Autoria: Vanessa Araujo
Classificação das Movimentações de Caixa por Atividade
A classificação dos pagamentos e recebimentos de caixa relaciona-se, normalmente, com a natureza da transação que lhe dá origem. A natureza da transação deve levar em conta sua intenção subjacente para fins de classificação.
Como se classifica?
Atividades operacionais;
Atividades de investimento;
Atividades de financiamento.
Como classifica-las?
As atividades Operacionais – envolve todas as atividades relacionadas com a produção e entrega de bens e serviços e os eventos que não sejam definidos como atividades de investimento e financiamento.
As atividades de Investimento – relacionam-se normalmente com o aumento e diminuição dos Ativos de longo prazo que a empresa utiliza para produzir bens e serviços. Incluem a concessão e recebimento de empréstimos, a aquisição e venda de Instrumentos financeiros se patrimoniais de outras entidades e a aquisição e alienação de imobilizado.
As atividades de Financiamentos – está relacionada com os empréstimos de credores e investidores à entidade. Incluem a obtenção de recursos dos donos e o pagamento a estes de retornos sobre seus investimentos; a obtenção de empréstimos junto a credores e a amortização ou liquidação destes.
Como ocorreram as entradas e saídas em cada caso?
Operacionais:
Entradas – recebimentos pela venda de produto e serviço a vista, ou das duplicatas correspondentes no caso de venda a prazo; recebimentos de descontos das duplicadas emitidas contra as vendas a prazo efetuadas, de curto ou longo prazo, em bancos; recebimentos de juros sobre empréstimos concedidos ou sobre aplicações financeiras; recebimento de dividendos pela participação nos patrimônios de outras empresas;
Saídas – pagamentos a fornecedores referente ao suprimento da matéria-prima ou para a produção de bens para revenda; pagamentos de fornecedores de outros insumos para produção, incluindo os serviços prestados; pagamento aos governos Federal, Estadual e Municipal referente a impostos, multas e taxas; pagamento dos juros dos financiamentos obtidos;
Investimentos:
Entradas – recebimento do principal dos empréstimos com o aumento e diminuição dos ativos a longo prazo que a empresa utiliza para produzir bens e serviços; recebimento pela venda de títulos de investimento a outras entidades; recebimento pela venda de participações em outras empresas; recebimento pelo resgate de participações pelas entidades investidas; venda de imobilizado e de outros ativos fixos utilizados na produção;
Saídas – desembolsa dos empréstimos concedidos pela empresa e pagamento pela aquisição de títulos de pagamento no momento da compra ou em data próxima a esta, de terreno e edificações, equipamentos ou outros ativos fixos utilizados na produção;
Financiamentos:
Entradas – vendas de ações emitidas; empréstimos obtidos no mercado, via emissão de letras hipotecárias, notas promissórias, títulos de dívida ou outros instrumentos, de curto ou longo prazo; recebimento de contribuição de caráter permanente ou temporário que por determinação dos doadores tem finalidade estrita de adquirir, construir ou expandir a planta instalada;
Saídas – pagamentos de dividendos ou outras distribuições aos donos, incluindo o resgate de ações da própria empresa; pagamento de empréstimos obtidos; pagamento do principal referente a imobilizado adquirido a prazo;
Métodos de elaboração
A movimentação das disponibilidades (caixa e equivalentes – caixa) da empresa, em um dado período, deve ser estruturada na DFC em três grupos, cujos títulos buscam expressar a saídas entradas de dinheiro relacionadas com as atividades:
Operacionais;
De investimentos;
De financiamento.
A soma algébrica dos resultados líquidos de cada um desses grupamentos totaliza a variação do caixa do período, que deve ser conciliada com a diferença entre os saldos respectivos das disponibilidades, constantes no Balanço, entre o início e o fim do período considerado.
A) Método direto
O método direto explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais componentes das atividades operacionais, como os recebimentos pelas vendas de produtos e serviços e os pagamentos a fornecedores e empregados. O saldo final das operações expressa o volume líquido de caixa provido ou consumido pelas operações durante um período.
As empresas,ao utilizarem o método direto, devem detalhar os fluxos das operações, no mínimo nas classes seguintes:
Recebimentos de clientes, incluindo os recebimentos de arrendatários, concessionários e similares;
Recebimentos de juros e dividendos;
Outros recebimentos das operações se houver;
Pagamentos a empregados e fornecedores de produtos e serviços,ai incluídos segurança, publicidade e similares;
Juros pagos;
Impostos;
Outros recebimentos das operações se houver.
B) Método indireto ou método da conciliação
O método indireto faz a conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas operações.
Para tanto é necessário:
Remover do lucro líquido os diferimentos de transações que foram caixa no passado.
Remover do lucro líquido as alocações ao período do consumo de ativos de longo prazo e aqueles itens cujos efeitos no caixa sejam classificados como atividades de investimentos ou de financiamento.
CONCILIAÇÃO LUCRO LÍQUIDO VERSUS CAIXA DAS OPERAÇÕES.
Caso seja utilizado o método direto para apurar o fluxo líquido de caixa gerado pelas operações, exige-se a evidenciação em Notas Explicativas de conciliação deste com o lucro líquido do período.Essa conciliação deve refletir, de forma segregada, as principais classes dos itens a conciliar.É obrigatório evidenciar separadamente as variações nos saldos das contas Clientes, Fornecedores e Estoques.
Se for utilizado o método indireto, é exigida a evidenciação em Notas Explicativas dos juros (exceto as parcelas capitalizadas) e Imposto de Renda pagos durante o período.
Técnicas de elaboração
a) Método direto
Idéia do método direto- apurar e informar as entradas e saídas de caixa das atividades operacionais por seus volumes brutos.
Genericamente;
Aumento do saldo do ativo circulante, vinculado ás operações diminui o caixa.
Diminuição no saldo do ativo circulante vinculada ás operações diminui o caixa.
Aumento do saldo das contas do passivo circulante vinculadas ás operações aumenta o caixa
Diminuição do saldo das contas do passivo circulante vinculado ás operações diminui o caixa
Esse esquema é genérico e deve ser com cuidado, pois podem existir transações no circulante que não pertençam ás atividades operacionais (empréstimos a curto prazo, por exemplo) e também eventos fora do circulante que fazem parte das operações(juros e impostos a pagar no LP, créditos de LP etc.).
b) Método indireto
Esse método faz a ligação entre o lucro líquido constante na D.R.E. e o caixa gerado pelas operações. A principal utilidade desse método é mostrar as origens ou aplicações de caixas decorrentes das alterações temporárias de prazo nas contas relacionadas com ciclo operacional (normalmente,clientes, estoques e fornecedores).
Permite que o usuário avalie quanto do lucro está-se transformando em caixa em cada período. Essa análise, toda via, deve ser feita com cuidado, pois é comum existirem recebimentos e pagamentos no período corrente de direitos e obrigações que se originaram fora do exercício a que se refere o lucro que está sendo apurado.
A lógica do método direto é bastante simples, em principio, assumimos que todo lucro afetou diretamente o caixa. Sabemos que isso não corresponde à realidade, e ai procedemos os ajustes. Partimos do lucro líquido da DRE e fazemos as adições e subtrações a estes dos itens que afetam o lucro mas não afetam o caixa, e dos que afetam o caixa mas não afetam o lucro. Como o que estamos apurando é o fluxo de caixa das atividades operacionais se eventualmente constarem da DRE eventos referentes a outras atividades, estes também deverão ser adicionados ou subtraídos ao lucro líquido, pois serão reportados em seus grupos respectivos. É o caso , por exemplo, de um ganho ou perda na venda de um imobilizado, que normalmente é uma atividade de investimento.
A grande vantagem do método indireto é a sua capacidade de deixar bem claro que certas variações no caixa gerado pelas operações se dão por alterações nos prazos de recebimentos e de pagamentos, ou por incrementos, por exemplo, dos estoques. Assim em um exercício pode haver aumento no caixa das operações porque se reduziu o prazo de recebimento dos clientes ou porque se aumentou o prazo de pagamentos dos fornecedores. Esse fato pode ocorrer só no período e não tender a se repetir no futuro. Por isso, é relevante sua evidenciação, o que não ocorre de forma transparente no método direto.