Devido à imaturidade funcional e estrutural dos organismo dos recém nascidos prematuros, estes podem apresentar sequelas e diversos graus de comprometimentos em seu desenvolvimento. Com isso, a intervenção da Terapia Ocupacional com estes bebês torna-se de suma importância em seus três níveis de atuação: estimulação precoce e direta aos prematuros; favorecimento de um vínculo maior das mães com seus bebês e no ambiente. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo fazer um levantamento dos bebês internados no berçário de cuidados especiais de um hospital materno infantil, identificando quais apresentam risco de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e foram encaminhados para o atendimento terapêutico ocupacional no ambulatório de follow-up de neonatos e acompanhar o trabalho da Terapia Ocupacional nestes setores. Foi realizado um levantamento de todos os bebês nascidos prematuramente durante aproximadamente 5 meses, ano de 2009.
Fizeram parte da amostra 25 bebês acompanhados no berçário de cuidados especiais, dos quais 5 foram encaminhados para atendimento no ambulatório de follow-up, e 9 bebês que já se encontravam em atendimento no setor quando a pesquisa se iniciou. Entrevistas semi-estruturadas foram aplicadas a 6 profissionais destes setores, visando caracterização do local. Os resultados mostraram que os atendimentos terapêuticos ocupacionais nos setores analisados, apesar de terem sido implantados recentemente, corroboram com os demais encontrados na literatura. Os atendimentos no berçário de cuidados especiais visaram a realização de estimulações sensoriais, contenção facilitadora e mobilização de membros superiores e inferiores. Já os atendimentos no ambulatório de follow-up visaram avaliações gerais do desenvolvimento neuropsicomotor, estimulação ao desenvolvimento adequado e orientações aos pais. Quanto ao fato dos bebês apresentarem atrasos no desenvolvimento, constatou-se que para isso diversos fatores estão envolvidos.
Demonstrou-se também que os profissionais atuantes dentro desses setores conhecem e reconhecem o trabalho da terapia ocupacional com essa população.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Dados relevantes das mães dos prematuros
Quadro 2: Caracterização dos bebês participantes acompanhados no berçário de cuidados especiais
Quadro 3: Atendimentos terapêuticos ocupacionais no berçário de cuidados especiais
Quadro 4: Bebês encaminhados para a Terapia Ocupacional no ambulatório de follow-up: situação do DNPM e procedimentos realizados no setor
Quadro 5: Caracterização dos bebês que já estavam em atendimento ambulatorial no início da pesquisa
Quadro 6: Breve relato da situação do desenvolvimento neuropsicomotor dos bebês atendidos no ambulatório de follow-up e os procedimentos realizados ao longo dos atendimentos
LISTA DE ABREVIATURAS
UTIN – Unidade de cuidados intensivos neonatal
RNPT – Recém nascido pré-termo
RTCA – Reflexo Tonico cervical assimétrico
RN – Recém-nascido
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
DNPM – Desenvolvimento neuropsicomotor
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 O Nascimento prematuro e suas implicações para o bebê
1.2 Desenvolvimento normal do recém-nascido até os 12 meses e anormalidades freqüentes nos prematuros
1.3 Intervenção terapêutica ocupacional com bebês nascidos pré-termo
1.4 Ambulatório de follow-up
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
2.2 Objetivos específicos
3 MÈTODO
3.1.1 Local
3.1.2 Caracterização do berçário de Cuidados Especiais
3.1.3 Caracterização do Ambulatório de follow-up
3.2 Participantes
3.2.1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
3.3 Instrumento
3.4 Procedimento
3.4.1 Coleta de dados
3.4.2 Procedimento de análise de dados
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Caracterização dos bebês do berçário de cuidados especiais
4.2 Bebês acompanhados apenas nos atendimento no ambulatório de follow-up, por já se encontrarem no setor no início da pesquisa
4.3. Entrevista com os profissionais
5 CONIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIA
GLOSSÁRIO
APÊNDICE A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos pais
APÊNCIDE B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos Profissionai
APÊNDICE C: Roteiro de Entrevista Semi-Estruturada com os profissionais
APÊNDICE D: Ficha de Registro de Dados do bebê
APÊNDICE E: Ficha de Registro da Terapia Ocupacional
ANEXO A: Quadro 7: Comportamentos de auto-regulação descritos na avaliação do comportamento do bebê pré-termo, segundo Als (1982)
1 INTRODUÇÃO
1.1 O Nascimento prematuro e suas implicações para o bebê
De acordo com Braga (2004), no aspecto fisiológico, o nascimento é considerado um momento complexo e que envolve adaptações respiratórias, metabólicas e circulatórias. O feto, antes imerso em líquido e dependente da placenta para trocas gasosas, excreção e nutrição, passa a necessitar de ar para respiração e tem que desenvolver suas funções de forma independente.
O momento do nascimento pode ou não ser traumático para o bebê. A experiência do nascimento vem acompanhada de uma carga intensa de energia que invade o bebê e pode desestabilizar o ritmo temporal construído durante o período de gestação. Sendo assim, no momento em que a mãe aconchega seu bebê e lhe oferece um contato para instituir o laço familiar, restitui-se o compasso quebrado pelo nascimento. Quando a gestação do bebê é interrompida antecipadamente com um parto prematuro, as sensações de angústia e ansiedade se prolongam na ausência dos cuidados familiares e o trauma pode se instalar. (MOREIRA, 2007).
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o recém-nascido pré-termo (RNPT) é todo aquele nascido com idade gestacional inferior a 37 semanas, ou antes de 259 dias. Estas semanas são calculadas a partir do 1º dia do último ciclo menstrual.
De acordo com Rugolo (2000 apud AYACHE; CORÌNTIO, 2003), segundo o peso de nascimento, os recém-nascidos podem ser classificados como sendo de baixo peso (entre 1.500 e 2.499 gramas), de muito baixo peso (entre 1.000 e 1.499 gramas) e de extremo baixo peso (inferior a 1.000 gramas). Os recém-nascidos também podem ser classificados como prematuros moderados, com idade gestacional entre 31 e 36 semanas, ou prematuros extremos, com idade gestacional entre 24 e 30 semanas.
Bebês prematuros podem encontrar dificuldades de adaptação extra-uterina, devido à imaturidade funcional e estrutural de alguns de seus sistemas. Sendo assim, a condição de nascimento pré-termo constitui-se como um risco para a criança, uma vez que, além de expô-la a uma cadeia de adversidades sucessivas e simultâneas decorrentes da própria condição adversa da prematuridade, pode acarretar em diversos graus e níveis de comprometimentos no desenvolvimento global desta criança. (AYACHE; CORÍNTIO, 2003; LINHARES, 2003).
Algumas das principais sequelas que um bebê pré-termo pode apresentar são:
– sequelas neurológicas decorrentes de hemorragia intracraniana ou anormalidades graves;
– imaturidade pulmonar, que pode desencadear uma depressão respiratória e tornar o bebê mais suscetível a desenvolver displasia broncopulmonar, doença da membrana hialina e apnéia da prematuridade;
– no sistema cardiovascular podem estar presentes hipotensão, hipovolemia e insuficiência cardíaca congestiva, hipoglicemia, hipocalcemia, acidose metabólica e osteopenia;
– no sistema hematológico podem estar presentes anemia ou hiperbilirrubinemia, rins imaturos podem apresentar deficiência na filtração glomerular e a imaturidade de mecanismos de regulação térmica pode acarretar hipotermia ou hipertermia;
– nas vias oftalmológicas, há risco de desenvolver retinopatia da prematuridade e o sistema imunológico pode estar mais suscetível a infecções. (LINHARES, 2003; ACIOLY, 2003).
”Na América Latina, a incidência da prematuridade varia de dez a quarenta e três por cento, e no Brasil o índice é em torno de onze por cento.” (BENZECRY; OLIVEIRA; LEMGRUBER, 2000, p.913).
É difícil antever se um parto será prematuro, mas há mulheres que apresentam fatores de risco para a prematuridade, tais como: classe socioeconômica baixa; mulheres negras; mulheres com menos de dezesseis anos ou mais de trinta e cinco; pequeno intervalo entre gestações; antecedentes de partos prematuros; gestação múltipla; atividade materna intensa e sem acompanhamento médico; doença materna aguda ou crônica; hipertensão arterial; diabetes; infecções urinárias; vaginites; estresse; descolamento de placenta; tabagismo; mulheres com peso baixo antes da gestação e que ganham pouco peso durante a gravidez; anormalidades anatômicas do útero; anemia grave; uso de drogas lícitas e ilícitas; dentre outros, que devem ter um acompanhamento médico mais cuidadoso. (ACIOLY, 2003; BENZECRY; OLIVEIRA; LEMGRUBER, 2000).
O desenvolvimento de cuidados cada vez mais avançados em Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), nas ultimas décadas, propiciou a sobrevida de um grande número de recém-nascido pré-termo de muito baixo peso. Porém, apesar dos cuidados avançados, o ambiente hospitalar ainda difere-se em grande escala do útero materno e, com isso, o bebê prematuro não conta com o ambiente uterino da mãe para protegê-lo de perturbações externas, para suprir constantemente suas necessidades nutricionais, controlar sua temperatura e regular seus hormônios.
Devido à privação de um completo desenvolvimento intra-uterino, prematuros poderão apresentar atrasos no desenvolvimento motor, além de possíveis problemas cognitivos, como retardo mental (baixo QI). Estudos revelam que cerca de 50% dos prematuros que nascem com idade gestacional inferior a 30 semanas apresentam distúrbios neurológicos. (CARDOSO et al, 2006).
1.2 Desenvolvimento normal do recém-nascido até os 12 meses e anormalidades frequentes nos prematuros
Devido à postura intra-uterina assumida durante todo o período pré-natal, o neonato tende a apresentar uma postura em flexão. A maturação do córtex cerebral é notada com o aparecimento e desaparecimento de reações e reflexos evoluindo no sentido céfalo-caudal. “O desenvolvimento motor se faz em etapas, dos movimentos grosseiros aos mais finos, evoluindo de forma sequencial: controle da cabeça, rolar, sentar, ficar em pé e andar.” (AYACHE; CORÍNTIO, 2003, p.6). O aparecimento ou não de aquisições motoras correspondentes a cada idade é um importante parâmetro para a detecção precoce de desvios e atrasos do desenvolvimento.
De acordo com Flehmig (1987), Ayache e Coríntio (2003) e Jacobs (2006), o desenvolvimento normal do recém-nascido de 1 a 12 meses ocorre da seguinte maneira:
No primeiro mês de vida o bebê possui uma postura predominantemente flexora, tanto em decúbito dorsal como em ventral; a cabeça se encontra frequentemente de lado e o corpo realiza rotação em bloco; reage a efeitos luminosos e acústicos extremos franzindo a testa, com choro, reação de moro ou ficando quieta; punhos encontram-se fechado. Reflexos de sucção, de preensão palmar, de flexão plantar, de marcha, de moro, tônico cervical assimétrico (RTCA) e reação postural cervical são alguns presentes nesta fase.
No segundo mês o tono flexor ainda está presente nas posições em prono e supino; mantém olhar fixo em objetos e acompanha parte de sua trajetória; esperneia alternadamente; a cabeça já se levanta, porém por curtos intervalos de tempo; reage ainda da mesma maneira a estímulos luminosos ou sonoros; sorri e observa com atenção fisionomias. Reações e reflexos ainda continuam presentes.
No terceiro mês a criança encontra-se ora em posturas simétricas, ora em posturas assimétricas; em decúbito dorsal vira-se para os lados não mais em bloco como antes, mas já com certa rotação; a cabeça pode ser mantida na linha média, mas coloca-se frequentemente para um lado (influência do RTCA); em decúbito ventral inicia extensão cervical, erguendo a cabeça a 45º, com apoio nos antebraços; o tônus já não é mais predominantemente flexor, mas também extensor; em decúbito dorsal, quando puxado para sentar a cabeça já se mantém alinhada ao tronco; as mãos já podem ser trazidas para a linha média e são frequentemente levadas á boca; agarra objetos para brincar, mas ainda tem dificuldades para soltá-los; o campo de alcance visual está aumentado, juntamente com a capacidade de acompanhar objetos por um maior período de tempo; ao ouvir ruídos vira-se para o lado da fonte geradora. Reflexo de flexão palmar tende a ir desaparecendo, mas pode ainda persistir o de flexão plantar e a Reação de Moro.
No quarto mês o bebê apresenta movimentos mais coordenados; da posição dorsal é capaz de rolar para os dois lados; a cabeça pode encontrar-se na linha média, mas há a preferência por um dos lados; em decúbito ventral, consegue uma extensão da cabeça de quase 90º com apoio nos antebraços; com ligeira rotação externa e abdução das pernas em decúbito ventral, a criança inicia o rastejar; com a aquisição da coordenação óculo-manual, o bebê brinca com as mãos de maneira mais voluntaria e objetos pegos pelas mãos e manipulados na linha média, casualmente já podem ser largados; melhora o controle cervical e quando puxada para sentar, a criança traz a cabeça alinhada ao tronco; sentada ainda não possui equilíbrio, mantendo o dorso curvado. O Reflexo de flexão palmar é quase inexistente, e os reflexos RTCA, de flexão plantar e de moro são bastante discretos.
No quinto mês, na posição dorsal, além de rolar para os lados, ocasionalmente o bebê consegue rolar para decúbito ventral. Ainda em decúbito dorsal, também já consegui erguer a cabeça e arquear as costas levantando o quadril como se fizesse uma ponte; os pés são agarrados e levados á boca; na posição ventral consegue manter-se sobre apoio de somente um dos antebraços, enquanto libera o outro membro e estende para frente; movimentos já se apresentam de forma mais coordenada; quando puxada para sentar, trás a cabeça antes do tronco; objetos são transferidos de uma mão para outra, frequentemente são levados á boca e largados por acaso; produz sons inarticulados e conversa sozinha; sorri para sua imagem no espelho; diferencia pessoas conhecidas de desconhecidas. Nesta fase desaparecem os reflexos e reações primárias do período neonatal e inicia-se o reflexo de Landau.
No sexto mês a criança em decúbito dorsal, que já não é o preferido, estende os braços e vira-se para decúbito ventral; rola de prono para supino não mais em bloco, mas com dissociação de cintura; permanece sentada sem apoio momentaneamente, com o dorso curvado, joelhos fletidos e quadris abduzidos; levantada para manter-se em pé a criança já suporta bem seu peso, mas ainda oscila bastante e não se mantém na posição sozinha; ao pegar objetos realiza preensão palmar; começa a imitar sons lingüísticos.
Entre o sétimo e o oitavo mês a criança já não fica em decúbito dorsal. Em decúbito ventral já consegue arrastar-se e passar para a posição de gato e engatinhar, inicialmente movimentando-se em bloco e, posteriormente, com maior dissociação de cinturas; senta-se sem apoio, pois já desenvolveu reação de proteção e equilíbrio para frente e, posteriormente, para os lados; a criança puxa-se para ficar em pé, mas ainda não possui equilíbrio suficiente para manter-se sozinha na posição; imita sons próprios e que ouve; bate um brinquedo contra o outro.
Durante o nono e o décimo mês a criança não permanece mais nos decúbitos ventral e dorsal, virando-se sempre para os lados e sentando-se; sentada possui um bom equilíbrio, apóia-se nos braços para trás, gira sobre si mesma e, desta posição, consegue deslizar para frente e para trás; da posição sentada passa para a de engatinhar, e vice-versa; levanta-se sozinha segurando em objetos; balança-se e troca passos com apoio; frequentemente passa da posição em pé para a de engatinhar; engatinha com rapidez e boa rotação; um brinquedo já pode ser largado e jogado; pega objetos com preensão fina (pinça bi-dígito); emite sussurros e diz sílabas dobradas (como “mamã” e “papá”); começa a brincar com os outros, e não somente sozinha.
Entre o décimo primeiro e o décimo segundo mês, a criança praticamente só assume a posição ventral e dorsal no momento de dormir; adquiriu bom equilíbrio na posição sentada, conseguindo apoiar-se para todos os lados; passa da posição sentada para engatinhar, de maneira rápida e bem equilibrada; levanta-se e fica em pé com ou sem apoio, passando às vezes pela posição de urso (apoio não mão e nos pés); consegue trocar alguns passos sem apoio, mas o equilíbrio ainda é precário nesta posição; inicio do controle esfincteriano da bexiga; começa a falar; torna-se mais autônoma.
A evolução do desenvolvimento neuropsicomotor de bebês prematuros difere substancialmente da evolução de bebês a termo. Bebês pré-termo tendem a apresentar uma hipotonia global, por isso seu padrão flexor (uma característica de recém-nascidos a termo) encontra-se bastante diminuído. A falta de flexão fisiológica destes bebês deve-se à redução do tempo em ambiente uterino e a ação da gravidade na musculatura ainda fraca destes bebês, predominando assim uma postura extensora.
Movimentos espontâneos de braços e pernas podem estar mais lentos e a resistência à movimentos passivos é pequena. Um ou todos os membros poderão ser assimétricos e os reflexos e reações primitivas podem ser ausentes, inconsistentes ou anormais. Mesmo com o aumento gradativo do tono flexor à medida que o bebê se desenvolve, o prematuro não conseguirá atingir o grau completo de tono muscular equivalente a um bebê a termo, desencadeando assim um desequilíbrio entre os grupos musculares flexores e extensores. Este desequilíbrio poderá interferir na aquisição de importantes funções motoras, como controle de cabeça e de tronco, equilíbrio sentado, habilidades e coordenação bilateral, dificuldades de conquistar a linha média, atraso na locomoção, e ainda afetar a imagem corporal e habilidades de exploração.
De acordo com Ayache e Coríntio (2003), além de problemas físicos ocasionados pelo nascimento prematuro, há também influências do meio ambiente, que deveria proporcionar experiências, interações e vinculo com os pais do bebê, desde o nascimento. Contudo, bebês nascidos pré-termo permanecem internados por longos períodos em Unidades de Terapia Intensiva e/ou berçários de alto risco, locais estes que se apresentam como ambientes hostis e agressivos, e que frequentemente lhes proporciona sensações desagradáveis e nocivas. Dentro de Unidades de Terapia Intensiva Neonatais encontra-se grande quantidade de estímulos nocivos, como: luminosidade, ruídos, manipulações excessivas e dolorosas, e que nem sempre são dosadas e adequadas, que levam o bebê a um estado de apatia profunda e de grande desgaste físico e emocional.
1.3 Intervenção terapêutica ocupacional com bebês nascidos pré-termo
A atuação da Terapia Ocupacional nestes ambientes visa estimular o bebê de maneira e intensidade adequadas, a fim de facilitar o desenvolvimento neuropsicomotor dos neonatos, favorecer o vinculo mãe-bebê e oferecer suporte a estas famílias. Desta forma, segundo Monteiro (2007), há três níveis de intervenção nos espaços de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e nos berçário de alto risco (berçário de cuidados especiais), quais sejam:
Intervenção no ambiente físico e humanização
Para a humanização do ambiente das Unidades de Terapia Intensiva Neonatais e proporcionar uma melhor qualidade de vida aos bebês durante o período de internação, podem ser realizados alguns procedimentos visando diminuir as “agressões ambientais” à que os recém-nascidos estão expostos. O ambiente físico deve ser levado em consideração, tornando-o menos assustador, mais agradável, acolhedor e familiar. Para isso, deve-se rever o design da UTIN (distanciamento das incubadoras e localização) e personalizar as incubadoras, com nomes dos bebês e brinquedos laváveis (MONTEIRO, 2007).
Os níveis de ruídos dentro das UTIN, segundo recomendações da Agência de Proteção dos Estados Unidos, não deveriam ultrapassar 45 dB durante o dia e 35 dB durante a noite. Excessos de ruídos podem causar estresse e insônia aos bebês. A insônia provocada pelo excesso de ruídos faz com que os prematuros consumam energia necessária para seu processo de cura, devido à relação com a imunossupressão, síntese adequada de proteínas, confusão, irritabilidade, desorientação, falta de controle e ansiedade. (CARVALHO; PEDREIRA; AGUIAR, 2005). Os ruídos produzidos neste ambiente hospitalar são produzidos, principalmente, por aparelhos (monitores cardíacos, ventiladores mecânicos, oxímeros de pulso, sistema de alarmes); vozes humanas; telefones; rádios; passos; o ruído de abrir e fechar gavetas; abrir e fechar incubadoras; apoiar objetos sobre as incubadoras; abrir e fechar portas; torneiras de pias e lixeiras.
Algumas medidas que podem ser tomadas são: utilizar abafadores nas lixeiras, portinholas, pias e portas; reduzir sons de alarmes, bips e campainhas; falar baixo; não utilizar rádios; diminuir a abertura e fechamento das portinholas das incubadoras e não arrastá-la ou tamborilar sobre as mesmas; não apoiar objetos e pranchetas sobre cúpula de acrílicos das incubadoras; desligar alarmes o mais rapidamente possível e optar por sapatos que produzam pouco ruído ao caminhar. (GOMES; FUMAGALLI; GUERRA, 2000; MONTEIRO, 2007; CARVALHO; PEDREIRA; AGUIAR, 2005; ZACONETA et al, 2001).
Para que haja uma correta observação pelos profissionais de saúde, os bebês estão constantemente expostos à iluminação excessiva, o que pode causar reações lesivas sobre as estruturas óticas podendo agravar retinopatias, uma vez que recém nascidos pré-termo possuem características anatômicas oculares que permitem entrada de grande quantidade de luz na retina. Outro agravante é que o excesso de luz constante impossibilita que os bebês abram os olhos para interagir com o meio circundante e desorganiza o ritmo circadiano hormonal. (ZACONETA et al, 2001).
Providências a serem tomadas para este caso pode ser: introduzir um mecanismo de luz cíclica, ou seja, diminuição da luz durante a noite, que pode ajudar o bebê a diferenciar o dia da noite (ciclo sono-vigília); posicionar incubadoras onde não tenha excessos de iluminação; utilizar cortinas para diminuir a intensidade da luz dentro da unidade; personalizar incubadora, cobrindo-as a fim de dosar a intensidade de luz para o bebê. (MONTEIRO, 2007; ZACONETA et al, 2001).
Intervenção junto ao recém-nascido
A intervenção diretamente com os bebês é alicerçada de acordo com as atitudes comportamentais demonstradas pelo bebê. A capacidade de perceber e interpretar as necessidades do recém-nascido pode ser embasado pelo Modelo Síncrono Ativo de Heidelise Als, que delineia caminhos para se observar o funcionamento cerebral através dos comportamentos do bebê. De acordo com Meyerhof (1997), os cinco subsistemas propostos pelo modelo, são: as capacidades autônomas; motora; de organização dos estados, de atenção e de auto-regulação do recém-nascido, e podem ser observadas a olho nu, identificando especificamente onde se encontra o limiar daquele bebê em relação ao estresse, ao aumento da capacidade de auto-regulação e de auto-diferenciação entre estes cinco subsistemas.
A seguir a descrição dos 5 subsistemas:
a) O sistema autônomo é observável através dos padrões de respiração, mudanças na cor da pele, sinais viscerais, como movimentos peristálticos, regurgitar, soluços e freqüência cardíaca.
b) Para o sistema motor é observável a postura, o tônus e os movimentos do bebê.
c) O sistema de organização dos estados pode ser observado por meio de variações do estado de consciência, as transições de um estado para o outro e a clareza e diferenciação entre eles.
d) Para a observação da atenção devem-se notar as habilidades do recém nascido em assumir e manter um estado de alerta e em responder adequadamente a estímulos sociais e cognitivos.
e) Finalmente, o sistema de auto-regulação é notável através de estratégias utilizadas pelo neonato, para manter o equilíbrio relativamente estável e relaxado dos subsistemas.
Caso haja excesso de estimulação, desequilíbrio ou sobrecarga dos subsistemas, o recém-nascido expressará seu estresse por sinais de retraimento. Por outro lado, quando há equilíbrio dos subsistemas o neonato demonstrará receptividade às interações com os pais e aos manuseios dos profissionais, ou seja, é o momento mais adequado para realização de estimulação direta com o bebê.
Sendo assim, sinais comportamentais de aproximação geralmente indicam que o bebê está recebendo uma quantidade adequada de estimulação e interação, por outro lado, sinais comportamentais de retraimento indicam que o recém-nascido está estressado e que as estimulações excessivas deveriam ser gradativamente retiradas (KUDO et al, 1997). O quadro com os comportamentos de auto-regulação descritos na avaliação do comportamento do bebê pré-termo, segundo Als, (1982), encontra-se em anexo (Anexo A).
A fim de facilitar o desenvolvimento neuropsicomotor, no momento de interagir com o neonato, é de suma importância a interpretação e o respeito dos sinais comportamentais demonstrados pelo bebê, bem como os estados de consciência. Brazelton (1984 apud MEYERHOF, 1997) define seis estados de consciência claramente distintos, sendo dois estados de sono e quatro de vigília.
Os estados de consciência são: Sono profundo (olhos fechados, respiração regular e profunda; dura cerca de 20 minutos e é importante para o repouso e organização do sistema nervoso do recém nascido pré-termo); sono leve (com movimentos rápidos dos olhos, respiração irregular e rápida, esboça caretas, sorrisos ou movimentos bucais e movimentos corporais); sonolência (olhos abrem e fecham com movimentos suaves dos membros); alerta inativo (olhos brilhantes respiração regular, corpo e face relativamente inatos, estado mais favorável á interação pois responde facilmente a estímulos auditivos e visuais); alerta ativo (olhos abertos e mais atividade corporal, pode protestar e choramingar) e choro (choro forte com intensa atividade motora).
Segundo Meyerhof (1997, p.207), a intervenção envolve tanto a inibição quanto a estimulação. O terapeuta deverá estruturar o ambiente de tal forma que o bebê consiga uma melhor auto-organização. Portanto o objetivo da intervenção será tanto no sentido de promover “input” sensorial, como a de proteger o bebê de excessos de estimulação, graduando os estímulos de acordo com o desenvolvimento adaptativo do neonato.
Para se dar início ao atendimento, é de suma importância observar as condições do bebê, verificando em que estado de consciência o mesmo se encontra e obter informações sobre como foi o dia do bebê (se dormiu, chorou, foi amamentado, se recebeu a visita da mãe). As intervenções podem ocorrer nas atividades de vida diária do bebê internado, ou seja, nas manipulações de rotina.
Durante o banho, é importante que toda a equipe esteja orientada quanto à melhor posição para realizá-lo, sempre com o bebê em prono, que evita a reação de moro e subseqüente choro. A pesagem deve acontecer com o bebê sempre em prono ou decúbito lateral, facilitando assim sua auto-organização e que o recém nascido leve a mão á boca. Durante os procedimentos de troca de fraldas, a equipe também deve ser orientada para realizá-la com o recém-nascido em decúbito lateral, com o berço ou apoio levemente inclinado (posição anti-refluxo) e a fralda a ser colocada não deve ser grande para o tamanho do neonato, para não propiciar uma abdução exagerada de quadril. (MONTEIRO, 2007)
As intervenções precoces diretas com pré-termo ocorrem com relação ao posicionamento, estimulação oral, visual, auditiva, tátil sinestésica, multimodal e social. O manuseio dos bebês deve ocorrer na forma de enrolamento e contenção facilitadora. (KUDO et al, 1997)
Durante o manuseio dos prematuros devem-se utilizar as técnicas de enrolamento, que consiste em uma aproximação das extremidades do corpo do bebê, ou seja, uma aproximação da cabeça e dos membros inferiores. Deve-se utilizar esta postura no neonato para inibir extensão cervical ou durante as passagens da incubadora para a balança e para o banho, por exemplo.
A equipe também deve receber orientações do terapeuta sobre: evitar mudanças bruscas de posicionamento; realizar procedimentos de rotina, sempre que possível, respeitando o estado comportamental do bebê e o seu sono; evitar manuseios desnecessários e incômodos ao bebê; durante procedimentos dolorosos, posicionarem bem o recém-nascido para que ele permaneça acomodado e utilizar técnicas que minimizem o estresse, como a sucção não nutritiva, por exemplo.
A contenção facilitadora, também pode ser utilizada em procedimentos dolorosos, ou sempre que o bebê se desorganizar. A técnica consiste em colocar o bebê em decúbito lateral e as mãos do terapeuta sobre a cabeça e sobre a planta dos pés do neonato, proporcionado assim que ele se reorganize.
O “ninho” também é indicado para os bebês dentro das incubadoras, e consiste em utilizar “rolinhos” feitos de lençol, por exemplo, para conter e acomodar o bebê em todos os decúbitos. A utilização do ninho proporciona limite e toque ao bebê, permitindo assim que ele se organize melhor e sinta-se seguro.
Nos berçários de alto risco, devido à maior estabilidade clínica dos prematuros, as intervenções terapêuticas ocupacionais ocorrem, majoritariamente, no sentido de acompanhar recém-nascidos que possuam fatores de risco para o crescimento e/ou desenvolvimento, estimulando-o precocemente e orientando os pais sobre como estimular seu bebê durante as atividades rotineiras.
Apoio aos familiares
A terapia ocupacional também tem como foco a intervenção com os pais dos bebês internados, que podem experimentar reações psíquicas de culpa, medo, desesperança e de negação, o que acaba dificultando a formação do apego e do vínculo pais-bebê. A perda do bebê imaginário e sonhado durante a gestação traz aos pais a sensação de luto e angústia, principalmente ao verem, pela primeira vez pós-internação, seu filho envolto por tubos que “invade” todo o pequeno e desprotegido corpo (MONTEIRO, 2007). Segundo Baldini e Krebs (2000, p.182 apud Dittiz et al, 2006, p.43), “pais entram num estágio de luto após o nascimento do filho, que pode ser tão intenso quanto o luto da morte real”.
Neste sentido, a Terapia Ocupacional visa oferecer apoio à mãe e a família, buscando minimizar o sofrimento inerente á condição do filho internado e desenvolver habilidades de enfrentamento da situação. Podem ser realizados atendimentos grupais, afim de que a mãe possa expressar seus sentimentos e expectativas.
A interação pais-bebê deve ser estimulada para que o apego se desenvolva precocemente, encorajando e preparando a mãe para que ela se reconheça como cuidadora do bebê. Neste sentido, podem ser realizadas atividades grupais para que as mães confeccionem móbiles, placas nominais e outros objetos para seus bebês, contribuindo também para a construção de um ambiente mais personalizado para cada criança. A mãe também deve ser incentivada a estabelecer maior contato com seu bebê e a participar dos cuidados diários prestados ao bebê pela equipe da unidade. A Terapia Ocupacional também pode atuar como mediador das relações entre os profissionais e a mãe/família, entre os profissionais e até entre as próprias mães.
1.4 Ambulatório de Follow-Up
O seguimento do recém-nascido (RN) de risco é uma especialidade estabelecida na maior parte dos serviços de saúde dos países desenvolvidos. No Brasil, os primeiros ambulatórios de Follow-up surgiram por volta da década de 80, sendo que no primeiro momento os cuidados eram voltados principalmente para os aspectos clínicos dos bebês acompanhados. Com uma ampliação dos objetivos do programa tornou-se necessária a formação de equipes interdisciplinares para atendimento á clientela. (LEMOS et al, 2004).
O ambulatório de seguimento follow-up é a continuidade da assistência ao recém-nascido após sua alta hospitalar, que se segue até que este complete cerca de sete anos de idade. A prioridade assistencial neste setor é identificar, o mais precocemente possível, desvios no desenvolvimento global dos recém-nascidos, e intervir afim de eliminar ou amenizar este desvio. Os atendimentos, realizados pela equipe interdisciplinar, ocorrem, geralmente, acompanhando recém-nascidos que apresentaram: nascimento prematuro, asfixia perinatal, problemas neurológicos, hiperbilirrubinemia, policitemia sintomática, hipoglicemia sintomática, necessidade de uso de ventilação mecânica, infecções congênitas, más formações congênitas e síndromes genéticas. (MONTEIRO, 2007; SILVA, [200?]).
Os principais objetivos dos atendimentos ambulatoriais de follow-up, atualmente são: identificar crianças de alto risco para problemas de desenvolvimento; acompanhamento para detecção e intervenção profilática/terapêutica o mais precocemente possível e dar suporte á família dos recém-nascidos. (SILVA,[200?])
Ao terapeuta ocupacional atuante neste setor cabe avaliar, junto á equipe médica, o desenvolvimento neuropsicomotor dos bebês e, caso haja disfunção, acompanhá-lo em sessões semanais objetivando estimulação global do mesmo. (LEMOS et al, 2004).
Sendo assim, o presente trabalho realizou um levantamento dos bebês internados no berçário de cuidados especiais de um hospital materno infantil, identificando quais apresentavam risco de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e foram encaminhados para o atendimento terapêutico ocupacional no ambulatório de follow-up, bem como acompanhar o trabalho da terapia ocupacional nestes setores.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Fazer um levantamento dos bebês internados no berçário de cuidados especiais de um hospital materno infantil, identificando quais apresentam risco de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e foram encaminhados para o atendimento terapêutico ocupacional no ambulatório de follow-up.
2.2 Objetivos Específicos
– Por meio de dados coletados nos prontuários e com a equipe profissional do setor, identificar as causas de partos prematuros e as possíveis complicações no nascimento de bebês pré-termo.
– Relatar os atendimentos terapêuticos ocupacionais ocorridos no berçário e no ambulatório durante o período de coleta de dados visando caracterização da atuação profissional terapêutica ocupacional neste setor.
– Identificar a percepção da equipe que atua nesses setores, sobre a atuação da Terapia Ocupacional com os bebês prematuros.
3 MÉTODO
3.1 Local
A pesquisa foi realizada no berçário de cuidados especiais e no ambulatório de follow-up de um hospital materno infantil, localizado em uma cidade do interior paulista. O trabalho de Terapia Ocupacional nesses setores acontece desde fevereiro de 2009 e é realizado por meio do estágio supervisionado, com as alunas do 4º ano do Curso de Terapia Ocupacional de uma universidade pública da mesma cidade.
3.1.1 Caracterização do berçário de cuidados especiais
No berçário de cuidados especiais os atendimentos terapêuticos ocupacionais acontecem 2 vezes por semana, no período da manhã, entre 08:00 e 09:00 horas, antes dos procedimentos de banho, troca de fraldas e alimentação. O trabalho de Terapia Ocupacional realizado no berçário de cuidados especiais visa estimulação destes prematuros; realização de mudanças de decúbito para favorecer auto-regulação e auto-organização; utilização de contenção facilitadora nos momentos de procedimentos invasivos realizados pela enfermagem, dentre outros. As mães dos bebês internados também são atendidas, através de grupos que a Terapia Ocupacional realiza, visando favorecer o vínculo destas com os seus bebês; troca de experiências entre as mães; expressão de sentimentos e expectativas e orientações necessárias sobre os cuidados com os bebês.
Os bebês que passam por internação nos berçários de cuidados especiais são prematuros que permaneceram internados na UTI Neonatal por algum tempo e que ainda não receberam alta hospitalar após o nascimento, mas que já apresentam certa estabilidade de seu quadro. Após receberam alta hospitalar estes prematuros receberam acompanhamento de uma equipe multiprofissional por meio de atendimentos ambulatoriais, no ambulatório de follow-up. Os bebês encaminhados para atendimento terapêutico ocupacional no ambulatório de follow-up são prematuros que apresentam risco de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, detectado por meio da aplicação de escalas de avaliação pelos médicos neonatologistas, fonoaudióloga e pelas estagiárias de terapia ocupacional, enquanto o bebê ainda encontra-se internado no berçário de cuidados especiais.
3.1.2 Caracterização do Ambulatório de follow-up
O ambulatório de follow-up atende as crianças 2 vezes na semana, sendo às terças-feiras e às quintas-feiras. A equipe multidisciplinar atuante no local é composta por: 1 médico neonatologista, 1 fonoaudióloga, 1 médico residente; 1 nutricionista, 1 assistente social, 1 terapeuta ocupacional e estagiárias de terapia ocupacional.
Os atendimentos terapêuticos ocupacionais realizados pelas estagiárias acontecem 1 vez na semana, sendo às quintas-feiras no período da tarde. Estes atendimentos visam realizar avaliações quanto ao desenvolvimento do bebê, pautadas em avaliações médicas e em testes padronizados, como o DENVER II, estimulação dos bebês e orientações aos familiares dos bebês. Dependendo da gravidade de cada caso pode ser necessário realizar encaminhamento dos bebês para centros de atendimentos multidisciplinares para um acompanhamento mais intensivo e com periodicidade semanal.
Especificidade do ambulatório de follow-up de quinta-feira
• A quem se destina: Aos recém-nascidos de alto risco: menor que 1500g; maior que 1500g apresentando asfixia neonatal grave; bebês que tiveram insuficiência respiratória grave; sepse com meningite; enterocolite grave e choque.
• Objetivos: Detecção e intervenção terapêutica e profilática o mais precoce possível; suporte multidisciplinar; seguimento do recém-nascido de alto rico; treinamento de residentes em acompanhamento multidisciplinar e acompanhamento dos seguintes aspectos: antropometria, desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM), linguagem, audição, retinopatia da prematuridade, anemia, distúrbios da deglutição, displasia broncopulmonar e nefrocalsinose.
• Periodicidade para consultas: Para bebês com até um ano as consultas acontecem mensalmente ou trimestralmente, podendo acontecem com maior ou menor frequência, dependendo da necessidade de cada caso. Para bebês com até 2 anos a consulta pode ser semestral ou com menor frequência, dependendo da necessidade de cada caso.
3.2 Participantes
Participaram do estudo, bebês prematuros de ambos os gêneros, com patologias variadas, que estiveram internados no berçário de cuidados especiais de um hospital materno infantil e que tiveram acompanhamento da terapia ocupacional no ambulatório de follow-up.
Também participaram os profissionais do berçário, sendo um médico neonatologista, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem, um fonoaudiólogo, um residente de medicina e um fisioterapeuta.
3.2.1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Explicações sobre a pesquisa foram fornecidas aos responsáveis pelos participantes, bem como para os responsáveis pela instituição onde foi realizado o estudo. Todos os interessados assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando a participação das crianças na pesquisa e a posterior divulgação dos dados obtidos (Apêndices A e B). Estes documentos foram elaborados de acordo com os termos da Resolução 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos adotada por esta instituição, tendo sido o projeto submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Marília, na reunião de 24/04/09 sob o nº de protocolo 160/09.
3.3 Instrumento
Foram elaborados para a coleta de dados (Apêndices C, D e E):
– Um roteiro de entrevista semi-estruturada aplicada aos profissionais que atuam no berçário de cuidados especiais (Apêndice C);
– Uma ficha de registro para coletar os dados dos bebês, versando sobre: idade gestacional, peso ao nascer, procedimento cirúrgico, complicações, tempo de internação e possível risco de atraso no desenvolvimento (Apêndice D);
– Fichas de registro da Terapia Ocupacional, constando às atividades realizadas com os bebês atendidos, e orientações passadas à mãe sobre os cuidados necessários com o seu filho. (Apêndice E)
3.4 Procedimento
3.4.1 Coleta de dados
Inicialmente, foi realizado o contato inicial com os responsáveis do hospital e do berçário, solicitando a autorização para realização da pesquisa no local. De posse da autorização, realizou-se um levantamento de dados dos bebês internados no berçário e entregue o TCLE para os profissionais da unidade e para os responsáveis pelos bebês que aceitaram participar da pesquisa. O período de coleta de dados foi de 5 meses, de março à junho e durante o mês de agosto do ano de 2009. Não houve coleta de dados no mês de julho devido ás férias dos alunos do estágio de Terapia Ocupacional. Dos bebês internados, identificaram-se quais apresentaram fatores de risco para o desenvolvimento neuropsicomotor, e que foram encaminhados para o ambulatório de follow-up.
Durante o período de coleta de dados (de março a agosto), o número total de bebês que compôs a amostra da pesquisa, tendo permanecido internados no berçário de cuidados especiais neste período, foi de 25 bebês. Destes 25 bebês, 5 foram encaminhados para o atendimento de Terapia Ocupacional no ambulatório de follow-up. Todos esses bebês também foram acompanhados pela terapia ocupacional no berçário.
Quando se iniciou a pesquisa, no mês de março, 9 bebês já estavam sendo atendidos pela terapia ocupacional no ambulatório desde fevereiro. Sendo assim, estes 9 bebês somente foram acompanhados em seus atendimentos ambulatoriais, pois sua passagem pelo berçário de cuidados especiais aconteceu antes do início da coleta de dados da pesquisa.
As entrevistas com os profissionais foram realizadas no início da coleta de dados, sendo que as datas das entrevistas foram marcadas previamente para não acarretar prejuízo no desenvolvimento do trabalho realizado.
3.4.2 Procedimento de análise de dados
Os dados da ficha de registro visaram coletar informações sobre o bebê, bem como idades gestacionais, complicações apresentadas devido ao nascimento prematuro, tempo de internação, dentre outros.
As entrevistas com os profissionais visaram à caracterização do setor e mensuração do conhecimento dos profissionais atuantes no berçário de cuidados especiais e UTIN acerca das atuações terapêuticas ocupacionais com os prematuros.
As fichas de registro da Terapia Ocupacional visaram coletar informações sobre os atendimentos com os bebês. Desta forma, foi possível observar o número de bebês prematuros nascidos durante o decorrer da pesquisa e, destes bebês, detectar quais apresentaram fator de risco para atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, e seguiram para o atendimento ambulatorial. Sendo assim, foi possível descrever e caracterizar o trabalho da terapia ocupacional com estes bebês nesses setores.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram distribuídos em quadros para melhor visualização e análise, sendo divididos em 3 categorias, a saber:
4.1) Caracterização dos bebês no berçário de cuidados especiais;
4.2) Bebês acompanhados apenas nos atendimento do ambulatório de follow-up, por já se encontrarem no setor no início da pesquisa;
4.3) Entrevista com os profissionais atuantes no berçário de cuidados especiais.
4.1 Caracterização dos bebês do berçário de cuidados especiais
Todos os bebês que compuseram a pesquisa tendo sido acompanhados no berçário de cuidados especiais foram atendidos pelas estagiárias do 4º ano de terapia ocupacional ao menos uma vez, sendo que o número de atendimentos variou de 1 a 5 para cada bebê. O que determinou o número de atendimentos que cada bebê recebeu, foi a quantidade de dias que este permaneceu internado no setor e a estabilidade de seu quadro (alguns retornavam à UTI Neonatal).
O Quadro 1 a seguir mostra alguns dados relacionados as causas da prematuridade dos participantes da pesquisa.
Os campos preenchidos com “X” indicam alguns dados não existentes em prontuários e que profissionais do local não souberam informar.
Observando o Quadro 1 abaixo é possível notar que a média de idade das mães dos bebês foi de 28 e 29 anos e a média da idade gestacional encontradas foi de 31 e 32 semanas.
Sobre as idades das mães dos bebês, nota-se que 48% das idades variaram entre 15 e 20 anos e entre 31 e 35 anos. As idades acima de 35 anos, fator este que, isoladamente, já é de risco para o nascimento de bebês prematuros, de acordo
Quadro 1 – Dados relevantes das mães dos prematuros.
B1*- significa bebê 1
Com (ACIOLY, 2003; BENZECRY; OLIVEIRA; LEMGRUBER, 2000) representam 20% da amostra. É importante ressaltar que 8% da amostra encontram-se sem informação da idade das mães.
Com relação às causas da prematuridade durante a gestação, cerca de 32% dos nascimentos tiveram entre as causas a hipertensão da mãe nesse período; 28% dos nascimentos estiveram relacionados com infecções da mãe; 16% com o fato da gestação ter sido gemelar; 16% devido à mãe ter desenvolvido pré-eclâmpsia e eclampsia; 8% ao fato de a mãe ter sustentado vícios, como tabagismo e etilismo, mesmo durante a gestação, e outros motivos apareceram em cerca de 48% dos nascidos. Grande parte dos nascimentos pré-termo esteve relacionada a mais de um fator de risco para a prematuridade.
Quadro 2 – Caracterização dos bebês participantes acompanhados no berçário de cuidados especiais.
O Quadro 2 acima mostra os dados dos 25 bebês que passaram pelo setor de berçário de cuidados especiais durante a coleta de dados da pesquisa.
De acordo com o quadro, a média de peso dos bebês ao nascerem ficou entre 1400g e 1500g e a média do tempo de internação dos bebês nos setores, entre UTIN e berçário foi de 40 dias.
É possível notar também que entre as idades gestacionais houve um predomínio de nascidos entre 31 e 35 semanas, representando cerca de 48% dos nascimentos; seguido pelas idades entre 25 e 30 semanas, com cerca de 40%. Apenas uma pequena proporção dos bebês nasceu com idade gestacional superior a 35 semanas, sendo cerca de 12% dos casos. Desta forma, é possível notar que a maior parte dos bebês nascidos foi considerada, de acordo com Rugolo (2000 apud AYACHE; CORÌNTIO, 2003), como bebês prematuros moderados, ou seja, com idades gestacionais entre 31 e 36 semanas, seguida pelos bebês considerados prematuros extremos, ou seja, com idades gestacionais entre 24 e 30 semanas.
Sobre os pesos dos bebês ao nascerem foi possível notar que predominaram os pesos entre 1500g e 2499g, representando cerca de 44% da amostra, que segundo Rugolo (2000 apud AYACHE; CORÌNTIO, 2003), são considerados recém-nascidos de baixo peso. Bebês considerados como sendo de muito baixo peso, ou seja, com peso ao nascer entre 1000 g e 1499g, compuseram cerca de 40% da amostra, e os bebês considerados como sendo de extremo baixo peso, com peso ao nascer inferior a 1000g compuseram cerca de 16% a amostra.
Com relação às complicação que os bebês apresentaram após o nascimento, devido á gestação pré-termo, destacaram-se as anormalidades e dificuldades respiratórias, que apareceram em cerca de 84% dos bebês. A condição cianótica ao nascer apareceu em cerca de 20% dos casos, alterações cardíacas apareceram em cerca de 8% dos casos e demais alterações constaram, cada uma, em cerca 4% dos bebês. Quase que a totalidade dos bebês apresentou mais que uma complicação em seu quadro.
Quanto ao tempo total de internação dos bebês é possível notar que a quantidade de dias permaneceu bem distribuída, sendo notável que apenas uma pequena proporção da amostra permaneceu mais que 60 dias internada, o equivalente a cerca de 12% dos bebês.
Sobre o fato de os bebês terem ou não realizados procedimento cirúrgicos, apenas 2 bebês o realizaram, sendo um devido à hidrocefalia e o outro devido à gastrosquíse.
Dos bebês dispostos no Quadro 2 acima, os B 1 e B 12 foram encaminhados para atendimento terapêutico ocupacional em centro de especialidades multidisciplinar devido a uma maior gravidade de seu quadro.
Os prematuros B 17 e B 18 foram a óbito no decorrer da pesquisa, enquanto ainda encontravam-se internados, devido à grande fragilidade de seus quadros.
Dos 25 bebês participantes da pesquisa, revelou-se através do Quadro 2, que 5 apresentaram fator de risco para o desenvolvimento neuropsicomotor e, por isso, foram encaminhados para atendimento terapêutico ocupacional no ambulatório de follow-up, sendo os cinco bebês: B 4, B 10, B 12, B 13, B 19.
Entre estes 5 bebês encaminhados para atendimento terapêutico ocupacional no ambulatório de follow-up , é possível observar que as causas do parto prematuro foram variadas, não havendo uma única causa comum envolvida. O mesmo aconteceu com as idades das mães. Com relação as idade gestacional, nenhum dos 5 bebês nasceu com mais de 31 semanas.
Quanto ao peso de nascimento, 4 dos 5 bebês nasceram com peso entre 1000g e 1500g, considerados assim como sendo recém-nascidos de muito baixo peso, enquanto que 1 bebê foi considerado, ao nascer, como recém-nascido de baixo peso, de acordo com Rugolo (2000 apud AYACHE; CORÌNTIO, 2003, p.6), com peso de nascimento entre 1500g e 2499g.
Sobre as complicações apresentadas devido ao nascimento prematuro, todos os 5 bebês tiveram envolvidas complicações relacionadas ao sistema respiratório.
Quanto ao tempo de internação destes bebês, o tempo mínimo encontrado foi de 59 dias.
Sobre os atendimentos terapêuticos ocupacionais ocorridos no setor, o Quadro 3 abaixo mostra o número de atendimentos recebidos e o tipo o procedimentos realizados a cada bebê no setor do berçário.
Quadro 3: Atendimentos terapêuticos ocupacionais no berçário de cuidados especiais
Dos atendimentos realizados pela Terapia Ocupacional no berçário, visualizados no quadro 3 acima, a contenção facilitadora teve o objetivo de acalmar e confortar os bebês que se apresentavam desorganizados, proporcionando assim uma melhor auto-organização e auto-regulação destes. Esse procedimento também ocorria nos momentos em que os bebês sofriam procedimentos invasivos, como por exemplo, punção venosa. As estimulações sensoriais e motoras (mobilização de membros) englobaram os aspectos táteis, visuais, auditivos, cinestésicos, proprioceptivos e vestibulares dos bebês, sendo que tais estimulações ocorreram em espaços curtos de tempo, para não levá-los á um estresse de informações sensoriais.
Já as mudanças de decúbito visaram, principalmente, acomodar os recém-nascidos em decúbito lateral, de modo a aproximar as extremidades de seu corpo na linha média, favorecendo auto-organização. Essa posição, de acordo com Monteiro (2007) e Meyerhof (1997) facilita a auto-organização do bebê e possibilita que este leve a mão á boca, mantendo contato visual com as mãos por facilitar a manutenção dos membros superiores na linha média, e permite que o neonato mantenha as pernas e pés em contato e fletidos.
De acordo com Meyerhof (1997), o posicionamento adequado do recém-nascido é importante para o desenvolvimento de padrões de movimentos mais maduros, além de manter o tônus muscular mais adequado.
Quanto aos 5 bebês encaminhados para atendimento terapêutico ocupacional no ambulatório de follow-up após a alta hospitalar do berçário, o Quadro 4 abaixo mostra a situação do DNPM detectada pelas avaliações da Terapia Ocupacional no local, baseadas na escala de Denver II, e os procedimentos realizados com os bebês nas consultas.
Como já foi relatado anteriormente, o bebê 12, foi encaminhado para atendimentos terapêuticos ocupacionais no Centro especialidades multidisciplinar.
Os resultados revelados na avaliação do DNPM apontam reações, reflexos e capacidades motoras esperadas de acordo com cada etapa do desenvolvimento do bebê, considerando-se a idade corrigida do prematuro, e não a cronológica. A idade corrigida de um bebê é calculada subtraindo-se de 40 (o número de semanas de uma gestação normal) o número de semanas com que o bebê nasceu (idade gesta-
Quadro 4: Bebês encaminhados para a Terapia Ocupacional no ambulatório de follow-up: situação do DNPM e procedimentos realizados no setorcional). Este valor deve ser subtraído da idade atual em que o bebê se encontra (idade cronológica), por exemplo: um bebê que nasceu há 3 meses (12 semanas) com idade gestacional de 34 semanas: 40 – 34 = 6 semanas. Das 12 semanas de seu nascimento subtrai-se 6, ou seja, a idade corrigida do bebê é 6 semanas, ou 1 mês e meio. Desta forma, ele estará na etapa de desenvolvimento de um bebê de 1 mês e meio e não de um bebê de 3 meses.
As avaliações e reavaliações terapêuticas ocupacionais no setor basearam-se nos comportamentos, reflexos e reações esperados para cada faixa etária do desenvolvimento do bebê.
As principais estimulações realizadas foram visuais, táteis, auditivas, vestibulares, cinestésicas e proprioceptivas, no sentido de favorecer os ganhos psicomotores normais para cada faixa etária, descritos a seguir de maneira sucinta, respeitando-se a evolução normal do bebê desde o primeiro mês de vida, de acordo com Flehmig (1987), Ayache e Coríntio (2003) e Jacobs (2006):
• Comportamento motor grosseiro: Movimentos e rotações para mudanças de decúbito, com dissociação de cinturas; início do controle cervical na posição de prono, com apoio em antebraço; início de movimentos de rastejar; equilíbrio em apenas um membro superior e liberação do outro para manipulação de objetos; sentar-se com apoio e sem apoio; aquisição de equilíbrio na posição quadrupedal (engatinhamento); ficar em pé com apoio e sem apoio; trocar passos com apoio e sem apoio; dentre outros.
• Comportamento motor mais fino: manipulações de objetos; transferência de objeto de uma mão para outra; coordenação viso motora; aquisição de preensão cada vez mais fina; dentre outros.
• Comportamento de linguagem: Inicio de balbucios; vocalização monossilábica para polissilábica; imitação de sons lingüísticos próprios; início de emissão das primeiras palavras etc.
• Comportamento social: Esboço de sorrisos; reconhecimento de pessoas conhecidas; inicio da socialização etc.
As orientações passadas às mães e pais dos bebês basearam-se nas necessidades pessoais maternas e paternas, e nas queixas por eles apresentadas em cada consulta, tendo sido, em sua maioria, relacionadas à lateralização do bebê, trocas de turno para o sono, dentre outras. As orientações na maior parte dos casos relacionaram-se á: como dar banho; como realizar estimulações dos bebês em casa, respeitando-se a etapa evolutiva e o contexto de desenvolvimento em que a criança se insere; como manter interação mãe-bebê; orientações quanto a hábitos, incluindo nova adaptação ao horário de sono; orientações sobre posicionamentos adequados para desestimular a lateralização; quanto á importância do carinho, da sensibilização, do toque e da comunicação com o bebê; orientações sobre correção de comportamentos; dentre outras.
4.2 Bebês acompanhados apenas nos atendimento no ambulatório de follow-up, por já se encontrarem no setor no início da pesquisa
Os bebês acompanhados durante seus atendimentos terapêuticos ocupacionais no ambulatório de follow-up já se encontravam em atendimento no setor quando a pesquisa se iniciou, por apresentarem risco de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Os atendimentos aconteceram cerca de uma vez ao mês e a média de atendimentos que todos os bebês receberam durante o período da coleta da pesquisa foi 3 atendimentos.
O Quadro 5 abaixo mostra a relação dos bebês acompanhados neste setor, que foram nomeados de forma aleatória, por algarismos romanos.
Os campos preenchidos com “X” indicam dados que não foram coletados por não constarem em prontuário médico e demais fichas de registro dos profissionais do local.
Quanto às idades das mães dos bebês que compuseram o Quadro 5 abaixo, a média encontrada foi entre 27 e 28 anos de idade; a média encontrada entre as idades gestacionais foi entre 30 e 31 semanas; a média de peso ao nascer dos bebês foi entre 1500g e 1600g e a média do tempo de internação destes bebês foi de 50 a 51 dias.
Quanto às idades das mães dos bebês nota-se que não houve um grande predomínio de nenhuma faixa etária, sendo que os intervalos entre 21 e 25 anos e entre 31 e 35 anos corresponderam, cada um, a cerca de 22% das mães. As idades que variaram entre 15 e 20 anos, entre 26 e 30 anos e entre 36 e 40 anos corresponderam a cerca de 11% dos casos, cada intervalo. Em cerca de 22% das mães a idade não constava em prontuário médico.
Com relação ás possíveis causas de o parto ter ocorrido prematuramente, destacaram-se as infecções diversas adquiridas pelas mães no período da gestação, a gemelaridade, a amniorexe e a leucorréia, aparecendo ambas em cerca de 22% dos casos. O fato de a mãe ter mantido vícios durante a gestação, ter desenvolvido leucocitose, ter idade avançada para gestação, ter tido trombofilia e a incompatibilidade genética entre mãe e pai, apareceram, cada causa, em cerca de 11% dos casos. Parte considerável das possíveis causas apareceu em mais de um caso.
Quadro 5: Caracterização dos bebês que já estavam em atendimento ambulatorial no início da pesquisa
Sobre as idades gestacionais dos bebês houve predomínio das idades entre 25 e 30 semanas, que representaram cerca de 56% dos casos. As idades gestacionais entre 31 e 35 semanas representaram cerca de 33% ,e as idades gestacionais entre 36 e 40 semanas representaram apenas 11%. A maior parte dos bebês pôde ser considerada, de acordo com Rogulo (2000 apud AYACHE; CORÌNTIO, 2003), como bebês prematuros extremos, entre 24 e 30 semanas, seguidos pelos considerados prematuros moderados, com idades gestacionais entre 31 e 36 semanas.
Quanto ao peso ao nascer destes bebês nota-se que cerca de 67% dos bebês nasceram com pesos entre 1000g e 1500g, o que de acordo com Rogulo (2000 apud AYACHE; CORÌNTIO, 2003), foram considerados recém-nascidos de muito baixo peso. Cerca de 22% dos bebês tiveram peso ao nascer entre 1501g e 2500g, podendo ser considerados recém-nascidos de baixo peso e apenas 11% tiveram peso maior que 2500g.
Com relação ás complicações que os bebês apresentaram após o nascimento, devidos á prematuridade, destacaram as anormalidades e dificuldades respiratórias e/ou cardíacas, que apareceram em cerca de 78% dos casos. Cianose, retinopatia da prematuridade e infecções apareceram, cada uma, em cerca de 22% dos prematuros. As demais complicações, que apareceram cada uma em apenas um bebê, compreenderam cerca de 11% dos casos, cada uma.
Quanto ao tempo total de internação, houve predomínio do intervalo de tempo entre 41 e 50 dias, representando cerca de 33% dos bebês. Os intervalos entre 10 e 20 dias e entre 71 e 80 dias representaram cerca de 22% dos casos, cada um. Tempo de internação maior que 80 dias e bebês que não foi possível consultar o tempo total de internação corresponderam a 11%, cada um.
Sobre a realização de procedimentos cirúrgicos, foi possível observar que nenhum dos nove bebês necessitou deste procedimento.
Quanto aos atendimentos terapêuticos ocupacionais oferecidos no ambulatório de follow-up para estes bebês, o Quadro 6 abaixo mostra os procedimentos realizados com os bebê e a situação do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) em que cada um se encontrou no decorrer dos atendimentos, de acordo com a avaliação terapêutica ocupacional.
Quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor segundo perspectivas da Terapia Ocupacional, revelada no quadro 6 abaixo, nota-se que cerca de 44% dos bebês encontravam-se com DNPM dentro do esperado, enquanto que cerca de 56% encontraram-se com atrasos no DNPM, considerando-se o esperado para a idade corrigida do bebê, e não a cronológica.
As orientações e estimulações realizadas pela Terapia Ocupacional já foram mais detalhadamente descrita anteriormente.
Quadro 6: Breve relato da situação do desenvolvimento neuropsicomotor dos bebês atendidos no ambulatório de follow-up e os procedimentos realizados ao longo dos atendimentos.
B I*- Significa bebê I
4.3. Entrevista com os profissionais
A entrevista semi-estruturada foi aplicada aos profissionais atuantes no setor do berçário de cuidados especiais, sendo estes nomeados, de forma aleatória, de P1, P2, etc. As perguntas objetivaram caracterizar os setores, coletando informações sobre a rotina do setor, e analisar os conhecimentos da equipe acerca da atuação terapêutica ocupacional com os prematuros.
O roteiro foi composto por 5 perguntas abertas que serão analisadas separadamente, considerando-se as respostas dadas por cada profissional.
Questão 1: Quais os critérios que determinam a alta dos bebês da UTI neonatal, para que passem para o berçário?
As respostas obtidas estão transcritas abaixo:
“A melhora do quadro respiratório, infeccioso e uma boa aceitação alimentar” (P1)
“Uma melhora respiratória infecciosa e aceitação alimentar” (P2)
“Sem necessidade de oxigênio, ganho de peso, sem uso de antibioticoterapia” (P3)
“Condições clínica estáveis e ausência de uso de antibioticoterapia” (P4)
“Desmame de oxigênio e o peso acima de 1.000g” (P5)
“Causa de base estável e aleitamento materno” (P6)
Das respostas obtidas acima, apesar de haver diferenças entre elas, ambas se relacionam a uma melhora do quadro geral do bebê e a ganho de peso. De acordo com Meyerhof (1997), a alta do neonato deve levar em consideração a qualidade de vida do mesmo e deve ser planejada dos pontos de vista clínicos e comportamental.
Questão 2: As mães conseguem manter uma boa relação e vínculo com o seu bebê internado? Se não, por quê?
As respostas dos profissionais P1, P2 e P6 foram afirmativas, mas os demais profissionais relataram que:
“Não, mães que moram longe e não conseguem vir todos os dias, mães que têm medo de manipular seu bebê” (P3)
“Não, devido ao acesso restrito aos bebês” (P4)
“Não, devido ao nível socioeconômico” (P5)
Observando-se as respostas pode-se notar que o acesso restrito ás mães do berçário pode ser devido á vários fatores. Primeiramente é importante considerar que estes setores apresentam uma rotina profissional muito peculiar, por estarem sempre próximos do limite entre da vida e a morte, ainda mais em se tratando de bebês que acabaram de nascer e, por isso, são extremamente frágeis. Talvez por estes motivos exista a crença de que um maior acesso das mães aos seus recém-nascidos possa vir a atrapalhar as práticas profissionais diárias no setor. Quando o pensamento dos responsáveis pela instituição gira em torno deste raciocínio, perde-se um pouco o foco sobre as mães de uma maneira geral, que passam por um grande sofrimento ao ver seu bebê nascer antes do momento esperado e não poder tirá-lo do hospital. Visando amenizar este sofrimento, um maior acesso ao bebê, inclusive nos momentos de cuidados diários, faz-se muito importante para estas mães, no sentido de acolhê-las e reconhecê-las.
Por outro lado existem mães que, devido á condições socioeconômicas ou pelo fato de terem que trabalhar durante o dia, não conseguem manter um contato diário satisfatório como seu bebê, visitando-o ainda menos do que o permitido no setor.
Questão 3: Quantas vezes a mãe tem contato com o bebê enquanto este está dentro do berçário?
“De três em três horas” (P1)
“De três em três horas, e se o bebê chora chamamos antes” (P2)
“Cerca de três vezes por dia, mas há mães que não vêm” (P3)
“Se não estiver amamentando o contato é duas vezes ao dia em dois horários de visita, e se estiver amamentando é conforme a liberação do número de amamentações” (P4)
“No mínimo duas vezes por dia” (P5)
“Três vezes por dia” (P6)
De acordo com Linhares (2003), a interação da mãe com o seu bebê contribui significativamente como um mecanismo de proteção psicossocial para os bebês vulneráveis devido à prematuridade, atuante como promotora de seu desenvolvimento. Partindo-se deste propósito, é importante que o apego mãe-bebê se desenvolva o mais precocemente possível, preparando-a para receber seu filho. Para auxiliar nesse processo é importante que as mães tenham acesso menos restrito aos seus bebês internados, acompanhando-os nos cuidados diários prestados pela equipe.
Segundo Moreira (2007), quando a mãe aconchega seu bebê e lhe oferece um contato para instituir o laço familiar, restitui-se o compasso quebrado pelo nascimento, devido à interrupção da gestação.
Questão 4: São passadas orientações regularmente ás mães quanto ao contato e os cuidados que elas têm que ter com o seu bebê?
As respostas dadas a essa questão foram, de forma unânime, afirmativas, tendo todos os profissionais relatado que as mães são bem orientadas quanto aos cuidados necessários com seus bebês.
De acordo com MONTEIRO (2007), para que as mães possam descobrir-se competentes para cuidarem e seus bebês e entenderem que ele deseja e precisa de carinhos e carícias maternas, é necessário que as mães sejam acompanhadas nos primeiros contatos com o seu bebê, ainda internado.
Desta forma, é de suma importância que a mãe seja orientada corretamente sobre como realizar os cuidados diários com o seu bebê após a alta, para que ela não desenvolva medo de manipulá-lo e de estimulá-lo.
Questão 5: Em sua opinião, quais as contribuições do terapeuta ocupacional dentro do berçário de cuidados especiais?
As respostas obtidas com esta questão encontram-se transcritas abaixo:
“É de uma importância, pois eles colaboram com a diminuição do stress do recém-nascido, auxiliando na coordenação motora do recém-nascido” (P1)
“O recém nascido fica tranqüilo, menos stressado” (P2)
“Estimulação precoce, orientação e incentivo do vínculo da mãe com o seu bebê” (P3)
“Para organização dos bebês, contenção” (P4)
“Para os cuidados da mãe com o bebê e sobre a mãe saber estimular o bebê, estimulação precoce, e estimular o contato da mãe com o seu bebê” (P5)
“É fundamental para estimular o desenvolvimento neuropsicomotor” (P6)
Através destes relatos é possível notar que os profissionais possuem conhecimento do trabalho realizado pela Terapia Ocupacional no setor, pois, todos os profissionais relataram ações que realmente são desenvolvidas no berçário de cuidados especiais.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos dados coletados é possível concluir que para que um bebê apresente real atraso no DNPM, vários fatores estão envolvidos.
Considerando-se que através dos dados obtidos não houve uma relação direta entre o tempo de internação dos bebês com o aparecimento ou não de atraso, o mesmo ocorreu quanto ás idades gestacionais, idades das mães, complicações na gestação e complicações apresentadas pelos bebês devido á prematuridade, o que indica que vários outros fatores, como capacidades adaptativas dos bebês, também interferem na capacidade do mesmo seguir ou não com um desenvolvimento DNPM normal.
Quanto ás prevalências dos dados, nas idades gestacionais dos bebês acompanhados desde o berçário houve um predomínio das idades entre 31 e 36 semanas, bebês estes considerados como prematuros moderados, de acordo com Rugolo (2000 apud AYACHE; CORÌNTIO, 2003, p.6). Já entre os bebês que já se encontravam no ambulatório de follow-up ao início da pesquisa, com de fato risco de atraso no DNPM, houve predomínio das idades gestacionais entre 25 e 30 semanas, sendo assim considerados prematuros extremos.
Com relação ao peso dos bebês acompanhados no berçário, houve um predomínio de valores entre 1500g e 2499g, ou seja, prematuros considerados de baixo peso. Já nos bebês que já se encontravam no ambulatório ao inicio da pesquisa, houve um predomínio dos pesos que variaram entre 1000g e 1500g, ou seja, recém-nascidos considerados de muito baixo peso. Desta forma, a amostra revela que, para estes bebês, tais fatores puderam estar relacionados á risco de atraso, mas não de maneira isolada, sendo necessário considerar outros fatores.
Através dos dados revelados, foi possível observar também que, entre os bebês da amostra, não houve uma relação direta entre a idade gestacional dos mesmos e o tempo total de internação, parecendo este estar mais relacionado com a estabilidade do quadro e com o ganho de peso dos bebês.
A pesquisa nos mostra também que, ao menos no período de sua realização, as complicações mais freqüentes nos bebês prematuros estiveram relacionadas ao sistema respiratório, e que os dois únicos bebês que apresentaram hidrocefalia, durante a gestação, as mães tiveram leucorréia e uma delas também se vacinou contra rubéola no início da gestação.
Quanto às atuações terapêuticas ocupacionais, em ambos os setores analisados na pesquisa, apesar de a implantação do serviço ainda estar se iniciando, é possível notar que as atuações estão indo ao encontro das demais encontradas na literatura, como as descritas por Meyerhof (1997), Obana e Oshiro (2002) e Takatori (2004). Obana e Oshiro (2002) falam sobre a importância de se estimular precocemente os bebês, da verificação do posicionamento correto do bebê na incubadora e no berço, ver se o mesmo está aconchegado, organizado, em flexão de membros inferiores e superiores, lembrando assim a posição do útero, e sobre a importância de realizar “rolinhos” e contenção facilitadora, a fim de proporcionar uma melhor auto-organização e auto-regulação do bebê.
Quanto ao acompanhamento do desenvolvimento e ás orientações passadas ás mães sobre como cuidar e manusear os seus bebês de forma adequada, Monteiro (2007, p. 51) relata que “O terapeuta ocupacional precisa oferecer suporte à família por meio de acolhimento atencioso quanto às dúvidas e dificuldades declaradas, principalmente durante as atividades diárias.
Sobre as entrevistas com os profissionais do setor de UTI neonatal e berçário de cuidados especiais, foi possível concluir que dos profissionais entrevistados, todos apresentam algum conhecimento sobre a atuação da terapia ocupacional no setor, e reconhecem sua importância com os bebês dos prematuros, apesar do pouco tempo de atuação.
REFERÊNCIAS
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GLOSSÁRIO
Amniorexe: Rotura das membranas corioamnióticas antes da deflagração do trabalho de parto, independente da idade gestacional.
Anemia: Diminuição dos níveis de hemoglobina na circulação.
Apnéia: Períodos de interrupção da respiração durante o sono.
Bradicardia: Diminuição da freqüência cardíaca.
Broncodisplasia: Doença respiratória crônica, que acomete geralmente prematuros de muito baixo peso, expostos a um insulto primário, como oxigenioterapia, barotrauma, infecções respiratórias, excesso de administração de fluidos, entre outros.
Candidíase mucocutânea: Aumento da quantidade do fungo Cândida Albicans na pele.
Cianose: Coloração azulada da pele e das mucosas.
Conjuntivite: Doença ocular caracterizada principalmente por coceira e vermelhidão.
Descolamento de placenta: Intercorrência gestacional grave, que pode acontecer em qualquer época da gravidez acima da 20ª semana, e que necessita de intervenção urgente.
Desidratação: Distúrbio caracterizado pela falta de correlação entre ingestão e eliminação de água.
Diabetes: Doença do metabolismo crônica causada pela falta de insulina.
Displasia broncopulmonar: Distúrbio pulmonar crônico que pode afetar bebês que precisam de terapia de oxigênio extensiva ou respiradores artificiais.
Doença metabólica óssea: Conjunto de condições que determinam alterações no processo de mineralização óssea, levando a fragilidade do suporte estrutural deste e nos casos mais graves pode ocasionar o aparecimento de fraturas espontâneas.
Eclâmpsia: Uma séria complicação da gravidez sendo caracterizada por convulsões.
Enterocolite: Inflamação o intestino delgado e cólon.
Epilepsia: Desordem cerebral na qual os neurônios algumas vezes sinalizam de forma anormal, o que pode desencadear convulsões, espasmos musculares e perda de consciência.
Etilismo: Dependência do uso de bebidas alcoólicas.
Gastrosquíse: É uma malformação fetal decorrente de um defeito na formação da parede abdominal.
Gemelaridade: Indicativo de gestação de gêmeos.
Hidrocefalia: Acúmulo anormal de fluido cérebroespinhal nas cavidades do cérebro, chamadas ventrículos.
Hipertensão: Aumento da pressão arterial.
Hipoatividade: Baixa atividade.
Hipocalcemia: Existência de pequena quantidade de cálcio na circulação.
Hipotensão: Pressão arterial baixa.
Icterícia: Síndrome caracterizada pela colocação amarelada na pele e mucosas devido a acúmulo de bilirrubina no organismo.
Infecção: Colonização de um organismo hospedeiro por uma espécie estranha.
Leucocitose: Aumento no número de leucócitos no sangue, causado, na maioria das vezes, por início de combates a infecções ou por descontrole em divisões celulares.
Leucorréia: Nome dado ao corrimento vaginal, que pode ser crônico ou agudo podendo também provocar coceira e irritação.
Meningocele: Protrusão das meninges através da coluna vertebral ou crânio.
Obesidade: Excesso de peso corporal.
Oxigênioterapia: Terapia com oxigênio para tratamento de dificuldades respiratórias.
Pneumotórax: Acúmulo anormal de ar entre o pulmão e a pleura.
Parada cardíaca: Cessação súbita e inesperada dos batimentos cardíacos.
Pré-eclâmpsia: Estado caracterizado pelo aumento da pressão arterial da gestante, após a 20ª semana da gestação.
Refluxo gastroesofágico: Refluxo do conteúdo alimentar do estômago para o esôfago.
Retinopatia da prematuridade: Desordem caracterizada pela proliferação anormal dos vasos sanguíneos da retina em desenvolvimento.
Sepse: Conjunto de manifestações em todo o organismo produzidas por uma infecção.
Síndrome do desconforto respiratório: Doença da membrana hialina, sendo uma das causas mais freqüentes da insuficiência respiratória.
Tabagismo: Dependência física e psicológica do consumo de nicotina, substância química presente no tabaco.
Taquidispnéia: Estado de respiração acelerada e dificultosa.
Taquipnéia: Distúrbio respiratório causado pelo retarde da absorção do líquido pulmonar.
Trombofilia: Tendência à trombose decorrente de alterações hereditárias ou adquiridas.
Ventilação mecânica: Auxílio de aparelhos para a respiração.