Objetivo: Verificar a efetividade das intervenções educativas recebidas durante a consulta pré-natal, no perspectivo da puérpera. Métodos: Pesquisa quantitativa, descritiva, com delineamento transversal, com a finalidade de verificar a assimilação da puérpera sobre os temas educativos abordados no pré-natal. O estudo foi realizado em um hospital e maternidade de médio porte, na clínica obstétrica, localizado na zona Oeste de São Paulo, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e Autorização da Diretoria do campo de pesquisa. A população foi constituída por 30 puérperas internadas na instituição na ocasião da coleta, garantindo aos sujeitos da pesquisa, todas as informações sobre os objetivos e estratégias de acordo com o termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Como instrumento de coleta de dados, utilizamos um questionário estruturado com questões de múltipla escolha, onde os dados coletados foram analisados através de método estatístico simples, apresentados em tabelas e gráfico.
Por ser uma amostragem de probabilidade, envolve seleção aleatória onde cada elemento tem uma chance igual independente de ser ou não selecionada. Resultados: Durante a coleta de dados foi observado que as puérperas demonstram vontade em aprender, onde podemos constatar que os assuntos abordados em teoria quando interagidos com a prática facilitam o aprendizado. No que se refere ao relato ou mesmo à observação das intervenções educativas notou-se desajuste, ora a mãe não sabia o que fazer, ora fazia errado. Em relação aos temas educativos sobre a gestação, 22 puérperas (73,3%) relataram sobre a importância do pré-natal, 53,3% sobre os cuidados de higiene, 46,6% sobre a realização de atividades físicas, 76,6% sobre nutrição, 70% sobre o desenvolvimento da gestação, 53,3% sobre atividade sexual, 53,3% sobre prevenção de DST/AIDS e 73,3% receberam aconselhamento para o teste anti-HIV.
No que se refere à amamentação, houve uma analogia: 56,6% das puérperas haviam preparado os seios para amamentar, 56,6% sabiam da importância da amamentação e 40% receberam informação sobre o leito materno. A loquição constituiu o menor índice de tema abordado, com 16,6%. A alimentação recebeu 50%, a abordagem do planejamento familiar com 50%, 56,6% o retorno e a importância da consulta puerperal e 40% das puérperas falaram sobre os problemas que podem ocorrer durante a amamentação. Conclusões: Este presente estudo nos fez refletir muito em relação a dois paradigmas: a educação e a assimilação. Poderíamos dizer que ambas deveriam estar juntas, porém, nem sempre se faz possível, mas, em que ponto se dissocia? Acreditamos que a realização de um pré-natal deva incluir as ações preventivas, curativas, paliativas, mas acima de tudo, educativa, abordando temas imprescindíveis à mulher, não apenas os assuntos relacionados à gestação.
INTRODUÇÃO
A gestação é um período de intensas mudanças na vida de uma mulher, compreendendo fatores orgânicos, emocionais, sociais e espirituais. O pré-natal enfoca o preparo fisiológico da mulher durante a gestação, com caráter preventivo, identificando, tratando e controlando patologias. A atenção à mulher na gravidez e no pós-parto deve incluir ações de prevenção e promoção da saúde, além de diagnóstico e tratamento adequado dos problemas que podem ocorrer nesse período. O principal objetivo da atenção pré-natal e puerperal é acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando, ao fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal1. O período pré-natal é uma época de preparação física e psicológica para o parto e para a maternidade, como tal, é um momento de intenso aprendizado e uma oportunidade para os profissionais da equipe de saúde desenvolver a educação como dimensão do processo de cuidar2.
A assistência pré-natal não visa apenas identificar, tratar e controlar as doenças da gestação, do parto e do puerpério, mas engloba ainda todas as ações de saúde que preparam a mulher para o exercício pleno da maternidade, onde o preparo para o aleitamento natural é de fundamental importância3. Tendo em vista que a educação em saúde constitui um importante instrumento de trabalho na vida profissional do enfermeiro e entendendo a necessidade de orientação das gestantes, resolvemos verificar a efetividade do aprendizado dessas mulheres, avaliando desta forma, as intervenções educativas prestadas durante o pré-natal.
OBJETIVO
Verificar a efetividade das intervenções educativas recebidas durante a consulta pré-natal, no perspectivo da puérpera.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva, sintetizando os dados, descrevendo parâmetros de dados numéricos destinados a observar, descrever e documentar os principais assuntos educativos. Foi escolhido delineamento transversal, onde os fenômenos sob estudo são obtidos durante o período de coleta de dados4, com a finalidade de verificar a assimilação da puérpera sobre os temas educativos abordados no pré-natal. O estudo foi realizado em um hospital e maternidade de médio porte, na clínica obstétrica, localizado na zona Oeste de São Paulo, cujo atendimento contempla várias áreas da medicina. O estudo foi realizado após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e Autorização da Diretoria do campo de pesquisa.
A população foi constituída por 30 puérperas internadas na instituição na ocasião da coleta, garantindo aos sujeitos da pesquisa, todas as informações sobre os objetivos e estratégias de acordo com o termo de Consentimento Livre e Esclarecido, garantindo seu anonimato e sigilo das informações obtidas. Como instrumento de coleta de dados, utilizamos um questionário estruturado com questões fechadas de múltipla escolha, onde os dados coletados foram analisados através de método estatístico simples, sendo apresentados em tabelas e gráficos, condensando as informações pertinentes ao objeto de estudo. O questionário foi embasado sobre os temas educativos sugeridos pelo Manual Técnico do pré-natal e Puerpério elaborado pelo Ministério da Saúde5. Por ser uma amostragem de probabilidade, envolve seleção aleatória onde cada elemento tem uma chance igual independente de ser ou não selecionada.
Seu delineamento é o mais básico, amostragem aleatória simples, onde os procedimentos são descritos brevemente, para que se possa apreciar o assunto4.
RESULTADOS
Foram entrevistadas 30 puérperas no pós-parto, todas na presença de seus filhos, durante uma semana, as quais obedeceram aos critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos.
Em relação as variável sócio demográficas, a prevalência das idades ficou entre 16 a 18 anos (36,6%) e >25 anos (36,6%) e menor incidência entre 18 a 25 anos (26,6%).
Quanto à escolaridade 13,3% concluíram o ensino fundamental I; 40% concluíram o ensino fundamental II e 50% terminaram o ensino médio.
As puérperas amigadas representam 33,3% da população investigada, contrapondo-se 30% de solteiras; 23,3% de casadas e 16,6% separadas ou divorciadas.
Houve predomínio da não participação da renda (66,6%), seguido de 20% na co-participação da renda e 16,6% da participação da renda.
Observou-se certa homogeneidade na quantidade de consultas realizadas no pré-natal. A maioria das puérperas (90%) realizou mais de seis consultas e apenas 10% realizou cinco consultas.
As consultas com médicos (93,3%) exerceram domínio sobre as consultas de enfermagem (56,6%). Apenas 30% das entrevistadas receberam a visita de um agente de saúde.
Quanto os temas educativos sobre a gestação, 22 puérperas (73,3%) relataram sobre a importância do pré-natal, 53,3% sobre os cuidados de higiene, 46,6% sobre a realização de atividades físicas, 76,6% sobre nutrição, 70% sobre o desenvolvimento da gestação, 53,3% sobre atividade sexual, 53,3% sobre prevenção de DST/AIDS e 73,3% receberam aconselhamento para o teste anti-HIV.
Embora a gravidez seja um processo fisiológico, as várias alterações que ocorrem no corpo da mulher resultam em menor distância entre a saúde e doença. A prevenção ou pelo menos o diagnóstico precoce (dos sinais anormais, seguidos de tratamento imediato) evitará complicações associadas à parturição, durante o trabalho de parto, o nascimento e puerpério, portanto a assistência ao pré-natal é essencialmente preventiva para mãe e o bebê6.
A gravidez é uma ocasião na qual ocorrem alterações físicas rápidas e surpreendentes, a função excretora da pele está aumentada, aumentando a perspiração, tornando a pele e o cabelo mais oleosos, aumentando o número de banhos e lavagem da cabeça. O alimento e seus nutrientes são necessários para a vida e o crescimento, uma dieta que contenha equilíbrio de todos os grupos alimentares, vitaminas e minerais, ajudando a manter a própria saúde física, bem-estar proporcionando um elemento indispensável para o ambiente intra-uterino. A mulher faz ajuste constante em sua auto-imagem.
O exercício é benéfico à saúde na medida em que melhora a circulação e a digestão, aumenta o apetite, incrementa a função intestinal, promove um sono e melhora a atenção das responsabilidades rotineiras. O caminhar é particularmente recomendado.
O desejo de expressão sexual durante a gestação pode variar de uma mulher para outra ou de uma ocasião para outra. De maneira geral, ocorre uma discreta diminuição da atividade sexual do primeiro trimestre, devido à fadiga e talvez náusea; durante o segundo trimestre o aumento da congestão pélvica tende a intensificar o desejo sexual; durante o terceiro trimestre diminui o desejo sexual pelo crescimento do feto e exige mais energia da mulher.
Verificou-se, através do conhecimento das puérperas em relação à gestação, a maioria tem consciência da real importância em realizar consultas do pré-natal em relação a freqüência às consultas, asseio, dietas,relação sexual,higiene e prevenção à DSTs. Em contra partida, essa mesma maioria não tem a menor consciência de como lidar com qualquer tipo de intercorrência que possa ocorrer na gestação, um sangramento vaginal, cefaléias, transtornos visuais, febres, dores abdominais, dificuldades respiratórias ou perdas vaginais.
Verificou-se a que a maior parte das puérpera não saberia lidar com qualquer tipo de intercorrência na gestação: 53,3% procurariam atendimento médico em caso de sangramento vaginal, 43,3% em uma dor de cabeça, 10% em transtornos visuais, 40% na dor abdominal, 30% na febre, 26,6% se ocorressem perdas vaginais e 26,6% na dificuldade respiratória e cansaço
A morte materna e neonatal continua sendo problemas sociais relevantes no país: em 2003 a Razão de Morte Materna (RMM) foi de 51,74 óbitos por 100.000 nascidos vivos, sabendo-se que 92% dos casos associadas ao ciclo gravídico-puerperal e ao aborto são evitáveis.
O conhecimento das adaptações do organismo materno frente às modificações gravídicas é fundamental para a interpretação das manifestações experimentadas por muitas mulheres grávidas nos diferentes períodos de suas gestações. Diante de tais conhecimentos, podemos tranqüilizá-las ou alertá-las a procurarem a equipe de saúde frente a sinais ou sintomas que mereçam investigação ou intervenção adequada.
Em relação aos direitos legais, 33,3% sabiam que o pai ou acompanhante poderia estar presente durante o pré-parto, parto e pós-parto, embora o Hospital não disponha de ambiente adequado para acolhê-lo. 50% relataram saber sobre a licença maternidade e apenas 40% sabiam que continuariam amamentando seus filhos em horário de trabalho sem receber descontos por isso. A mulher moderna desempenha, além das funções do lar, importante papel no mercado de trabalho, contribuindo com o marido para o sustento da família. Muitas vezes, por invalidez, desemprego, abandono do lar pelo marido, ou viuvez, a gestante representa a única fonte de renda da família.
O salário-maternidade é o salário pago à mulher nos 120 dias de licença a que ela te direito após dar à luz. A Constituição Federal de 1988 também concedeu a garantia de emprego desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, ficando proibida neste período, a dispensa arbitrária ou sem justa causa. O artigo 396 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) institui: “Para amamentar o próprio filho, até que este complete seis meses de idade, a mulher terá direito durante a jornada de trabalho, a dois descansos especiais, de meia hora cada um. Quando exigir a saúde do filho, o período de seis meses poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente”.
Um número muito pequeno tem plena consciência que uma parturiente tem todo o direito da presença de um acompanhante em sala de parto, seja ele quem for para lhe trazer segurança nessa hora tão importante para a mulher. Como podemos observar, as puérperas tem conhecimento muito vago em relação aos aspectos éticos e legais. Acreditam veemente que tem direito à licença maternidade porque é lei e o patrão tem que dar, pois acreditam que vão ficar em casa “ganhando sem precisar trabalhar”, não tendo a consciência que lhe é atribuído essa licença, esse direito, para que a mãe tenha um resguardo adequado com todo cuidado que deva ser tomado, para não terem complicações no puerpério, que é um período de extrema importância com um alto grau de complexidade; para que possa amamentar o filho até seis meses de idade, com períodos alternados de descanso.
É importante acolher o (a) acompanhante de escolha da mulher, não oferecendo obstáculos à sua participação no pré-natal, no trabalho de parto, parto e pós-parto. O benéfico da presença do (a) acompanhante já foi comprovado. Vários estudos científicos nacionais e internacionais evidenciaram que as gestantes que tiveram a presença de acompanhante se sentiram mais seguras e confiantes durante o parto. Foi reduzido o uso de medicações para o alívio da dor, a duração do trabalho de parto e o número de cesáreas. Além disso, alguns estudos sugerem a possibilidade de outros efeitos, como a redução dos casos de depressão pós-parto5.
No que se refere à amamentação, houve uma analogia: 56,6% das puérperas haviam preparado os seios para amamentar, 56,6% sabiam da importância da amamentação e 40% receberam informação sobre o leito materno. Observou-se que mesmo as puérperas que receberam informações apresentavam dúvidas e insegurança. Teve a presença de algumas mães que não haviam preparado os seios e conseqüentemente apresentaram muitas dificuldades em amamentar.
Amamentar é o ato de a criança obter o leite materno sugando as mamas, ou a oferta, pela mãe à criança, da mama e seu leite. À luz dos referenciais teóricos da fisiologia da lactação, praticamente, todas as mulheres têm possibilidades fisiológicas de amamentar, porém, esse potencial, inato não assegura a ocorrência da amamentação.
Pesquisas mostram que, embora a maioria dos pré-natalistas aconselhe o aleitamento materno às mães que ainda não se decidiram, poucos falam sobre o assunto no primeiro trimestre e muitos recomendam a complementação com fórmulas lácteas. Mais importante que o início precoce e a freqüência às consultas são as atitudes dos profissionais, considerados como indicadores indiretos da qualidade da assistência prestada.
Desde o início do pré-natal, se não antes, o obstetra o enfermeiro devem abordar os aspectos anatômicos e as modificações funcionais que as mamas sofrerão ao longo da gestação e do puerpério, examinar detalhadamente as glândulas, além de orientar como se prepara, se corrige ou se diminui possíveis alterações anatômicas que porventura existam. Além disso, é de suma importância lembrar os benefícios maternos e infantis do aleitamento natural em toda a consulta pré-natal, esclarecer tabus e mitos e cativar o pai para a participação no processo.
Quanto às informações referentes ao parto, 50% nos relatou sobre a indicação para o parto normal, 40% para o parto cesárea, uma minoria, 16,6% explicou sobre as vantagens do parto normal e somente 36,6% descreveram os sinais e sintomas do parto.
A cesárea é um ato cirúrgico originalmente desenvolvido para salvar a vida da mãe e/ou da criança, quando ocorrem complicações durante a gravidez ou no parto. É, portanto, um recurso utilizado quando surge algum tipo de risco para a mãe, o bebê, ou ambos, durante a evolução da gravidez e/ou do parto. Como todo procedimento cirúrgico, a cesárea não é isenta de riscos, estando associada, no Brasil e em outros países, a maior morbimortalidade materna e infantil quando comparada ao parto vaginal.
Sobre o puerpério, pouco foi falado. A loquiação constituiu o menor índice de tema abordado, com 16,6%. A alimentação recebeu 50%, a abordagem do planejamento familiar com 50%, 56,6% o retorno e a importância da consulta puerperal e 40% das puérperas falaram sobre os problemas que podem ocorrer durante a amamentação.
O puerpério é considerado, segundo o MS, como um estado de alteração emocional essencial, provisório, em que exige maios vulnerabilidade psíquica, tal como no bebê, e que, por certo grau de identificação, permite às mães ligarem-se intensivamente ao recém-nascido, adaptando-se o contato com ele e atendendo às suas necessidades básicas5.
Muitas mulheres confundem a loquiação com menstruação, fato esse evidenciado pelo relato das puérperas entrevistadas. A informação coerente se faz necessária à medida que esse fato pode contribuir para uma nova gestação em virtude de elas acreditarem que a fertilização está diminuída nesse período e não exista probabilidade de engravidarem.
A mulher que amamenta necessita de 500 a 1.000 Kcal dia mais que aquela que não-lactante. O aleitamento pode aumentar o risco materno de deficiência de magnésio, vitamina B6, folatos, cálcio e zinco. Assim, a alimentação durante o aleitamento deve ser planejada visando cobrir as necessidades nutricionais maternas e o valor calórico e nutritivo do leite secretado.
Durante a consulta puerperal, o planejamento familiar deverá ser abordado. De acordo com o MS a abordagem deve incluir os seguintes tópicos:
– informação geral sobre os métodos que podem ser usados no pós-parto;
– explicação de como funciona o método da amenorréia da lactação (LAM);
– se a mulher não deseja, ou não pode usar a LAM, ajudar na escolha de outro método;
– disponibilização do método escolhido pela mulher com instruções para o uso, o que deve ser feito se esse apresentar efeitos adversos, e instruções para o seguimento.
O retorno da mulher e do recém-nascido ao serviço de saúde, de 7 a 10 dias após o parto, deve ser incentivado desde o pré-natal, na maternidade e pelos agentes comunitários da saúde na visita domiciliar.
O assunto recém-nascido evidenciou insegurança por parte das puérperas. As informações recebidas durante pré-natal e mesmo a vivência de uma maternidade anterior não foram suficientes para que elas pudessem mostrar perfeita assimilação. Todavia, o constituinte emocional, como um sentimento novo frente ao desconhecido, sugere participação nessa insegurança. 50% das puérperas demonstraram os cuidados com a higiene do recém-nascido, 33,3% sabiam das vestimentas adequadas, 26,6% receberam informações sobre medicamentos, 53,3% sobre a vacinação, 30% informaram sobre a caderneta da criança, 20% relataram os principais problemas que o recém-nascido pode ter e 53,3% receberam informações sobre a triagem neonatal.
DISCUSSÃO
Durante a coleta de dados foi observado que as puérperas demonstram vontade em aprender e ficou evidenciado que os assuntos abordados em teoria juntamente com a vivência assistida por profissional capacitado favorecem a assimilação.
Aparentemente, está havendo uma falha nas ações educativas durante o pré-natal, pois parece paradoxal que a mulher, ao passar por uma gestação sem complicação e freqüentando o pré-natal, chegue ao ultimo mês demonstrando falta de conhecimento sobre alterações advindas da gravidez e despreparo para vivenciar o parto.
Essa afirmação fica evidenciada por este presente estudo em virtude das comparações dos resultados. Observou-se que a maioria das puérperas recebeu algum tipo de informação, todavia, mostravam-se inseguras e preocupadas principalmente com a amamentação e cuidados com o recém-nascido.
A consulta médica apareceu em maior escala, mas pelo relato das puérperas, pouca ou nenhuma informação foi dada por esses profissionais. As consultas baseavam-se em aferição de pressão, solicitação de exames, prescrição de medicamentos, controle do peso, verificação dos batimentos cardiofetal, entre outros.
A labilidade emocional, o cansaço, o medo do desconhecido – fatores esses normais atribuídos às puérperas no pós-parto – foram levados em consideração e excluídos de uma possível interpretação errônea dos resultados, contudo, notamos que havia uma falta de conscientização sobre fatores importantes como amamentação, alimentação, cuidados com o recém-nascido.
Um estudo realizado em Caxias do Sul mostra que 57% das puérpera entrevistadas negaram ter recebido informações de caráter educativo durante a gravidez, 43% participaram de curso para gestantes e 86,1% receberam informações sobre o trabalho de parto12. Nesse estudo havia falta de profissionais e longas distâncias entre as unidades de atendimento e as moradias das gestantes.
Há necessidade de rever o modelo de atendimento às gestantes durante o pré-natal, ampliando a assistência pautada na promoção e prevenção à saúde por meio das atividades de comunicação e informação.
Sugere-se ainda, a implantação de práticas educativas durante o pré-natal e no puerpério, com a necessária verificação da efetividade do aprendizado, onde podemos evidenciar cursos para gestantes são idéias que são fidedignas e ajudam a gestante ter contato com as informações, podendo interagir com o grupo, dessa forma enfatizando seu aprendizado.
CONCLUSÃO
O presente estudo traz a reflexão sobre dois paradigmas: a educação e a assimilação. Toda gestante tem um misto de anseio, de incertezas, mesmo não sendo a primeira gestação. A visão assistencialista, mecanicista do corpo deve ser rompida e a abordagem humanística deve prevalecer. Existe a necessidade de ensinar, orientar, educar as puérperas, sobre todos os cuidados que ela deve dispor ao recém-nascido, a ela e à sua família, onde devemos trabalhar sobre a realidade, num esforço mútuo para a realização de mudanças. Reforça-se a necessidade da capacitação dos profissionais envolvidos com intuito de humanizar a mulher, de fornecer a elas mais do que o essencial, o necessário: uma visão holística acerca de tudo que possa ser passado à gestante, uma consulta acolhedora, que a faça sentir importante e valorizada, que traga reflexões sobre a maternidade, que lhe deixe à vontade para perguntar, questionar e aprender.
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