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domingo, dezembro 22, 2024

AGOSTINHO DE HIPONA E A PATRÍSTICA

1.1 A antropologia

O homem é uma alma racional que se serve de um corpo mortal e terrestre básico, de acordo com Agostinho de Hipona. Difere, na alma, dois aspectos: a razão inferior e a razão superior. A razão inferior tem por objeto o conhecimento da realidade sensível e mutável: é a ciência, conhecimento que permite cobrir as nossas necessidades. A razão superior tem por objeto a sabedoria, isto é, o conhecimento das idéias, do inteligível, para se elevar até Deus. Nesta razão superior dá-se a iluminação de Deus.

1.2 A política

A política, para Santo Agostinho, só poderá verdadeiramente contribuir para a implantação de uma ordem social justa, quando se abrir para o transcendente. O homem, por si mesmo, é incapaz de construir uma sociedade fundada na paz e na concórdia. Sua natureza é comprometida pela concupiscentia. Um amor egoístico e ganancioso faz o ser humano pensar sempre em si mesmo. Daí, o político também é profundamente marcado pela tendência a servir-se do poder em benefício próprio.

Na época do pastor hiponense, reinava uma imensa insatisfação decorrente da ambição e da paixão pelas glórias humanas. As conseqüências não tardaram a se manifestar. Haviam constantes motins e revoltas causados pelas injustiças e desumanidades, às quais os governantes submetiam seus súditos; justamente eles que deveriam promover o bem comum e a autêntica concórdia no seio da sociedade. Foi neste contexto que ele escreveu sua obra Cidade de Deus. Ao descrever a história da humanidade, o sábio pastor coloca o amor concupiscentiae e o amor caritas no centro de sua reflexão. A Cidade Terrestre e a Cidade Celeste, ambas andam misturadas neste século pelos corpos, mas são distinguidas por essas duas espécies de amor. Embora Santo Agostinho saiba que a concórdia por excelência só terá sua concretização na Pátria Celeste, ele assegura que a política só atingirá seu fim, ou seja, a aquisição do bem comum, quando for conduzida e edificada pelo amor caritas. Este é caracterizado pela caridade desinteressada.

1.3 Deus

A verdade em seu significado mais forte, ou seja, como verdade suprema, coincide com Deus e com a segunda pessoa da trindade. Ele escreve: “Aliás, pelo próprio fato de que a verdade suprema não é inferior ao Pai, sendo co-natural a ele, não apenas os homens, mas nem mesmo o Pai julga sobre a verdade: tudo aquilo que ele julga pela verdade(…)compreende, portanto(…) ó alma(…)se puderes, que Deus é verdade”.

Conseqüentemente, a demonstração de verdade coincide com a demonstração da existência de Deus. Como os estudiosos já observavam há tempos, todas as provas que Agostinho fornece da existência de Deus, em ultima análise, reduzem-se ao esquema das argumentações seguintes: Passa-se primeiro da exterioridade das coisas á interioridade do espírito humano, depois da Verdade que está presente no espírito ao princípio de toda verdade, que é precisamente Deus.

Assim Deus é um ser perfeito e causa da perfeição que pode ser demonstrada.

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