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sexta-feira, novembro 8, 2024

BOSSA NOVA

Apresentação

Nesse trabalho vamos falar do movimento que revolucionou a MPB… que surgiu no final dos anos 50.

Aqui você que gosta de Bossa Nova, vai se divertir muito e saber de tudo… pois aqui, tem a história, letras, biografia dos principais autores, compositores, etc…

História

Movimento da música popular brasileira que surge no final dos anos 50, lançado por João Gilberto (1931-), Tom Jobim (1927-1994), Vinícius de Moraes (1913-1980) e jovens cantores e compositores de classe média da Zona Sul carioca. Caracteriza-se por uma maior integração entre melodia, harmonia e ritmo, letras mais elaboradas e ligadas ao cotidiano, valorização da pausa e do silêncio e uma maneira de cantar mais despojada e intimista do que o estilo que vigorava até então.

De acordo com uma definição de Tom Jobim, a bossa nova é “o encontro do samba brasileiro com o jazz moderno”. O marco inicial é o lançamento, em 1958, do LP Canção do Amor Demais, gravado por Elizabeth Cardoso (1920-1990), com música de Tom Jobim e letra de Vinícius de Moraes. O acompanhamento de duas faixas – Chega de Saudades e Outra Vez – é feito pelo violão de João Gilberto, que introduz uma nova batida, identificada mais tarde com a bossa nova.

No início da década de 50, o jazz norte-americano influencia cantores brasileiros, como Mário Reis (1907-1981), Dick Farney (1921-1987), Lúcio Alves (1927-1993), Tito Madi (1932-) e Johnny Alf (1929-), que são considerados os precursores da bossa nova. Eles são acompanhados por jovens da zona sul do Rio de Janeiro, como Carlos Lyra (1936-), Roberto Menescal (1937-), Nara Leão (1942-1989) e Ronaldo Bôscoli (1929-1994), que passa a se reunir para tocar violão e cantar músicas próprias e de outros compositores. Carlos Lyra e Roberto Menescal formam uma academia de violão, em 1956, e divulgam as composições do grupo. Influenciadas pela linguagem informal e a temática cotidiana do samba, as letras simples e coloquiais da bossa nova freqüentemente retratam temas do universo desses jovens, como Corcovado, Garota de Ipanema e A Felicidade.

Um show do Grupo Universitário Hebraico, no Rio de Janeiro, em 1958, inaugura as apresentações públicas da bossa nova. A expressão, que já era utilizada para denominar o novo estilo de música, surge na letra do Desafinado, gravada por João Gilberto, com música de Tom Jobim e letra de Newton Mendonça (1927-1960). Em maio de 1960, João Gilberto apresenta-se pela primeira vez num show com os músicos da bossa nova: A Noite do Amor, do Sorriso e da Flor. Em 1962, o festival de bossa nova realizado no Carnegie Hall, em Nova York, Estados Unidos, dá projeção internacional ao movimento. Na ocasião são apresentadas Samba de uma Nota Só, O Barquinho e Lobo Bobo, entre outras. A partir de 1963, alguns iniciados do movimento , como Nara Leão e Carlos Lyra, abandonam a temática original da bossa nova e voltam-se para as raízes do samba de morro e para a música nordestina.

Letras de Música

INSENSATEZ

(Vinícius e Tom)

Ah, insensatez que você fez

Coração mais sem cuidado

Fez chorar de dor o seu amor

Um amor tão delicado

Ah, por que você foi fraco assim

Assim tão desalmado

Ah, meu coração, quem nunca amou

Não merece ser amado

Vai, meu coração, ouve a razão

Usa só sinceridade

Quem semeia vento, diz a razão

Colhe sempre tempestade

Vai, meu coração, pede perdão

Perdão apaixonado

Vai, porque quem não pede perdão

Não é nunca perdoado

SAMBA EM PRELÚDIO

( Baden Powell e Vinícius)

Eu sem você

Não tenho porquê

Porque sem você

Não sei nem chorar

Sou chama sem luz

Jardim sem luar

Luar sem amor

Amor sem se dar

Eu sem você

Sou só desamor

Um barco sem mar

Um campo sem flor

Tristeza que vai

Tristeza que vem

Sem você, meu amor, eu não sou ninguém

Ah, que saudade

Que vontade de ver renascer nossa vida

Volta, querida

Os meus braços precisam dos teus

Teus abraços precisam dos meus

Estou tão sozinho

Tenho os olhos cansado de olhar para o além

Vem ver a vida

Sem você, meu amor, eu não sou ninguém

Sem você, meu amor, eu não sou ninguém

MINHA NAMORADA

(Vinícius e Carlos Lyra)

Se você quer ser minha namorada

Ah, que linda namorada

Você poderia ser

Se quiser ser somente minha

Exatamente essa coizinha

Essa coisa toda minha

Que ninguém mais pode ser

Você tem que me fazer um juramento

De só ter um pensamento

Ser só minha até morrer

E também de não perder esse jeitinho

De falar devagarinho

Essas histórias de você

E de repente me fazer muito carinho

E chorar bem de mansinho

Sem ninguém saber por quê

Porém, se mais do que minha namorada

Você quer ser minha amada

Minha amada, mais amada pra valer

Aquela amada pelo amor predestinada

Sem a qual a vida é nada

Sem a qual se quer morrer

Você tem que vir comigo em meu caminho

E talvez o meu caminho seja triste pra você

O seu olhos tem que ser só dos meus olhos

Os seus braços o meu ninho

No silêncio de depois

E você tem que ser a estrela derradeira

Minha amiga e companheira

No infinito de nós dois

TARDE EM ITAPOÃ

(Toquinho e Vinícius)

Um velho calção de banho

Um dia pra vadiar

Um mar que não tem tamanho

E um arco-íris no ar

Depois da praça Caymmi

Senti preguiça no corpo

E numa esteira de vime

Beber uma água do coco

É bom

Passar uma tarde em Itapoã

Ao sol que arde em Itapoã

Ouvindo o mar de Itapoã

Falar de amor em Itapoã

Enquanto o mar inaugura

Um verde novinho em folha

Argumentar com doçura

Com uma cachaça de rolha

E com o olhar esquecido

No encontro de céu e mar

Bem devagar ir sentindo

É bom

Passar uma tarde em Itapoã

Ao sol que arde em itapoã

Ouvindo o mar de Itapoã

Falar de amor em Itapoã

Depois sentir o arrepio

Do vento que a noite traz

E o diz-que-diz-que macio

Que brota dos coqueirais

E nos espaços serenos

Sem ontem nem amanhã

Dormir nos braços morenos

Da lua de Itapoã

É bom

Passar uma tarde em Itapoã

Ao sol que arde em Itapoã

Ouvindo o mar de Itapoã

Falar de amor em Itapoã

PARA VIVER UM GRANDE AMOR

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso – para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher… – não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro – seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada – para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o “velho amigo”, porque é só vos que sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado para chatear o grande amor.

Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fieldade – para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vaidade é desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il flaut, além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô – para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também Ter muito peito – peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário Ter em vista um crédito de rosas no florista – muito mais, muito mais que na modista! – para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor…

Conta ponto saber fazer coizinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, estrogonofes – comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir par cozinha preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto – pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer “baixo” seu, a amada sente, – e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia – para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com um mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que – que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada – para viver um grande amor.

Principais Autores

Vinícius de Moraes

Vinícius da Cruz de Mello Moraes nasceu em 1913

no rio de Janeiro. Já em 1941 dedica-se ao jornalismo, como crítico de cinema. Vinícius foi apaixonado pela sétima arte. Participou na fundação da revista Filme, em 1947 e manteve contatos com Orson Welles, Walt Disney e Gregg Toland. Em 1943 publica Cinco Elegias. No mesmo ano ingressa na carreira diplomática, partindo em 1946 para Los Angeles como vice-cônsul. Vem à Europa em 1952 com o objetivo de estudar a organização dos festivais de Cannes, Berlim, Locarno e Veneza, tendo em vista a realização do festival de cinema em São Paulo. Ainda no mesmo ano, fixa-se em Paris, ocupando o cargo de segundo-secretário da embaixada. A sua peça teatral Orfeu da Conceição (premiada em 1954, no IV Centenário da Cidade de S.Paulo) serviu de base a um filme que em 1959 conquistou o 1.o prêmio no Festival de Cannes. Mais o que certamente mais o marcou foi sua carreira de poeta e sua projeção adquirida por sua ligação com a Bossa Nova e o samba atual.

A sua poesia inicial denota certa impregnação religiosa, com poemas

longos, de acentos bíblicos, mas que abandonou pouco a pouco em favor

de sua tendência natural: a poesia intimista, pessoal, voltada para o amor

físico, com uma linguagem ao mesmo tempo realista, coloquial e lírica.

Consagrado no movimento da Bossa Nova, compôs, junto com Tom Jobim

a música “Garota de Ipanema”, símbolo de uma época. Dentre outras parcerias musicais de Vinícius temos Baden Powell (“Samba em prelúdio”), Carlos Lyra (“Minha namorada”), Ary Barroso (“Rancho das namoradas”), Chico Buarque (“Valsinha”), e o seu “inseparável amigo” Toquinho, – onde costumava dizer que tinham a melhor relação possível entre eles, e que “só não havia sexo!”.

Com ele, Vinícius compôs diversas conções, como “Nilzete”, “Tonga da Mironga do Kabuletê”, “Tarde em Itapuã”, “Samba da Rosa”, dentre outras. A banheira de sua casa era onde gostava de dar algumas entrevistas quando estava de muita preguiça, e sempre com um indispensável copo de uísque ao

lado ( onde tinha o carinhoso jeito de dizer que o uísque era o melhor companheiro do homem, era “um cachorro engarrafado”).

Foi nesta mesma banheira onde Vinícius morreu, no dia 9 de julho de 1980.

Músico de muitos parceiros e homem de muitos casamentos, Vinícius de Moraes foi o Poeta brasileiro, movido por muito amor à vida.

“… restarão sempre

os vestígios de vida

que a morte

não apaga…”

Vinícius de Moraes

PRINCIPAIS OBRAS

O Caminho para a Distância

Forma e exegese

Ariana, a mulher

Cinco elegias

Poemas, sonetos e baladas

Para viver um grande amor- prosa e poesia

Para uma menina com uma flor- prosa

Tom Jobim

Compositor, arranjador e maestro carioca (1927-1994). Maior nome da Bossa Nova, é considerado um dos principais compositores brasileiro de todos os tempos. Seu nome completo é Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. Começa a estudar piano aos 14 anos com Hans Koellreutter, compositor alemão, introdutor da música dodecafônica no Brasil. Enquanto completa seus estudos em harmonia, ganhou a vida como pianista de casas noturnas em Copa-Cabana. O primeiro sucesso vem em 1954, com a música Teresa da Praia (em parceria de Billy Blanco), gravada pela dupla Dick Farney e Lúcio Alves. Dois anos depois, compõe músicas para a peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes na mesma época, compõe várias canções com Dolores Duran, como “Estrada do Sol” e “Por Causa de Você”. Em 1958, várias de suas composições são incluídas no LP Canção do Amor Demais, de Elizabeth Cardoso, considerado o prenúncio da Bossa Nova. Em 1962, compõe com o parceiro Vinícius de Moraes Garota de Ipanema. No mesmo ano participa do Festival de Bossa Nova no Carnegie Hall de Nova Iorque. Grava nos EUA e alcança sucesso internacional. Em 1967, sai o disco Francis Albert Sinastra & Antônio Carlos Jobim. Trabalha com músicos como Stan Getz, Ella entre outros. É de clássicos da MPB como Desafinado e Samba de Uma Nota Só ( Com Newton Mendonça), Corcovado, Sabiá e Retrato em Branco-e-preto ( Com Chico Buarque), e Águas de Março. Compõe também músicas para concerto e trilhas sonoras para cinema e televisão. Em 1994, participa do disco Duets II, de Franck Sinatra. Morre em Nova Iorque, aos 67 anos.

PRINCIPAIS OBRAS

Teresa da Praia

Orfeu da Conceição

Canção do Amor Demais

Garota de Ipanema (que é MPB e Bossa Nova)

Desafina e Samba de Uma Nota Só

Corcovado

Sabiá e Retrato em Branco-e-Preto

Águas de Março

Cantor, compositor e músico Baiano (1931-). João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira é um dos criadores da Bossa Nova, movimento que revoluciona a MPB no início dos anos 60. Começa como “Crooner” em Salvador e chega no Rio de Janeiro em 1949. Torna-se vocalista do conjunto Garotos da Lua e se apresenta na boate Plaza, reduto de músicos inovadores. Abandona o conjunto e desenvolve carreira-solo, sendo contratado pela CBS como violonistas para acompanhar gravações. Em 1958 participa das faixas Chega de Saudades e Outra Vez (ambas de Tom Jobim e Vinícius de Moraes), do LP Canção do Amor Demais, de Elizabeth Caroso, introduzindo a harmonização e a batida no violão característica da Bossa Nova. No mesmo ano apresenta seu estilo intimista de cantar e grava em 78 rotações Chega de Saudades, seguida de Desafinado (Tom Jobim e Vinícius de Moraes). Em 1959, lança o primeiro LP, Chega de Saudades, que o confirma como umas das personalidades da renovação musical da época. Em 1962, participa do show da Bossa Nova no Carnegie Hall, de Nova Iorque e ganha prestígio internacional. Dois anos depois lança Getz/Gilberto, gravado com Stan Getz, nos EUA. O disco vende 1 Milhão de cópias e dá ao violonista 6 Grammy’s, o mais cobiçada prêmio musical norte-americano. Fixa residência no EUA e, mais tarde, no México, voltando esporadicamente ao Brasil para shows e gravações, entre os quais destacam-se Na Baixada do Sapateiro (Ary Barroso), Isaura (Hevivelto Marins e Roberto Roberti), Falsa Baiana (Geraldo Pereira), Samba da Minha Terra (Dorival Caymmi), Samba de Uma Nota Só (Tom Jobim e Newton Mendonça) e O Barquinho (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli).

Bibliografia

http://orbita.starmedia.com/~bossa_novapage/

Almanaque Abril 97

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