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sábado, dezembro 21, 2024

CÂNDIDO RONDON: UMA VIDA DE DEDICAÇÃO E AMOR


No dia 05 de maio de 1865 nascia em Mato Grosso, na sesmaria do Morro Redondo um menino que mudaria a história de um Pais e como não dizer do mundo, esse menino era Cândido Mariano da Silva Rondon, esse garoto num futuro ainda distante se tornaria um grande herói, um humanitarista que lutaria pelos direitos de um povo até então rejeitado pela sociedade, devido pertencerem a uma raça diferente e que a sociedade desde tempos remotos já tinham ( e ainda nos dias de hoje ainda tem ) um conceito formado de que o índio era um preguiçoso, que não servia pra nada, eram povos bárbaros sem leis, sem deus, e sem rei, este era o conceito que as pessoas tinham dos indígenas, conceito este dado por Américo Vespúcio em uma de suas cartas endereçadas ao rei de Espanha, e esse conceito de que o índio é isso e aquilo foi passando de geração em geração e chegou até os dias atuais, como ainda existem muitos casos de preconceitos contra esse povo, e Rondon se levantaria para a defesa e proteção deste povo, ele mostraria que estes eram como qualquer um, o que mudava era apenas os seus modos de agir, Os costumes, além de muitas outras coisas.

De origem indígena por parte de seus bisavós maternos (Bororó e Terena) e bisavó paterna (Guaná), Rondon tornou-se órfão precocemente, tendo sido criado pelo avô e, depois de sua morte, transferiu-se para o Rio de Janeiro para ingressar na Escola Militar: além dos estudos serem gratuitos, os alunos da escola recebiam desde que assentassem praça – soldo de sargento. Alistou-se no 2º Regimento de Artilharia a Cavalo em 1881. No ano de 1883 Rondon presta exames e com isso obtêm a matricula na escola militar da praia vermelha, no Rio de Janeiro, ele desde cedo era determinado, além de ser muito inteligente e interessado por seus estudos, pois o objetivo de tudo isso era seguir o pensamento de seu pai, de proteger a sua amada pátria, este pensamento o incitava a querer aprender mais e mais para assim conseguir obter seu objetivo.

No ano de 1886 alcança várias distinções nos exames, é nomeado então alferes-aluno e é encaminhado para à Escola Superior de Guerra. Em 1888, Rondon assume papel ativo no movimento para a proclamação da República como um dos “repúblicos” da rua Duque de Saxe. Desde então Rondon começa a demonstrar o seu lado humanista de lutar por aqueles que são rejeitados, humilhados,l utar pela defesa de sua pátria, é ai que começa a despontar o lado humanitário deste nosso herói.

Em 1889 é nomeado para ser ajudante da Comissão de construção das linhas Telegráficas de Cuiabá a Registro do Araguaia, parte então para trabalhar com Gomes Carneiro, a escolha foi porque Rondon era da região e também por que apresentava um currículo impecável e claro, por todo o preparo e determinação, com isso Rondon prossegue em sua viagem para levar as linhas telegráficas por toda aquela região, com essa viagem despontava ali o grande desbravador Rondon e com essa viagem começaria sua luta em prol da defesa de um grande povo. Essa viagem serviu para que aprendesse mais sobre o Brasil e também seus índios, palavras que seriam ditas pelo próprio Rondon anos mais tarde, mas foi com o mestre Gomes Carneiro que o jovem Rondon aprendeu a amar o índio e a entrar em contato com ele e poder adentrar pacificamente em suas terras.

No ano de 1892 Rondon se desliga totalmente da Escola superior com o titulo de engenheiro militar e diploma de bacharel em ciências físicas e naturais e sua patente militar agora era de segundo – tenente do estado Maior de 1ª classe, ainda neste mesmo ano o jovem Rondon se casa. Quando recomeçam nova fase de instalação de mais linhas telegráficas, Rondon novamente foi convocado, só que desta vez a pedido do próprio Gomes Carneiro, ele é convidado para adentrar em terras indígenas e realizar o trabalho sem conflitos com os diversos povos que habitavam a região.

Para o povo que habitavam aquelas terras estava certo quem era o dono e quem era os intrusos ou seja eles eram donos dali e os intrusos seriam essas pessoas que entrariam em suas terras sem sua permissão, e isso seria motivo de muita guerra, confrontos etc, mas Rondon e Gomes Carneiro a qualquer sinal de hostilidade sairiam prontamente sem fazer nada aqueles povos indígenas, pois para Rondon eles estavam sim em seus direitos, e foi graças à habilidade destes dois homens que as obras continuaram em frente, pois a capacidade que estes dois homens tinham de abrandar conflitos, contagiava a todos que os seguiam, e os índios desta maneira percebiam que ali haviam pessoas dispostas a cumprir uma meta sem que estas interferissem em suas vidas e foi desta maneira que foi aberto o caminho para as novas comunicações terrestres com a ligação das linhas telegráficas, a partir deste momento o Brasil estava se interligando, nesta época o lado humanista de Rondon já estava bem lapidada e o grande indígenista crescia com força e determinação.

Foram muitos os caminhos trilhados por Rondon após sua primeira experiência de instalação das linhas telegráficas. Em 1891 assumiu o cargo de professor da Escola Militar. Apesar de gostar da pacata vida de casado que estava levando, o espírito desbravador, aventureiro e humanista começava a se inquietar fazendo-o lembrar do lema “ bem servir à humanidade, servindo à pátria”. E novamente a convite de Gomes Carneiro, partiu em direção a terras inexploradas para instalar, trocar ou recuperar as linhas telegráficas. Nestas investidas pelo sertão, Rondon aproximava-se cada vez mais da realidade indígena. Tinha plena consciência de que estava adentrando não só na mata, mas na vida do índio. Percebeu que não tinha o direito de violar sua cultura, suas terras, suas crenças. Faria o trabalho a ele destinado, desde que fosse possível respeitar os verdadeiros donos das terras em que se embrenhava. Daí surgiu aquele que seria o seu princípio básico para com os índios: “ Morrer, se preciso for, matar nunca”.

Esse foi um lema criado por ele mesmo, e colocava em prática o que falava, durante todo o percurso de seu trabalho e de sua vida, jamais maltratou ou rejeitou algum desses povos, ao contrário à medida que se expandia as obras telegráficas, também crescia seu amor por esse povo, e esse amor foi crescendo a cada dia a tal ponto de querer lutar com todas as forças em favor destes indígenas, e ele lutou para que isso acontecesse no decorrer de toda sua vida, com isso conseguiu que os índios tivessem suas terras demarcadas e que recebessem proteção do estado, e ao mesmo tempo que lutava para a defesa da nação indígena levava também a ligação entre dois lugares distantes que agora seriam ligados pelo aparelho telegráfico. Quando o marechal Rondon pensou em interligar os estados brasileiros com o telégrafo, há oitenta anos, nem mesmo sua mente visionária poderia imaginar os avanços que seriam vividos pelas telecomunicações e, conseqüentemente, pela telefonia no País.

Poucos segmentos realizaram tanto em tão pouco tempo.

O setor foi privatizado há apenas seis anos, quando se estabeleceu o marco das mudanças. O desenvolvimento passou pelo campo tecnológico, com a telefonia automática e celular, da Internet e da mais atual novidade, a integração da comunicação voz e dados; mas também pelo acesso do serviço telefônico às populações mais pobres – um dos maiores fenômenos de inclusão social ocorridos nas últimas décadas no País. Rondon além de integrar o povo indígena à sociedade, também interligou uma parte do pais, e de lá pra cá todos os lugares receberam o meio na qual podiam se comunicar a distância, ou seja, Rondon foi também o grande patrono da telefonia do Brasil, teve ele uma vida voltada para o interesse da população brasileira e ainda mais do povo indígena. Rondon cumpriu essa missão abrindo caminhos, desbravando terras, lançando linhas telegráficas, fazendo mapeamentos do terreno e principalmente estabelecendo relações cordiais com os índios.

Manteve contato com diversos povos indígenas, porém, sem nunca levar a morte ou o horror dos brancos a eles. O reconhecimento mundial da grandeza da vida e da obra de Rondon o levou a ser indicado por duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz. Foram muitas as contribuições de Rondon para o conhecimento etnográfico, lingüístico, geológico, zoológico e botânico do interior do Brasil. Em dez anos de expedições percorreu mais de 50.000 quilômetros lineares de terra e água. Mas, de todos os seus imensuráveis feitos, o amor e dedicação pelos povos indígenas foi o que o destacou como um grande humanista.

Incansável, ainda foi responsável pela criação do Parque Indígena do Xingu. Nem mesmo a cegueira provocada pelo glaucoma, nem mesmo o tempo implacável foi capaz de parar aquele que trilhou os caminhos do Brasil para fazer do país um lugar melhor e mais justo para todos. Em sua homenagem, o antigo território de Guaporé passa a se chamar Rondônia. Mas o que é inevitável um dia acontece e, aos 19 de janeiro de 1958, na cidade do Rio de Janeiro, o então Marechal Cândido da Silva Rondon deixa esta vida. Mas os seus feitos, seu amor e respeito às pessoas ficaram e permanecerão para sempre. Afinal, os heróis são mesmo imortais. Para finalizar deixo registrado neste trabalho de pesquisa um de seus grandes discursos baseados no positivismo, pois ele além de ser um grande Marechal, um grande homem, também era um grande positivista, e foi sob influência do positivismo que ele criou seu credo, eis aqui suas belíssimas palavras:

“Eu Creio:

Que o homem e o mundo são governados por leis naturais. Que a Ciência integrou o homem ao Universo, alargando a unidade constituída pela mulher, criando, assim, modesta e sublime: simpatia para com todos os seres de quem, como poverello, se sente irmão. Que a Ciência, estabelecendo a inateidade (sentimento nato) do amor, como a do egoísmo, deu ao homem a posse de si mesmo. E os meios de se transformar e de se aperfeiçoar. Que a Ciência, a Arte e a Indústria hão de transformar a Terra em Paraíso, para todos os homens, sem distinção de raças, crenças, nações – banido os espectros da guerra, da miséria, da moléstia. Que ao lado das forças egoístas – a serem reduzidas a meios de conservar o indivíduo e a espécie – existem no coração do homem tesouros de amor que a vida em sociedade sublimará cada vez mais. Nas leis da Sociologia, fundada por Augusto Comte, e por que a missão dos intelectuais é, sobretudo, o preparo das massas humanas: desfavorecidas, para que se elevem, para que se possam incorporar à Sociedade.
Que, sendo, incompatíveis às vezes os interesses da Ordem com os do Progresso, cumpre tudo ser resolvido à luz do Amor. Que a ordem material deve ser mantida, sobretudo por causa das mulheres, a melhor parte de todas as pátrias e das crianças, as pátrias do futuro. Que no estado de ansiedade atual, a solução é deixando o pensamento livre como a respiração, promover a Liga Religiosa:convergindo todos para o Amor, o Bem Comum, postas de lado as divergências que ficarão em cada um como questões de foro íntimo: sem perturbar a esplêndida unidade – que é a verdadeira felicidade.”

Cronologia

1865: Nascimento de Cândido Mariano da Silva Rondon, em Mimoso, Mato Grosso, Brasil.
1873: Após a morte de sua mãe, Rondon vai morar em Cuiabá com seu tio Manoel Rodrigues da Silva¹.
1881: Ingressa na Escola Militar do Rio de Janeiro.
1884: Matricula-se na Escola Militar da Praia Vermelha¹.
1885: Matricula-se em seu primeiro curso de matemática na Escola Militar e é introduzido no positivismo por Benjamin Constant¹.
1888: É promovido a alferes aluno. Matricula-se na recém-criada Escola Superior de Guerra¹.
1889, 15 de Novembro: participa na implantação da República.
1890: Forma-se bacharel em Ciências Físicas e Naturais na Escola Superior de Guerra; promovido a segundo-tenente de artilharia; professor de Astronomia, Mecânica Racional e Matemática Superior. É designado para a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Cuiabá ao Araguaia, chefiada pelo major Antônio Ernesto Gomes Carneiro. Uma semana depois, é promovido a primeiro-tenente do Estado-Maior por serviços prestados durante a proclamação da República¹.
1898: Torna-se membro da Igreja Positivista no Rio de Janeiro¹.
1900: É nomeado chefe da Comissão Construtora de Linhas Telegráficas no Estado de Mato Grosso¹.
1901: Pacifica os índios Bororo.
1906: Estabelece as ligações telegráficas de Corumbá e Cuiabá com o Paraguai e a Bolívia
1907: O presidente Afonso Pena nomeia Rondon chefe da Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso aoa Amazonas (CLTEMTA) e o incumbe de construir uma linha telegráfica entre Cuiabá e Santo Antonio do Madeira (Porto Velho). Nasce sua filha Maria de Molina, no Rio de Janeiro, quando ele prepara sua primeira expedição ao rio Juruena. Ele só vê a filha pela primeira vez dezoito meses depois¹.Pacifica os índios Nhambiquara.
1910: Criação do Serviço de Proteção aos Índios, tendo Rondon como diretor¹. Criação do escritório central da CLTEMTA.
1911: Pacificação dos Botocudo, do Vale do Rio Doce (entre Minas Gerais e Espírito Santo).
1912: Promoção de Rondon a coronel de engenharia. Pacificação dos Kaingáng, de São Paulo.
1913: Em outubro, enquanto coordenava a construção do telégrafo no noroeste do Brasil, Rondon recebe telegrama ordenando sua ida ao Rio de Janeiro para deliberar, com os ministros da Guerra, da Viação e do Exterior, sobre uma expedição conjunta à Amazônia com Theodore Roosevelt. Rondon propõe descerem o rio da Dúvida para mapear seu curso.
1914: Início, em 21 de janeiro, em Tapirapuã, MT, da Expedição Científica Rondon-Roosevelt. Membros da expedição encontram os primeiros seringueiros às margens do rio em 15 de abril. A expedição termina em 26 de abril na confluência dos rios Aripuanã e Dúvida¹. Pacificação dos Xokleng, de Sta. Catarina; recebe o Prémio Livingstone, concedido pela Sociedade de Geografia de Nova Iorque.
1918: Pacificação dos Umotina, dos rios Sepotuba e Paraguai; começa a levantar a Carta de Mato Grosso.
1919: É nomeado Diretor de Engenharia do Exército.
1922: Pacificação dos Parintintim, do rio Madeira.
1927: Inspecciona toda a fronteira brasileira desde as Guianas à Argentina
1928: Pacificação dos Urubu, do vale do rio Gurupi, entre o Pará e o Maranhão.
1930: Revolução no Brasil; Getúlio Vargas, o novo presidente, hostiliza Rondon que, para evitar perseguições ao Serviço de Protecção aos Índios, logo se demite da sua direção.
1930: Termina a terceira e última inspeção da fronteiras internacionais. Retornando dessa inspeção, Rondon recusa-se a apoiar a Revolução de 30 e é preso em Porto Alegre pelo capitão Góis Monteiro. Rondon requer a reforma e é libertado da prisão. É autorizado a retomar os trabalhos com os mapas e relatório da Comissão de Inspeção de Fronteiras.
1938: Promove a paz entre a Colômbia e o Peru que disputavam o território de Letícia.
1939: Reassume a direção do Serviço de Protecção aos Índios.
1946: Pacificação dos Xavante, do vale do rio das Mortes.
1952: Rondon apresenta ao presidente da República o projeto de criação do Parque Indígena do Xingu¹.
1953: Sob a inspiração direta de Rondon, Darcy Ribeiro funda o Museu Nacional do Índio. Cândido Rondon participa da inauguração¹.
1955: O Congresso Nacional brasileiro promove-o a Marechal do Exército Brasileiro.
Em 17 de fevereiro de 1956, o Território Federal do Guaporé teve seu nome alterado para Território Federal de Rondônia, em 1981 elevado a estado.
Em 1957 foi indicado para o prêmio Nobel da Paz, pelo Explorer’s Club, de Nova York.
1958: Morte de Cândido Rondon, no Rio de Janeiro, aos 92 anos.

BIBLIOGRAFIA

DIÁRIOS ASSOCIADOS. Informativo – Rondon : a luta pela integração nacional e a causa indígena. Fundação Assis Chateaubriand . 2009
PAIVA LOPES, Carlos de. Artigo – Na trilha do Marechal Rondon. Associação Brasileira das Prestadoras do Serviço Telefônico Fixo Comutado.
CONTACTA. Artigo – Marechal Rondon: Patrono das Telecomunicações no Brasil.São Paulo.

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