O câncer de próstata representa um sério problema de saúde pública no Brasil, em função de suas altas taxas de incidência e mortalidade. Ele é o segundo mais comum em homens – só sendo superado pelo de pele – e o terceiro em óbitos. Segundo as Estimativas de Incidência e Mortalidade Por Câncer no Brasil, do Instituto Nacional de Câncer, deverão ocorrer 14.830 novos casos de câncer de próstata e 6.850 mortes causadas pela doença no país, em 2000.
Enquanto a incidência está ligada às características demográficas da população, a mortalidade alta é causada pelo retardo do diagnóstico, que favorece a ocorrência de tumores com alta capacidade biológica de invasão local e de disseminação para outros órgãos. Tais tumores são incuráveis quando tratados em fase metastásica.
O câncer de próstata atinge principalmente os homens acima de 50 anos de idade. O aumento de sua incidência na população é também uma decorrência do aumento da expectativa de vida do brasileiro verificada ao longo deste século, cuja tendência é ultrapassar os 70 anos no ano 2020.
Na maioria dos casos, o tumor apresenta um crescimento lento, de longo tempo de duplicação, levando cerca de 15 anos para atingir 1 cm³ e independe do crescimento normal da glândula, o que faz com que alterações miccionais possam inexistir. Por este motivo, o exame periódico deve ser realizado, mesmo que não existam sintomas, para que o câncer possa ser detectado precocemente, com maiores chances de tratamento e cura.
Sintomas
Os principais sintomas do câncer de próstata são o hábito de levantar várias vezes à noite para urinar, dificuldades no ato de urinar e dor à micção.
Fatores de Risco
Os antecedentes familiares têm particular importância, pois elevam o risco em três vezes ou mais para os descendentes de doentes de câncer de próstata. Quanto aos fatores ambientais, existem muitas relações possíveis, entre as quais com substâncias químicas utilizadas na indústria de fertilizantes, ferro, cromo, cádmio borracha e chumbo, embora não seja comprovada a correlação entre esses fatores e uma maior incidência do câncer de próstata.
Dietas ricas em gordura animal podem aumentar as taxas de androgênios e estrogênios e relacionar-se com o aumento dos tumores da próstata, ao contrário da gordura vegetal e dos frutos do mar. Calcula-se que cerca de 75% a 80% dos tumores não se expressam clinicamente, e apenas 20% a 25% manifestarão sintomas. Destes, 10% são focais, 40% são iniciais e talvez curáveis e 50% são avançados. Estes números variam com a maior ou menor possibilidade de detecção precoce da doença. Os tumores encontrados nas necropsias são geralmente pequenos, bem diferenciados e estão confinados à glândula, ao contrário do que ocorre com os homens que morrem de câncer de próstata, que portam tumores grandes ou invasivos.
O retardo do diagnóstico prende-se a diversos fatores: a falta de informação da população leiga, que mantém crenças ultrapassadas e negativas sobre o câncer e seu prognóstico; a falta de alerta dos profissionais da saúde para o diagnóstico precoce dos casos; o preconceito contra o câncer e contra o toque retal; a inexistência de um exame específico e sensível que possa detectar tumor em fase microscópica e a falta de rotinas abrangentes programadas nos serviços de saúde públicos e privados que favoreçam a detecção do câncer, inclusive o de próstata.
Diagnóstico Precoce
A detecção do câncer de próstata é feita pelo exame clínico (toque retal) e da dosagem de substâncias produzidas pela próstata: a fração prostática da fosfatase ácida (FAP) e o antígeno prostático específico (PSA, sigla em inglês), que podem sugerir a existência da doença e indicarem a realização de ultra-sonografia pélvica (ou prostática trans-retal se disponível). Esta ultra-sonografia, por sua vez, poderá mostrar a necessidade de se realizar a biopsia prostática transretal. O toque retal permite detectar nódulos pequenos, menores que 1,5 cm3, e avaliar a extensão local da doença. Sua realização periódica é a melhor forma de se reduzir a mortalidade por câncer de próstata.
Quando Fazer o Exame?
Homens de 50 a 70 anos de idade devem submeter-se anualmente ao exame físico, incluindo-se o toque retal e a dosagem do antígeno prostático específico (PSA). Os homens de 40 a 50 anos de idade devem seguir as mesmas recomendações quando há história familiar de câncer de próstata. Para os homens que apresentarem alteração prostática ao toque retal, dosagem da FAP três vezes maior do que a normal e dosagem do PSA acima de 10 ng/ml, indica-se a ultra-sonografia prostática trans-retal ou pélvica e a biópsia prostática.
Tratamento
A cirurgia é o tratamento indicado para tumores localizados; ela apresenta risco de causar impotência ou incontinência urinária. A hormonioterapia e a radioterapia reduzem o câncer, mas ele geralmente volta em alguns anos, verificando-se também o risco de impotência com estes tratamentos.