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segunda-feira, dezembro 30, 2024

Análise da Revista Caras a Partir de Lazarsfeld

Tomando como ferramenta de análise a Teoria Funcionalista de Lazarsfeld e Lasswell e tendo como objeto analisado a revista quinzenal ‘Caras’, decompomos minunciosamente ao longo deste trabalho cada aspecto relevante da teoria. No que se refere a analise, identificamos as seguintes funções e disfunções:

Função de Alerta

Faz parte das funções sociais dos M.C.M , pois é usado como forma de chamar a atenção com notícias alarmantes como catástrofes que possam vir a ocorrer, previsões que são apresentadas como forma de aviso, ou seja, alerta de uma forma geral ao publico acerca de eventualidades relevantes à vida, sublinhando assim a enorme potencialidade da função social dos meios de comunicação.

Apesar do objeto de analise não ter como principal função a de alerta, é interessante observar que mesmo em uma futilidade aparente, podemos identificar alguns pontos de relevância social, que muito se aproximam da idéia de alerta, como por exemplo, a parte destinada à cultura e saúde, que são de caráter humano-social.

Na revista de número 47 da edição 681 no dia 24/11/2006 foi veiculada uma matéria sobre anorexia, uma doença que engana. Deixando desta forma evidente a presença da função, embora não sendo este o foco da revista.

Atribuição de Prestigio

“Esta função, que consiste em conferir um status, entra na atividade social organizada, legitimando certas pessoas, grupos e tendências selecionados, que recebem o apoio dos meios de comunicação de massa” (Lazarsfeld- Merton, 1948, p.82)

Outra função atribuída à revista ‘Caras’ durante a análise, é a atribuição de status e prestígio às pessoas transformadas em objeto de atenção por parte da mídia.

O prestigio social é reforçado pelos M.C.M. a partir do reconhecimento da imagem, do renome, do comportamento e das opiniões de um seleto grupo social. O mesmo inclui regras e padrões a serem seguidos, o que constitui a essência da característica do prestigio. O objeto analisado demonstra atribuição de prestigio ao reverenciar determinados seguimentos e comportamentos, colocando em evidencia os ícones, as personalidades em destaque na mídia, destacando seus nomes e sobrenomes, profissão, empresas, enfim, reforçando uma tradição elitista. Quando a revista expõe uma imagem favorável da elite mundial apresentando status, boa família, educação tradicional e renome, está reforçando a atribuição.

Como no exemplo da revista de número 46, edição 680 em 17/11/2006 apresenta uma matéria sobre uma apresentadora de televisão: “Luciana Gimenez ganha festa vip de aniversário: em almoço chique apenas para mulheres, a apresentadora da REDE TV! Festeja 36 anos no auge da beleza”.

Disfunção Narcotizante

A revista ‘Caras’ aplica-se à disfunção narcotizante, no momento em que o leitor, sem se dar conta, vicia-se ao estilo de informação transmitida, e se priva da procura por outras formas de conhecimento. O leitor sente-se satisfeito em saber das atualidades da vida dos ícones da sociedade e se privam de obter conhecimento de outra vertente, como a própria vida (ciência). Um exemplo claro disto, é quando ao ler uma matéria a respeito da viagem de determinado artista para a Europa, o leitor muitas vezes não desperta o interesse em obter conhecimento a respeito das outras faces européias, como cultura, idioma etc. Restringindo seu conhecimento ao conteúdo exposto.

A disfunção narcotizante é apropriada para os efeitos deste tipo de intencionalidade comunicacional, alienação em prol de sucesso de vendas.

Disfunção Conformismo

“Visto que são sustentados pelas grandes empresas inseridas no atual sistema social e econômico, os M.C.M. contribuem para manter esse sistema. O impulso que leva ao conformismo e é exercitado pelos meios de comunicação de massa, deriva não apenas do que é dito, mas sobretudo do que é dublado. De fato, esses meios não apenas continuam a afirmar o status quo, mas na mesma medida, deixam de levantar problemas essenciais acerca da estrutura social. Os meios de comunicação comercializados ignoram os objetivos sociais quando estes se chocam com as vantagens econômicas etc. Ao ignorar sistematicamente os aspectos controversos da sociedade, a pressão econômica impulsiona em direção ao conformismo”
(Lazarsfeld Merton, 1948, p.86)

Os grandes meios de comunicação dependem do “patrocínio” dos grandes interesses econômicos, que não somente dão o “patrocínio”, mas também comandam como as informações ou propagandas são veiculadas. Recusando-se a mostrar o lado crítico em que a sociedade vive. Quando apresentados, é de forma notória que não coloquem em risco o lucro econômico ali investido. A população inconscientemente fica sujeita a essa estrutura de omissão das questões públicas.

Nota-se no produto comunicacional analisado, que há uma ausência de foco para o social, grande parte do conteúdo apresentado na revista caras faz alusão a um padrão de vida, a hábitos dos famosos ícones da sociedade. Em face disto, o consumidor de caras, tende a maravilhar-se com o universo exposto nas paginas da revista, ‘digerindo’ tal realidade sem ‘mastigá-la’. Ou seja, sem maiores resistências, aceitando o padrão imposto nas entrelinhas e rumando ao conformismo, sem tentativa de desenvolver seu lado crítico ou qualquer atitude que reverta à realidade. Um exemplo disto é o fato de que geralmente o leitor desta revista, não tem o hábito de consumir outras revistas que abordem assuntos como ciência, literatura, política, economia etc. Dificilmente acharemos consumidores que façam interseção de consumo entre a Revista ‘Caras’ e ‘Carta Capital’.

Bibliografia

WOLF, Mauro. Teorias das Comunicações de Massa. Martins Fontes- São Paulo- 2005.

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