deveriam ter o controle do que seus filhos assistem, fazendo uma avaliação prévia da programação.
Na tese da aluna Ana Maria de Oliveira ( do curso de Comunicação Social), onde estudou o tema: as crianças e a violência na televisão, ela questionou o fato de violência estar simplesmente representando a atual sociedade, que impactos causou, etc. Ela concluiu que a televisão vem perpetuando a idéia de que a inteligência está dando lugar a força bruta, que a moralidade está ultrapassada. Nela são mostrados fatos diariamente como crimes violentos contra pessoas e propriedades, violência nos jogos de futebol, vandalismos, etc.
Ela avalia a televisão como sendo a enfeitiçadora e memorável, pois uma cena de alguns segundos pode ser recordada a longo prazo e a violência produz um efeito muito direto, principalmente nas crianças, que frequentemente imitam as cenas violentas que vêem.
Expõe que alguns produtores de televisão riem das preocupações acerca da violência, dizendo ser realista, refletirem a realidade e ser o que os telespectadores querem ver. Não é necessário que seja visto, pode-se desligar o aparelho ou trocar a programação, mas não há muitas opções para escolher, e os pais não podem estar presentes a todo instante para assistir com as crianças aos programas infantis.
De forma geral as crianças começam a assistir desenhos animados aos 2 anos, e como só captam parte do que vêem por terem dificuldade em fixar-se, esses são “codificados” de forma nítida , suas ações são feitas por efeitos sonoros particulares, para ajudar captação e compreensão. Quando assistem as cenas de violência, por exemplo, é provável que incluam à sua que o mais forte tem sempre razão, compreendendo sem dificuldades que o mais forte é o eu tem mais poder. Isso é mostrado mais nitidamente nos desenhos de ação e aventura. O fato é que pesquisas vêm sendo realizadas desde os anos 60, e as opiniões se convergem muito. Acredita-se que a violência afeta não apenas o comportamento das crianças, mas também suas crenças e valores. Por exemplo, algumas crianças que vêem muitos desenhos temem mais o mundo real, outras ficam insensíveis a essa violência. Desenhos como “Dragon Ball”, “Power Rangers”, são extremamente violentos, e são preferidos pelas crianças.
Crianças nessa idade (2 a 5 anos) são muito impressionáveis, e esses desenhos mostram como sendo normal pessoas serem agredidas. As crianças podem, através dos desenhos animados, serem levadas a achar que se baterem em um colega, como assistem nos desenhos, não o machucará, e que ficará tudo bem.
Segundo Bandura (1994), as personagens atrativos tem mais probabilidade de funcionar como modelos e as pesquisas neste domínio tem mostrado que a atratividade de um modelo é maior quando se trata de um herói, quando o seu comportamento pode ser visto como altruísta e quando possui características sócio-demograficas semelhantes às do espectador. Esses fatores facilitam a identificação da agressão. Quanto maior a atratividade da vítima, o seu altruísmo, o seu caráter heróico e a presença de outros fatores que facilita a identificação, maior a probabilidade de os espectadores partilharem as experiências emocionais das vitimas e consequentemente desenvolverem um sentido de vitimação e medo.
As crianças passam por processo de imitação e consequentemente a medida que tem contato com os programas televisivos interiorizam modelos de comportamento e valores. Ao verem personagens conseguirem o que querem através da violência, tornam-se mais aptas a imitarem esses comportamentos tornando-as menos imaginativas e mais imitativas.
Alguns investigadores quiseram saber se os desenhos teriam mais ou menos impacto do que os filmes com personagens reais. Bandura (1963), concluiu que os desenhos animados não tinham menos impactos que os filmes reais. Hapkiewicz (1977), constatou que nessa questão se chegou a uma conclusão, mas que o problema não parece estar na “natureza” do filme, mas na percepção como realista ou não, na atratividade dos heróis e na semelhança percebida entre o herói e o espectador.
Segundo a pedagoga Maria Fernanda Branco (2001), os desenhos animados banalizam a violência e deixam as crianças fascinadas pelos bonecos e brinquedos das personagens.
O editor da revista Henshin, da JBC, Marcelo Del Greco, especializada em animação japonesa, também acredita ser importante que os pais acompanhem a programação com os filhos para que possam indicar a eles o que é fantasia e o que é realidade, mostrando que o desenho e vídeo game são um pouco fantasioso, que não existe.
Então, parece que a principal orientação é que os pais possam acompanhar a programação que seus filhos assistem e conversar com eles sobre os valores transmitidos. É importante também que os pais estimulem as crianças a assistirem desenhos animados que discutam amizade, companheirismo e afeto.
CAPITULO IV
Os recursos televisivos ajudam o professor, pois atraem os alunos, aproximam a sala de aula do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da sociedade urbana. É inegável o quanto crianças e jovens apreciam e aprendem a partir a partir da interação com esses recursos, não sendo possível dizer o mesmo da relação que estabelecem com a escola. Este cenário redefine as necessidades educacionais e sugere a aproximação da escola com os meios de comunicação, exigindo a superação dos antagonismos.
Mas a utilização desse recurso deve ser muito bem trabalhada, pois quando ele está ligado a um contexto de lazer e entretenimento, e isso muitas vezes acontece sem a gente perceber, não estará ajudando aos alunos, e sim, apenas “passando o tempo”.
A televisão na concepção dos alunos já significa lazer, descanso, e não uma aula, o que já modifica as expectativas em relação ao seu uso.
A televisão fala primeiro aos sentimentos, as emoções, o que você sentiu e não o que conheceu. Isso mostra como ela nos aborda, ela mexe com o nosso emocional, com as nossas fantasias.A imagem, a palavra e a música se integram dentro de um contexto de comunicação afetiva, o que facilita e predispõe a aceitar mais facilmente as mensagens.
As imagens não desvendam imediatamente as significações de que são portadoras. Os fatos não falam por si próprios: é preciso apresentá-los e comentá-los para situar as causas e os efeitos que lhes dão sentido.
A compreensão da televisão como um dos principais meios de aquisição de informações orienta a nossa observação para a forma como essa aquisição acontece.
A princípio os meios de comunicação foram responsabilizados por disseminar uma cultura de massa, desconsiderada no âmbito acadêmico, criticada pelo caráter persuasivo de suas mensagens. Mais tarde foram responsabilizados pelo consumismo, socialização, individualização, violência, fazendo do binômio televisão/educação um paradoxo.
Não há treinamento ou instrução para assistir televisão. As imagens são construídas em nossa mente a partir dos estímulos visuais oferecidos na tela, você interage com as imagens, e mesmo que elas não façam sentido, ficam gravadas em nossa lembrança. São essas lembranças que os alunos trazem para a sala de aula.
Reconhecido como o gênero preferido pelas crianças, o desenho animado ao integrar imagem, movimento, fala, música e escrita e se estruturar em um discurso que transita entre o concreto e o abstrato, a realidade e a ficção, o espaço e o tempo, possibilita um trabalho voltado para a compreensão dos mecanismos envolvidos na compreensão de sentido.
Percebemos muita violência nas brincadeiras das crianças; eles se nomeiam por heróis, repetem suas falas, seus gestos, seus comportamentos, e geralmente não trazem o lado bom do que assistiram, trazem somente a parte mais violenta dos desenhos, lutando, usando espadas, armas, se xingam, e a brincadeira às vezes acaba em briga.
Para reverter esse quadro o professor precisa trabalhar de modo a utilizar esse recurso em seu favor, mas como?
Um bom vídeo é muito interessante para se introduzir um novo assunto, despertar a curiosidade e com isso o professor pode aprofundar o assunto do vídeo e da matéria, que poderá ser utilizado para exemplificar a matéria aplicada, ou dar uma introdução a matéria que ainda será aplicada. Um vídeo pode trazer para a sala de aula realidades distantes dos alunos, como por exemplo, a Amazônia ou a África, como no filme do Rei Leão, por exemplo. A vida se aproxima da escola através do vídeo. No filme “O Rei Leão“ o professor trabalha de forma interdisciplinar, a História com a proximidade entre pai e filho, vinculo familiar. Poderá pedir que os alunos numa conversa informal falem sobre seu vinculo afetivo com a familia, sobre o que seus pais falam sobre o seu nascimento.
Com a disciplina de Geografia o professor pode trabalhar planicies, planaltos, tipos de vegetação , caracteristicas dos animais ( se são herbívoros ou carnívoros), sua alimentação, trabalhar com o conceito de comunidade (sua formação).
Na disciplina de Ciências o ciclo vital do qual se referem ao longo do filme pode ser aproveitado pelo professor a explicações dadas no decorrer do filme pelas personagens, podemos pedir a nossos alunos que reproduzam em cartazes o ciclo da vida, partindo dos vegetais que se transformam em alimentos para os animais herbívoros até chegar no topo da cadeia alimentar, com os homens. O mais importante, além da discussão e do assunto estudado, é estimular a criatividade, por isso, permita que seus alunos usem materiais variados, de lápis de cor a cola e papel, de giz de cera a desenhos etc.
A questão ambiental também pode ser explorada a partir do filme “O Rei Leão”. De que forma o homem tem interferido, quais são as espécies animais mais ameaçadas, o que pode ser feito para reverter esse quadro, quais animais já desapareceram, essas perguntas podem mobilizar os alunos a buscar na biblioteca, em jornais e revistas, na internet e em entrevistas com biólogos e outros especialistas qual é o panorama no momento e as perspectivas futuras desse assunto.
O professor deve trazer para a sala de aula os desenhos que as crianças mais curtem, e através deles explicar o que não deve ser repetido no cotidiano, deve perguntar e comentar as cenas mais fortes, as que mais interessaram aos alunos, revê-las mais vezes, ouvir seus comentários e perguntas e à partir daí trabalhar como planejou, trabalhando o ideal e o real, o que deveria ser e o que costuma ser, explicar suas conseqüências quando aplicadas na sua vida ou na vida do grupo.
O trabalho com desenho animado deverá atender a objetivos voltados para a aprendizagem de conteúdos e aquisição de conceitos relacionados a narrativa do desenho, direcionados para o desenvolvimento de habilidades de observar, pesquisar, comparar, classificar, argumentar e criar um produto do gênero, além de privilegiar a formação de atitudes em relação ao outro e ao ambiente, indo de encontro as propostas de letramento.
No desenho “Padrinhos Magicos” que é transmitido também pela Rede Globo Timmy Turner um garoto de 9 anos que recebeu Padrinhos Mágicos ( Cosmo e Wanda) que realizam todos os seus desejos. Porém, muitas vezes os desejos de Timmy não saem da maneira esperada e ele acaba se metendo em grandes confusões. O professor pode abordar comportamento interpessoal , pois as crianças muitas vezes tem desejos que levadas pelo egoismo podem fazer mau a ela e a outras pessoas.
O professor pode exibir um episódio para os alunos e comentar junto com eles, sobre o video, sempre sendo mediador, estimulando opinião dos alunos sobre o assunto. Pedir para os alunos refletirem sobre as atitudes de Timmy ( personagem). Faça tudo transcorrer como se vocês estivessem desenvolvendo uma entrevista, para isso, peça aos alunos que anotem as respostas ou que gravem a conversa. Peça-lhes exemplos de situações vivenciadas por cada um deles que tenha sido uma lição. Aprofunde requisitando que procurem situações históricas que se encaixem nesse contexto. Ao ultrapassar a leitura ingênua, avançar em direção à leitura crítica, possibilitar generalização, a leitura do desenho animado conduz a consciência do mundo, fazendo o aluno transitar do entretenimento ao conhecimento.
No filme “Era do Gelo 2” que retrata a Idade do Gelo ou Era Glacial é dado pela mudança da umidade atmosférica, fazendo com que se dê uma diminuição da quantidade de água existente no ar (queda da umidade relativa do ar), gerando assim uma maior acumulação nos oceanos e originando o aquecimento em nível global. Podemos abordar a disciplina de Ciência com o tema “Aquecimento Global” que tem o objetivo de promover uma reflexão/ação voltada para a conscientização de cidadãos que valorizam e cuidam do meio ambiente,colaborar para a formação de estudantes críticos e empenhados na preservação ambiental, através de atividades lúdicas e prazerosas, solicitar pesquisa dos alunos sobre a Eras Glaciais, quando ocorreram, como foi seu impacto na Terra.
O professor poderá abordar a disciplina de Historia falando sobre como era o ancestral humano na época, animais que conviviam e que hoje estão extintos, como mamutes , leões das cavernas e cervos gigantes.
No filme “Era do Gelo 1” o professor pode trabalhar a disciplina de Ciências, o fator clima que podemos abranger com os alunos sobre a diferença dos climas quando eles partem para o Sul em busca de clima mais quente, eles podem fazer atividades de pesquisa com os familiares para obter informação de como era o clima onde seus pais moravam. De uma forma multidisciplinar, os estudantes são convidados a mobilizar conceitos e saberes, inclusive trabalhando elementos relacionados à Ética, Saúde, Economia e Solidariedade.
Os profissionais de educação devem ser envolvidos em uma formação que os capacite mediar de forma efetiva a relação criança/desenho animado, explorando suas possibilidades inter e transdisciplinar.
O professor o têm por meta principal o ensino de alguns conteúdos com objetivos pré-estabelecidos, através de temas geradores e significativos, de uma forma multidisciplinar e é essencial a participação dos alunos de forma direta e atuante para que aconteça enfim o aprendizado.
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