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domingo, dezembro 22, 2024

Aprender a Ler

Aprender a ler foi, para mim, um processo mágico, o mais inesquecível. Lembro-me de ter passado preciosas eternidades da primeira infância olhando para o papel, na esperança de entender, por simplesmente olhar, o código encantado que me abriria às portas para o mundo fantástico das fadas e dos gnomos.
Um dia, como por acaso, subitamente os misteriosos sinais grafados combinaram-se para contar-me uma linda história, foi, então, que descobri que já sabia ler.
Ganhei de minha mãe, a coleção do Sítio do Pica Pau Amarelo, de Monteiro Lobato e, de brinde, o livro O Conde De Monte Cristo, de Alexandre Dumas, deixei o Sítio e viajei para a Ilha De Monte Cristo e da janela de meu quarto, em meu apartamento, viajei pelos mares, visitei os castelos, descobri tesouros e fiquei, ao virar de uma página, rico, me vi comprando palácios, dando festas,… Ha, como é bom ler.
Na escola, enquanto meus colegas, liam a coleção vaga lume, eu viajava pelas páginas de Otelo, MacBeth, revelando-se transparente e o encantamento assim vivido tornou-se permanente, já que ainda hoje se restaura em mim sempre que tomo um livro para ler. O cheiro das páginas, sua lisura, os motivos da capa, as fontes dos títulos, há como é bom ler.
Essa experiência primordial e fundamental foi, sem dúvida, a força propulsora da vida que escolhi viver dos livros e das salas de aula -, cultivando e ampliando o conhecimento da arte literária, vendo o mundo com olhos de inseto, de aventureiro, conforme estivesse lendo José de Alencar, Érico Veríssimo, Jorge Amado, . . Mergulhei no Maëlstrom com Poe, enfrentei gigantes com Homero, vivi inúmera vidas que não apenas a minha, e amadureci rapidamente sem que, com isso, um único fio de meus cabelos se tornasse mais branco.
Acredita-se que esse tipo de experiência aliena. Não concordo. Ao contrário, o conhecimento que se adquire com a Arte principalmente com a Literatura -, sempre me forneceu preciosos elementos para lidar com as pessoas e os desafios mais difíceis que se me impuseram com o tempo, vejo-me, como Frodo, do Senhor dos Anéis, no início, um jovem inocente, mas que a cada passo que dá, uma batalha irá enfrentar, a vida é assim, uma batalha constante, liga-se a TV e o que se vê? Faltam presídios, faltam hospitais, faltam escolas, as drogas, as violências urbanas, o homem matando, por matar, no mundo real, vivemos em uma guerra, há como é bom ler.
Ler romances, ficção, contos,… Só assim, podemos esquecer um pouco a realidade e viajar em nossos pensamentos, num mundo de fantasias, onde tudo é possível, nos tornamos os personagens principais, os heróis e mocinhos, salvamos as princesas e todos vivemos felizes para sempre, há como é bom ler.
O estudo e o exercício da crítica literária foram e sempre será, para mim, tão apaixonante como a fruição sensualista da obra. Agrada-me o desafio intelectual, e esse é dos mais ricos. Enquanto algumas pessoas sonham serem fortes como atletas de olimpíadas, lindas como manequins de desfiles, poderosas como Barack Obama ou milionárias como Bill Gates, agrada-me imaginar a capacidade de expressão verbal, o poder de persuasão, a habilidade de raciocinar logicamente, de enriquecer o real com a metaforização. 
Admiram-me os poetas, os contistas, os romancistas, aqueles que são capazes de ensinar aos deuses como é que se cria. Admiram-me as grandes obras literárias, serão sempre elas, para mim, inesgotáveis fontes de prazer, de conhecimento, de vida.
Assim sendo, concluo dizendo que ler é fundamental para o desenvolvimento de cada cidadão e juntos, de uma Nação, vamos nos drogar, de tanta leitura, vamos viajar, de tanta Literatura e deixar o crack, para quem é crack, no futebol.
A vida é uma estrada, cheia de caminhos e curvas, becos e avenidas e em cada cruzamento em que chegamos, temos que decidir qual estrada seguir.
Da janela, da portaria do condomínio, onde trabalho, passo as noites, em companhia da lua, observando as pessoas, os carros que passam, vão e vem e onde cada um é protagonista de sua própria história, ali estou eu, eu e a lua, divido meu tempo entre o trabalho, os estudos da faculdade, e os livros e revistas de Literatura e assim a noite passa, o dia chega e vou para casa encontrar minha família, a base de um ser humano.
Ao chegar, em casa, durmo com a consciência tranqüila do dever cumprido. Ao acordar, vou para o computador, há o que diria Castro Alves, sobre essa máquina que em poucos segundos nos leva tão rápido, como a mente de um escritor, para qualquer parte do mundo? Hora de ver as noticias, logo após, lá vou eu, pegar os livros e revistas, agora em companhia do astro rei, o amigo sol, viajar pelo mundo através da Literatura, há como é bom ler.
As vezes, perguntam- me se não acho a vida monótona, e então, respondo que não, não porque não tenho tempo para pensar em drogas, em violência contra outra pessoa, pois a cada novo livro, que pego para ler, é uma passagem para outra dimensão, e quero viajar na 1* classe, bem confortável, com direito a pipoca e suco, bem geladinho.
Enquanto vejo, velhos amigos, de infância, viajando nas esquinas, sem saírem do lugar, eu viajo pelas páginas dos livros, para todos os lugares do universo, há como é bom ler.
Meu sonho, é um dia, me tornar um escritor para poder colocar nas páginas de meu livro, tudo o que é bonito, toda a fantasia necessária para transformar o leitor em um astronauta e convidá-lo para ir visitar a lua, a eterna amante dos apaixonados, musa inspiradora de todos os intelectuais romancistas e assim, vivermos felizes para sempre. 
A vida é dura, vamos sonhar olhar para o lado e estender a mão ao próximo, como é bonito assistir, nas novelas de época, o respeito dos jovens, para com os mais experientes, a política, como era silenciosa, hoje, é um escândalo atrás do outro, algo só é aprovado se houver um acordo, acordo que irá beneficiar alguém, alguém, que não é o povo, povo que elegeu este cidadão.
Castelos são erguidos, com o dinheiro do povo se me descobrirem, passo pros meus filhos e não dá nada, a Lei me protege. Vamos construir um novo Tribunal? Super faturado, é claro, só assim, poderemos desviar alguns milhões, sou Juiz, não dá nada. Se me pegarem, fico em prisão domiciliar.
Chega, vamos parar por aqui e voltarmos para a Literatura, é tão mais bonito, pois a realidade é tão cruel, este é nosso Brasil. Estou vendo a novela Sinhá Moça e fico analisando como éramos e no que nos tornamos, fica a pergunta, onde vamos parar? 

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