Os aneurismas cerebrais são dilatações saculares ou fusiformes de artérias encefálicas (geralmente em suas bifurcações) que quando rompem, causam hemorragias cerebrais que variam desde sangramento subaracnóide (¨sangue espalhado no cérebro¨) até formação de hematomas cranianos (coágulos de volumes variados). Atualmente a maioria dos aneurismas cerebrais são considerados como patologias adquiridas sobre uma suscetibilidade vascular subjacente nem sempre bem definida (apesar de várias doenças do tecido conjuntivo e vasculopatias hereditárias e adquiridas já terem sido muito bem identificadas).
Os aneurismas da circulação cerebral são lesões na grande maioria das vezes de pequenos milímetros (3 à 7 mm) e exceto nos casos de aneurismas ¨gigantes¨(maiores que 25 mm) geralmente não são diagnosticados em exames como Tomografia Computadorizada ou Ressonância Nuclear Magnética encefálicas padrões. O exame ¨padrão-ouro¨ é a Angiografia cerebral (¨cateterismo cerebral¨) porém a Angiotomografia e a Angioresonância estão progredindo como exames não-invasivos e podem diagnosticar aneurismas cerebrais maiores.
O diagnóstico clínico se baseia na presença de sintomas que variam desde cefaléia explosiva até o coma, sendo muito importante a concepção de que a dor de cabeça em decorrência de um aneurisma cerebral ocorre quando o aneurisma rompe e causa uma hemorragia cerebral, antes disso a doença costuma ser assintomática (menos comumente, os aneurismas cerebrais podem dar sintomas antes de romper, quando eles exercem compressão sobre alguma estrutura intracraniana e assim o paciente desenvolve algum sinal clínico que pode ser visto no exame neurológico, pelo médico ou pelo próprio paciente).
Uma vez feito o diagnóstico, o tratamento deve ser realizado através da obliteração do aneurisma, ou seja, a sua exclusão da circulação cerebral. Isto pode ser feito com um dos dois métodos: Cirurgia ¨aberta¨ convencional (microcirurgia vascular intracraniana) ou Cirurgia ¨fechada¨ (embolização do aneurisma através de procedimentos neuroendovasculares).
A escolha do método vai depender de uma série de variáveis como:
1-Morfologia,tamanho,colo e localização do aneurisma cerebral.
2-Circulação colateral,presença de ramos perfurantes.
3-Idade e comorbidades do paciente.
4-Hunt-Hess do paciente (¨gravidade em que o paciente chegou ao hospital¨)
5-Disponibilidade de método, entre outras.
Mesmo com o melhor tratamento empregado as complicações decorrentes da ruptura de um aneurisma cerebral continuam sendo gravíssima. Até hoje (mesmo nos melhores centros especializados do mundo) cerca de 50% do pacientes morrem no primeiro mês e apenas um terço dos sobreviventes terão ¨um bom resultado¨. Desta forma é imperativo que a avaliação de um neurocirurgião seja o mais precoce possível em todo paciente que apresente uma hemorragia cerebral sugestiva de causa aneurismática.
(Dr. Darley Paulo é Neurologista clínico – Título de especialista pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Neurocirurgião – Título de especialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), especialização em Neurocirurgia Vascular e Neuroradiologia Intervencionista Endovascular. E-mail – [email protected])