ANGÚSTIA – Graciliano Ramos
• Romance de confissão – livro escuro e sombrio
• Economia vocabular – a palavra que corta como faca
• Estudo completo da frustração
• Sem predomínio de regionalismo
• A paisagem interessa na medida que interage com psicológico
I- Personagens:
• Luís da Silva – homem tímido e solitário
• Marina – vizinha
• Julião Tavares – homem rico e ousado
• Seu Ramalho ( humilde ) e D. Adélia ( simples )
• Seu Ivo – presente
• Criada Vitória
• D. Mercedes – espanhola
• Camilo Pereira da Silva, Velho Trajano, Amaro Vaqueiro
II- Obsessão da água purificadora
“Lavo as mãos uma infinidade de vezes por dia, lavo as canetas antes de escrever, tenho horror às apresentações, aos cumprimentos, em que é necessário apertar a mão que não sei por onde andou… Preciso muita água e muito sabão.”
“Minha mão está suja. – banheiro desempenha papel importante.
Preciso cortá-la.
Não adianta lavar. – drama coletivo
A água está podre. – gente acuada, esmagada pela vida.
Nem me ensaboar.
O sabão é ruim. – falta de equilíbrio emocional.
A mão está suja,
Suja há muitos anos.”
(Drummond)
“Alguns dias depois achava-me no banheiro, nu, fumando, fantasiando maluqueiras, o que sempre me acontece. Fico assim duas horas, sentado no cimento. Tomo uma xícara de café às seis horas e entro no banheiro. Saio às oito, depois das oito. Visto-me à pressa e corro para a repartição. Enquanto estou fumando, nu, as pernas estiradas, dão-se grandes revoluções na minha vida. Faço um livro, livro notável, um romance. Os jornais gritam, uns me atacam, outros me defendem. “
III- Uma explicação sexual
“O amor para mim sempre foi uma coisa dolorosa, complicada e incompleta.”
• Três aspectos sexuais de seu abafamento:
Infância : “Sempre brinquei só. “
Isolamento imposto pelo pai
Solidão em que sempre viveu
• Três símbolos fálicos:
As cobras da fazenda do avô
Os canos de água de sua casa
A corda
III- Observações:
• A essência do erótico está no esconder-se.
• Uso de monólogo interior.
• Todo fato é estímulo para Luís repassar acontecimentos e sentimentos da infância, que pesariam na vida de adulto.
• Raskolnikoff – Crime e Castigo
• Romance mais complexo do autor
• Características do autor: ódio ao burguês e a vocação literária.
I- Autor
– Mais importante ficcionista de geração de 30.
– O realismo do autor tem sempre o caráter crítico.
– O herói é sempre problemático e não aceita o mundo, nem os outros e nem a si mesmo.
– Não há predomínio do regionalismo.
– A paisagem só interessa na medida em que interage com o Psicológico.
– Economia vocabular.
– A palavra que corta como faca.
– Uso restrito dos objetos e sintaxe clássica (próximo de Machado).
II- Obra (1936 – Romance de confissão)
– Livro fuliginoso e opaco (escuro, sombrio)
– Raro = encontrar na nossa literatura estudo tão completo da frustração.
Luís da Silva – Frustado, violento, cruel, irremediável, que traz em si reservas inesgotáveis de amargura e negação.
– Fuligem que encobre, sufoca e dá desejos impossíveis de libertação.
A – Obsessão da água purificada
• O banheiro desempenha papel importante (nojo pelas paredes sujas do quarto)
• Sentimento de inferioridade se anula pela Autopunição – só alcança o equilíbrio quando assassina o rival.
Equilíbrio precário, que o deixa arrasado – mas é a única forma AFIRMAR.
Desespero irremediável, tão surdo e profundo.
– Oriundo do sentimento de uma drama não só pessoal, mas também coletivo.
– Drama da vida mal-feita, dos homens mal-vividos.
– Gente acuada, bloqueada, esmagada pela vida, sem entender o porquê disso tudo.
– Incrível dureza desse mundo sem dinheiro nem horizonte.
B – Aprofundando para is círculos mais ásperos dos motivos, talvez pudéssemos encontrar, em parte, uma Explicação Sexual para a consciência estrangulada de Luís da Silva.
Há no livro três aspectos sexuais do abafamento:
• Na infância – “Sempre brinquei só”.
• Isolamento imposto pelo pai – Vive sem mulheres (represando luxúria)
• Solidão- em que desenvolveram os sonhos e os germes da inadaptação.
“O amor para mim sempre fora uma coisa dolorosa, complicada e incompleta”.
Quando encontra com Marina, surge Julião Tavares e a carrega:
– Angústia do ciúme
– Desejo insatisfeito
Luís – Tensão dramática do sexo reprimido.
– Obsessão da intimidade dos outros.
– Vê em tudo manifestações eróticos e vestígios de posse.
– Marcados por três símbolos fálicos:
• as cobras da fazenda do avô
• os carros de água de sua casa
• a corda com que enforca Julião
C – Uso de Monólogo interior
– narrador não é onisciente (Narra sua própria experiência)
– tonalidade egocêntrica.
– O livro parece ao leitor as horas de um longo pesadelo.
– Todo fato é estimulado para Luís repassar acontecimentos e sentimentos da infância, quanto pesam na vida de adulto.
Julião Tavares – Símbolo da adulteração de todas as idéias de Luís.
– Rico, imbecil, conquistador, vulgar.
Marian – Bonita;
– Molecagem e alegria transfere para depressão e vergonha (gravidez)
Dª Adelia – Mãe, faz todas as vontades.
Camilo Pereira da Solva – Velho Trajano – Amaro Vaqueiro – Infância