Autoria: Fernanda Porciuncula
O que são células-tronco?
As células-tronco são células indiferenciadas, que podem se multiplicar e regenerar tecidos lesionados porque têm a capacidade de se transformar em células idênticas às dos tecidos onde foram implantadas. Por exemplo: se uma pessoa com infarto do miocárdio tem uma parte do coração afetada e as células dessa região morrem, as células-tronco podem se transformar em células cardíacas e substituir as células mortas, regenerando o tecido lesionado. Outra hipótese, no caso da diabete, é de que as células-tronco, se inseridas no pâncreas, poderiam se diferenciar e começar a produzir insulina, o que traria a cura para pessoas portadoras dessa doença.
Como obtemos células-tronco?
As células-tronco podem ser obtidas de três formas: na medula óssea de pessoas adultas, no cordão-umbilical e em embriões. As retiradas da medula e do cordão-umbilical possuem algumas limitações, pois não podem se diferenciar em qualquer célula. Já as de embriões são conhecidas como totipotentes e podem se transformar em qualquer tipo.
O que foi aprovado afinal?
O que a Câmara dos Deputados aprovou foi a retirada de células-tronco de embriões congelados que foram armazenados há cerca de três anos, com o consentimento dos pais, para serem utilizados em pesquisas. Após quatro anos de armazenamento, esses embriões são descartados.
Os laboratórios que vão desenvolver essas pesquisas terão de obedecer às leis de biossegurança e serão fiscalizados por órgãos governamentais.
Que benefícios esse evento pode trazer para a ciência e a cura de doenças?
As células-tronco estão trazendo esperança para muitas pessoas portadoras de doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson ou que sofreram acidentes e ficaram com membros paralisados, por exemplo. No entanto, ainda há um longo caminho pela frente. Existem hipóteses de que as células-tronco, se inseridas de forma incorreta, poderiam desenvolver tumores nos tecidos em que foram aplicadas. Em contrapartida, poderiam salvar vidas e amenizar o sofrimento de muitos seres humanos. Só a ciência poderá desvendar tantas questões e, quem sabe, apresentar soluções para tantas doenças incuráveis até o momento.
O benefício que as células-tronco podem proporcionar, segundo médicos e cientistas, é indiscutível, gerando alternativas sem precedentes para a cura de doenças que desafiam a medicina. Isso acontece por causa da capacidade dessas células de se multiplicarem, podendo formar e reparar diversos tecidos, como os do cérebro, coração, ossos, músculos e pele. Se a medicina conseguir controlar o desenvolvimento dessas células, elas poderão ser utilizadas para reparar tecidos danificados e tratar enfermidades até agora incuráveis, como câncer, problemas cardíacos, lesões na medula espinhal, epilepsia e diabetes.
No entanto, o que preocupa as autoridades americanas não são os resultados desse processo, mas, sim, a forma de aquisição do material biológico necessário para essas pesquisas. Alguns procedimentos não geram impasses éticos, como a coleta de células do sangue do cordão umbilical ou de tecidos adultos. A polêmica surge quando se trata da retirada de células-tronco de embriões, visto que isso implica a destruição deles. Os defensores da bioética argumentam que o extermínio desses embriões é tão criminoso quanto o aborto, uma vez que acaba com uma forma de vida. Aliás, embriões e fetos provenientes de abortos seriam fontes para a coleta desse material.
O que são células-tronco
-É um tipo de célula que pode se diferenciar e constituir diferentes tecidos no organismo. Esta é uma capacidade especial, porque as demais células geralmente só podem fazer parte de um tecido específico (por exemplo: células da pele só podem constituir a pele).
Outra capacidade especial das células-tronco é a auto-replicação, ou seja, elas podem gerar cópias idênticas de si mesmas.
Por causa destas duas capacidades, as células-tronco são objeto de intensas pesquisas hoje, pois poderiam no futuro funcionar como células substitutas em tecidos lesionados ou doentes, como nos casos de Alzheimer, Parkinson e doenças neuromusculares em geral, ou ainda no lugar de células que o organismo deixa de produzir por alguma deficiência, como no caso de diabetes.
As células-tronco são classificadas como:
Totipotentes ou embrionárias – São as que conseguem se diferenciar em todos os 216 tecidos (inclusive a placenta e anexos embrionários) que formam o corpo humano.
Pluripotentes ou multipotentes – São as que conseguem se diferenciar em quase todos os tecidos humanos, menos placenta e anexos embrionários. Alguns trabalhos classificam as multipotentes como aquelas com capacidade de formar um número menor de tecidos do que as pluripotentes, enquanto outros acham que as duas definições são sinônimas.
Oligopotentes – Aquelas que conseguem diferenciar-se em poucos tecidos.
Unipotentes – As que conseguem diferenciar-se em um único tecido.
Quais as funções naturais das células-tronco no corpo humano?
Elas funcionam como células curingas, ou seja, teriam a função de ajudar no reparo de uma lesão. As células-tronco da medula óssea, especialmente, têm uma função importante: regenerar o sangue, porque as células sangüíneas se renovam constantemente.
Onde ficam as células-tronco?
As células-tronco totipotentes e pluripotentes (ou multipotentes) só são encontradas nos embriões.
As totipotentes são aquelas presentes nas primeiras fases da divisão, quando o embrião tem até 16 – 32 células (até três ou quatro dias de vida). As pluripotentes ou multipotentes surge quando o embrião atinge a fase de blastocisto (a partir de 32 -64 células, aproximadamente a partir do 5.o dia de vida) – as células internas do blastocisto são pluripotentes enquanto as células da membrana externa do blastocisto destinam-se a produzir a placenta e as membranas embrionárias.
As células-tronco oligopotentes ainda são objeto de pesquisas, mas podemos dizer como exemplo que são encontradas no trato intestinal.
As unipotentes estão presentes no tecido cerebral adulto e na próstata, por exemplo.
O que torna a células-tronco capaz de formar um tecido ou outro?
A ordem ou comando que determina, durante o desenvolvimento do embrião humano, que umas células-tronco pluripotentes se diferencie em um tecido específico, como fígado, osso, sangue etc, ainda é um mistério que está sendo objeto de inúmeras pesquisas.
Como é o uso de células-tronco adultas?
As células-tronco adultas são encontradas em vários tecidos (como medula óssea, sangue, fígado, polpa dentárea) de crianças e adultos, e também no cordão umbilical e na placenta. Entretanto, ainda não sabemos em que tecidos elas são capazes de se diferenciar.
Um estudo recente com células-tronco retiradas da medula e injetadas no coração da própria pessoa, o autotransplante, sugere uma melhora aparente do quadro clínico em pessoas com insuficiência cardíaca. Mas a questão é se essas células são capazes de formar tecido cardíaco ou só promover uma neovascularização (fabricar novos vasos sangüíneos).
De qualquer forma, a maior limitação quando usadas células da própria pessoa é que não serviria para portadores de doenças genéticas, pois o defeito está presente em todas as células daquela pessoa.
Como é o uso de células-tronco de embriões?
As pesquisas com células-tronco embrionárias estão sendo feitas nos países que permitem esses estudos.
As células-tronco embrionárias têm o potencial de formar todos os tecidos humanos. Elas podem ser retiradas de:
a) embriões excedentes que são descartados em clínicas de fertilização, por não terem qualidade para implantação ou por terem sido congelados por muito tempo;
b) pela técnica de clonagem terapêutica.