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sexta-feira, novembro 8, 2024

Aprendizagem Infantil

Problema: Qual o papel dos jogos e brincadeiras na educação infantil?

Independentemente de época, cultura e classe social, os jogos e brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas vivem em um mundo de fantasia, de encantamento, de alegria, de sonhos onde a realidade e o faz-de-conta se confundem. As atividades lúdicas infantis são muito variadas e a maioria delas está intimamente ligada às brincadeiras contadas pela família, pelos grupos de crianças da comunidade em que vivem quando se juntam, por exemplo, na rua para brincar, de colegas da escola quando brincam na hora do recreio.

Segundo Piaget (1976): “… os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energias das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual”.

O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem a todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais e que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (Piaget 1976, p.160).

O mesmo nos diz que entre 2-3 e 5-6 anos nota-se a ocorrência dos jogos simbólicos, que satisfazem a necessidade da criança de não somente relembrar o mentalmente o acontecido, mas de executar a representação.

Em período posterior surgem os jogos de regras, que são transmitidos socialmente de criança para criança e por conseqüência vão aumentando de importância de acordo com o progresso de seu desenvolvimento social.

Segundo o autor, o jogo constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade.

Piaget (1998) acredita que os jogos são essenciais na vida da criança. De início tem-se o jogo de exercício que é aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos.

Contudo, na visão de Froebel, o jogo e a fala de uma criança poderão compreender o nível de desenvolvimento no qual ela se encontra. Isso significa que a observação das atividades espontâneas da criança, como a brincadeira e a fala, são de grande importância para o êxito da atividade educativa.

Para a realização do autoconhecimento com liberdade, Froebel elege o jogo como seu grande instrumento, juntamente com os brinquedos. O jogo seria um mediador nesse processo de autoconhecimento, por meio do exercício de exteriorização e interiorização da essência divina presente em cada criança, levando-a assim a reconhecer e aceitar a “unidade vital”.

Froebel foi pioneiro ao reconhecer no jogo a atividade pela qual a criança expressa sua visão do mundo. Segundo Froebel o jogo seria também a principal fonte do desenvolvimento na primeira infância, que para ele é o período mais importante da vida humana, um período que constitui a fonte de tudo o que caracteriza o indivíduo, toda a sua personalidade. Por isso Froebel considera a brincadeira uma atividade séria e importante para quem deseja realmente conhecer a criança.

A brincadeira é a fase mais alta do desenvolvimento da criança, do desenvolvimento humano neste período; pois ela é a representação auto-ativa do interno, representação do interno, da necessidade e do impulso internos. A brincadeira é a mais pura, a mais espiritual atividade do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana como um todo, da vida natural interna escondida no homem e em todas as coisas. Por isso ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso interno e externo, paz com o mundo. Ela tem a fonte de tudo o que é bom. A criança que brinca muito com determinação auto-ativa, perseverantemente até que a fadiga física proíba, certamente será um homem determinado, capaz do auto-sacrifício para a promoção do bem-estar próprio e dos outros. Não é a expressão mais bela da vida neste momento, uma criança brincando? Uma criança totalmente absorvida em sua brincadeira? uma criança que caiu no sono tão exausto pela brincadeira?

Como já indicado, a brincadeira neste período não é trivial, ela é altamente séria e de profunda significância. Cultive-a e crie-a, oh, mãe; proteja-a e guarde-a, oh, pai! Para a visão calma e agradável daquele que realmente conhece a Natureza Humana, a brincadeira espontânea da criança revela o futuro da vida interna do homem. As brincadeiras da criança são as folhas germinais de toda a vida futura; pois o homem todo é desenvolvido e mostrado nela, em suas disposições mais carinhosas, em suas tendências mais interiores. (Froebel, 1887, p. 55-56).

Objetivos gerais: transformar o brinquedo em oportunidade de desenvolvimento. Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionam o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e da atenção. A brincadeira é uma atividade natural da criança, que não implica em compromissos, planejamento e seriedade e que envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer. Brincando a criança se diverte, faz exercícios, constrói seu conhecimento e aprende a conviver com seus amiguinhos.

Objetivos específicos:

Compreender o valor dos jogos e brincadeiras na educação infantil como auxílios eficazes para a construção do conhecimento realizado pela própria criança.
Desenvolver estudos sobre situações de jogos e brincadeiras que proporcionem às crianças a estimulação necessária para sua aprendizagem.
Contribuir para o desenvolvimento cognitivo, físico, emocional, social e moral, da criança.

Justificativa: A escolha do tema justifica-se pelo fato de que com as atividades lúdicas, o educador está trabalhando o processo de construção do conhecimento da criança, respeitando o estágio do desenvolvimento no qual a mesma se encontra.

A brincadeira é a atividade mais prazerosa para criança, por proporcionar alegria, liberdade e contentamento. É o momento em que a criança mergulha na ação lúdica, assim, o brinquedo representa certas realidades, isto é, algo presente no lugar de algo. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais para que possa manipulá-los.

Nesse sentido o lúdico pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento da criança, auxiliando não só na aprendizagem, mas também no desenvolvimento social, pessoal e cultural, facilitando no processo de socialização, comunicação, expressão e construção do pensamento. Vale ressaltar, porém, que o lúdico é uma ponte que auxilia na melhoria dos resultados por parte dos educadores interessados em promover mudanças no processo educativo.

REFERÊNCIAS

FROEBEL, F. The education of man. New York: Appleton, 1887, retirado do site: www.portalensinando.com.br/…/conteudo.asp?id, citado por: Alessandra Arce, Professora do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, campus de Ribeirão Preto, e membro dos Grupos de Pesquisa “História, Sociedade e Educação no Brasil” e “Estudos Marxistas em Educação”. Acessado em 22/08/2009.

Piaget, J. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

_______. Psicologia e Pedagogia. Trad. Por Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria Ribeiro da Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976

________. A formação do símbolo na criança. 3ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

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