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terça-feira, novembro 19, 2024

AUDIÇÃO EM CRIANÇAS

Autor: Renata Leuzzi

Introdução

A deficiência auditiva afeta o desenvolvimento da criança e da vida do adulto, razão pela qual é de fundamental importância para o desenvolvimento de ações de prevenção, através de impedimento de sua instalação, do diagnostico e da intervenção precoce.

As intervenções preventivas devem ter um custo que possa ser mantido, ser de fácil aplicação e de acesso a todos, alem de aceitação por parte da comunidade. Algumas ações importantes são:

Promoção a saúde e prevenção de deficiências auditivas através de campanhas de imunização, atendimento pré-natal, boas condições de parto, acesso aos serviços de saúde, melhores condições de nutrição e saneamento básico.
Alertar a população através de comunicações informativas e educativas.
Identificação das deficiências auditivas o mais rápido possível através das triagens auditivas. Processos rápido, simples, de baixo custo, que permite identificar, dentro de uma grande população, aqueles com maior probabilidade de apresentar uma alteração na função auditiva.
A utilização da triagem auditiva pode ser implementada no nível de atenção primária a saúde, nas maternidades ou em equipamentos de bem estar social e de educação.

Todas as crianças que necessitem do diagnostico após a triagem auditiva, devem ser encaminhadas para os níveis de atenção secundaria ou terciária, na dependência dos exames necessários. O diagnostico deve incluir exame otorrinolaringológico e avaliação audiológica através de procedimentos de avaliação comportamental e/ou eletrofisiolóogicos.

A reabilitação deve ser instituída imediatamente após o diagnostico e inclui a orientação aos pais, a indicação e adaptação de aparelho de amplificação sonora e terapia fonoaudiologica sempre que necessário.

A analise da situação atual tem mostrado que poucas ações para a prevenção, identificação, diagnostico e reabilitação precoces de deficiências auditivas tem sido realizadas no Brasil. É preciso que os diferentes profissionais da saúde possam divulgar e discutir esta questão, com o objetivo de reverter esta situação.

O fonoaudiólogo na audiologia

Participa de programas de conservação auditiva em indústrias: atuando na realização das audiometrias admissionais, periódicas e na educação e treinamento dos trabalhadores.
Aplica testes de percepção de fala e processamento auditivo central.
Seleciona e adapta de aparelhos de amplificação sonora e equipamentos auxiliares de audição.
Avalia eletrofisiológicamente a audição, por meio de: audiometria cortical; eletrococleografia, audiometria de tronco cerebral e emissões otoacústicas evocadas transientes e produtos de distorção.
Realiza avaliação otoneurológica e reabilitação vestibular.
Atua na habilitação auditiva da criança e na reabilitação do adulto/ idoso portador de deficiência auditiva.
Participa de equipes de implantes cocleares, atuando na reabilitação de pacientes implantados.
Participa ativamente e organiza eventos nacionais e internacionais, estando ligado a várias sociedades científicas afins.
É membro de diversos comitês nacionais multidisciplinares destinados a diferentes finalidades.
Participa de programas de estudos pós-graduados em nível de aperfeiçoamento, especialização, mestrado e doutorado, com áreas de concentração em audiologia.
Realiza e orienta monografias de iniciação científica, especialização, dissertações de mestrado, teses de doutorado, livros, capítulos de livros e publica artigos em periódicos científicos nacionais e internacionais.

Avaliação auditiva em crianças

Anamnese

A avaliação começa por uma história clinica completa, onde alguns aspectos deveriam ser pormenorizados. Em primeiro lugar deve-se caracterizar a época de ocorrência da possível Da. Antes dos três anos de idade, um dos aspectos que chama a atenção dos pais e do pediatra para um possível distúrbio auditivo e não a aquisição da linguagem. Dos três aos seis anos, a criançaa poderá apresentar-se destraida, com distúrbios da fala. Acima dos seis anos, a deficiência auditiva poderá se apresentar como um distúrbio na aprendizagem. A presença de uma causa congênita devera ser sempre investigada na anmnese. Malformações anatômicas da cabeça ou do pescoço, a presença de anormalidades estão relacionadas a perda de audição assim como a rubéola materna, a sífilis, toxoplasmose etc. a audição deve ser avaliada também em todas as crianças com síndromes genéticas pois esta podem levar a perda de audição. As causas perinatais, como pré-maturidade, perda de peso, hiperbilirrubinemia etc são também responsáveis por déficits auditivos. O uso de drogas ototoxicas, e meningite também estão relacionados a perda de audição. Portanto é importante a avaliação da audição em todas as crianças para poder detectar problemas precocemente e poder diagnosticar tal problema,

Diagnostico diferencial

A criança com deficiência auditiva normalmente tem comunicação gestual e quando que algo costuma se fazer entender por seus familiares. A portadora de outros distúrbios, tem comunicação difícil ou ate mesmo impossível, como crianças autistas. A criança que não fala, mas cuja linguagem receptiva encontra-se integra, isto é, entende e executa ordens, faz associações corretas de objeto e função, identifica e discrimina objetos, alimentos, roupas etc. esta criança poderá estar se apresentando um simples retardo de aquisição da linguagem emissiva por causas ambientais. A criança que não fala ou articula poucas palavras isoladas, apresenta retardo no desenvolvimento neuropsicomotor, é poderá ser portadora de deficiência mental. A criança que não fala e articula poucas palavras com grandes dificuldades praxicas associada a outros problemas motores, com linguagem receptiva integra, poderá ser portadora de paralisia cerebral. Podem ocorrer casos de deficientes múltiplas, cujo prognostico será pior tanto pela própria limitação desses pacientes, como pela falta de clinicas ou instituições especializadas nesse tipo de atendimento. Um fato interessante é observar que as crianças com deficiência auditiva geralmente aprontam o que querem. Já as crianças com outros tipos de distúrbios levam a mãe pela mão ate onde querem, mas não apontam, deixando o familiar adivinhar o que elas estão querendo. As crianças surdas quando colocadas junto com as crianças que tem audição normal, participam normalmente de todas as atividades lúdicas, não apresentando distúrbios de conduta. As portadoras de distúrbios neurológicos ou psiquiátricos tem quase sempre conduta incomum. As que apresentam retardo mental tem conduta mais infantil. Os condicionamentos auditivos, observados na resposta a sons familiares como o ruído do carro do pai ao chegar, a chamada sonora de comerciais e programas de tv, musicas, eta ausente nas crianças surdas e presente em outras patologias de modo geral.

Procedimentos na Triagem

Quaisquer que sejam as hipoacusias, quanto mais cedo a identificação, maior a possibilidade de cura ou de redução de seqüela. Portanto, os procedimentos de triagem não objetivam o diagnostico, mas a identifição das doenças mais freqüentes na população, através da observação de sinais precoces.

Triagem auditiva

O objetivo é identificar as hipoacusias graves ou profundas. Estima-se que em 2.000 nascimentos, um tenha hipoacusia grave. Apesar da baixa ocorrência, a triagem justifica-se pelas graves conseqüências para o desenvolvimento posterior da criança, quando a detecção não é realizada precocemente.

Os parâmetros para a detecção precoce estão em:

selecionar os bebês de risco;
observar as respostas de orientação diante de estímulos sonoros.
Este último trata-se de uma avaliação subjetiva, feita pelo estudo comportamental frente a sons e ruída, de preferência com espectro sonoro e intensidade conhecidos.

Na ausência ou inconsistência de reações diante estímulos sonoros e na presença de situações de risco para DA, deve-se encaminhar o bebê para uma avaliação audiológica objetiva.

BERA:

O potencial evocado auditivo é o método eletrofisiológico quantificativo mais adequado para a avaliação da audição, porém é inviável como método de triagem universal pelo alto custo. Neste método finos eletrodos colados à cabeça do paciente recolhem os potenciais oriundos de estímulos (clicks) emitidos pelo equipamento. São observados, então, os potenciais evocados da cóclea e tronco cerebral. Normalmente esse tipo de pesquisa é conhecido pelas siglas BERA (Brainstem Evoked Response Audiometry) e ABR (auditory brainstem evoked response).

Os programas de triagem auditivos neonatais realizados nos hospitais são mais efetivos e mais baratos que os screenings comportamentais aos 7-9 meses.

Os métodos de triagem auditiva neonatal podem identificar até 80% de deficiência auditiva com 2-3% de falso-positivas;
A triagem auditiva em crianças de risco (UTI neonatal + história familiar), representando 6-8% dos recém-nascidos, reduz o custo dos programas, mas identificam apenas 40-50% dos casos de DA. Os métodos de triagem de população de risco, associados a testes comportamentais aos 7-9 meses, apresentam maior custo e menor efetividade do que os programas de triagem universal;
Os métodos de triagem auditiva neonatal não identificam perdas auditivas posteriores. A aplicação de métodos comportamentais é necessária para a identificação de 10 a 20% das perdas permanentes que ocorrem a posteriori;
A triagem auditiva neonatal deve ser considerada a primeira parte dos programas de prevenção e adaptação de criança com DA, devendo ser aplicada, respeitando as diferenças regionais e econômicas existentes.
Em relação ao Brasil, o custo para aplicação de um protocolo de avaliação universal baseado em aparelhagem eletrofisiológica certamente é ainda inviável. No entanto, o desenvolvimento de núcleos regionais seletivos para a aplicação de protocolos, seja em populações de risco ou universal, é uma alternativa mais viável.

Ou testes comportamentais

Os testes comportamentais que são realizados no berçário, através da observação de respostas reflexas ao som (reflexo de Moro e córneo-palpebral), e que fazem parte da rotina do exame do recém-nascido de risco pelo intensivista é um método aplicável de avaliação auditiva. Certamente as respostas são menos precisas que as obtidas com as otoemissões e potenciais evocados automatizados.

De quatro a 24 meses

Além da detecção de perdas graves ou profundas, o objetivo neste período é identificar perdas moderadas e leves, em conseqüência de problemas de ouvido médio.

Em crianças com história de perdas auditivas na família é fundamental a realização de avaliações sistemáticas até o final do segundo ano de vida, pois os sintomas de doenças hereditárias do aparelho auditivo podem aparecer tardiamente.

A triagem é feita através de exames periódicos nas crianças de risco, de observação de respostas de orientação a sons, do desenvolvimento geral e da fala e de exame da membrana timpânica.

Para a observação das respostas de orientação a sons, deve ser adotado o seguinte procedimento:

– com a criança acordada, o estímulo sonoro deve ser apresentado quando estiver distraída com brinquedos

4-7 meses – aos quatro meses o bebê esboça movimentos de cabeça em direção à fonte sonora. Aos seis meses volta a cabeça deliberadamente para o lado, quando é apresentado o som instrumental ou é chamado pelo nome. Os instrumentos sonoros devem ser acionados de forma que produzam sons menos intensos do que nos primeiros meses e apresentados a uma distância de 80 cm do ouvido

7-9 meses – a criança esboça movimento de abaixar a cabeça à procura da fonte sonora. A apresentação de sons vocais fora de seu campo visual geralmente provoca vocalizações, o que não é observado em crianças com perda auditiva grave ou profunda

9 a 13 meses – volta deliberadamente a cabeça para sons apresentados lateralmente e no plano inferior

13 a 16 meses – esboça movimento de elevação da cabeça em direção à fonte sonora

16 a 21 meses – volta deliberadamente a cabeça para cima, para baixo e para os lados, em direção à fonte sonora;

21 a 24 meses – procura a fonte sonora em qualquer direção, com movimentos deliberados de cabeça em todos os ângulos.

A falha ou ausência de respostas de orientação aos sons sugere a necessidade de exames otorrinolaringológico e audiológico minuciosos, além de avaliação da linguagem.

No que se refere ao exame da membrana timpânica, é importante observar a elasticidade, a coloração e as condições da superfície. Sempre que houver suspeita de alguma alteração deve-se encaminhar para uma avaliação audiológica.

De dois a dez anos

O principal objetivo nesta fase é a investigação de doenças do ouvido médio. Calcula-se que uma em 25 crianças aos dois anos apresenta perdas auditivas leves e moderadas.

A doença mais comum é a otite média tipo seroso (disacusia condutiva) e apesar de ser, na sua maioria, uma disacusia leve, é suficiente para dificultar o aprendizado.

A quantidade de crianças que deve fazer parte deste grupo é muito maior: 2/3 de todas as crianças apresentam pelo menos um episódio de otite média até a idade pré-escolar. Um terço destas crianças apresenta o primeiro episódio antes de três anos, 1/3 deste grupo apresenta mais de três episódios de otite.

A única forma de tirar as deficiências auditivas de menor intensidade nesta idade é tornando obrigatória a avaliação auditiva tonal e vocal no período pré-escolar, antes do início da alfabetização e em qualquer momento em que alguma dificuldade no aprendizado esteja presente.

Métodos subjetivos de avaliação da audição em crianças

Observação comportamental

A audiometria de observação comportamental tem por objetivo a avaliação de audição em crianças de zero a dois anos e meio de idade, sendo observadas as respostas comportamentais evidentes aos estímulos sonoros. Durante a apresentação do estímulo, são observadas na criança respostas reflexas (reflexo cócleo-palpebral, reação de Startle), procura e localização da fonte sonora, mudança de expressão facial e visual, choro, risos, entre outros(14).

A avaliação durante os primeiros quatro meses é qualitativa, desta forma, é preciso que o observador seja capaz de identificar bebês que têm audição normal. Nos bebês que não respondem é difícil reconhecer aqueles que têm perda e os que não têm, mas uma das possibilidades é que aqueles que apresentam perda auditiva severa ou profunda, tenham falhas constantes ao responder ao estímulo sonoro(11).

Os parâmetros para identificar os níveis de referência das respostas auditivas de crianças normais, são estabelecidos abaixo(15):

– De zero a três meses de idade: sobressalto e atenção.

– De três a seis meses de idade: atenção, procura da fonte e localização lateral (direito e esquerdo), com nível mínimo de resposta a tons puros de 80dB.

– De seis a nove meses de idade: localização lateral, localização indireta para baixo e para cima, com nível mínimo de resposta a tons puros de 60dB.

– De nove a treze meses de idade: localização no plano lateral, localização direta para baixo e indireta para cima, com nível mínimo de resposta a tons puros de 40dB.

– De treze a dezoito meses de idade: localização lateral, localização direta para cima e direta para baixo, com nível mínimo de resposta a tons puros de 20dB.

Técnica de BOEL

Downs‘s Hear Kit

Audiometria de reforço visual

É baseada na técnica de Condicionamento do Reflexo de Orientação (COR) de Suzuki e Ogiba (1961). Apresenta-se o estímulo sonoro, de preferência do tipo (narrow band noise) ruído de banda estreita, ou do tipo modulado (Warble tone) e a fala. Assim que a criança responde ao som, o profissional apresenta um estímulo visual.

O objetivo do teste é reforçar qualquer resposta apresentada pela criança: cessar sua atividade, procurar e ou localizar a fonte sonora, piscar os olhos, sorrir.

A resposta dependerá da idade da criança.

Para este exame é necessário o audiômetro.

Reflexo condicionado de orientação

Consiste na aplicação repetida e sob certas condições já estabelecidas, de um estímulo sensorial indiferente (neutro) associado a um estímulo natural, adequado (que invariavelmente gera um tipo de resposta). Depois de várias repetições, o estímulo indiferente sozinho passa a provocar a mesma resposta produzida pelo estímulo natural

Audiometria lúdica – jogos

É um teste em que a criança apresenta uma resposta lúdica a um estímulo sonoro. É realizada com fones e tem a vantagem de atrair a atenção da criança de forma mais efetiva, com pequeno custo, e avalia um ouvido de cada vez. A sala de teste deve ser tratada acusticamente, os brinquedos devem ficar fora do alcance visual da criança, devendo ser apresentados, um a um. O jogo proposto é: cada vez que a criança ouvir o som coloca o brinquedo numa caixa, por exemplo.

Logoaudiometria

com figuras( SRT, SR)

Testes de P.A.C.(P.S.I.)

Caracterizar o aspecto da interação de sons verbais e não-verbais com e sem perda auditiva por meio dos testes de Localização Sonora em Cinco Direções, Fusão Binaural e do Teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala em escuta Monótica (Pediatric Sentence Identification – PSI-MCI), levando em conta cada procedimento e o grau da perda auditiva

Emissões otoacústicas evocadas EOAEs transientes e produtos de distorção

Com este teste é possível prever informações acerca do limiar auditivo na extensão da audição, ao contrario do BERA, que proporciona informações razoavelmente acusadas restringidas.

Métodos objetivos da avaliação auditiva na criança

Os exames objetivos mais importantes são: Imitanciometria (Timpanometria e Reflexos), Eletrococleografia, Audiometria de Tronco Cerebral (BERA) e Audiometria de Respostas Evocadas.

Audiometria cortical e BERA.

Consiste a audiometria cortical num método objetivo de exame através do qual podemos determinar o limiar auditivo daqueles pacientes nos quais é impossível efetuar-se uma audiometria convencional. Assim é que podemos testar crianças desde o nascimento, retardados mentais (crianças e adultos), pacientes com perda auditiva funcional e afásicos.Baseia-se a audiometria cortical no aparecimento de um potencial na cortex, como decorrência de um estímulo auditivo súbito. A audiometria de respostas elétricas do tronco cerebral (B.E.R.A.), tem o objetivo de avaliar a audição periférica e a condução nervosa até o colículo inferior. É uma técnica não invasiva e objetiva, que pode ser aplicada em adultos e crianças de qualquer idade. O B.E.R.A. é realizado dentro de uma cabine acústica, e utiliza 3 eletrodos de superfície, colocados na fronte e mastóides. O uso de anestesia é desnecessário em adultos e opcional em crianças. O B.E.R.A. consiste em uma série de ondas que refletem a ativação do VIII par de nervo craniano e as estruturas ativas do tronco cerebral, até o colículo inferior. Geralmente o B.E.R.A. possui de 5 a 7 ondas positivas com aproximadamente 1 mseg. de distância entre elas.Geralmente, são apresentados 10 estímulos por segundo e em seguida observa-se a resposta elétrica captada que é levada para um sistema composto de um pré-amplificador e um amplificador, e depois para um sistema mediador que soma e tira a média das respostas. O registro das respostas é feito em papel especial, por caneta ou agulha específica.

A avaliação das respostas baseia-se em 5 padrões principais :

o formato das curvas;
a presença ou não de cada onda nas várias intensidades;
o período de latência;
o valor de amplitude de cada onda;
a correlação entre os dados dos estímulos unilaterais e bilaterais.
O B.E.R.A. é utilizado para determinar o nível mínimo de resposta auditiva em adultos e crianças psicóticos, autistas, com deficiência mental,etc; em casos de pacientes simuladores e em recém-nascidos e lactentes. Através de uma análise detalhada de suas ondas, é possível também caracterizar o tipo de perda auditiva e a localização topográfica da lesão. Além disso, o B.E.R.A. permite pesquisar a maturação das vias auditivas em prematuros e lactentes, e diagnosticar patologias neurológicas que afetam o VIII par e o tronco cerebralem conta cada procedimento e o grau da perda auditiva

Imitanciometria

Exame utilizado para fornecer informações objetivas sobre a integridade funcional do ouvido médio (Timpanometria e Reflexo Estapediano)

Malformações Congênitas

São os chamados “defeitos estruturais grosseiros” existentes no recém nascido. Cerca de 2 a 3% dos neonatos vivos apresentam uma ou mais malformações congênitas significantes. Ao final do primeiro ano de vida podem aparecer descobertas de outras malformações não discerníveis ao nascimento.

Causas:

hereditária: genética e cromossômica
Fatores ambientais
interações de fatores genéticos e ambientais sendo estes agentes; infecciosos, radiação, agentes químicos, hormônios, deficiências nutricionais, hipoxia, substancias químicas ambientais.

Malformações do sistema vestíbulo coclear

Orelha interna

alterações do desenvolvimento labiríntico
as alterações podem gerar desde displasia leves ate aplasia
podem ser ; genéticas ou adquiridas
Nas genéticas o gene é o determinador do distúrbio, nas malformações adquiridas, são os fatores ambientais que interferem no desenvolvimento.

Orelha Externa e Media

As malformações que acometem o pavilhão e o conduto auditivo externo com freqüência também comprometem a orelha media
quanto mais cedo esse processo acontece, mais graves são as malformações.
a severidade da malformação varia dependendo da localização do aparelho branquial afetado e o estagio em que houve a para do desenvolvimento.
alterações unilaterais ou bilaterais, sendo mais comum acometimento da orelha externa e media concomitante.
1.5% da população apresenta apêndices auriculares.
as malformações de orelha media e externa, são acometidas de malformações de mandíbula, palato, etc.
Conduta terapêutica

tranqüilizar os pais, já que na maioria dos casos há desorientação familiar, para que seja possível uma correção futura
avaliação da audição, utilizando métodos objetivos e subjetivos
com perdas unilaterais a criança apresenta um desenvolvimento da linguagem normal.
Já com perdas bilaterais é preciso a protetização precoce.
tomografia computadorizada
deformidade auricular moderada passível de correção, mesmo em crianças pequenas.
orelhas malformadas, tipo microtia e agnesia de conduto auditivo externo, devem ser operadas após o quinto ano de vida.

Fatores de risco para uma perda auditiva infantil

A perda auditiva infantil pode ter varias causas, muitas delas temporárias. Mesmo em alguns casos de surdez neurosensorial, o déficit auditivo não é total. A surdez neurosensorial ocorre em uma criança a cada 2000 nascimentos. Calcula-se que 80% das crianças com SNS sofreram de déficit auditivo congênito ou adquirido precocemente e em 30%dos casos existe um forte componente hereditário -daí a importância em informar ao pediatra sobre casos de surdez em crianças na família. A causa da surdez nem sempre é obvia e permanece obscura em cerca de 40%dos casos. As causas mais comuns de SNS são: fatores hereditários, traumas, risco perinatais, baixo peso, hemorragias no ouvido interno ou uso de antibióticos. Apesar de trabalhoso e caro, buscar a causa é importante nos casos tratáveis de SNS. Cerca de 50% dos recém-nascidos não possuem fatores de risco sugestivos de SNS e com isto o diagnostico é retardado ate que sejam observadas anomalias na fala e na linguagem. Em 33% doa casos o diagnostico é dado quando a criança já esta por volta doa 12 meses de idade. A idade media de diagnostico de surdez na infância varia de 1,74 a 4,3 anos de idade. Contudo, alguns estudos contestam estes números e afirmam: a idade media para o diagnostico pode ser ainda mais alta, situando-se entre 7 e 8 anos de idade em boa parte dos casos. Os pais são os responsáveis pela primeira suspeita de surdez em 60% das crianças com déficit auditivo. Dentre as principais características de risco que auxiliam na avaliação da audição do bebe, pode se destacar:

Durante a Gravidez:

Mãe teve sarampo
Mãe ingeriu bebidas alcoólicas.
Recém-nascido e ate 6 meses de idade

com baixo peso ao nascer ou nascida prematuramente (6-7 meses)
Com aparência incomum (face ou orelhas)
Sofreu icterícia e necessitou de transfusão de sangue
Permaneceu na UTI neonatal por mais de 5 dias.
Recebeu antibióticos endovenosos
Teve meningite ou outros distúrbios neurológicos
Sofreu trauma craniano importante, com ou sem sangramento pelo ouvido.
Apresentou infecções otológicas recorrentes com secreção nos ouvidos por mais de 3 meses.
não reage a ruídos altos com choro ou movimento.
Não acorda com ruído altos
não emite sons
não se vira ao som da voz
Entre 6 e 12 meses de idade

Não aponta para familiares ou objetos quando pedido
Não balbucia ou parou de balbuciar.
Por volta dos 12 meses ainda não compreende frases simples.
Após 13 meses de idade

Não se volta quando chamada
Não se mostra alerta aos sons do ambiente
Não responde aos sons ou não localiza sua fonte
Não imita seus familiares ou usa palavras simples para denominar coisas em casa.
Não utiliza a linguagem falada como outras crianças da mesma idade.
Não ouve tv no volume habitual
Não demonstra grande progresso na compreensão e no uso de palavras para se comunicar.
Recomendações Gerais

Na suspeita de surdez, levar a criança a um otorrinolaringologista para ser examinada. O teste de audição pode ser feito em qualquer idade, mesmo em recém nascidos.

Conclusão

A audição é um dos cinco sentido do ser humano, e é através dela que a linguagem verbal é percebida e interpretada.

É a audição que nos fornece informações sobre os acontecimentos do meio ambiente e que nos permite formar vínculos sócio emocionais, alem de atuar como mecanismo de alerta e defesa contra os perigos que nos cercam.

A deficiência auditiva, popularmente conhecida como surdez atinge grande parte da população mundial, em maior ou menos grau e são diferenciado pelo local da deficiência, seu grau de comprometimento e origem.

Assim sendo, é de extrema importância que os pais e os profissionais da saúde façam um bom acompanhamento, principalmente daqueles que apresentam fatores de risco para a deficiência auditiva:

casos de surdez na família
síndromes e alterações genéticas
problemas durante a gravidez
otites freqüentes
É muito importante que o acompanhamento seja feito pelos próprios pais, pediatras e fonoaudiólogos, pois é possível evitar que problemas graves venham a se instalar. O diagnóstico precoce é fundamental para um direcionismo na habilitação da deficiência auditiva, ou seja, propiciar a criança e sua família uma qualidade de vida cada vez melhor. Por isso a atenção em relação ao desenvolvimento auditivo é de extrema importância para a criança.

Bibliografia

1) Marchesan, Irene Q, D’agostino, Lídia. Desenvolvimento da Linguagem, Monografias Médicas. Série “Pediatria”, Savier,

2) Ramos, Berenice Dias. O Papel do Pediatra no Desenvovimento da Linguagem. Manual de Otorrinolaringologia Pediátrica, Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia,.

3) Wertzner, Haydée F, Lins, Lea. Distúrbios da Linguagem; Pediatrica em Consultório, Sarvier,

4) Da Silva, Rosane P. A Fala Infantil Revela Saúde. Pediatria Moderna, vol Xxxvi, Março 2000,

5) Feldman, H, Bauer, RE. Pediatria do Desenvolvimento-Comportamento. Atlas Colorido de Diagnóstico Clínico em Pediatria, E. Monole, segunda edição

6) Lamar, A. Deficiência Auditiva-Métodos de Avaliação. Manual de Otorrinolaringologia Pediátrica, Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia

7) Lamar, A, Peixoto, M. A Questão da Triagem Auditiva. Documento Científico da Sbp, Dezembro, 1999.

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