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domingo, dezembro 22, 2024

Bioconstrução e Permacultura: Da Ruptura ao Resgate

Autor: Frederico Maciel Vasconcellos Barros

INTRODUÇÃO

A Era da modernidade teve como marco a Revolução Industrial no séc. XVIII, traçando profundas mudanças para o mundo, que ficou exposto ao impacto das novas forças de uma parte do Mundo burguês conquistador. Sua conseqüência para a história Mundial foi estabelecer um domínio do globo através do regime ocidental. Sendo assim o avanço da conquista ocidental se dava sobre qualquer território que estes achassem vantajoso ocupar, impondo o progresso da iniciativa capitalista.

A Revolução Industrial ficou marcada por um mundo no qual os laços sociais se desintegravam, ocorrendo uma ruptura que originou o fortalecimento dos laços entre o ouro e o papel-moeda, onde a política estava engatada ao lucro, fazendo com que o dinheiro governasse criando uma indústria produzida por fabricantes de mercadorias de consumo em massa. Criou-se então um modelo econômico que rompeu com as estruturas sócio-econômicas tradicionais do Mundo não europeu.

Esse trabalho visa pesquisar como a sociedade passou a desperceber a natureza, enfocando a maneira como o homem moderno passou a se organizar na busca do capital, deixando de lado uma vida mais harmônica e sensível, por uma vida mais competitiva, através de uma ciência cartesiana e imediatista, ciência que se construía, desvalorizando o saber tradicional e conseqüentemente técnicas sustentáveis que possuíam um equilíbrio bem maior com meio ambiente.

Dentre essas técnicas, temos hoje a bioconstrucão e a permacultura que podem ser consideradas bastante antigas, mas que não eram diretamente caracterizadas com estes nomes. Porém em decorrência primeiro do pensamento mecanicista, o processo de colonização ocidental e depois da Revolução Industrial, passou-se a utilizar cada vez menos essas técnicas ditas de conhecimento tradicional, dando lugar à ciência moderna, trocando práticas economicamente viáveis e ecologicamente corretas, por técnicas mal dimensionadas que agravam ainda mais a crise ambiental vista a partir do século XX. Essas técnicas que hoje podem ser detectadas como mal dimensionadas, antigamente e até nos dias hoje possuem uma grande aceitação, pois sustentam o discurso do bem dimensionado, do conforto e do moderno.

A evolução da ciência ocidental tem suas origens, tomando como ponto de partida as filosofias místicas dos antigos gregos, percorrendo um caminho que conduz ao desenvolvimento do pensamento intelectual crescente e conseqüentemente se afastando das suas origens místicas, ocorrendo a separação entre o espírito e matéria, surgindo o que podemos chamar de dualismo. Esse afastamento caracterizou uma ruptura do todo em partes, firmando o pensamento ocidental que passou a reorganizar o conhecimento da Antiguidade em formação de esquemas. Segundo CAPRA “a divisão cartesiana permitiu aos cientistas tratar a matéria como algo morto e inteiramente apartado de si mesmos, vendo o mundo material como uma vasta quantidade de objetos reunidos numa máquina de grandes proporções” (1983, p.25 ).

Essa mudança ocasionou em uma apropriação inadequada do espaço vivido, apesar de ter causando um conforto imediato para as comunidades residentes. A paisagem entrou em desequilíbrio físico e moral, se tratando de elementos e materiais exóticos que não se adequavam ao clima es as condições culturais das populações devido ao desprezo às técnicas que se aproximavam do meio natural.

Agora, porém, no inicio do século XXl, o modelo de consumo apropriado e difundido cada vez mais pelo ocidente exerce uma grande pressão, ocasionando em um alto consumo de energia e o uso de tecnologias sofisticadas que se mostram cada vez menos sustentáveis.

Diante de tais afirmações e a necessidades de preservar os recursos naturais, as relações humanas para melhoria da qualidade de vida das pessoas e a re-conexão do homem moderno aos ciclos naturais, a bioconstrucão e permacultura estão conquistando, ainda que pequeno o seu lugar, que resgata a diversidade e o cuidado, através de um pensamento sistêmico, contribuindo para a reconstrução do espaço, do lugar e da paisagem, fazendo uma releitura dos sentidos e identidades que se unem aos movimentos de contra cultura da homogeneização da modernidade, criando uma corrente de pensamento que tem como princípios a utilização da ciência com a união do saber tradicional como fonte de transformação.

Este trabalho preocupa-se com a qualidade habitacional e a conservação da vida e conseqüentemente o espaço experienciado, a proteção da paisagem e o conhecimento tradicional, buscando um cenário mais harmônico para a vida no planeta de uma maneira que o ser humano se inclua como parte da natureza.

Capítulo 1

1.1 Os primórdios

Segundo PROENÇA ,”as primeiras ações reconhecidas do homem foram às atitudes de criar instrumentos, dando início ao processo civilizatório pelo qual vem passando desde que surgiu sobre a Terra. Esta fase da história da humanidade é dividida em três períodos: Paleolítico Inferior, cerca de 500.000 a.C., Paleolítico Superior aproximadamente 30.000 a.C. e o Neolítico por volta do ano 10.000 a.C.”(1978, p.10). Neste período o homem buscava seu abrigo nas cavernas. As cavernas então, foram às primeiras casas do ser humano.

Seguindo a história o homem passou a ter seus primeiros contatos com a agricultura e a domesticação de animais. Esse fato possibilitou ao homem substituir a vida nômade por uma vida mais estabilizada. Essa etapa ficou conhecida como a primeira revolução, denominada de Revolução Neolítica, devido a grande transformação ocorrida na história humana. O homem começou a desenvolver e aprimorar técnicas como a de tecer panos, fabricação de cerâmicas e a construção de suas primeiras casas. Comprovando sua interação e a busca de aprendizado com o meio natural. Antigamente a energia utilizada pelo homem era o produto de seu próprio trabalho, ou seja, sua força muscular e da tração animal.

O homem primitivo, posta a situação de fragilidade do indivíduos e do grupo no mundo natural, perante um universo ameaçador e desconhecido, elabora o mito associado ao desejo de estabilidade sociocultural. Essa ansiedade pela estabilidade, em última instância, pode ser exemplificada através de expectativas: de manutenção da fertilidade dos solos, de disponibilidade de caça, pesca e frutos, de segurança estratégico-militar, de saúde dos vivos e paz espiritual dos mortos.Em conseqüência da explicação desse desejos, os rituais são estabelecidos através da ação coletiva. ( HISSA, 2002, p. 50 ).

Com início das primeiras construções, o homem começou a abandonar as cavernas, construindo suas próprias casas. Uma das primeiras construções foram as edificações em pedras, que eram erguidas sem nenhum tipo de argamassa. Neste período também apareceram as construções denominadas dolmes, que consistem em colunas de duas ou mais, grandes pedras fincadas no chão, representando paredes e uma outra grande pedra colocada horizontalmente sobre essas colunas, constituindo um teto.

Tendo a casa como o segundo espaço do homem sendo que o primeiro é o próprio corpo, as construções vieram para suprir a necessidade de segurança. A proteção das ações dos fenômenos climáticos e do perigo da vida selvagem. Devido a essa necessidade existem registros de moradias do homem por onde ele passou, seja nas cavernas, casas, cabanas ou tendas.

De acordo com GYMPEL, “a evolução possibilitou ao homem a formação das primeiras instituições como a família, divisão de trabalhos e conseqüentemente a criação de sociedades. Algumas sociedades passaram a dominar as técnicas de construção, construindo grandes edificações, enormes paredes de blocos de pedra, surgindo os grandes templos e pirâmides” (2001. p. 53). Muitas das construções realizadas eram inspirações vindas da natureza. Nestas construções eram levados em conta fatores como o clima local, temperatura e iluminação, já demonstrando um certo avanço para a época. Algumas casas possuíam uma abertura retangular no telhado, que permitia a entrada da luz, do ar e também da água da chuva, que era coletado em um tanque.

Assim era o meio de habitação humana, usufruindo a sua inteligência somando aos recursos fornecidos pela natureza. Cada comunidade se adaptava às condições oferecidas pelo meio e assim moldando o seu modo de vida de acordo com o clima e o habitat onde se instalava.

A arquitetura africana, a pré-colombiana, a indígena e a oriental são exemplos destas interações do homem com o habitat e os respectivos elementos naturais disponíveis no local. Outro bom exemplo são as comunidades que desenvolveram suas habitações com o barro, o bambu a palha e outros elementos provenientes do próprio local.

Dentre nossas fontes de pesquisa podemos destacar, Darcy Ribeiro, que em ” O Processo Civilizatório”, caracteriza a evolução da civilização Americana da seguinte forma:

a Selvageria, a Barbárie e a Civilização, cada uma das quais subdividida em três idades: a Inferior, a Média, e a Superior. A partir da selvageria Selvageria Inferior, correspondente à economia de simples coleta de frutos, raízes e nozes, o homem alcançaria a etapa Média com o uso do fogo e a economia da pesca; e a Superior, com a descoberta do arco-e-flecha. A Barbárie teria início com a cerâmica, desdobranndo-se na etapa Média, com a domesticação de plantas e animais, a irrigação, a edificação com tijolos e pedra, e passando à Superior com a fabricação de instrumentos de ferro (RIBEIRO, 1975, P.15)

1.2 A ruptura

O aperfeiçoamento na fabricação de instrumentos e utensílios, no último período da Pré-História ( por volta do ano 10 000 a.C.), possibilitou uma vida mais prática. Com isso a transformação tomou um ritmo mais acelerado, pois o homem percebeu sua capacidade de apropriação da natureza para seu benefício, passando a se desvincular aos poucos do naturalismo.

Com o passar dos tempos esse distanciamento entre o homem ocidental e o meio foi se agravando e o elo que os unia começou a se romper e desrespeitar a dinâmica dos elementos componentes da natureza, ocorrendo então o princípio da degradação do meio ambiente, pois os ciclos naturais passaram ser modificados. O homem se tornou um ser extra da natureza se dissociando dela assumindo uma postura antropocêntrica.

Gympel, em sua obra “História da Arquitetura destacou em uma das suas passagens, que a casa passou a se fechar ao ambiente externo e natural. Quatro paredes, teto sobre a cabeça, separando o homem do meio ambiente possibilitando a criação de dimensões humanas” (2001. p. 67). O espaço também foi alterado originando a formação de ambientes artificiais contrapostos à natureza. Assim como os espaços, os homens começaram um processo artificial, pois as próprias construções refletiam o seu modo de pensar e sentir.

As relações também começaram a deixar de ser comunitárias dando lugar ao individualismo. Com tempo à própria agricultura, antes de subsistência, se transformou em uma agricultura de excedentes para comercialização. Começa então a busca pelo capital a favor do lucro. Essa agricultura já se preparava para o aumento da produção e da produtividade, com o objetivo de alimentar a população que se tornara cada vez menos agrícola.

Surge a era da ciência moderna. Ciência que dividiu o pensamento em fragmentos e passou a desvalorizar o saber tradicional das comunidades primitivas que até então muito haviam contribuído para o desenvolvimento das sociedades. Essa ciência denominada cartesiana veio à tona seguido de um grande momento da história da humanidade, a chamada Revolução Industrial.

A Revolução Industrial é considerado um dos mais importantes acontecimentos da história do mundo, seguidas da invenção da agricultura e das cidades.

A Revolução Industrial baseou-se em uma expansão contínua de acordo com as metas de cada sociedade, que passaram por um processo de transição de uma base agrícola-artesanal, para o urbano-industrial, que passou a utilizar a energia fóssil que possibilitou a aceleração do processo de transformação, pensando em melhorar a vida na Terra através de um progresso imediato.

Segundo HOBSBAWM, essa expansão partiu dos povos europeus mais especificamente na Grã-Bretanha, que possuíam a estratégia de crescimento econômico buscando um aumento máximo dos benefícios, baseando em um planejamento fragmentado e o acúmulo de capital(1977. p. 131.)

Nesta época a ciência passou a subestimar a filosofia natural que era especulativa e intuitiva e tentava explicar a união orgânica de todas as coisas, indo contra o materialismo mecânico e sua precisão quantitativa cartesiana. Sendo assim o homem da civilização industrial visava à totalidade do globo e apesar de não se sentir parte da natureza, passou a depender cada vez mais dos recursos naturais para alimentar as indústrias e conseqüentemente a demanda do consumo.

Conduzida pelos paradigmas da modernidade, a ciência supõe produzir a ruptura entre paixão e objetividade racional, entre desejo e método, entre medo e segurança. Em última instância, ao contrário do mito, vivido como uma prática dos homens e da coletividade, a ciência moderna distancia o conhecimento da prática. Essa contradição solicita a reflexão, posto que o desejo de transformação do mundo é um dos principais propulsores da crítica e da produção do conhecimento acerca do universo natural e cultural. Em outros termos, a mitificação da ciência como prática excludente, além de apartar o conhecimento de sua aplicação, reduz a perspectiva de crítica social tão inevitavelmente necessária à construção de projetos criativos de amplitude coletiva ( HISSA, 2002, p. 55)

A melhoria na condição de vida da sociedade moderna se deu a curto prazo com os produtos gerados pela industrialização. Devido aos benefícios e ao desprezo a natureza, o homem moderno passou a utilizar os recursos naturais sem descriminação. Como estes produtos passaram a facilitar a vida, a sociedade moderna tendenciou ao abandono as técnicas tradicionais, dando preferências aos produtos industrializados.

Na arquitetura não foi diferente. Técnicas tradicionais citadas anteriormente foram substituídas pela construção moderna que já estava em ascensão. A arquitetura e a construção em geral adotaram e se articularam com as idéias da nova economia e modelo de consumo, realçando o choque entre a obra humana e a natureza.

Nessa época a produção do ferro se intensificou, devido às invenções da máquina a vapor, eram produzidas grandes quantidades possibilitando ao consumidor um preço baixo. Surgiram então construções audaciosas com a estrutura de ferro, como pontes antes feitas de madeira, e até mesmo grandes edifícios, criando aos espaços vividos um aspecto revolucionário, por se tratar de construções executadas com elementos totalmente pré-fabricados dando um rumo para as construções racionalizadas.

Além do ferro outros materiais passaram a ser utilizados. Esses materiais eram desenvolvidos a partir de matérias primas baratas e existentes com facilidade de exploração como a rocha calcária, argila, gesso e a própria água. O ferro unido ao betão, (nome do material criado com os elementos citados acima), fizeram uma boa união, sendo o ferro representando as colunas e o betão uma espécie de cimento. Com mais algumas evoluções como o tijolo queimado e a utilização de pedras no revestimento para a proteção do fogo, começaram a surgir os arranhas céus.

Gympel ressalta, que durante esse período outras invenções revolucionárias foram criadas, como o elevador e o telefone que juntos com os grandes edifícios deixaram bem explicito a nova ordem mundial. A evolução tecnológica se configurava com as novas tendências moldando a urbanização e conseqüentemente a arquitetura moderna que tinha como lema: “a forma segue a função”. (2001 p 123.).

A paisagem é humana, tem dimensão da história e do trabalho socialmente reproduzido pela vida do homem. É expressão de um trabalho social materializado, mas também é expressão de um modo de vida. A desigualdade que pode ser percebida no olhar da paisagem é conseqüência dos contrastes decorrentes do processo de produção do espaço urbano. As relações criam as formas e as funções que devem ser cumpridas. (FANI,1994, p.24 ).

O homem ocidental aceitou a modernidade criando uma grande confiança nas técnicas sofisticadas. Com isso a ciência ganhou status e se afastou da subjetividade fundamentando-se na razão cartesiana. O pensamento se torna imparcial e o “eu” toma o lugar do conjunto originando a especialização e o individualismo que colocaram em risco a diversidade e a conservação dos ecossistemas.

1.3 Conseqüências

A urbanização se tornou uma forte tendência do modelo expansionista europeu, criando uma nova forma de ocupação dos espaços. Esse modelo veio com uma característica de moderno e racional, fragmentando o espaço ocupado pela sociedade.

O modelo europeu com seu expansionismo também deu origem a outras mudanças, como nas paisagens em que eles impunham seus traços culturais atropelando a cultura nativa que em muitos lugares desapareceram. O mundo foi obrigado a se adaptar ao moderno, tanto no físico, tanto no social de acordo com as influências do meio ou do contexto cultural que o ocidente impunha interferido na paisagem e no espaço ocupado levando em conta os aspectos visual, cultural e ecológico.

Juntamente com tais interferências, a urbanização e a industrialização, surgiram grandes alterações no espaço vivido pelo homem, seja pelo ponto de vista social , ambiental ou econômico. Essas transformações refletiram diretamente na vida do campo, que perdia cada vez mais os trabalhadores do setor agrícola para o setor industrial. Com essa migração da população para o urbano, criou-se também a necessidade no aumento do fornecimento de alimentos, desfigurando a agricultura doméstica e caracterizando uma revolução na agricultura.

O alimento passou a ser mercadoria e essa mercadoria era distribuída desigualmente entre a população, fortalecendo diferenças e conflitos sociais. De acordo com HOBSBAWM … “O ponto crucial do problema agrário era a relação entre os que cultivavam a terra e os que a possuíam, os que produziam sua riqueza e os que a acumulavam.” ( 1977. 29 p.). A ganância dos homens modernos tomava lugar da sensibilidade e com a crescente do comércio, intensificou a exploração dos recursos naturais. O capitalismo ganhava espaço, onde este homem moderno, visava uma maior produção buscando o acúmulo de riquezas.

Como o crescimento das cidades nas áreas urbanas cresceu subitamente, os espaços e serem ocupados tiveram que ser improvisados por blocos habitacionais densamente construídos e super ocupados. Com o tempo ficaram mal conservados devido ao descuido e o apreço de seus proprietários. Com isso as condições de higiene se tornaram insuficientes por falta de saneamento e arejamento que originaram no surgimento de inúmeras doenças.

As paisagens se tornaram cada vez mais cinzas, onde o verde cede lugar aos prédios, casas, ruas, que parecem estar cobertos por uma nuvem de poluição. A forma passa a dominar onde as grandes construções parecem esmagar os seres humanos e conseqüentemente os sentimentos, as emoções deteriorando as relações humanas.

Como se já não bastasse os problemas de saúde, conflitos sociais, diminuição da qualidade de vida, os interesses da sociedade contrapunha a preservação da natureza, e quanto mais o sistema vigente era alimentado mais a natureza era destruída.

A industrialização crescia cada vez mais e conseqüentemente, a mecanização da agricultura, transformando paisagens naturais em sistemas de monocultura. Os recursos naturais não renováveis passaram a ser extraídos sem descriminação, alterando a terra , a água e o ar do planeta, originando em grandes degradações ambientais, sendo que muitas delas irreversíveis.

Em muitos lugares do globo ocorreram alterações drásticas como o desaparecimento de florestas e espécies da fauna, comprovando que a sociedade moderna interferiu profundamente na natureza. Essa sociedade moderna criou a demanda incontrolável do consumo, que exigia cada vez mais a extração da matéria prima, das fontes de energia existentes no planeta e ainda a mão de obra.

A exploração então não se dava somente aos recursos naturais, mas também do ser humano, que com crescimento do capitalismo, uma minoria da sociedade passou a ter o acúmulo do capital adquirindo um domínio, que explorava a mão de obra. Essa exploração originava insatisfação e desigualdades sociais nas populações.

Pode-se dizer que a crise da modernidade, em síntese resulta da inserção dos indivíduos na sociedade de forma desigual; resulta de promessas não cumpridas, advindas do próprio ambiente histórico da modernidade; resulta da crise do capital; é função da crise do Estado e da crise da política ( HiSSA, 2002,p.63 ).

O planeta entrou em uma crise, pois além da degradação ambiental ter tomado um ritmo acelerado, danificando e deteriorando a qualidade de vida, com a poluição atmosférica devida a emissão de gases descontrolada, a poluição das águas, a perda e contaminação dos solos dos solos devido a modernização da agricultura e ao uso indiscriminado de agrotóxicos, a desertificação, o desmatamento e conseqüentemente a diminuição da biodiversidade quebrando as cadeias ecológicas e inúmeros outros problemas ambientais, as relações sociais se tornaram altamente conflitantes. A competição entre os humanos da sociedade moderna fez com que a ética ficasse deixada de lado, valorizando o poder e a ganância pela posse e pelo domínio.

Vieram também as grandes guerras entre os países, como mais uma conseqüência do distanciamento da ética e a crise das relações humanas. Com o desenvolvimento tecnológico, certos países possuíam em seu arsenal bélico, armas de destruição de massa, a chamada bomba atômica. O mundo não tinha mais segurança, pois o homem moderno, com toda sua tecnologia e cada vez menos sensível poderia decidir o futuro de populações e até mesmo da humanidade de acordo com seus interesses, bastando apenas apertar um botão.

Com tudo o moderno é sempre um tempo de crise. Tempo de encruzilhadas e de dúvidas, de superposições e de movimentos. Tempos de espaços vagos criados, de expectativas e de ansiedades diante da novidade. Tempo do novo, sempre ostensivo, aparentemente pronto para ocupar espaços vagos. É o tempo que sempre deixa algo prometido e não solucionado para o futuro (HISSA, 2002, p.63 ).

A sociedade urbana industrial de consumo esta se auto-destruindo enganosamente na busca de um progresso, de um futuro incerto através de um consumo desenfreado que mais parece um vírus nocivo ao planeta, onde cada indivíduo vive sem se preocupar com as futuras gerações. A capacidade de construir e reconstruir quase tudo o que quiser, deu ao homem o poder também de destruir. Porém o homem moderno poderá reconstruir cidades monumentos, pontes, mas nunca conseguirá reconstruir as paisagens naturais invadidas pela urbanização e industrialização, e muito menos recuperar espécies da fauna e flora já extintos devido as suas ações.

2.1 O Resgate:

No início do século XX começaram a surgir reações contra o modelo de desenvolvimento e as conseqüências que este modelo capitalista vinha trazendo para as cidades modernas, que estavam se tornando cada vez mais artificiais.

Em nossa cultura ocidental ainda dominada pela visão mecanicista e fragmentada do Mundo, um crescente número de indivíduos começa a se aperceber do fato de que essa visão constitui a razão subjacente da ampla insatisfação reinante em nossa sociedade ( CAPRA, 1983, p.27)

O desenvolvimento tecnológico ganhou um ritmo acelerado onde as habitações criadas na sociedade moderna se tornaram espaços doentes. Pois o ar ficou poluído, a poluição sonora está cada vez mais irritante, a radiação e o desconforto térmico são mais uma fonte de preocupação e ainda pode-se ressaltar os inúmeros poluentes químicos que passam a fazer parte do dia-dia desta sociedade.

Esses problemas são gerados pelo avanço tecnológico e pelo modelo de consumo utilizado pelo homem moderno que a tempos se distanciou da natureza a encarando como matéria, associando a alta tecnologia como aumento da produção.

Por isso em meio a crise socioambiental vivida nos dias de hoje, estão emergindo processos produtivos mais eficientes que possam ajudar no crescimento da produção sem que seja preciso o desperdício, e o esgotamento dos recursos naturais e ainda contribuindo para o crescimento econômico.

O resgate se deve não só as tecnologias alternativas, mas sim a uma revolução interna que pode ser caracterizada como ecologia profunda. Pois não adiantaria nada substituir as técnicas se a percepção das suas reais necessidades não estiverem internalizadas no ser humano.

Dentre esses processos alternativos esse trabalho enfoca a Bioconstrução e a Permacultura que surgem como alternativas de transformação que juntas possam contribuir para a mudança na qualidade habitacional e socioambiental. Essas técnicas alternativas tem utilizado o exemplo de paisagens e comunidades nativas misturando-se com o uso de tecnologias modernas, buscando uma combinação entre ambas.

A Bioconstrução junto com a Permacultura vieram para resgatar a melhoria da qualidade de vida, que busca a proposta de equilíbrio e inter-relações das habitações e os fatores naturais de cada região, adaptando à ecologia local levando em conta a cultura já existente.

2.2 Bioconstrução e Permacultura

Como foi escrito no capítulo anterior, antigamente não existiam casas feitas por materiais de construção derivados de um processo industrial e as habitações eram erguidas com os materiais disponíveis no terreno e na região.

É sabido que era utilizado terra, pedras, madeiras extraídos do próprio local. Hoje com as facilidades da vida moderna, pode-se comprar tudo o que se necessita para a realização de uma construção. Esses materiais na maioria das vezes necessitam de bastante matéria prima para o seu desenvolvimento. Essas matérias-primas são extraídas em grande escala e podem estar a uma longa distância da obra a ser realizada, causando muitas vezes grandes impactos.

A bioconstrução vem a partir das antigas técnicas utilizadas a séculos pelos nossos antepassados, com algumas inovações podendo melhorar o desempenho dos materiais a serem utilizados.

De acordo com Instituto de Permacultura do Cerrado ( IPEC), a Bioconstrução visa a utilização de materiais ecológicos reduzindo, ou até mesmo evitando a agressão ao meio ambiente, através de técnicas da arquitetura vernacular mundial, algumas delas com centenas de anos de histórias e experiência. Tendo como características a preferência por materiais do local, como a terra, reduzindo gastos com transporte e fabricação, realizando construções com o custo reduzido e que, ao contrário das construções atuais oferecem um grande conforto térmico, sendo essa uma das vantagens principais.

A sua viabilidade de ser empregada, é a própria disponibilidade, seja pela quantidade, seja pelo custo, pois materiais como a terra e o bambu por exemplos, são de fácil acesso, diminuindo assim o custo do transporte e ainda não envolve consumo de combustíveis fosseis.

Segundo GOUVEIA, “na Bioconstrução se utiliza o micro clima a seu favor, através de uma pesquisa em relação a vegetação e a umidade relativa do local a ser construído. Dessa forma busca-se descrever de modo geral os dados climáticos pesquisados referentes ao período úmido e seco e também caracterizar as sensações observadas, podendo assim assinalar os principais relações clima/local a ser construído para efeito da definição de critérios do desenho ambiental a ser realizado”(2002. p.10).

Rosana Bianchini, é fundadora do Instituto Kairos (Centro de pesquisas de tecnologias alternativas), criado em 2001 situado no Arraial de Macacos no município de Nova Lima-MG, diz que “é possível construir casa, desenvolver agricultura e artesanato utilizando recursos locais, gerar renda para sociedade e ainda preservar o meio ambiente. A Bioconstrução seria um fruto de uma mistura de técnicas alternativas, que estuda as influências das construções do homem sobre o meio ambiente, onde a base da tecnologia é a vontade de quem a utiliza”.

A Bioconstrução se enquadra nos objetivos propostos pela Agenda 21, promovendo medidas que aumentam a capacidade de compreensão mundial em todas as questões do Desenvolvimento Sustentável. Agenda 21 se enquadra no processo de mudança apesar de ainda não estar incorporado ao sistema vigente de uma maneira satisfatória. Se trata de um instrumento que ajudará a direcionar o Planeta a uma nova visão de progresso. Ela possui 40 capítulos relacionados aos programas sociais, econômicos e ecológicos a serem desenvolvidos visando o desenvolvimento Sustentável.

Esta Agenda tem em seu 7° capítulo o seguinte título e atribuições:

Promoção do Desenvolvimento Sustentável dos assentamentos humanos

Oferecer a todos habitação adequada.
Aperfeiçoar o manejo dos assentamentos humanos.
Promover a existência integrada de infra-estrutura ambiental: água, saneamento, drenagem e manejo de resíduos sólidos.
Promover sistemas sustentáveis de energia e transporte nos assentamentos humanos.
Promover o planejamento e o manejo dos assentamentos localizados em áreas sujeitas a desastres.
Promover atividades sustentáveis na indústria da construção.
Promover o desenvolvimento dos recursos humanos e da capacitação institucional e técnica para o avanço dos assentamentos humanos.
Dentro das técnicas e elementos utilizados na Bioconstrução pode-se citar algumas:

Super Adobe: Técnica da construção desenvolvida na Califórnia e que utiliza-se de sacos de polipropileno preenchidos com subsolo do respectivo local. Simples e de fácil aprendizado, com custos baixíssimos por não depender de recursos externos nos principais estágios da construção.
Solo-Cimento: Uma das técnicas alternativas mais difundidas ao redor do Globo, utiliza-se de uma mistura de solo e cimento dentro de formas de ferro ou madeira . As formas são moldadas no local e devem resistir a pressão exercida pela terra quando esta for socada. A matéria prima é o subsolo do local adicionado de 10% de cimento formando uma mistura chamada Solo-Cimento. 90% do material da construção das paredes pode ser proveniente do próprio local da obra, reduzindo bastante o custo.
Reboco: Os revestimentos naturais, seguem os mesmos princípios das técnicas já citadas, como a utilização de recursos do local, economia de materiais e combustíveis, saúde para os habitantes, tecnologia simples e tradicional. É necessário estudar e testar a composição do solo, sendo que cada caso é único e a proporção destes materiais varia de local para local, mas existe um ingrediente que é de extrema importância, que é o esterco de vaca. O esterco contém ácido lático que irá dar a liga necessária a massa do reboco e reduzir a necessidade de se adicionar o cimento.
Madeira: A construção com madeira é uma das formas mais antigas de construção conhecida pelo homem e se aproveita de recurso renovável. A utilização do material pode colaborar com a redução dos níveis de carbono na atmosfera, pois o carbono captado do ar pelas árvores é estocado no tronco da planta em forma de madeira. Mas a situação atual torna a questão delicada, devido a dificuldade de se encontrar madeira de reflorestamento. A técnica de trabalhar a madeira é considerada uma arte desde embarcações do passado, casas e telhados.
Bambu: O Bambu é uma planta versátil e tem inúmeras utilidades. As fibras do colmo do Bambu são extremamente fortes, ao mesmo tempo em que são flexíveis, características que são transferidas quando a planta é aplicada a construção. No Peru as construções de Bambu já provaram sua segurança, resistindo a inúmeros terremotos, na Ásia há milhares de anos são utilizadas as vantagens da planta. No Japão por exemplo, empresas estão acrescentando fibra da Bambu ao concreto que são utilizados na construção de pontes, viadutos e rodovias. O Bambu requer tratamento que possa garantir sua durabilidade e evitar o ataque de insetos e microorganismos. O tratamento convencional é realizado com a utilização de produtos químicos que são extremamente tóxicos, mas é totalmente possível um tratamento ecológico do Bambu, que garante da mesma forma a resistência das construções milenares do oriente. O tratamento varia conforme a espécie,seja com fogo, cera, água, assim como a forma de construção varia de acordo com a região de origem, encaixe e amarração.
Dentre essas técnicas citadas existem várias outras que não estão diretamente ligadas a parte estrutural, como a captação das águas da chuva, a utilização de energias limpas( solar, eólica, biodigestor e etc.), o tratamento das águas cinzas(águas de cozinha ,banheiro e tanques) através de um filtro biológico construído com plantas aquáticas brita e areia, e o reaproveitamento das águas tratadas entre outras.

Existe também a Permacultura, que foi desenvolvida na Austrália a partir da década 70 e tem como seus princípios que cada elemento tenha seu devido lugar, para que haja um apoio mútuo entre os vários elementos do sistema, onde a projeção das estruturas responda ao requisito de integração com o meio ambiente utilizando-se os materiais e as técnicas locais, trabalhando a fertilidade do solo por uma agricultura permanente, aproveitando a interdependência e a complementaridade dos vários setores.

Segundo Bill Mollison, o homem que difundiu a Permacultura para o Mundo, a Permacultura serve para alcançar uma compreensão mais clara do nosso papel no Mundo, onde devemos viver em sintonia com a Mãe Terra aprendendo a conserva-la e reproduzindo a vida.

A Permacultura surgiu através de Bill Mollison, um ex-professor universitário australiano, que se refugiou da sociedade de consumo, resolveu observar e tentar imitar as formas de florestas naturais, revelando assim ser possível a criação de sistemas altamente produtivos e estáveis.

A permacultura esta baseada na prática de cuidar da Terra, ou seja, cuidar dos homens e da terra , compartilhando os excedentes, seja, o dinheiro, o tempo e informações.

Princípios Éticos:

Cuidados com o planeta.
Cuidado com as pessoas.
Compartilhar os excedentes (inclusive conhecimentos).
Limites ao consumo.
A permacultura busca utilizar os benefícios da natureza introduzindo-a ao processo de vida do homem, sem que o mesmo possa originar sua degradação, onde tudo se relaciona em um processo permanente visando a qualidade ambiental e paisagística.

Vantagens da Bioconstrução e da Permacultura:

Conforto e eficiência térmica
Redução dos custos
Saúde e qualidade de vida
Sustentabilidade
Simples e fácil aprendizado
Conhecimento tradicional
Contextualizado um pouco da Bioconstrução e da permacultura, pode-se falar em relação a este trabalho que o foco não são as técnicas de como desenvolver e aplicar, mas sim a essência que elas se inserem para a mudança de paradigmas na construção de um mundo melhor.

Entra então a espiritualidade que representa o ser que somos, que nos leva a viver a vida com mais harmonia e integração com todas as outras coisas. Não entrando no mérito das religiões, mas buscando a verdadeira essência do ser humano, que na sociedade moderna se afastou da natureza, podendo a espiritualidade levar uma conexão profunda com a natureza e ao sagrado.

Essa conexão ou re-conexão com a natureza busca uma sustentabilidade ecológica, através de uma integração das paisagens ao sistema natural, aproveitando as fontes alternativas de energia, reciclando o lixo e a água, buscando o reflorestamento e aplicando a agricultura urbana e orgânica.

Sendo assim através do relacionamento interpessoal na realidade que fazemos parte, a espiritualidade poderá ajudar a re-conetar o homem moderno com a natureza ,onde todos fazem parte de um ciclo, podendo assim buscar uma vida mais verdadeira, visando a transformação.

O caminho da cura passa pela tomada de consciência de que estamos doentes e temos que nos transformar para desencadear o processo de cura no planeta. A mudança deverá ocorrer dentro de cada um de nós. Reconhecer emocionalmente a necessidade de uma mudança interior é o primeiro passo para fazer vicejar novamente a extraordinária beleza da complexibilidade da vida.( FREITAS, 2002. p.51. )

Essa nova tendência é chamada de pensamento sistêmico ou visão holística que segundo CAPRA, tem suas raízes com a física quântica, quando os físicos puderam observar que o átomo possuía uma interconexão entre as entidades subatômicas, diferente do mecanismo imaginado.( 1996. p. 25 ). A partir da pesquisa científica feita ao longo de século XX, buscando um maior entendimento desta teoria, o mundo então poderia ser entendido não mais como uma máquina, mas sim como um grande organismo, proporcionando mudanças radicais em relação a perspectiva mecanicista para a holística.

A ciência holística, construída ao longo do século XX, apresenta o universo com a fisionomia profundamente diferente daquele modelo clássico inerte e sem emoção que, desafortunadamente, perdura até hoje na bases de nossa cultura, se realimentando pelas mídias, pelas instituições sociais e pelos sistemas de educação. ( FREITAS. 2005. p.62 ).

A bioconstrução e a permacultura entram nesta nova tendência onde juntas enfocarão as relações entre as partes. Tendo em vista a predominância da sociedade moderna por um modelo insustentável que o homem moderno erroneamente se considerou como o topo da evolução, acreditando que o planeta existe para suprir suas necessidades. A bioconstrução e permacultura, seguindo uma visão holística, poderão demonstrar através do espaço vivido que são as pessoas quem devem adaptar-se a natureza, respeitando e observando seus ciclos.

Tendo uma visão da parte para o todo, no caso da ecologia profunda de dentro para fora, podemos situar a casa não como um objeto de peças montadas, mas também um sistema que não pode ser partido, junto com a permacultura que complementaria este processo enfocando as relações e não os objetos. Sendo assim a casa estaria em um terreno, que estaria em um lugar, que estaria em um espaço, que com as interdependências estariam dentro de um sistema que alimentaria um organismo vivo, onde todos elementos formariam a Teia da Vida.

Dentro deste contexto do Pensamento Sistêmico a Bioconstrução e a Permacultura juntas, poderão aguçar uma mudança de percepção através do local de moradia, fazendo da habitação um ambiente permanente de aprendizagem, levando em conta os princípios da natureza como:

Interdependência.
Ciclos.
Alianças.
Diversidade.
Equilíbrio Dinâmico e Flexibilidade.
Energia solar.
Atualmente a casa não possui esse papel, sendo ela mais um lugar para pouso, isso vem ocorrendo como conseqüência do modelo atual de desenvolvimento.

A cidade presente Noturna Partida nessa Travessia

Da visão privilegiada das janelas do meu ateliê

Foi nascendo cidade que o tempo leva,

que o tempo traz

Cidade em zoom

Dentro da minúscula viagem

A exatidão do modelo real impondo o que em sua natureza é mudança no fluxo natural do tempo

O universo impenetrável de milhares de janelas sem tempo para abrir ou fechar

Senão o do próprio tempo de cada um,

tempo incontrolável dividido em reduções

e ampliações em descaminhos, buscando no centro

de roteiros vivências, ângulos, imperfeições, Vazios,

silêncio em busca da voz do sentido

o tempo foi guia pelas muitas janelas entre abertas, fechadas

pelas frestas da cidade a infância da memória do quintal da antiga casa na floresta

Márcia Guimarães

Podendo então a Bioconstrução e a Permarcultura ser um portal para uma compreensão ecológica que poderá ser uma esperança de um futuro melhor.

Desta forma as habitações além de se tornarem mais harmônicas ao meio, proporcionarão uma melhor qualidade de vida e possivelmente com menor custo, se tornará também um espaço formador ecopedagógico a partir da observação e interação com a natureza. Podendo então possibilitar o desenvolvimento de comunidades mais sustentáveis mantendo as paisagem mais naturais.

O Pensamento arquitetônico através da integração do meio ambiente construído com o ambiente natural, trabalhando essencialmente os detalhes das formas e texturas da própria paisagem circundante. (BRAUN, 2001. p. 133.)

Considerações Finais

Através desta pesquisa bibliográfica constatou-se uma perda da sociedade dos vínculos naturais que trouxeram graves conseqüências para a saúde ambiental do planeta. Se tratando diretamente da habitação o resgate das moradias ambientalmente mais saudáveis será necessário, onde a Bioconstrução e a Permacultura terão a função de proporcionar e incrementar a alma da sociedade moderna que se encontra no auge da fase materialista, um novo despertar para um mundo mais equilibrado e espiritual.

Com esse novo paradigma acredita-se em encontrar algumas soluções para crise socioambiental que só será superada através de uma mudança de atitude que consiste basicamente em fazer com que os indivíduos vivam de forma integrada ao meio ambiente, alimentando os ciclos naturais, onde o cuidado com a Terra, com as pessoas poderão ser alimentados através de uma cultura permanente sustentando a teoria que o nosso planeta é um organismo vivo e que os humanos são apenas um fio da teia que ajuda a formar toda a complexibilidade da vida.

Referências Bibliográficas

AGENDA 21. Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento 1992. Brasília: Senado Federal, 1996.

BRAUN, Ricardo. Desenvolvimento ao ponto sustentável. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. 183 p.

CAPRA, Fritjof. O Tao da Física: um paralelo entre a física moderna e o misticismo oriental. 21. Ed. São Paulo: Cultrix Ltda, 1999. 274 p.

CAPRA, Fritjof. A Teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix Ltda, 1996. 256 p.

CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Cidade (coleção repensando a geografia). 2. Ed. São Paulo: Contexto, 1994.98 p.

DORST, Jean. Antes que a natureza morra: por uma ecologia política; tradução Rita Buongermino. São Paulo: Edgard Blucher, 1973. 394 p.

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FREITAS, Felipe. SILVEIRA,José Henrique. Alfabetização Ecológica, manual do educador. 2005. Belo Horizonte, 92 p.

GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (des)caminhos do meio ambiente. 6. Ed. São Paulo: Contexto, 1998. 148 p.

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GYMPEL, Jan. História da arquitetura: da antiguidade aos nossos dias. São Paulo: Adriana Nunes, 2001. 119 p.

HISSA, Cássio Eduardo Viana. A mobilidade das fronteiras: inserções da geografia na crise da modernidade. Belo Horizonte: UFMG, 2002. 316 p.

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LEFF, Henrique. Saber Ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder; tradução de Lúcia Mathilde Endlich Orth. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. 343 p.

MENDONÇA, Francisco de Assis. Geografia e meio ambiente. 3. Ed. São Paulo: Bibliografia Argentina, 1998 80 p.

SILVA, Carlos Eduardo Mazzetto. Democracia e sustentabilidade na Agricultura: subsídios para a construção de um novo modelo de desenvolvimento rural. Rio de Janeiro: Projeto Brasil Sustentável e Democrático, 2001. 116 p.

Resumo

Este trabalho se trata de uma pesquisa através de uma revisão bibliográfica sobre a história da habitação que se desvinculou do meio natural a partir de um pensamento mecanicista onde o homem moderno rompeu com os ciclos naturais fragmentando o todo em partes, colocando em risco a sobrevivência dos ecossistemas terrestres. A partir de um nova visão conhecida como visão holística, que no século XXI está cada vez ganhando mais adeptos, a Bioconstrução e a Permacultura podem ser considerados como instrumentos de uma internalização do pensamento sistêmico, possibilitando uma nova esperança de um Mundo melhor.

Para que este trabalho tivesse um desenvolvimento e chegasse a uma conclusão foram pesquisados autores como, o Geógrafo Cássio HIssa, o Físico Fritjof Capra, o Arquiteto Jan Gympel e outros renomados pensadores e cientistas que contribuíram para fundamentar este trabalho de conclusão de curso que defende a Bioconstrução e a Permacultura como instrumentos de formação de ambientes que possam fortalecer e internalizar no ser humano a uma visão holística e sistêmica .

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