APRESENTAÇÃO
O trabalho a ser apresentado trata sobre um tema muito polêmico; o candomblé.
Esta religião, muito difundida no Brasil, tem forte e decisivas influências africanas; a sua presença é mais marcante na Bahia, onde muitos escravos desembarcaram na época do colonialismo.
INTRODUÇÃO
O termo ‘ Yorùbá ‘ aplica-se a um grupo linguístico de vários milhões de pessoas , onde além de linguagem comum, os yorùbá são unidos por uma mesma cultura e tradições de uma origem comum, na cidade de Ifé, mas não constituíram jamais uma única entidade política, e antes do século XIX, eles não se chamavam uns aos outros pelo mesmo nome.
No Brasil, e em Cuba, os yorùbá são geralmente conhecidos por ‘lacumi’ e ‘nago’. A expressão “anago” é no entanto conhecida em Cuba. No novo mundo, foram encontrados os primeiros vestígios da palavra ‘nagô’ , em um documento enviado à Bahia em 1756; é provável que o termo ‘nagô’ no Brasil seja utilizado para designar os Iorubás de qualquer origem. Um autor nigeriano expõe a hipótese de que nagô é uma adaptação da palavra negro, introduzida pelos brasileiros na costa da África.
O termo ‘Iorubá’ efetivamente, chegou ao conhecimento do ocidente em 1826, através de um livro; foi encontrado em um manuscrito, em árabe, originário do reino de Takroor, dominado pelo sultão Mohamed Bello. O termo Iorubá era atribuído pelo povo de Haussa exclusivamente ao povo de Oyó, onde a palavra Iorubá denominava um país dividido em cinco regiões: Oyó, Egbwa, Ibarupa, Ijebu e Ijexá, porém, descobriu-se posteriormente que essas divisões eram mais de cinco, mas a denominação britânica da época achava vantajoso que esse termo unisse as nações antes separadas por batalhas, inter-tribais.
Apesar da tentativa de unificação existiam grandes diferenças dialetais, assim como um orgulho das origens e das tradições acompanhando certa desconfiança que o tempo não conseguiu findar completamente, pois cada um desses grupos prefere ser chamado de Egbá, Ifé, Ijebu ou Ijexá a ser Iorubá.
A maior parte das sociedades iorubás era antes da conquista de Ifé por Dodudua, de estrutura política e social frágil, onde a maior parte das funções religiosas, sociais e agrícolas eram limitadas. A civilização era basicamente formada por aldeias, e não por cidades.
UMBANDA
Possessão
A possessão é um tema complexo e fascinante ao mesmo tempo, e por isso a análise de umbanda começará por ele. Apesar do medo aparente das pessoas, todos sentem uma enorme e inexplicável curiosidade ao presenciar uma cena de possessão; esse fenômeno coloca em ‘cheque’ muitas idéias cultivadas por uma cultura, pois o tema possessão diz respeito à mudança que é processada nas pessoas por intermédio do transe; daí surge o mistério, onde a pessoa possuída se torna irreconhecível, muda de fisionomia e até as pessoas mais íntimas são incapazes de dizer que alí está a mesma pessoa conhecida.
A idéia de possessão não diz respeito somente aos cultos afro-brasileiros; aqui no Brasil esse fenômeno se representa em diversos cultos de princípios religiosos. Não é necessário ser umbandista, ou fazer parte do candomblé para viver num mundo onde vagam espíritos que são cultivados. A possessão ao contrário do que parece e do que se pensa, não é coisa do outro mundo; faz parte da cultura brasileira.
É importante ressaltar que a estranheza frente à possessão é significativa. Torna-se aguda a diferença entre uma pessoa em seu estado normal e em possessão. O contraste entre os dois momentos, seja na umbanda, no candomblé ou no espiritismo, explicita um passado assustador.
As dificuldades com os cultos de possessão não ficaram apenas no plano religioso. O Estado, combatia os cultos, as ‘macumbas’ , particularmente, na era Getúlio Vargas, mas antes dessa época o povo já se preocupava com o problema e estudava os cultos afro-brasileiros, muitas vezes adotando posturas pouco simpáticas em relação ao tema.
A umbanda trata a possessão como algo benéfico; ao invés de expulsar as entidades do outro mundo, consideradas maléficas por outro culto, aprendem a conviver com elas. Aqui, ao invés de termos como santos ou demônios, temos muitos seres que têm suas características e não podem ser reduzidos apenas a um nome.
Os umbandistas são, portanto, súditos de vários senhores e dividem o seu tempo, o seu corpo e a sua própria pessoa trabalhando para todos, na tentativa de conciliação. A religião umbandista pode ser considerada um agregado de pequenas unidades que não formam um único conjunto. Não existe como na Igreja Católica um centro bem separado onde a hierarquia é aparente.
Aqui, o que prevalece é a dispersão. Cada pai-de-santo é o senhor de seu terreiro, não existindo uma autoridade superior a ele. Existe uma infinidade de terreiros autônomos, porém unidos em uma mesma crença.
SIMBOLISMO
A doutrina umbandista, sugere que as entidades cultuadas na umbanda, e no candomblé são de origem africana, mas com a convivência no Brasil, sofreram um processo de sincretismo com a tradição católica.
A crença umbandista desvirtuou o sentido original das crenças africanas, tornando possível reconhecer influências indígenas, espíritas. Na umbanda, existe uma hierarquia no ‘astral’ da qual surge o valor das entidades. Nessa hierarquia, existe uma ordem onde primeiro vem o Deus supremo, OXALÁ, que corresponde ao Deus Católico. Em seguida vêm os orixás, divindades africanas. Os orixás seriam santos que nunca encarnaram.
ORIXÁS
Os orixás na África
A religião dos Iorubás, tal como se apresenta atualmente, só se tornou homogênea gradativamente. Sua uniformidade é o resultado de algumas adaptações de crenças vindas de várias direções. Hoje em dia ainda não há no território Iorubá, uma hierarquia definida em relação aos orixás. As variações de um local para outro, mostram que um orixá pode ser cultuado em uma região e ausente em outra.
O culto de Xangô, em Oyó por exemplo é oficialmente inexistente em Ifé, onde um deus local está em seu lugar com o poder do trovão, Oramfé. Oxum, cujo culto é marcante na região de Ijexá, é totalmente ausente em Egbá. Iemanjá que é soberana em Egbá, é desconhecida na região de Ijexá. A adoração desses orixás em determinadas regiões, depende da história de onde estes figuraram como protetores: Xangô era o terceiro rei de Oyó; Oxum em Oxogbô fez um pacto com Larô, fundador da cidade de Ifé cujos filhos tornaram-se reis de cidades Iorubás.
O lugar ocupado na organização social pelo orixá pode ser diferente, se se tratar de uma cidade onde se ergue um palácio real, ocupado por um rei, tendo direito a usar uma coroa, ‘adé ‘, com franjas de pérolas, escondendo sua face; a casa do senhor do mercado de uma cidade cujo chefe é um Balé que só tem direito a uma coroa modesta. Nesses casos o orixá está praticamente à sua disposição para garantir a estabilidade da dinastia e a proteção dos súditos.Nas aldeias, onde o poder civil continuou fraco, o impacto das religiões tradicionais era muito forte na sociedade.
A religião dos orixás está diretamente ligada à noção de família. A família numerosa, vinda de um mesmo antepassado englobando vivos e mortos. O orixá seria um ancestral divinizado, que em vida criou vínculos de controle com a natureza, como o trovão, o vento, as águas doces ou salgadas, ou a possibilidade de exercer certas atividades como a caça, o conhecimento de propriedades e utilização de plantas. Esse poder do orixá, teria após sua morte a possibilidade de encarnar momentaneamente em um de seus descendentes durante um fenômeno de possessão.
O orixá é uma força pura, àse (axé) imaterial que só se torna perceptível aos seres humanos, quando se incorporam em um deles; esse ser escolhido pelo orixá, um de seus descendentes, é chamado de elégùn, aquele que tem o privilégio de ser ‘montado’ por ele. Torna-se o veículo que possibilita o orixá voltar à terra para saudar e receber as provas de respeito.
Os elégùn, algumas vezes são chamados de iaô, mulher do orixá. Esse termo se aplica tanto aos homens quanto às mulheres e não evoca uma idéia de união ou posse carnal, mas de sujeição e de dependência. O elégùn tem o papel fundamental nas cerimônias de adoração ao ancestral divinizado, que, incorporando-se ao elégùn, reencontra por alguns instantes sua antiga personalidade espiritual e material.
Os orixás, durante as cerimônias de evocação, voltam temporariamente à Terra, e entre seus descendentes, dançam, recebem cumprimentos, ouvem suas queixas e aconselham. O relacionamento, portanto, entre os orixás e os crentes é aberto e ao contrário do que se pensa, o mundo celestial encontra-se acessível, e os seguidores poder usufruir da benevolência das entidades.
O orixá é um verdadeiro bem de família, transmitido pela linhagem paterna. Os grandes chefes de família, os balè, direcionam geralmente a responsabilidade do culto ao orixá da família à um aláàse ( guardião do poder de Deus, que dele cuida, com o auxílio dos elégùn, que podem ser possuídos pelo orixá.
As mulheres da família participam das cerimônias e podem se tornar elégùn do orixá da família paterna, mas se forem casadas, é o orixá da família do marido que será de seus filhos, por isso as mulheres se encontram numa posição um pouco marginalizada na família do marido. As mulheres são vistas apenas como geradoras de filhos, não se integrando totalmente ao novo lar; quando essas mulheres morrem, seu cadáver é devolvido ao lar de seus pais, onde é enterrada. O preconceito na nação Iorubá nasce com a criança, quando o próprio pai pergunta na hora do concebimento se a criança é o dono da casa (onílé) ou a estrangeira ( àléjò), estabelecendo a posição que a criança ocupará na família Iorubá.
Acima dos orixás, reina um Deus supremo. OLUDUMARE, cuja etimologia gera dúvida. Este deus se encontra distante, indiferente ás preces e ao destino do homem. Está fora do alcance humano; ele é superior a todos os níveis de moral e justiça.
Não existe um culto direcionado à Olodumare – ele criou os orixás para supervisionar o mundo, por isso é a esses orixás que os homens devem se apegar. Olodumare só intervém para julgar desavenças entre os orixás. Para OLODUMARE, a criação dos orixás foi feita para uma melhor regência do mundo, já que cada orixá tem suas características e se completam numa verdadeira harmonia.
Os orixás no novo mundo
A presença das religiões africanas no Novo Mundo é consequência do tráfico de escravos que foram trazidos para os países da América, provenientes da África. Com esse tráfico, uma multidão de cativos que não falava a mesma língua, se amontoava com diferentes hábitos de vida e religiões também distintas.
Ainda no século XIV, constatou-se na Bahia a presença de negros BANTU, que contribuíram para a inserção de novas palavras ao vocabulário brasileiro. Após algum tempo, chegou uma numerosa quantidade de negros naturais de regiões habitadas por Gêges e Nagôs, cujos rituais religiosos de adoração à deuses serviram de modelo às etnias baianas.
Além do transporte de cativos destinados apenas ao trabalho escravo, os navios negreiros também transportavam personalidade, crenças e jeito de ser de cada negro; mas ao chegar no Novo Mundo, o escravo era obrigado a curvar-se perante as novas doutrinas para conseguir a ‘salvação’ de suas almas.
A grande resistência das regiões africanas frente às forças de alienação da época, surpreendia os que defendiam o tráfico negreiro com o argumento de que suas atividades ( a dos negros ), era o meio mais fácil de levar as almas dos negros à Igreja, ao invés de deixá-los na paganidade da África. Nesta época, os homens que trabalhavam com o tráfico de escravos, se apegavam muito à fé, acreditando nas palavras da Igreja que dizia que os santos os acompanhariam nas jornadas de busca de negros para a ‘salvação’.
Esses mesmos santos que protegiam os interesses dos negreiros e a vida de uma parte dos negros transportados, ajudaram os escravos a despistar seus senhores sobre a natureza das danças que estavam autorizados a realizar, aos domingos, quando se reuniam em ‘batuques’. Em 1758, os senhores aceitavam que os escravos tivessem um meio de lembrar de suas origens e Ter uma verdadeira aversão da época em que guerreavam na África, na tentativa de inibir uma revolta em massa, que aconteceria 50 anos mais tarde.
Os senhores da época achavam que as danças eram apenas uma forma de diversão dos negros, sem desconfiar da preces e orações à seus orixás, a seus Vodun e a seus Inkissi; quando eram obrigados a justificar seus cantos, diziam que louvavam, em suas línguas de origem, os santos do paraíso.
Nessa época surgiu o sincretismo que relacionava a religião Iorubá à Católica; alguns santos começaram a ser comparados aos orixás africanos. Por exemplo, Xangô, deus do trovão foi comparado a São Gerônimo, representado por um ancião acompanhado de um leão docilmente deitado sobre seus pés; e como leão é um símbolo de realeza entre os Iorubás, São Gerônimo foi comparado a Xangô.
Os santos católicos ao se aproximarem dos deuses africanos, tornavam-se familiares aos recém – convertidos, mas fica difícil saber se isso realmente converteu os africanos ou apenas os ajudou a camuflar sua crença verdadeira. Com o passar do tempo, a participação de descendentes de africanos e de mulatos educados num igual respeito às duas religiões, aumentou, fazendo com que estes fossem tão sinceramente católicos – indo à Igreja – ,como ligados às tradições africanas, participando das cerimônias de candomblé.
Descrição e características de alguns orixás
EXU ELEGBARÁ
Exu é um orixá de contraditórios aspectos; ele gosta de suscitar disputas, de provocar acidentes e calamidades públicas e privadas. É astuciosos, grosseiro, vaidoso e indecente, sendo muitas vezes comparado e confundido com o diabo.
Entretanto, Exu possui seu lado bom, e se ele é tratado com consideração, mostra-se prestativo. Se, por outro lado, oferendas e sacrifícios não forem direcionados à ele, o surgimento de catástrofes é inevitável. É o mais humano dos orixás – nem completamente bom, nem completamente mau.
O lugar destinado à esse orixá entre os Iorubás, é constituído de um pedaço de pedra porosa, chamada Yangi, ou por um monte de terra modelado na forma humana.
Ogum
Ogum teria sido o filho mais velho de Odudua, fundador de Ifé. Era temível guerreiro que brigava contra reinos vizinhos.
Como orixá, Ogum é o deus do ferro e de todos que utilizam o metal: caçadores, barbeiros, açougueiros… Ogum é representado por franjas de folhas de dendezeiro desfiadas, chamada de màrìwò. Esses màrìwò pendurados acima de portas e janelas de uma casa, representam proteção.
Xangô
Xangô é viril e atrevido , violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. O símbolo de xangô é o machado de duas lâminas, Osé ( oxé ), que seus elégùn trazem nas mãos quando estão em transe. Lembra o símbolo de Zeus em Creta.
Os adeptos de Xangô seguram nas mãos um instrumento musical utilizado apenas por eles, o séré ( xerê ) , feito de uma cabaça alongada e contendo no seu interior pequenos grãos.
Iemanjá
O nome Iemanjá deriva de Yèyè Omo Ejá ( mãe cujos filhos são peixes); é o orixá dos Egbá.
Iemanjá seria a filha de Olóòkun, Deus do mar. Recebe sacrifício de carneiros e oferendas de pratos preparados à base de milho. Ela é representada nas imagens com o aspecto de sua matrona, de seios volumosos, símbolo de maternidade fecunda e nutritiva.
Obaluaê
Obaluaê ou omolu são os nomes atribuídos ao Deus da varíola e das doenças contagiosas, as quais os nomes não devem ser pronunciados por superstição. Pune os malfeitores enviando-lhes a doença.
O lugar de origem de Obaluaê é incerto mas existe a possibilidade de que esse local pode ser no território de Tapá ou Nupê.
Ossain
Ossain é a divindade das plantas medicinais e litúrgicas; sem a sua presença, nenhuma cerimônia pode ser feita, pois ele é o detentor do àse (poder), imprescindível até aos próprios deuses.
O símbolo de Ossain é uma haste de ferro, onde na extremidade superior, existe um pássaro em ferro forjado. Esta haste é cercada por seis outras dirigidas em leque para o alto.
Primeiros terreiros de candomblé
A instituição de irmandades religiosas, sob a responsabilidade da Igreja Católica, separava as etnias africanas. Os negros de Angola formavam a ordem terceira do Rosário de Nossa Senhora das Portas do Carmo. Os Gêges reuniam-se sob a devoção de Nosso Senhor Bom Jesus da Necessidades. Os Nagôs, cuja maioria era da nação Kêto, formavam duas irmandades distintas: uma de mulheres e outra reservada aos homens.
Essa separação por etnias, completava o que já acontecia no século precedente, onde era permitido aos negros libertos ou não, se reagrupar e praticar juntos, em locais fora da Igreja, o culto de seus deuses africanos.
Muitas mulheres originárias de Kêto, antigas escravas libertas, tomaram a iniciativa de criar um terreiro de candomblé, chamado Ìyá Omi Àse Àirá Intilè, próximo à Igreja da barroquinha. Além deste terreiro, muitos outros começaram a surgir e se espalhar pela cidade. Nesta época, apenas a religião católica era autorizada legalmente, e, esses cultos ‘clandestinos’ eram repreendidos a todo instante.
Em 1826, a polícia da Bahia começou a realizar buscas com o objetivo de recolher possíveis negros agrupados e direcionados à uma revolução, mas ao contrário disso, apreenderam objetos e instrumentos relacionados ao candomblé. Ainda nesta época surge no alto do Gantois, o terreiro chamado Iyá Omi Àse Ìyámase, fundado por dona Escolástica Maria da Conceição Nazaré, “Menininha” ; a partir daí, muitos terreiros surgiram nascidos do terreiro Axé Opô Afonjá, na Barroquinha.
Ao lado dos terreiros Nagô- Kêto, há na Bahia os da nação Ijexá; o mais conhecido é o de Eduardo Ijexá, meio irmão de Otávio Mangabeira, ex-governador da Bahia. A palavra candomblé, que traduz na Bahia as religiões africanas, é de origem BANTU, e é possível que as influências das religiões vindas da África não se limitem só ao nome das cerimônias, mas tenham unido ao culto gêge e nagô, uma forma diferenciada dessas manifestações na África.
Cerimônias
Na África
As cerimônias para os orixás são acompanhadas de oferendas e sacrifícios. Normalmente, o orixá recebe essa oferenda encarnado em um de seus elégùn.
Para Xangô, estas cerimônias são realizadas em épocas afastadas umas das outras, e ele só se manifesta apenas em um de seus elégùn, mas existe a possibilidade de todos serem possuídos. Esse transe, quando iniciado, dura até dezessete dias e manifesta-se durante o sacrifício de um carneiro.
Os transes de Ogum, acontecem a cada quatro dias, isto é, a cada semana Iorubá. O deus se manifesta em seu elégùn, sempre o mesmo, num curto período de tempo que pode chegar a uma hora. O transe acontece puxado pelos ritmos de tambores e sacrifícios.
Existem muitos orixás, e as cerimônias de evocação são específicas para cada um deles.
No Novo Mundo
Terreiros de candomblé no Brasil
Na Bahia, no início do século, os terreiros eram instalados longe do centro da cidade; com o crescimento dos novos bairros, estes foram sendo incluídos na zona urbana.
São geralmente compostos de uma construção denominada ‘barracão’, com grande sala para as danças e cerimônias; de uma série de casas destinadas à residência das pessoas que fazem parte do candomblé.
O culto é de responsabilidade do pai ou mãe-de-santo, que são os babalorixá e ialorixá, respectivamente. São chamados também de zelaores de santo ( encarregados de cuidar do axé-poder do orixá ). Os pais-de-santo e as mães-de-santo, são ajudados por pais ou mães pequenos e por uma série de ajudantes, com papéis e atividades definidos.
Alguns integrantes são chamados de ‘ogãs’, mas estes não têm funções religiosas especiais, ajudando o terreiro materialmente e contribuem para protegê-lo; é um tipo de ajuda mútua. Existem ainda os ‘iaôs’ , “mulheres” dos orixás, que são os filhos e filhas-de-santo.
Nos dias de cerimônia pública, chamada ‘xirê dos orixás’ – festa dos orixás – o barracão é decorado com guirlandas de papel nas cores do deus festejado. O chão é varrido cuidadosamente e salpicado com folhas de pitanga e grandes palmas decoram as paredes.
O pai-de-santo, com seus ajudantes, fica sentado junto aos atabaques. Os ogãs ficam em cadeiras marcadas com seus nomes, onde só eles podem sentar. Os visitantes importantes sentam-se em bancos e cadeiras e o resto do público fica dividido em dois grupos: homens de um lado e mulheres de outro.
No começo, três atabaques ( Rum, Rumpi e Lé ) acompanhados pelo agogô, tocam apelos ritmados às diversas divindades. Durante os toques de chamada, feitos no início da cerimônia, os atabaques são batidos sem acompanhamento de danças e cantos.
O elemento melódico das músicas africanas, destaca-se no decorrer das cerimônias privadas, no momento de sacrifícios e oferendas dirigidos aos orixás. A melodia é na língua Iorubá.
Uma vez terminada essa parte do ritual religioso, todos ficam de pé, com as mãos estendidas- forma de saudação – enquanto a ‘iamorô’ e as outras dançam para honrar a memória dos orixás.
O transe começa por hesitações, passos em falso, tremedeiras e movimentos desordenados de iaôs. Ficam descalços, todas as jóias do corpo são retiradas e as calças ficam dobradas até a altura do joelho. Os orixás são recebidos com gritos e louvores. Os iaôs vestem-se com roupas características do orixá e recebe suas armas e seus objetos.
Bem, a diferença entre as cerimônias na África e no Novo Mundo é que na primeira, evoca-se um só orixá durante uma festa celebrada em um templo reservado, enquanto no Novo mundo, vários orixás são evocados em um mesmo terreiro durante uma mesma festa. Na África, a cerimônia é feita pela coletividade familiar e um só elégùn é possuído, enquanto no Novo Mundo, vários iaôs recebem o mesmo orixá.
Conclusão
O trabalho sobre Candomblé, realizado pelos alunos Bárbara Ramos, Murilo, Rodrigo Costa e Télio Filho, foi de extrema importância para o maior conhecimento sobre esse sincretismo religioso e cultural, instalado principalmente na Bahia.
O candomblé não é somente uma religião, mas um verdadeiro estilo de vida, formado por diversas influências, de uma nação, que apesar de todas as dificuldades conseguiu manter suas raízes de origem. Aqui também se pôde analisar a relação do candomblé com outras religiões e culturas.
Bibliografia
As sete portas da Bahia – Caribé
Candomblé e umbanda: caminhos da devoção brasileira – Silva, Vagner Gonçalves.
O que é umbanda. – Birman, Patrícia.
Orixás – Fatumbi, Pierre.